Libaneses retornam ao país, após cessar-fogo entre Israel e Hezbollah

Israel e grupo armado libanês Hezbollah firmaram um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos e pela França, encerrando um confronto que já resultou em milhares de mortos e 900 mil deslocados no Líbano, além de dezenas de milhares de pessoas obrigadas a fugir do norte de Israel. Porém, o confronto entre Israel e o grupo militante palestino Hamas continua na Faixa de Gaza.

A trégua, iniciada nesta quarta-feira (27), foi considerada uma rara vitória diplomática em meio às tensões regionais e permite uma pausa nas hostilidades que vinham acontecendo há alguns meses, além da volta de milhares de libaneses deslocados pelos confrontos, que começaram a voltar para suas casas.

Essa decisão, que começou às 4h (23h de terça-feira, no horário Brasília), exige que Israel retire gradualmente suas tropas do sul do Líbano, um reduto do Hezbollah, e que as forças militares libanesas se posicionem na região num prazo de 60 dias. O Exército libanês afirmou que já estava se preparando para despachar 5.000 soldados para a região.

Militares garantem a segurança

O Exército do Líbano, encarregado de garantir a manutenção do cessar-fogo, anunciou que está organizando sua mobilização para o sul do país, uma área devastada por intensos bombardeios de Israel durante os combates contra o Hezbollah. Essa região inclui vilarejos no leste e os subúrbios ao sul de Beirute.

Os militares orientaram os habitantes das áreas fronteiriças a adiar o retorno para suas residências, até que as tropas israelenses finalizem a retirada. Desde setembro, as forças israelenses avançaram cerca de 6 km em território libanês em operações terrestres. “Com a entrada em vigor do cessar-fogo, o exército está tomando medidas para finalizar sua implantação no Sul, conforme determinação do governo libanês”, declararam.

Enquanto isso, veículos carregados com colchões, bagagens e móveis foram vistos em direção ao sul, saindo da cidade de Tiro, duramente bombardeada. A intensificação dos confrontos nos últimos dois meses forçou milhares de libaneses a deixarem suas casas.

Israel afirmou ter identificado militantes do Hezbollah retornando para áreas próximas à fronteira e abriu fogo para impedi-los de se aproximarem, sem compromissos de que o incidente comprometesse a trégua.

Conflito histórico

O acordo, mediado pelos Estados Unidos e França, busca encerrar um conflito na fronteira entre Israel e Líbano que já deixou milhares de mortos, desencadeado pela guerra de Gaza no ano anterior. A administração de Joe Biden celebrou a trégua como um marco diplomático nos últimos dias de seu governo.

A atenção diplomática agora se volta para Gaza, devastada por ataques de Israel que visam desmantelar o Hamas, responsável pelos ataques de 7 de outubro de 2023 em território israelense. Israel declarou que o objetivo no Líbano era garantir a segurança de aproximadamente 60 mil israelenses deslocados, devido aos foguetes disparados pelo Hamas em Gaza.


Decisão de cessar-fogo marca retorno de libaneses ao Líbano, gerando congestionamento (Foto: reprodução/Mahmoud Zayyat/AFP/GZH)

Entre os que retornam ao Líbano, alguns exibem bandeiras nacionais, enquanto outros demonstram euforia. Apesar disso, muitas aldeias para onde os moradores voltam estão em ruínas. Hussam Arrout, pai de quatro filhos, afirmou que aguardará a retirada completa israelense antes de retornar.

“Os israelenses não se retiraram completamente, eles ainda estão no limite. Decidimos esperar até que o exército anuncie que podemos entrar. Então ligaremos os carros imediatamente e iremos para a vila”, disse ele.

Joe Biden destaca decisão

O presidente Joe Biden destacou que o cessar-fogo foi projetado para ser permanente e prometeu que o Hezbollah e outras organizações terroristas não serão mais ameaças.

“Isso foi projetado para ser um cessar-fogo permanente das hostilidades”, disse Biden. “O que resta do Hezbollah e de não será permitido ameaçar a segurança de Israel novamente.”

