Quando o esporte vira resistência: atletas que desafiam o racismo

A relação entre esporte e ativismo racial está longe de ser superficial: ela atravessa décadas e contextos geográficos distintos, mostrando que os gramados, ringues, pistas e torcedores podem servir como arenas poderosas para reivindicar igualdade. Para marcar o Dia da Consciência Negra, é fundamental revisitar trajetórias de esportistas que desafiaram preconceitos não apenas com talento, mas com coragem política.

Desde os primórdios do atletismo até os tempos modernos, esses atletas provaram que vencer uma prova ou erguer um troféu é apenas parte de sua missão, o gesto, a mensagem e a repercussão social que acompanham o sucesso também importam. Muitos deles foram pioneiros, abrindo espaço para vozes negras e colocando em xeque estruturas preconceituosas dentro e fora do esporte.

Lutando no pódio e nos bastidores

Um dos episódios mais emblemáticos de protesto racial no esporte ocorreu durante as Olimpíadas de 1968, quando Tommie Smith e John Carlos ergueram o punho fechado no pódio. Descalços e usando símbolos que denunciavam a opressão, eles transformaram seu momento de glória em ato político, e, mesmo após a expulsão dos Jogos, seu gesto se tornou parte indelével do movimento pelos direitos civis.

Na Fórmula 1, Lewis Hamilton quebrou barreiras ao se tornar o primeiro piloto negro na categoria. Mas sua voz vai além das pistas: ele ajoelha antes das corridas, veste camisetas antirracistas e luta por diversidade institucional na própria competição que conquistou tantas vezes. Seu ativismo mostra que vencer após a bandeirada também pode significar avançar na luta por justiça social.

Resistência e identidade no ringue e nas quadras

No boxe, Muhammad Ali se destacou não apenas por sua técnica inflamável, mas por se recusar a lutar na Guerra do Vietnã por motivos de consciência, denunciando a desigualdade que sofria a população negra nos Estados Unidos. Sua carreira ficou marcada pela fusão entre esportividade e ativismo, ele não aceitava ser apenas um campeão, mas um símbolo vivo de mudança.

Já Serena Williams, no tênis, enfrentou uma barreira dupla: o racismo e o sexismo. Ela tornou público o que muitos tentavam esconder, denunciando episódios de discriminação dentro e fora das quadras. Sua postura firme e seus sucessos avassaladores ajudaram a inspirar uma nova geração de mulheres negras no esporte, mostrando que talento e resistência caminham lado a lado.


Eric Faria comenta sobre casos de racismo com o jogador Vini Jr. (Foto: reprodução/X/@futebol_info)


Vozes contemporâneas e desafios ainda presentes

O ativismo negro no esporte não é coisa do passado, ele se renova em figuras modernas. O quarterback Colin Kaepernick ficou mundialmente conhecido ao se ajoelhar durante o hino nacional dos EUA, em protesto contra a violência policial e o racismo sistêmico. O gesto custou caro à sua carreira na NFL, mas seu impacto reverbera até hoje como símbolo de luta pacífica e corajosa.

No futebol, o brasileiro Vinícius Júnior vem enfrentando ataques racistas desde que chegou à Europa. Ele tem denunciado publicamente essas agressões, provocando debates sobre a posição de clubes, ligas e governos diante do preconceito. A visibilidade e a recusa em se calar fazem dele uma referência contemporânea na luta contra o racismo no esporte.

No Brasil, a trajetória de Reinaldo, ídolo do Atlético-MG durante a ditadura militar, também merece destaque. Ele celebrava gols com o punho cerrado, gesto que remetia à luta dos Panteras Negras, uma provocação simbólica que deixava claro que sua arte no campo também era um protesto político.

Por fim, Aída dos Santos, atleta de salto em altura, superou insultos racistas, falta de estrutura e desigualdade para se tornar a primeira mulher negra do Brasil a disputar uma final olímpica. Sua perseverança evidenciou as barreiras históricas enfrentadas por mulheres negras no esporte e reafirmou a importância do acesso e da representatividade.

Retorno do uso de pele animal no mundo da moda gera polêmica nas redes sociais

As roupas feitas com pele animal, outrora símbolo de luxo e status, voltaram a ser assunto no mundo da moda. O desejo de grandes marcas internacionais em reintegrar peças de pele real em suas coleções, tem atraindo consumidores em busca de exclusividade e sofisticação. Contudo, essa tendência reacendeu debates acalorados sobre ética, sustentabilidade e os impactos ambientais da produção de moda.

