China rejeita proposta de Trump sobre desarmamento nuclear

Nesta quarta-feira (27), a China classificou a proposta de desarmamento nuclear do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como “irracional e irrealista”. A declaração foi feita por Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, após Trump afirmar que havia discutido a proposta com a Rússia e que gostaria que a China participasse.

Guo Jiakun ressaltou em sua declaração que a política nuclear da China difere radicalmente das políticas de países com maiores arsenais nucleares. A diferença entre os níveis das forças nucleares da China e dos EUA também foi citada, com o porta-voz ressaltando as diferenças políticas:

“O ambiente de segurança estratégica e as políticas nucleares dos dois países são totalmente diferentes.”

Política chinesa 

Desde que se tornou uma potência no quesito nuclear, a China adotou uma política estratégica de não ser o primeiro país a usar armas nucleares. Essa política difere fortemente com as políticas dos EUA e da Rússia, que possuem os maiores arsenais de armas nucleares. 

Guo afirmou que devido a essa política, Pequim é impedido de assumir uma postura de autodefesa em uma disputa de poder nuclear ou até mesmo se envolver em uma corrida armamentista com outro país. De acordo com ele, os países que detém os maiores arsenais nucleares devem cumprir com a devida seriedade suas responsabilidades com o desarmamento nuclear.


Donald Trump (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Declaração de Trump

Os comentários acerca da participação da China no desarmamento nuclear foram feitos por Trump nesta segunda-feira (25) a jornalistas, antes de se encontrar com o presidente sul-americano, Lee Jae Myung. Trump afirmou à imprensa que uma das coisas que seu governo está tentando realizar em conjunto com a Rússia e a China é a desnuclearização, citando que o objetivo é muito importante. Ainda em sua declaração, Trump acrescentou que a Rússia está disposta a participar do projeto e que acredita que a China estaria também. O presidente norte-americano afirmou:

“Não podemos deixar que as armas nucleares proliferem.”

No mês passado, o ministro das Relações Exteriores da Malásia disse que a China assinaria um tratado do Sudeste Asiático proibindo armas nucleares na área. Entretanto, a negociação entre China e Estados Unidos não parece ter o mesmo resultado positivo, influenciado pelas forças nucleares divergentes e pela política adotada pelo país do leste asiático em caso de uso das armas nucleares de seus arsenais.

Trump defende retomada de diálogo sobre desnuclearização

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender a abertura de conversações sobre desnuclearização com Rússia e China. A iniciativa, segundo ele, deve se somar aos esforços para reativar a diplomacia estagnada com a Coreia do Norte.

O então presidente Donald Trump afirmou a jornalistas, na segunda-feira (25), que a desnuclearização da Rússia e da China é uma das prioridades de seu governo. A declaração foi feita na Casa Branca, pouco antes de uma reunião com o presidente sul-coreano Lee Jae Myung. O republicano disse acreditar que Moscou e Pequim demonstram disposição para discutir limites em seus arsenais, ressaltando que a proliferação nuclear não pode continuar.

Temos que acabar com as armas nucleares. O poder é muito grande”, declarou.

Trump falou com o Presidente Putin


Putin e Donald Trum conversando(Foto:Reprodução/Andrew Harnik/Getty Images Embed)


Mais cedo, em evento separado na Casa Branca, Trump revelou ter tratado do tema com o presidente russo, Vladimir Putin, embora não tenha detalhado quando a conversa ocorreu.

Estamos falando sobre a limitação das armas nucleares. Vamos envolver a China nisso”, acrescentou.

Os comentários coincidem com o desejo expresso por Trump de se reunir ainda este ano com o líder norte-coreano, Kim Jong Un. Até agora, porém, o dirigente de Pyongyang tem ignorado os apelos para retomar o diálogo direto, retomando uma agenda que marcou o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021, mas que não resultou em acordos concretos para frear o programa nuclear da Coreia do Norte.

Falou com o Presindente da China também

A proposta de relançar o debate sobre controle de armas nucleares não é inédita. Em fevereiro, o republicano já havia indicado que pretendia envolver Putin e o presidente chinês, Xi Jinping, em discussões sobre limites para os arsenais estratégicos. À época, afirmou que a desnuclearização seria uma prioridade de um eventual segundo mandato.