Israel iniciará a retirada de suas tropas nos próximos 60 dias, enquanto o Exército Libanês assumirá o controle das áreas limítrofes. Biden também mencionou os esforços para uma trégua em Gaza, onde os conflitos permanecem.

Essa pausa no conflito proporciona a Israel a oportunidade de restabelecer seus recursos militares e concentrar esforços na luta contra o Hamas em Gaza. A tensão permanece alta, mas o acordo marca um possível passo para o fim da guerra no Oriente Médio.

“Não é possível eliminar o Hamas”, declara o Porta-voz do Exército Israelense 

Nesta quarta-feira (19), o porta-voz do Exército israelense declarou não haver possibilidade de eliminação do grupo terrorista Hamas e seu movimento. Comentários foram rebatidos quase imediatamente pelo gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

Cenário atual

Com declarações feitas sobre a situação contra o grupo terrorista Hamas, após o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, afirmar não ser possível eliminar o grupo, o governo de Israel rebateu seu discurso salientando seu compromisso em extingui-lo.  

O conflito armado na Faixa de Gaza, declarado como “ofensiva” pelo governo israelense, começou após o ataque do grupo Hamas no território de Israel, em 7 de outubro. Desde então há tentativas brutais da erradicação do grupo no território praticamente destruído de Gaza e regiões próximas.  


Destroços após bombardeio em região de Gaza (Foto: reprodução/ Agência Brasil/Shadi Tabatibi)

“Hamas é uma ideologia, não podemos eliminar uma ideologia. Dizer que vamos fazer o Hamas desaparecer é jogar areia nos olhos das pessoas”, afirmou o contra-almirante Daniel Hagari à emissora nacional, Canal 13. “Se não oferecermos uma alternativa, no final, teremos o Hamas no poder em Gaza”, acrescentou o porta-voz.  

Insatisfeitos, o governo contra-argumentou de forma quase imediata, enfatizando que a ofensiva só terminará quando o Hamas for derrotado.  

O gabinete político e de segurança liderado pelo primeiro-ministro Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas“, declarou em comunicado. “As FDI — Forças de Defesa de Israel — estão, obviamente, comprometidas com isso”, foi acrescentado.

Por outro lado, o exército emitiu outro comunicado com destaque nas palavras de Hagari sobre “a destruição do Hamas como ideologia e ideia”, somando ao apontamento de que as palavras do contra-almirante foram “claras e explícitas”. “Qualquer outra declaração seria tirar as coisas de contexto”, complementou.  

Guerra Israel x Gaza

O início do conflito se deu em 7 de outubro, após ataque do Hamas em território israelense matando cerca de 1.194 pessoas, sendo em sua maioria civis, e sequestrando mais 250 no Sul do país, segundo contagem da AFP com base em dados oficiais de Israel. Segundo o Exército, estima-se que 116 pessoas continuem sequestradas em Gaza, 41 das quais teriam morrido. 

A atual ofensiva vinda de Israel se deu como resposta ao ataque em seu território. Até o momento, os ataques de Israel contra o território palestino já deixou 37.396 mortos apenas em Gaza, sua maioria sendo civis. As informações são relatadas pelo Ministério da Saúde de Gaza.  

Plano dos EUA pelo cessar-fogo em Gaza é aprovado pela ONU

Nesta segunda-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU aprovou um documento dos EUA sobre o cessar-fogo em Gaza. Após seis dias de negociação entre os integrantes, os EUA terminaram o projeto no último domingo. Na votação, 14 países votaram a favor e um se absteve, a Rússia.

Sofrimento desnecessário se prolonga a cada dia

Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU, fez suas considerações ao conselho antes da votação.

“A resolução acolhe a nova proposta de cessar-fogo, que Israel aceitou, apela ao Hamas para que também a aceite e insta ambas as partes a implementarem integralmente seus termos sem demora e sem condições. Estamos esperando o Hamas concordar com o acordo de cessar-fogo que ele alega querer.”

Linda Thomas-Greenfield

Ela ainda acrescentou que o sofrimento desnecessário continua a cada dia que passa.