Nos últimos anos, várias grifes haviam declarado banir o uso de pele animal, optando por alternativas sintéticas e sustentáveis. Essa mudança refletia uma crescente pressão de consumidores e organizações de proteção animal, além de uma tentativa das marcas de alinhar-se aos valores modernos de responsabilidade social. Porém, o possível retorno das peles verdadeiras revela um mercado onde a demanda por autenticidade e qualidade artesanal ainda prevalece entre parte da elite.


Volta de Looks em pele animal (Foto: reprodução/Leli Corrales)

O uso de do material animal já foi motivo protestos 

Os defensores da indústria argumentam que peles verdadeiras são biodegradáveis, duráveis e muitas vezes provenientes de práticas regulamentadas. Em contrapartida, críticos destacam que a produção envolve sofrimento animal e ainda contribui para a degradação ambiental, além de questionarem se a “biodegradabilidade” justifica o uso desses materiais frente às alternativas sintéticas mais éticas.


Volta do uso em pele animal(Foto: reprodução/Jeremy Moeller/Getty Images Embed)


A controvérsia atinge também o público consumidor. Enquanto alguns veem a retomada das peles como um resgate da tradição, outros consideram a prática antiquada e moralmente inaceitável. As redes sociais tornaram-se palco de debates intensos, com celebridades e influenciadores tanto promovendo quanto criticando a tendência.

China tem  queda em uso de pele animal

Muitos países têm registrado uma queda significativa na produção e no uso desse material. Essa mudança reflete pressões éticas, ambientais e regulatórias, além de uma transformação nos valores dos consumidores. Segundo o site Metrópole, até a China, maior produtor mundial, reduziu pela metade a produção em pele desde 2022.


Volta do uso em pele animal(Foto: reprodução/Jeremy Moller/ Getty Images Embed)


O futuro das peles no mundo da moda parece incerto, dividindo opiniões entre tradição e inovação. Marcas que decidem incorporá-las enfrentam o desafio de equilibrar demandas de mercado e responsabilidades éticas, enquanto a sociedade continua questionando os limites do que pode ser considerado aceitável na busca por luxo.

Obra de Picasso é coberta por foto da guerra em Gaza por ativistas na National Gallery, em Londres

Nesta quarta-feira (9), dois ativistas pertencentes ao grupo Youth Demand, cobriram a obra de Picasso na National Gallery, em Londres, com uma foto de uma mãe e seu filho, vítimas dos ataques Israelenses em Gaza.

Ativistas em Londres

A foto de uma mãe com o filho ensanguentado nos braços foi colocada na frente do quadro “Maternidade”, pintado pelo artista em 1901. O protesto organizado pelo grupo ativista durou apenas alguns segundos, tempo necessário para que o segurança do museu retirasse a foto e interrompesse o protesto. 


Momento em que ativista derrama tinta vermelha no chão da National Gallery (Foto: reprodução/Instagram/@_youthdemand)

Segundo os vídeos publicados pelo próprio grupo, além da foto, uma das ativistas joga uma lata de tinta vermelha no chão enquanto os seguranças já estavam no local.

Um dos manifestantes, enquanto era apreendido pelos seguranças, gritava “Palestina livre”. A outra manifestante no chão, dizia em alta voz: “O governo do Reino Unido é cúmplice de genocídio. As armas fabricadas no Reino Unido estão a ser utilizadas para matar crianças palestinas, as suas mães e famílias inteiras (…)”

A National Gallery, através do jornal britânico Daily Mail, afirmou que não houve estrago nas obras de arte do museu e a sala onde aconteceu o protesto estava, até o momento da publicação, fechada ao público.

O grupo ativista Youth Demand vem protagonizando diversos protestos contra o governo do Reino Unido. A última grande manifestação havia acontecido em julho, em frente ao Cenotáfio de Londres.

Números da Guerra

Neste domingo (06), o governo do Hamas divulgou um balanço com cerca de 42 mil mortos e 100 mil feridos desde o início dos ataques, há mais de um ano. Entretanto, os números podem ser maiores, visto que há uma grande dificuldade de busca nos escombros.