O movimento ganha força diante da aproximação do prazo de expiração do Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Novo Start), firmado em 2010 e válido até 5 de fevereiro de 2026. O acordo é hoje o último em vigor entre EUA e Rússia para restringir o número de ogivas nucleares e sistemas de lançamento.

Moscou, no entanto, já alertou que as chances de renovação são baixas. Sob o governo anterior, de Joe Biden, Washington tentou atrair a China para negociações formais sobre o tema, mas sem avanços significativos.

EUA pressionam exportações chinesas com nova ameaça comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a tensionar as relações com a China na segunda-feira (25), ao declarar que poderá aplicar uma tarifa de 200% sobre produtos chineses. A medida foi vinculada ao envio de ímãs de terras raras, considerados insumos estratégicos para os setores automotivo, militar e eletrônico americanos.

A fala foi feita durante a recepção oficial ao presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, na Casa Branca. Diante da imprensa, Trump afirmou que os EUA “precisam receber ímãs”, e que, sem isso, “não haverá outro caminho senão aplicar uma taxa pesada”. A declaração marca um novo capítulo na guerra comercial entre Washington e Pequim.

Conflito comercial ganha novo fôlego com ameaça tarifária

Os ímãs de terras raras voltaram a ocupar o centro das disputas após a imposição, pela China, de licenças de exportação para o insumo. Embora parte dessas restrições tenha sido flexibilizada após reuniões diplomáticas, o governo americano alega que o fornecimento ainda está sendo atrasado intencionalmente.


Publicação de President Donald J. Trump (Foto: reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)


Trump indicou que, se a exportação não for destravada rapidamente, os EUA deixarão de fazer negócios com a China, como já ocorreu durante tarifas anteriores de até 145%. “Desta vez, pode chegar a 200%”, disse, ao mencionar que “não teremos problemas com isso”.

Relações bilaterais continuam frágeis apesar de trégua

Apesar de uma trégua tarifária de 90 dias, prorrogada até novembro, o clima entre os dois países permanece instável. Negociações foram realizadas nos últimos meses para reequilibrar o fluxo comercial, mas os avanços foram limitados. Washington continua pressionando por mais agilidade nas concessões chinesas.

Trump, contudo, buscou amenizar o tom ao lembrar que mantém diálogo direto com Xi Jinping. “Temos uma relação estupenda”, afirmou. Ainda assim, ele reforçou que os EUA possuem “cartas poderosas”, sugerindo novas ações, caso o impasse continue. A declaração repercutiu imediatamente nos mercados e reacendeu o debate sobre a dependência americana de insumos estratégicos importados. A comunidade internacional acompanha com cautela os próximos desdobramentos.

Tensão geoeconômica: EUA e China disputam poder das terras-raras

A disputa comercial entre Estados Unidos e China se intensificou, especialmente no que tange ao fornecimento de materiais essenciais para a alta tecnologia, como as terras-raras. Em um episódio notável dessa tensão, o então presidente americano, Donald Trump, expressou sua insatisfação com a lentidão das exportações chinesas de ímãs de terras-raras.

Em uma declaração incisiva, ele ameaçou a China com a imposição de tarifas de até 200% sobre seus produtos se o fluxo desses materiais não fosse normalizado. A China, sendo o principal produtor global desses elementos, detém uma posição de poder crucial nesse cenário.

A geopolítica das terras-raras e a retórica ambígua de Trump

Essa ameaça ressalta a importância estratégica das terras-raras, que são minerais cruciais para a fabricação de ímãs utilizados em uma vasta gama de produtos, desde carros e eletrônicos até equipamentos de defesa. A dependência global da China para a obtenção desses materiais torna qualquer interrupção em seu fornecimento um problema sério, capaz de abalar cadeias de produção inteiras.

A decisão chinesa de impor licenças de exportação no início daquele ano foi vista por muitos como uma resposta retaliatória às tarifas americanas, o que acirrou a já complicada guerra comercial.