Renião do Conselho de Segurança da ONU em fevereiro de 2024 (Foto: reprodução/Angela Weiss/AFP/Getty Images embed)


Biden apresentou, em 31 de maio, um plano de cessar-fogo de três fases. Segundo ele, seria uma iniciativa israelense. Se as negociações levarem mais de seis semanas para a fase um, o cessar-fogo continuará, enquanto as negociações desenrolarem.

A sensibilização vem de todas as partes

Em março deste ano, o Conselho da ONU exigiu um cessar-fogo imediato, e que o Hamas libertasse todos os reféns, incondicionalmente.

Os EUA, Egito e Catar vem tentando, há meses, mediar um cessar-fogo. O Hamas teria dito querer interromper o conflito na Faixa de Gaza, mas que os israelenses deveriam ser retirados do território palestino, o qual abriga 2,3 milhões de pessoas.

O conflito iniciou quando o Hamas teria matado cerca de 1.200 pessoas em Gaza, no dia 7 de outubro do ano passado. De acordo com os israelenses, o Hamas mantém, desde então, mais de 100 pessoas reféns.

Israel teria lançado um contra-ataque aéreo, terrestre e marítimo no território palestino. De acordo com as autoridades de saúde de Gaza, mais de 36 mil pessoas foram mortas.

Israel entrega nova proposta de cessar-fogo ao Hamas

Israel anunciou na terça-feira (2) que uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza foi elaborada e entregue ao Hamas, conforme confirmado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

Após a última rodada de negociações no Cairo, a delegação israelense está retornando para casa. Durante as negociações, formularam uma proposta atualizada para o Hamas, com a esperança de que os mediadores pressionem mais pela obtenção de um acordo. As conversas visam um cessar fogo e  a libertação de reféns. 

“Como parte das discussões, com a mediação útil do Egito, os mediadores elaboraram uma proposta atualizada a ser apresentada ao Hamas”, afirmou o gabinete do primeiro-ministro.

Negociações entre Israel e Hamas 

As últimas negociações entre Israel e Hamas foram retomadas no Cairo no domingo (31), segundo a mídia estatal egípcia Al-Qahera News. Uma fonte egípcia confirmou o andamento das negociações, destacando os esforços conjuntos egípcio-catarianos para progredir nas conversas. 

No início de março, negociações semelhantes ocorreram em Doha, no Qatar, com a participação do primeiro-ministro israelense e do diretor da CIA, Bill Burns, visando a libertação de reféns e uma pausa humanitária. Posteriormente, uma proposta foi devolvida ao Hamas, que a rejeitou na terça-feira (26).

Contexto dos ataques

Os ataques terroristas ocorridos em Israel em 7 de outubro de 2023 foram conduzidos pelo grupo Hamas, considerado um grupo terrorista islâmico palestino. Esse evento foi classificado como o dia mais letal para os judeus desde o Holocausto.

Soldados israelenses caminham entre retratos de pessoas capturadas ou mortas por militantes do Hamas no ataque de 7 de outubro. Foto: reprodução/Foto de JACK GUEZ/AFP via Getty Imagens Embed

O conflito territorial entre Israel e Palestina, que ganhou destaque nos noticiários com os eventos de outubro de 2023, tem raízes históricas que remontam a mais de 70 anos, intensificando-se após a criação do Estado de Israel na esteira da Segunda Guerra Mundial.

Milhares de judeus de diversas localidades iniciaram uma série de movimentos migratórios sob a justificativa de encontrar um novo lar após o Holocausto na Segunda Guerra Mundial, embora os palestinos já estivessem naquele território.

Consequências do conflito Israel e Hamas

Desde que Israel iniciou sua resposta aos ataques do Hamas em 7 de outubro, estima-se que pelo menos 20 mil vidas tenham sido perdidas em Gaza. Dados do Ministério da Saúde na região, controlado pelo Hamas, indicam uma média alarmante de quase 300 mortes por dia desde o início do conflito, excluindo um breve cessar-fogo de sete dias.

Ataques aéreos israelenses na cidade de Gaza em 12 de outubro de 2023. Foto: reprodução/ Foto de MAHMUD HAMS/AFP via Getty Imagens Embed

Gaza é reconhecida como a maior prisão a céu aberto do mundo, com cerca de 80% da população forçada a abandonar seus lares, enquanto metade vive em extrema pobreza. O quadro é ainda mais preocupante considerando que mais da metade dos residentes são crianças.

De acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, mulheres e crianças compõem cerca de 70% dos mortos em Gaza no atual conflito. Além disso, mais de 52 mil pessoas foram feridas até o momento, segundo o ministério.

Médicos em Gaza advertem que o número oficial de mortos provavelmente subestima a realidade, dada a possibilidade de muitos corpos estarem soterrados sob os destroços de edifícios atingidos por bombardeios ou ainda não terem sido resgatados e levados para hospitais. 

Hamas se mostra disposto a cooperar com cessar-fogo aprovado pela ONU

A aprovação do acordo de cessar-fogo imediato feita pelo Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira (25), fez o grupo islâmico Hamas celebrar a votação do documento. Segundo a CNN, Hamas e expressou sua vontade de iniciar o processo de troca de reféns pelos prisioneiros palestinos imediatamente. O grupo indicou também a vontade de ter um cessar-fogo permanente que retire todos os soldados israelenses da região da Faixa de Gaza. 


Votação do Conselho de Segurança da ONU na cidade de Nova York nos EUA (Foto: reprodução/ John Lamparski/Getty Images – Embed) 


A votação ocorreu em meio a tensão de uma possível intervenção militar israelense em Rafah, que fica no sul da Gaza, onde se encontra milhares de palestinos refugiados e segundo Israel, seria o refúgio de Hamas. 

No relatório aprovado nesta segunda, além da exigência do cessar-fogo, estava também a condição de libertar todos os reféns que continuam no controle de Hamas e a urgência de ampliar o fluxo de ajuda humanitária aos residentes da Faixa de Gaza. O documento foi aprovado com quase unanimidade do conselho que conta com 15 membros permanentes. Apenas os Estados Unidos se abstiveram da votação.  

Relação EUA e Israel 

Após o resultado positivo da reunião do conselho, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, cancelou sua viagem para Washington, para resolver sobre os próximos passos em relação à guerra em Gaza. Segundo o CNN, o porta-voz da Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, disse estar desapontado com a decisão do ministro, mas deixou claro que não há mudança de posição em relação à abstenção no Conselho de Segurança da ONU. 

Números preocupantes em Gaza 

O Ministério da Saúde de Gaza, disse nesta segunda-feira (25), que mais de 32 mil palestinos foram mortos por militares israelenses, sem contar os que não foram encontrados entre os escombros. Em seis meses de guerra, pelo menos meio milhão de pessoas estão vivendo em condições de fome extrema na região da Gaza, devido à falta de ajuda humanitária, informações da ONU. 

Conselho de Segurança da ONU aprova cessar-fogo em Gaza

Na segunda-feira (25), foi alcançado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas um marco significativo, com a aprovação de uma resolução que exige um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. Esta medida, liderada por Moçambique e respaldada por um grupo de dez países rotativos, marca a primeira ocasião em que o Conselho conseguiu aprovar uma resolução dessa natureza para o território palestino.

Em meio a uma ofensiva militar intensa por parte de Israel, desencadeada após um ataque perpetrado pelo grupo terrorista Hamas em outubro de 2023, a aprovação ocorre. Desde então, um aumento alarmante de violência e sofrimento humano foi testemunhado na região, com centenas de vidas perdidas e inúmeras famílias deslocadas devido aos conflitos.

Proposta vetada


China e Rússia vetaram uma resolução proposta pelos EUA (Fotografia: reprodução/XINHUA/ONU)

Na semana passada, uma resolução proposta pelos Estados Unidos, solicitando uma interrupção nos bombardeios, foi vetada pela China e pela Rússia, que são dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança com poder de veto.

A mudança notável na posição de Washington em relação ao conflito, representada pela proposta dos EUA, incluiu não só o pedido de um cessar-fogo imediato, mas também a libertação de reféns. No entanto, alguns membros do Conselho resistiram a essa iniciativa, argumentando que os Estados Unidos não demonstraram comprometimento suficiente com uma solução duradoura para o conflito.

