SUS lança implante contraceptivo com eficácia de até três anos

O Ministério da Saúde anunciou na quinta-feira (4) a incorporação do implante anticoncepcional Implanon ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

O método tem duração de até três anos e alta eficácia na prevenção da gravidez, além de ser indicado como uma alternativa reversível e segura. Com isso, o sistema de saúde brasileiro amplia o acesso a um novo tratamento hormonal de longa duração.

O governo pretende iniciar a distribuição no segundo semestre e a expectativa é oferecer mais de 500 mil implantes ainda este ano, totalizando 1,8 milhão até 2026. Para isso, o investimento é estimado em torno de R$245 milhões.

Como funciona e quando estará disponível

Implanon é um bastão pequeno e flexível. Profissionais capacitados aplicarão o bastão sob a pele. O implante libera gradualmente o hormônio etonogestrel na corrente sanguínea, o que impede a ovulação e dificulta a entrada dos espermatozoides no útero.

O dispositivo tem eficácia comparável à pílula, mas com a vantagem de não depender do uso contínuo. Profissionais de saúde devem remover o implante três anos após a colocação, assim retornando a fertilidade. Uma equipe médica pode colocar um novo Implanon imediatamente, caso a mulher deseje, caso a mulher deseje.


SUS começa a oferecer novo método contracpetivo (vídeo: reprodução/YouTube/MetrópolesTV)

Segundo o Ministério, o único método de longa duração atual do SUS é o DIU de cobre. Portanto, o Implanon vem como uma ampliação às opções para planejamento reprodutivo da rede pública. 

Contracepção e saúde da mulher em debate

Além do implante, o SUS continuará oferecendo anticoncepcionais orais, injetáveis, DIU, preservativos, laqueadura e vasectomia. Contudo, a preocupação com a saúde reprodutiva cresce. Um estudo recente publicado na revista JAMA aponta que mulheres que usam DIUs hormonais têm risco 40% maior de desenvolver câncer de mama, ainda que o risco absoluto permaneça baixo.

Um agência reguladora do Reino Unido alerta sobre a possível redução da eficácia dos anticoncepcionais orais em mulheres que tomam remédios para emagrecer. Nessas situações, especialistas recomendam alternativas como preservativos, DIUs ou implantes hormonais.

O Ministério da Saúde publicará em breve a portaria que oficializa o Implanon no SUS e os órgãos terão 180 dias para efetivar a oferta.

Gel contraceptivo para homens pode estar perto de ser concluído

Pesquisadores americanos do Instituto Nacional de Saúde (National Institutes of Health) em parceria com a organização Conselho Populacional (Population Council), começaram a dar indícios que estão realizando avanços no desenvolvimento de uma alternativa de contraceptivo para o público masculino.

O produto ainda está em fase experimental, para utilizá-lo os homens vão ter que esfregar um gel hormonal nos ombros pelo menos uma vez ao dia. Depois de um certo período de utilização do produto ele irá bloquear a produção de espermas.

O gel será composto de dois hormônios: a nestorona e a testosterona, que é o hormônio sexual masculino. A função da nestorna será de impedir a produção de testosterona nos testículos e com isso parar o desenvolvimento do esperma.

Desde 2005, os pesquisadores vêm moldando a dosagem e a concentração de gel. No estudo mais recente os cientistas contaram com cerca de 300 casais.


Um gel que diminui a quantidade de esperma pode se tornar o primeiro contraceptivo hormonal para os homens (Foto: reprodução/David Davies/PA/AP/File)

O gel contraceptivo vem mostrando bom desempenho em estudos

Em um dos ensaios clínicos sobre o gel, pode ser observado um desempenho expressivo de 86% dos homens com baixa quantidade de espermatozoides após 15 dias de uso do produto. Mesmo que a produção de espermatozoide fosse quase que totalmente suprimida, o homem pode deixar de usar o produto por um ou dois dias, que somente depois de 8 a 10 semanas a quantidade de espermatozoides alcance o nível que poderia causar gravidez.

