Moraes concede prisão domiciliar a Heleno

O general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro, passou a cumprir prisão domiciliar na noite desta segunda-feira (22), após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Condenado a 21 anos de prisão por envolvimento em uma trama golpista após as eleições de 2022, Heleno deixou o Comando Militar do Planalto depois que laudos médicos apontaram um quadro de demência compatível com Alzheimer, levando o STF a autorizar a mudança de regime por razões humanitárias.

Decisão do STF altera regime de cumprimento da pena

O ministro Alexandre de Moraes autorizou a conversão do regime fechado para prisão domiciliar após analisar laudos médicos produzidos por peritos oficiais que apontaram comprometimento cognitivo e a necessidade de acompanhamento contínuo. A decisão foi tomada no âmbito da execução da pena imposta a Augusto Heleno, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por envolvimento em uma trama considerada antidemocrática após as eleições de 2022.

Na decisão, Moraes afirmou que a mudança no regime não representa revisão da condenação nem redução da gravidade dos crimes, mas uma medida de caráter excepcional, fundamentada em critérios humanitários e previstos na legislação penal brasileira. O ministro também destacou que o cumprimento da pena continua válido e que a prisão domiciliar está condicionada ao respeito a regras rigorosas impostas pelo STF.


Heleno começa a cumprir prisão domiciliar após decisão de Moraes (Vídeo: reprodução/YouTube/Itatiaia)


Saída do Comando Militar do Planalto

Augusto Heleno estava detido desde o fim de novembro em instalações do Comando Militar do Planalto, em Brasília, local destinado ao cumprimento inicial da pena em razão de sua condição de general da reserva. Com a nova decisão, ele deixou a unidade militar e seguiu para sua residência, onde passou a cumprir a pena sob monitoramento judicial.

A permanência em unidade militar havia sido definida como alternativa ao sistema prisional comum, mas o avanço do quadro clínico levou a Corte a reavaliar a adequação do local ao estado de saúde do condenado. A defesa vinha sustentando que o ambiente de reclusão poderia agravar o comprometimento cognitivo apontado nos exames.

Laudos médicos e parecer da PGR embasaram decisão

A conversão do regime foi embasada em laudos médicos solicitados pelo próprio Supremo Tribunal Federal, elaborados por peritos da Polícia Federal. Os documentos indicaram um quadro compatível com demência em evolução, exigindo cuidados constantes e acompanhamento especializado, além de apontarem risco de agravamento caso o general permanecesse em ambiente de detenção.

A Procuradoria-Geral da República se manifestou favoravelmente ao pedido da defesa, entendendo que os elementos médicos apresentados justificavam a adoção da prisão domiciliar. O parecer da PGR foi citado por Moraes como um dos fundamentos para a decisão.

Restrições impostas durante a prisão domiciliar

Apesar de cumprir a pena em casa, Augusto Heleno permanece submetido a medidas cautelares determinadas pelo STF, incluindo monitoramento eletrônico e restrições de comunicação. A decisão estabelece que o ex-ministro não poderá deixar a residência sem autorização judicial, manter contato com outros investigados nem utilizar meios de comunicação que possam interferir no andamento do processo.

O Supremo também determinou que o descumprimento das condições impostas poderá resultar na revogação imediata do benefício e no retorno ao regime fechado, reforçando que a prisão domiciliar não significa liberdade.

Condenação e contexto da investigação

Heleno foi condenado pelo STF por participação em um núcleo estratégico que, segundo a acusação, atuou para desacreditar o processo eleitoral e estimular medidas de ruptura institucional após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. O ex-ministro era considerado um dos principais assessores do governo e mantinha forte influência sobre temas ligados à segurança institucional.

A pena aplicada ultrapassa 20 anos de prisão e passou a ser executada após o trânsito em julgado da decisão. O caso integra um conjunto de ações penais que envolvem militares da reserva e civis acusados de atentar contra o Estado Democrático de Direito.

Repercussão da decisão

A autorização da prisão domiciliar gerou repercussão imediata no meio político e jurídico. Enquanto especialistas destacam que a medida está prevista em lei e pode ser aplicada independentemente da gravidade do crime, desde que haja justificativa médica comprovada, críticos avaliam que o caso reacende o debate sobre tratamento diferenciado a autoridades de alto escalão.

No Supremo, a avaliação é de que a decisão segue parâmetros técnicos e jurídicos, mantendo a execução da pena e assegurando o controle judicial sobre o condenado. O caso segue sob acompanhamento da Corte, que poderá reavaliar o regime caso haja descumprimento das condições ou mudança no quadro clínico.

Ex-ministros e generais aliados de Bolsonaro são condenados pelo STF

Nesta terça-feira (25), o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou o trânsito em julgado da trama golpista. A Polícia Federal (PF) e o Exército prenderam os ex-ministros e generais do Exército Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Ambos foram detidos e encaminhados para o Comando Militar do Planalto (CMP), em Brasília.

Augusto Heleno é ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Paulo Sérgio Nogueira é ex-ministro da Defesa. Ambos são ex-ministros do governo Bolsonaro e foram presos pela trama de golpe de Estado. Ou seja, o STF julgou que não cabem mais recursos e abriu caminho para a execução das penas de prisão para eles.

Prisão de Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira

O ex-ministro Augusto Heleno foi condenado a 21 anos de prisão. Já o também ex-ministro Paulo Sérgio foi condenado a 19 anos de prisão. Como dito anteriormente, eles foram presos no Comando Militar do Planalto (CMP), em Brasília, por serem generais do Exército. O Estatuto dos Militares estabelece que militares da ativa ou da reserva condenados por crimes militares devem cumprir pena em instalações militares — e não em presídios comuns.