Desafios da implementação do cessar-fogo

No entanto, embora represente um passo crucial em direção à paz, não se pode garantir sua eficácia na total resolução do conflito. O desafio atual é implementar de forma efetiva as determinações contidas no texto da ONU, com ênfase na garantia de cumprimento pelos principais atores envolvidos: o governo de Israel e o grupo Hamas.

Posição Americana sobre a guerra Israel x Hamas

Nas últimas semanas, houve uma alteração de postura por parte do governo norte-americano em relação ao conflito. O presidente Joe Biden manifestou preocupação com o alto índice de civis mortos no território palestino.

Em fevereiro, começou a ser debatida a possibilidade de os Estados Unidos proporem uma resolução no Conselho de Segurança da ONU visando interromper o conflito no território palestino.

 Estados Unidos apresentam proposta de “cessar-fogo imediato” para a guerra entre Israel e Palestina

Nesta quinta-feira (21), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, confirmou que os Estados Unidos solicitaram um pedido ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. 

Em viagem a Arábia Saudita, Blinken disse que há possibilidade de paralisação dos bombardeamentos em Gaza caso o Hamas concorde em liberar reféns que estão sob poder do grupo terrorista desde os ataques que deram início a guerra, no último dia 7 de outubro. 

“Acabamos de apresentar uma resolução perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela a um cessar-fogo imediato ligado à libertação de reféns. Claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender, de garantir que o 7 de outubro nunca mais aconteça. Mas, ao mesmo tempo, é imperativo que nos concentremos nos civis que estão em perigo e que sofrem tão terrivelmente”, declarou Blinken em viagem a Arábia Saudita. 


Antony Blinken em encontro em Jeddah, na Arábia Saudita, discute sobre a tentativa de cessar-fogo na Faixa de Gaza. (Foto: Reprodução/Evelyn Hockstein/AFP)

Mudança de tom em relação a postura de Israel 

Com a oficialização do pedido dos Estados Unidos por um cessar-fogo em Gaza ao Conselho de Segurança da ONU, esta será a primeira vez, desde o início da guerra, que o presidente americano, Joe Biden,  solicitará a interrupção dos bombardeamentos vindos de Israel em direção ao território palestino.

Nas últimas semanas, Biden vem mudando o tom em relação à postura de Israel no conflito, isso porque, a escalada do número de mortes de civis palestinos vem afetando, inclusive, a reputação do presidente americano, que concorrerá à reeleição ainda neste ano. 

No início de março, durante uma entrevista, Joe Biden criticou a postura do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em relação aos ataques de Israel diante dos civis da Faixa de Gaza. “Ele tem o direito de defender Israel, o direito de continuar perseguindo o Hamas, mas ele precisa prestar mais atenção às vidas inocentes que estão sendo perdidas como consequência das ações tomadas”, enfatizou o presidente americano. 

Exército israelense estuda para atacar Rafah

Há semanas, as tropas de Israel vêm se preparando para atacar o território de Rafah, situado no sul da Faixa de Gaza, cidade localizada na fronteira do Egito. No entanto, a ação que vem sendo orquestrada pelo exército israelense não tem apoio internacional, isso porque, Rafah possui cerca de 1 milhão de civis palestinos que se deslocaram até a cidade em busca de abrigo. 

Nesta terça-feira (19), Netanyahu rejeitou o pedido de Biden para cancelar os planos de um ataque terrestre em Rafah. O primeiro-ministro israelense deixou claro que está determinado em concluir a extinção do Hamas em toda região.

Hamas apresenta proposta de cessar-fogo, que inclui troca de reféns e detentos palestinos 

Nesta quinta-feira (14), o grupo terrorista Hamas apresentou uma proposta para cessar-fogo na Faixa de Gaza para os Estados Unidos e mediadores. Segundo Reuters, o documento garante a liberação de reféns se Israel libertar até mil prisioneiros palestinos, alguns desses nomes cumprem prisão perpétua em Israel. 

Novo acordo 

Na proposta, Hamas diz que idosos, mulheres, crianças e reféns debilitados são prioridade do grupo para serem liberados em troca dos prisioneiros palestinos. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se manifestou em relação à proposta dizendo que as exigências para trégua continuam irreais, e disse que o documento será revisado e entregue ao gabinete de segurança e ao gabinete de guerra ainda nesta sexta-feira (15). 


