Pílula anticoncepcional masculina já pode se tornar realidade segundo pesquisa publicada na revista científica Science. O estudo feito por pesquisadores da BCM (Baylor College of Medicine) nos Estados Unidos e publicado no último dia 23 revelou que testes realizados em ratos de uma pílula não hormonal têm se mostrado promissores. A pesquisa se baseia em uma molécula que inibe a STK 33 (serina/treonina quinase 33), uma proteína que atua na fertilidade masculina e de camundongos. Os cientistas esperam que a pílula possa levar a infertilidade reversível.A pesquisa se revelou positiva já que a infertilidade não é definitiva pois o efeito do inibidor de STK 33 é reversível. A fertilidade volta depois de o organismo passar um período sem o composto responsável pela inibição, o CDD-2807, assim os espermatozóides e sua motilidade voltam ao normal.
O estudo
Para o estudo, foram usados camundongos para testar os efeitos da pílula no organismo. Os cientistas usaram uma tecnologia conhecida como DEC-Tec (Tecnologia Química Codificadora de DNA) que serviu para examinar compostos e descobrir inibidores potentes da proteína STK 33. Assim, eles conseguiram identificar quais eram as substâncias que poderiam inibir as proteínas que causaram a infertilidade nos ratos. Depois, os cientistas geraram versões modificadas para tornar essas substâncias em mais estáveis, potentes e seletivas.Na pesquisa, o composto CDD-2807 se mostrou o mais eficaz entre os analisados. Courtney M. Sutton, coautora do estudo, conta que foram avaliadas diferentes doses e esquemas de tratamento para descobrir qual era o mais eficaz. “Determinamos a motilidade e o número de espermatozóides nos camundongos, bem como sua capacidade de fertilizar as fêmeas” revela. A conclusão chegada foi de que esse mesmo composto CDD-2807 foi o que atravessou a barreira sangue testículo e atingiu os resultados esperados.
Os métodos contraceptivos
Os estudos de pílula anticoncepcional masculina crescem em um cenário onde a maior parte dos métodos contraceptivos são direcionados ao público feminino. Assim, as formas de proteção contra uma gravidez indesejada ficam limitadas somente à mulher Além disso, os métodos atuais não possuem 100% de eficácia contra gravidez fazendo casais recorrem à combinação de métodos diferentes.Os métodos também apresentam pouca variedade. Segundo uma pesquisa publicada em 2022 pela revista científica The Lancet, a falta de uma variedade contraceptiva mostra que faltam opções adequadas para alguns grupos populacionais. Esse problema leva casais e principalmente mulheres a ficarem com opções mais restritas para se protegerem.