Matéria sobre a ameaça de 200% de tarifaço caso o país não forneça ímãs aos Estados Unidos (Vídeo: reprodução/YouTube/InfoMoney)

A retórica de Trump, embora combativa, também sinalizou a complexidade da relação bilateral. Ao mesmo tempo que proferia ameaças, ele mencionava a “relação estupenda” com a China e seu desejo de visitar o país. Essa dualidade refletia a tensão entre a necessidade de negociação e a postura firme de seu governo. Ele chegou a afirmar que, se “jogasse suas cartas”, poderia “destruir a China”, uma declaração que, embora hiperbólica, demonstrava a percepção de poder dos EUA na negociação.

Caminhos para a negociação: Acordos e tensões persistentes

Apesar das tensões, representantes de ambos os países se reuniram em várias ocasiões para tentar resolver as disputas. Esses encontros resultaram em acordos temporários, como a redução recíproca de tarifas, visando aliviar a pressão econômica mútua.

No entanto, o descontentamento americano permaneceu, com acusações de que a China estaria deliberadamente atrasando o processo de concessão de licenças de exportação. Essa situação ilustra como a geopolítica e a economia estão intrinsecamente ligadas, com o controle de recursos estratégicos se tornando um ponto central nas negociações entre as maiores economias do mundo.

China lança carros voadores e lidera corrida global por inovação automotiva

A China, que já teve suas ruas tomadas por bicicletas e veículos estrangeiros, vive hoje uma transformação inédita em sua indústria automotiva. Em menos de três décadas, o país construiu uma indústria tecnológica sólida e acelerou a transição para veículos elétricos, autônomos e, mais recentemente, voadores. Impulsionada pelo apoio estatal, a China viu surgir mais de 100 montadoras próprias, consolidando seu protagonismo em inovação e acesso no setor automotivo.

China acelera e vira referência em inovação automotiva

Nos últimos anos, os carros chineses deixaram de ser vistos como cópias e passaram a ditar tendências. Graças a altos investimentos, passaram a ser lançados veículos com telas touch, comandos por voz, bancos com massagem e estilos exclusivos. Na Feira do Automóvel de Xangai, esses avanços têm chamado a atenção e impressionado o setor automotivo mundial.


Publicação de Auto News TV (Foto: reprodução/Instagram/@autonewstv)


Além disso, a infraestrutura elétrica foi expandida em ritmo acelerado. Já existem 11 milhões de carregadores no país, entre públicos e residenciais, número muito superior ao dos Estados Unidos. Essa base sólida tem sustentado o crescimento das vendas de veículos eletrificados em todo o território chinês.

O avanço foi impulsionado por uma política industrial estratégica, que priorizou a produção local de chips, baterias e motores. Dessa forma, as montadoras chinesas conquistaram independência tecnológica e reduziram custos significativamente.

Carros voadores e táxis autônomos viram realidade na China

Os testes e a fase inicial de operação dos carros voadores já foram iniciados. Em Cantão, uma empresa foi autorizada a iniciar os voos com passageiros, e outras três montadoras estatais aguardam aprovação. O objetivo traçado é ousado, alcançar cem mil carros voadores em circulação nos céus da China até o ano de 2030.

Enquanto isso, cidades como Wuhan já adotaram robotáxis totalmente autônomos. Chamados via aplicativo, esses carros não possuem motorista e são ativados por comandos de voz. O custo de fabricação também impressiona, apenas 27 mil dólares por unidade, enquanto modelos similares dos EUA ultrapassam 200 mil. A mobilidade urbana foi, portanto, reinventada.

Jiang Qiming torna-se embaixador da Loewe em nova campanha

A grife Loewe escolheu o ator chinês Jiang Qiming como seu novo embaixador e o apresentou na campanha New Ways of Seeing (Novas Formas de Enxergar), que integra a coleção Outono/Inverno deste ano. A marca destacou o estilo autêntico e a presença marcante de Qiming como os principais motivos da escolha.

Relação entre Jiang Qiming e Loewe

Para receber o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Magnolia Awards, Jiang contou com um look assinado pela Loewe. A relação entre o ator chinês e a marca, no entanto, vem se fortalecendo aos poucos. Em fevereiro, ele marcou presença na inauguração da Casa Loewe, em Xangai, e em março prestigiou o desfile da coleção Primavera/Verão da grife em Paris.

