A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que encontra-se em prisão domiciliar desde 4 de agosto e enfrenta julgamento no Supremo Tribunal Federal, pediu ao ministro da Corte, Alexandre de Moraes, que autorizasse “visitas contínuas” do vice-presidente do PL em Rondônia, Bruno Scheid.
Os advogados alegaram que Michelle Bolsonaro sozinha não estava conseguindo conciliar o trabalho com o cuidado do marido, doente, o que levantaria a necessidade de visitas regulares de amigos como Bruno. O estado de saúde de Jair Bolsonaro, marcado por soluços intermitentes, náuseas e vômitos frequentes, segundo atestado médico, fizeram com que ele faltasse ao primeiro dia de julgamento, na terça-feira (2).
O pedido ocorre em meio a negociações no Congresso pela anistia do antigo governante, caso Bolsonaro seja condenado no julgamento da trama golpista. As conversas são lideradas pelo presidente do PL na Câmara, o pastor Sóstenes Cavalcante.
Negociações pela anistia avançam no Congresso
A reivindicação de visitas regulares de políticos do Partido Liberal, a que Bolsonaro é vinculado, levanta suspeitas em razão do profundo envolvimento da legenda em acordos em prol do perdão ao ex-presidente pela eventual condenação por crimes ligados à tentativa de golpe de Estado.
Jair Bolsonaro e Sóstenes Cavalcante são fortes aliados (Foto: reprodução/Evaristo Sá/Getty Images Embed)
O julgamento de atos que culminaram com a depredação da Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, se iniciou na última terça-feira (2). No mesmo dia, os partidos do Centrão, Progressistas e União Brasil, que formavam parte da base governista, partiram para a oposição, numa dança de cadeiras que, conforme Sóstenes Cavalcante indicou no dia seguinte, possibilitaria uma fácil aprovação da anistia na Câmara dos Deputados.
Falas recentes do líder do PL na Câmara indicam que o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), está inclinado a colocar o projeto de anistia para votação em breve. A proposta sofre resistência, no entanto, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), e do próprio STF, que podem barrá-la ainda no Congresso ou declará-la inconstitucional, uma vez aprovada pelos parlamentares.
Bolsonaro está em prisão domiciliar
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro em 4 de agosto após considerar que o político carioca descumpriu medidas cautelares a que estava submetido desde 18 de junho.
Na ocasião, Bolsonaro discursou por vídeo-chamada em uma passeata realizada na Praia de Copacabana, em sua cidade natal. O conteúdo foi posteriormente replicado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, nas redes sociais. A ação foi vista por Moraes como “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