Porém, diferente do que diz a lei, essa regra não está restrita apenas aos condenados por crimes militares. Entretanto, a jurisprudência admite algumas exceções. Por exemplo: quando há risco à integridade física; quando existe potencial instabilidade institucional; ou quando é difícil acomodar aquele preso no sistema prisional comum.


Vídeo informando onde os condenados do núcleo 1 vão cumprir as penas (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)


O STF, os julgados tinham até segunda-feira (24) para apresentarem os segundos embargos de declaração, que seriam como um recurso. Os julgados são: Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente do Brasil; Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Outros condenados também são: Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Walter Braga Netto, general e ex-ministro; e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens (delator, que cumpre pena domiciliar de 2 anos).

O caso de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro permanece na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde está preso desde sábado (22). A prisão, porém, não está diretamente relacionada ao processo do golpe. Jair está preso por um decreto de Alexandre de Moraes, por violação da tornozeleira eletrônica que ele usava em prisão domiciliar e também por risco de fuga, reforçado pela convocação de uma vigília religiosa feita pelo filho e senador Flávio Bolsonaro na porta da casa do ex-presidente.

Por conta de Alexandre Ramagem ter fugido para os EUA, o ministro Moraes avaliou que a situação poderia ocorrer novamente e,  portanto pediu a prisão de Jair Bolsonaro.


Imagem do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (Reprodução/Getty Images Embed/Ton Molina)


Após as prisões de Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, condenados pelo processo contra o “núcleo 1”, que ficou conhecido como o núcleo central, também foi determinado o início de cumprimento de pena para Bolsonaro, pela mesma decisão que atendeu ao fim dos recursos de Augusto e Paulo, ex-ministros. O ex-presidente vai iniciar o cumprimento da pena na Superintendência da PF, em Brasília, mesmo.

Cid afirma que Bolsonaro “enxugou documento” com o único objetivo de prender Moraes

Nesta segunda-feira(9), o coronel Mauro Cid, que também já trabalhou com o ex-presidente, disse que Jair Bolsonaro recebeu a chamada “minuta do golpe”, e editou. Ele disse o seguinte quando questionado se o direitista havia lido o documento, disse “sim, senhor, recebeu e leu”. O ex-ajudante do antigo do governante que presidiu o país de 2019 até 2022, lembrou que não estava presente na sala, aonde foi feita as alterações do documento da minuta, junto o seu assessor Felipe Martins, mais que após isso mostraram a documentação para ele, onde estiveram mostrando.

“Enxugou o documento”

Conforme Mauro Cid informou em depoimento, o então ex-presidente do Brasil teria enxugado o documento, em citação o ex-ajudante da presidencia disse o seguinte:

Ele enxugou o documento, retirando basicamente as autoridades das prisões, somente o senhor ficava como preso”, disse o relator se referindo a que somente seria preso Moraes, quando prestou depoimento na tarde desta segunda-feira(9).


Mauro Cid no dia 24 de Agosto de 2023 participando de uma sessão que investiga os atos anti-democraticos ocorridos no dia 8 de Janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty images Embed)


Os réus do “Núcleo crucial”

Se iniciou neste dia 9 de junho, os interrogatórios com os réus que fazem parte do “núcleo crucial” do julgamento, da ação penal que apura o julgamento da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022
  • Anderson Torres, ex-ministro da justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da marinha
  • Mauro Cid, ex-ajudante das ordens da presidência
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI

Os interrogatórios ocorreram durante os cinco dias dessa semana, se iniciando no dia 9 e terminando na data do dia 13 de junho de 2025

Bolsonaro só será preso após condenação, conforme os ministros do STF decidiram

Após aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, demonstrarem receios quanto a ele ser preso nesta terça-feira(25), o STF informou que o ex-presidente só iria para a prisão após a sessão do STF, caso ele fizesse algo que justifique sua prisão. Conforme o informado pelos integrantes da corte, a prisão só é configurada com o trânsito julgado do processo, quando não existe mais possibilidade de recurso. Advogados ainda perderam a esperança quanto ao processo ser suspenso.

Presença inesperada no Tribunal

A presença de Bolsonaro, no julgamento ocorrido nesta terça-feira(25), foi surpreendente para aqueles que estavam envolvidos com a audiência. A defesa do então ex-presidente, informou que ele não teve a intenção de intimidar os ministros do STF, na verdade, conforme o informado pelos advogados, ele teria ido para distanciar a ideia de que o mesmo poderia tentar fugir da situação em caso de condenação, relacionada a uma possível prisão decretada, após o desfecho das audiências que ocorreram.


Alexandre de Moraes em audiência no dia 4 de setembro de 2024 (foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)


Adiamento de julgamento gera expectativas

Na última segunda-feira(24), o ministro Luiz Fux, solicitou o adiamento do julgamento de Débora Rodrigues, que havia sido acusada de pichar a frase “perdeu, mané”, na estátua “A justiça”, que se localiza em frente da sede que se encontra o STF.

Devido a isso, os advogados responsáveis pela defesa dos cidadãos que estão sendo julgados pela possível tentativa de golpe de estado, cogitaram a possibilidade de ocorrer algo parecido nos julgamentos relacionados ao caso dos acusados nesse caso.

Acusados

Com Bolsonaro existem mais 7 pessoas que estão sendo julgados nessa situação, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor de Abin);
  • Anderson Torres (ex-ministro da justiça);
  • Braga Netto (ex-ministro da casa civil e da defesa)
  • Almir Garnier (ex-comandante da marinha)
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-comandante do exército)
  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)

Após se tornarem réus, Bolsonaro e os demais listados acima serão julgados em data a ser definida.