Trump promete lançar ofensiva terrestre contra cartéis

O presidente americano Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (23) que pretende reforçar as ações militares em solo para combater os cartéis de narcotráfico na América do Sul. Segundo ele, a iniciativa faz parte de um novo plano de segurança voltado a enfraquecer as redes criminosas que atuam fora dos Estados Unidos.

De acordo com Trump, as operações vão continuar e ele não pedirá autorização do Congresso para declarar guerra aos cartéis. Segundo o presidente, o narcotráfico é uma ameaça direta à segurança dos Estados Unidos e o país “não ficará de braços cruzados” diante do avanço das organizações criminosas na América Latina e, se for preciso, “irá matar as pessoas que levam drogas para o território americano”. A declaração reacende o debate sobre o alcance das ações militares americanas fora do território nacional e o possível impacto diplomático na região.

As acusações contra a Venezuela

Donald Trump intensificou as acusações contra Nicolás Maduro, afirmando que o presidente venezuelano está diretamente ligado ao tráfico de drogas e lidera um esquema criminoso que ameaça a segurança dos Estados Unidos. Segundo Trump, Maduro não apenas protege os cartéis dentro da Venezuela, mas também facilita o envio de drogas para outros países, colocando a região e os americanos em risco.

Como parte dessa estratégia, o governo americano aumentou a recompensa por informações que levem à captura de Maduro e autorizou ações militares no Caribe e no Pacífico contra embarcações suspeitas de transportar drogas. As medidas também incluem operações secretas de inteligência, todas com o objetivo de pressionar o regime venezuelano e desmantelar redes criminosas ligadas ao narcotráfico.


Declarações de Donald Trump sobre combate aos cartéis (Vídeo: Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Ataques no Pacífico e no Caribe

O governo dos Estados Unidos tem intensificado ações contra o narcotráfico na América Latina, realizando ataques a embarcações suspeitas de transportar drogas no Pacífico e no Caribe. Segundo o presidente Donald Trump, essas operações têm como alvo grupos criminosos ligados à Venezuela e a outros países da região, com o objetivo de enfraquecer as redes de tráfico que ameaçam a segurança americana.

Além das mortes, os ataques têm gerado tensão entre os países envolvidos e críticas de especialistas em direito internacional, que classificam as operações como uma violação da soberania dos Estados afetados. Organizações regionais alertam para o risco de escalada militar e para possíveis repercussões diplomáticas, já que ações desse tipo podem agravar ainda mais as relações entre os Estados Unidos e seus vizinhos. Apesar das críticas, Washington mantém que as medidas são necessárias para proteger a segurança nacional e combater o tráfico de drogas que chega ao território americano.

EUA prometem intensificar ações contra cartéis venezuelanos

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, na data de ontem, quarta-feira (3), informou que as operações contra o narcotráfico internacional não apenas continuarão, mas devem se intensificar nas próximas semanas, sob o comando de Donald Trump.  A declaração ocorreu após um ataque militar estadunidense, realizado terça-feira (2), que resultou na morte de 11 pessoas a bordo de uma embarcação suspeita de transportar drogas, identificada como sendo venezuelana. 

Apesar da repercussão internacional, pouco se sabe sobre a operação, uma vez que as autoridades dos EUA não revelaram com precisão quais substâncias ilícitas estariam no barco ou qual base legal foi utilizada para justificar o uso da força em águas internacionais. O Pentágono permanece em silêncio sobre a forma exata do ataque, e o que se sabe até o momento é que a embarcação foi completamente destruída, e nenhuma pessoa sobreviveu à ofensiva.

Declarações

A ofensiva marca a primeira ação pública desde que o governo Trump enviou navios de guerra ao sul do Caribe, em uma escalada de combate aos cartéis de drogas na região sul-americana, sobretudo contra o governo de Nicolás Maduro. 

Em entrevista à Fox News, Hegseth justificou a ação como parte de uma missão “extremamente séria” e declarou que qualquer embarcação associada a organizações narcoterroristas será tratada da mesma maneira. “Temos recursos no ar, na água e em navios. Esta missão não vai parar aqui”, afirmou. O presidente Donald Trump reforçou o discurso, afirmando que o grupo a bordo pertencia à gangue venezuelana “Tren de Aragua“, classificada como organização terrorista pelos EUA em fevereiro. Ele alegou, sem apresentar provas, que “quantidades massivas de drogas” estavam sendo transportadas.


Publicação referente a ofensiva dos EUA no mar do Caribe (Vídeo: reprodução/X/@WhiteHouse)


A narrativa de Trump foi endossada por outras figuras do alto escalão do governo estadunidense. O secretário de Estado Marco Rubio, em viagem à Cidade do México, disse que “ações similares já estão sendo preparadas” e que os EUA “não pedirão permissão para defender seu povo”. Discurso alinhado com o de Pete Hegseth, quando questionado sobre a crescente tensão com a Venezuela: “A única pessoa que deveria estar preocupada é Nicolás Maduro, chefe de um narcoestado”, declarou Hegseth. A administração Trump, inclusive, dobrou a recompensa para US$ 50 milhões, por informações que levem à prisão de Maduro.


Pete Hegseth, secretário de Defesa dos EUA em entrevista à Fox News (Vídeo: reprodução/X/@DODResponse)

No entanto, a operação gerou críticas dentro e fora dos EUA. Para especialistas, o governo estadunidense não tinha o direito de realizar a ofensiva, mesmo sob alegação de que fora praticada em alto-mar. Ainda que tenha como base a declaração de Marco Rubio de que era “um barco cheio de cocaína ou fentanil”.

Na Venezuela, tanto o governo quanto membros da oposição levantaram dúvidas sobre a veracidade do vídeo divulgado por Donald Trump, mostrando o momento exato do ataque à embarcação. Eles alegam que as imagens podem ter sido manipuladas digitalmente, algo ainda sob investigação por agências internacionais de verificação.

Controvérsias

Enquanto o governo Trump insiste que se trata de uma guerra contra o narcotráfico, críticos veem na ação uma tentativa de justificar uma possível intervenção militar na Venezuela. Contudo, a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, apoiou a ofensiva, dizendo que ela salva-vidas “em ambos os lados do continente”. No entanto, nomes da oposição, como Henrique Capriles, levantaram dúvidas sobre a ofensiva realizada pelo governo estadunidense: “Como sabiam que eram venezuelanos? Como contaram exatamente 11 mortos? Alguém recuperou documentos no mar?”, questionou o ex-candidato à presidência venezuelana.


Entrevista de María Corina Machado à Fox News sobre o governo de Nicolás Maduro (Vídeo: reprodução/Instagram/@mariacorinamachado)


O incidente é visto por parte da comunidade internacional como o início de uma nova e controversa fase da política externa de Donald Trump na América do Sul. Nos últimos dias, a chegada de militares, navios e armamentos de guerra tem se intensificado no mar do sul do Caribe. Cerca de 4.500 combatentes, entre fuzileiros navais e marinheiros, foram deslocados para a região em uma ofensiva contra o cartel “Tren de Aragua” que, segundo informações, possui ramificações em países latino americanos e, também, na Flórida, nos EUA. Para o alto escalão do governo Trump, este é apenas o início da guerra travada entre o governo estadunidense e o narcotráfico na América do Sul.