 Gaza (Foto: reprodução/Majdi Fathi/NurPhoto/GettyImages Embed)


Proposta feita antes e recusada por Israel 

Em fevereiro, durante negociações de cessar-fogo em Paris, na França, o Hamas fez sua primeira proposta que incluía a libertação de 10 prisioneiros para 1 refém e uma pausa de 40 dias nas operações militares. Na época, o acordo foi rejeitado por Israel, que deixou claro que a guerra só acabaria após atingir seus objetivos que incluem acabar com o Hamas, libertar os reféns e recuperar a Faixa de Gaza. 

Países tentam ajudar a crise humanitária em Gaza 

Egito e Catar, são os países mediadores do acordo, vem tentando há algum tempo uma trégua entre os israelenses e Hamas para tentar combater a crise humanitária que atinge um quarto da população residente de Gaza. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), após seis meses de guerra, mais de 570 mil pessoas estão em condições de fome severas na Faixa de Gaza e a organização tem feito pressão para Israel ceder mais acesso para ajuda humanitária na região. 

A partir do momento que começou a guerra, em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.200 pessoas e 253 reféns. Desde esse dia, cerca de 31 mil palestinos foram mortos e 70 mil ficaram feridos, segundo o Ministério de Saúde de Gaza, controlado por Hamas.

Negociações em andamento: Biden espera acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas

Em um evento político na cidade de Nova York, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou otimismo na busca por um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Biden afirmou nesta segunda-feira (26) que espera que até a próxima segunda-feira haja um entendimento para encerrar as hostilidades que perduram desde 7 de outubro do ano passado.

Apesar das declarações de Biden, oficiais do Hamas refutaram as afirmações, indicando que diferenças significativas ainda precisam ser superadas para alcançar um cessar-fogo viável. A incerteza paira sobre os esforços diplomáticos em curso, enquanto ambas as partes permanecem firmes em suas demandas e objetivos finais.

Passos rumos à paz

Recentes desenvolvimentos indicam movimentos em direção a um possível acordo. Segundo relatos da rede Al Jazeera, Israel concordou em discutir a troca de prisioneiros palestinos por civis mantidos como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza. Autoridades israelenses viajaram ao Catar, onde o Hamas mantém seu escritório político, para deliberar sobre os termos de um possível acordo de trégua e libertação de reféns.

Israel enfrenta pressão dos Estados Unidos para concluir um cessar-fogo, com o intuito de evitar uma escalada do conflito na Faixa de Gaza. A delegação israelense, composta por agentes das Forças Armadas e da agência de espionagem Mossad, está empenhada em facilitar as negociações, incluindo a verificação dos militantes palestinos propostos para libertação pelo Hamas.

Apesar dos avanços nas negociações, os objetivos finais das partes continuam distantes. O Hamas demanda a retirada de Israel da Faixa de Gaza e o fim das hostilidades como condições para a libertação dos reféns, enquanto Israel busca uma pausa temporária nas hostilidades e o controle da segurança em Gaza.

Esforços internacionais


Biden expressa esperança de um cessar-fogo entre Israel e Gaza nos próximos dias (Foto: reprodução/U.S. EMBASSY)

Os Estados Unidos, juntamente com outras potências, estão envolvidos na busca por uma solução duradoura para o conflito. Recentemente, foi divulgado que os EUA proporão uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, buscando respaldo internacional para um cessar-fogo na região.

A tentativa de alcançar um consenso no Conselho de Segurança enfrenta obstáculos, uma vez que a aprovação requer uma maioria de votos favoráveis e a ausência de veto dos membros permanentes. A história de aliança entre EUA e Israel, no entanto, tem impacto nas negociações, considerando posicionamentos anteriores de veto dos Estados Unidos a resoluções similares.

Histórico de veto

Vale ressaltar que os Estados Unidos têm historicamente vetado resoluções que pedem cessar-fogo no conflito Israel-Hamas, como observado em ocasiões anteriores no Conselho de Segurança da ONU.