Para Diana Blithe, uma das principais pesquisadoras envolvidas no desenvolvimento do produto. O gel faz com que os hormônios parem se acumular na pele e criar uma reserva que vai sendo liberado de maneira lenta. Por causa disso o gel tem se saído melhor do que outras tentativas de contraceptivo masculino.

Ainda segundo Blithe, os resultados devem ser publicados em uma revista médica em breve, e por isso não foi revelado se teve alguma gravidez indesejada durante a pesquisa.

Homens que participaram dos ensaios foram alertados que ao longo da pesquisa poderiam passar por alguns efeitos colaterais como pele seca ou mais oleosa, perda ou mais crescimento de cabelo e até mesmo um aumento ou diminuição da libido. Inclusive, mesmo após pararem de usar o gel alguns participantes do projeto se tornaram pais, o que indica que o tratamento é reversível.

Os cientistas selecionaram para o estudo os casais que estavam em um relacionamento sério e que se comprometeram com o ensaio por dois anos.

Estudos para a criação de anticoncepcional mascilino avançam

Pílula anticoncepcional masculina já pode se tornar realidade segundo pesquisa publicada na revista científica Science. O estudo feito por pesquisadores da BCM (Baylor College of Medicine) nos Estados Unidos e publicado no último dia 23 revelou que testes realizados em ratos de uma pílula não hormonal têm se mostrado promissores. A pesquisa se baseia em uma molécula que inibe a STK 33 (serina/treonina quinase 33), uma proteína que atua na fertilidade masculina e de camundongos. Os cientistas esperam que a pílula possa levar a infertilidade reversível.A pesquisa se revelou positiva já que a infertilidade não é definitiva pois o efeito do inibidor de STK 33 é reversível. A fertilidade volta depois de o organismo passar um período sem o composto responsável pela inibição, o CDD-2807, assim os espermatozóides e sua motilidade voltam ao normal.

O estudo

Para o estudo, foram usados camundongos para testar os efeitos da pílula no organismo. Os cientistas usaram uma tecnologia conhecida como DEC-Tec (Tecnologia Química Codificadora de DNA) que serviu para examinar compostos e descobrir inibidores potentes da proteína STK 33. Assim, eles conseguiram identificar quais eram as substâncias que poderiam inibir as proteínas que causaram a infertilidade nos ratos. Depois, os cientistas geraram versões modificadas para tornar essas substâncias em mais estáveis, potentes e seletivas.Na pesquisa, o composto CDD-2807 se mostrou o mais eficaz entre os analisados. Courtney M. Sutton, coautora do estudo, conta que foram avaliadas diferentes doses e esquemas de tratamento para descobrir qual era o mais eficaz. “Determinamos a motilidade e o número de espermatozóides nos camundongos, bem como sua capacidade de fertilizar as fêmeas” revela. A conclusão chegada foi de que esse mesmo composto CDD-2807 foi o que atravessou a barreira sangue testículo e atingiu os resultados esperados.

Os métodos contraceptivos


Métodos contraceptivos são focados em mulheres. (Foto: Reprodução/Unsplash Imagens)

Os estudos de pílula anticoncepcional masculina crescem em um cenário onde a maior parte dos métodos contraceptivos são direcionados ao público feminino. Assim, as formas de proteção contra uma gravidez indesejada ficam limitadas somente à mulher Além disso, os métodos atuais não possuem 100% de eficácia contra gravidez fazendo casais recorrem à combinação de métodos diferentes.Os métodos também apresentam pouca variedade. Segundo uma pesquisa publicada em 2022 pela revista científica The Lancet, a falta de uma variedade contraceptiva mostra que faltam opções adequadas para alguns grupos populacionais. Esse problema leva casais e principalmente mulheres a ficarem com opções mais restritas para se protegerem.