Apagão surpreende Europa e impede mãe de chegar ao parto da filha

Nesta segunda-feira (28), uma falha elétrica de grandes proporções atingiu Portugal e partes da Espanha, interrompendo serviços essenciais e causando uma série de atrasos no transporte aéreo. Em meio ao caos, uma história em especial emocionou muitos: uma mãe, que embarcava rumo a Barcelona para acompanhar o nascimento do neto, ficou presa no aeroporto, impossibilitada de chegar a tempo.

Enquanto a filha entrava em trabalho de parto, a avó aguardava ansiosa por informações em um terminal sem energia e sem previsão de retomada de voos.

Falha elétrica paralisa aeroportos

A pane elétrica teve impactos diretos e imediatos nos principais aeroportos da região, gerando atrasos, cancelamentos em massa e um cenário de total desorganização. Com sistemas de check-in e controle de voo fora do ar, filas se formaram rapidamente e os painéis de informações pararam de funcionar, deixando passageiros sem qualquer previsão de embarque. Muitos se viram sem orientação, dependendo apenas de comunicados verbais e da boa vontade dos funcionários, que também enfrentavam dificuldades para lidar com o volume de reclamações e a falta de estrutura.


Apagão causa caos em Portugal e Espanha (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)

Para os passageiros que precisavam embarcar com urgência, a espera se tornou ainda mais angustiante e difícil de suportar. No caso da avó que seguia para Barcelona, a expectativa de ver o neto nascer deu lugar à impotência diante do imprevisto. “É frustrante estar tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante de um momento tão importante”, comentou ela a outros passageiros que também aguardavam respostas. O clima nos terminais era de tensão e incerteza, com crianças chorando, pessoas tentando reorganizar planos pelo celular e muitos simplesmente sentados no chão, esperando que a situação se normalizasse.

Incertezas e esforços para restabelecimento

Autoridades e companhias aéreas mobilizaram-se para contornar a situação, mas a abrangência do apagão dificultou ações imediatas. Muitos passageiros, como a avó impedida de chegar ao parto, passaram horas em busca de respostas. Os serviços foram sendo restabelecidos gradualmente, enquanto as companhias tentavam acalmar os passageiros com atualizações frequentes sobre a situação.

O episódio reforça a importância da preparação diante de falhas sistêmicas e revela o impacto humano de um imprevisto: quando a tecnologia falha, histórias pessoais ficam em suspenso — e momentos que não se repetem acabam sendo vividos à distância.

Aeroporto de Heathrow provoca caos em voos internacionais

O fechamento do maior aeroporto da Europa, o aeroporto internacional de Heathrow, em Londres, causou nesta sexta-feira (21) uma reação em cadeia no transporte aéreo comercial e mundial, provocando atrasos, cancelamentos e alterações de rota de voos em todos os continentes. 

Um incêndio de grandes proporções em uma subestação ao redor do aeroporto gerou um apagão geral e causou transtornos para milhares de passageiros e dezenas de linhas aéreas. Apesar do tamanho de Heathrow, o terminal depende de uma única central de energia. 

A administradora do aeroporto afirma que o gerador interno é suficientemente capaz de suprir a energia necessária para todas as operações, mas uma fonte do aeroporto contou à rede britânica BBC que os geradores e outras fontes de energia do aeroporto não seriam suficientes para suprir o apagão causado pelo incêndio. 

Consequências do apagão

A interrupção das operações em Heathrow impactaram 1.357 voos de chegada e de saída. Foram 145,8 mil passageiros afetados, segundo informações da consultoria Cirium, publicadas pela agência de notícias Reuters. 

Praticamente, foram 121 voos desviados de Heathrow para 50 aeroportos em 21 países diferentes, de acordo com o site de monitoramento de voos FlightRadar24. Eram todos aviões a caminho de Londres quando o aeroporto fechou. O impacto no Brasil afetou pelo menos dois voos da Latam e um da British Airways. 


O fechamento do terminal de voos em Heathrow afetou a vida de milhares de passageiros (Vídeo: reprodução/YouTube/Jornalismo TV Cultura)

A pausa nas operações também afetou diretamente os horários de jornada de pilotos e comissários, que têm direito a um período de descanso e limite certo de horas de trabalho, que pode variar de país para país. Além disso, outro impacto sobre as tripulações foi o deslocamento até aeroportos alternativos, fora de suas costumeiras bases. 

Sistema de hubs

Heathrow é um dos aeroportos mais movimentados do mundo e um dos principais hubs mundiais, por atuar como ponto de conexão entre centenas de destinos em 80 países. Todo ano, mais de 89 milhões de passageiros passam pelo local, o dobro do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Outros hubs mundiais importantes são os aeroportos internacionais de Dubai, Paris, Frankfurt, Atlanta, Singapura e Guarulhos. 

Especialistas em aviação, em entrevista ao g1, afirmaram que não há como evitar a dependência dos hubs no funcionamento atual da aviação civil. Porém, concluem que o episódio em Heathrow serve para mostrar a necessidade de mudanças de protocolo e aeroportos secundários para atenuar eventuais ocorrências em grandes aeroportos. 

O ex-diretor de relações internacionais da Azul e professor de economia do transporte aéreo da Universidade Anhembi Morumbi, Adalberto Febeliano, disse que “os hubs se popularizaram porque com eles hoje podemos atender um número maior de cidades no mundo inteiro de uma forma mais econômica. Não tem como escapar disso”. O professor ainda lembra que o Brasil passa pela mesma experiência pelo menos duas vezes ao ano por causa das fortes chuvas em Congonhas ou Brasília. 

Não há escapatória, porque a aviação civil é um sistema, um conjunto de coisas que atuam para um mesmo fim, e o hub faz parte desse sistema.

Adalberto Febeliano

Para Febeliano, o grande desafio no momento é a vulnerabilidade que os hubs apresentam para a aviação, maior que outros fatores envolvidos nas operações aéreas. O motivo é que os hubs vêm sofrendo um aumento considerável do número de passageiros aéreos, além da questão da manutenção dos aeroportos, que deixa a desejar. 

Atualização das operações em Heathrow

Segundo a Reuters, o Aeroporto de Heathrow retomou as suas operações completamente neste sábado (22). Entretanto, as linhas aéreas ainda precisam lidar com as consequências da interrupção dos voos, de acordo com o chefe executivo do aeroporto, Thomas Woldbye. “Não esperamos um grande número de atrasos ou cancelamentos de voo. Há alguns cancelamentos e há alguns atrasos. Estamos cuidando deles da mesma forma com que normalmente faríamos”, disse Woldbye à rádio BBC. A maior parte dos voos decolou com sucesso nesta manhã. 


Operações em Heathrow voltam ao normal (Foto: reprodução/X/@dw_brasil)

A paralisação em Heathrow não foi um evento inédito. Em 2010, os aeroportos europeus precisaram cancelar cerca de 100 mil voos devido a uma nuvem de cinzas vulcânicas na Islândia.