Em um comunicado compartilhado à WWD, o ator demonstra animação com a parceria:

A busca da Loewe por exclusividade e criatividade a torna extraordinária. É uma honra colaborar com a marca e estou animado para embarcar em um novo capítulo junto com a Loewe”

Jiang Qiming.


Essa nomeação mostra como a Loewe quer equilibrar o clássico com o moderno, o luxo com a cultura pop e o sucesso global com a conexão local. Qiming vira uma ponte entre o estilo atual da marca e a cultura chinesa, que é um dos maiores mercados de moda do mundo.

Carreira em crescimento

Jiang Qiming construiu uma trajetória marcada pela dedicação às artes cênicas, transitando entre o teatro, a música, o cinema e a televisão. Formado pela Academia Central de Drama de Pequim, iniciou sua carreira nos palcos, onde conquistou reconhecimento antes de se destacar nas telas.

Ganhou projeção nacional com a série The Long Season (2023), em que interpretou Fu Weijun, papel que lhe rendeu elogios por sua expressividade mesmo sem falas. Em 2024, venceu o prêmio Magnolia de Melhor Ator Coadjuvante por Escape from the Trilateral Slopes.

China realiza evento de competições esportivas entre robôs humanoides

A China iniciou, nesta sexta-feira (15), os Jogos Mundiais de Robôs Humanoides, um evento que reúne diversos esportes competidos entre robôs, para demonstrar os avanços do país em Inteligência Artificial e Robótica. A competição reúne 280 equipes participantes de 16 países.

O evento tem previsão de três dias de duração, e além de apresentar jogos como tênis de mesa, futebol e atletismo, também traz outras funções para os robôs, como serviços de limpeza, manuseio de materiais e organização de medicamentos.

Entretenimento e caminho para pesquisas

Competidores do Brasil, Alemanha e Estados Unidos estiveram presentes no elenco dos jogos, com 192 dessas equipes representando universidades e 88 sendo funcionários de empresas privadas. Todas as equipes que estavam competindo usavam robôs feitos por fábricas chinesas, como os da empresa Booster Robotics.

Durante os jogos realizados em Pequim, com preços variados entre 128 e 580 yuans (R$ 90 e R$ 430) por ingresso, os humanoides colidiram e caíram várias vezes durante as partidas de futebol. Em um desses jogos, quatro robôs colidiram uns com os outros e caíram juntos formando um montante no campo.

Durante uma corrida de 1500 metros, um robô caiu enquanto corria em alta velocidade, surpreendendo os telespectadores e gerando risadas e aplausos. O público que assistia presenciou queda de robôs em outros eventos de atletismo, mas apesar de muitos humanoides caírem frequentemente, muitos deles se levantavam sem a ajuda dos organizadores, gerando aplausos da plateia.


Robôs disputando partida de futebol (Foto: reprodução/Kevin Frayer/Getty Images Embed)


Max Polter, participante dos jogos e membro da equipe de futebol HTWK Robots da Alemanha, afiliada à Universidade de Ciências Aplicadas de Leipzig, afirmou que veio para os jogos não só para vencer, mas também para realizar pesquisas, tendo em vista que o evento traz diversas abordagens tecnológicas para observar e coletar.

Aumento do investimento em eventos de robótica

Os organizadores dos jogos afirmaram que o evento, além de proporcionar entretenimento para quem está assistindo, também traz a oportunidade de coleta de dados, com o intuito de criar robôs para outros tipos de funções, como o trabalho em fábricas. Alguns comentaristas afirmaram que o futebol, um dos esportes praticados, traz melhorias para a coordenação dos robôs, o que pode ser importantes para que os robôs realizem trabalhos mais complexos.

A China tem investido bilhões de dólares em humanoides e robótica, tendo realizado diversos eventos nos últimos meses como a abertura de lojas dedicadas a robôs humanoides, uma conferência de robótica e uma competição que o país definiu como a primeira maratona mundial de robôs humanoides, realizada em Pequim.

Analistas do Morgan Stanley divulgaram, na semana passada, um relatório mostrando um aumento notável da participação do público em eventos de robótica, em comparação com os anos anteriores, e afirmaram que isso mostra que a China está se dedicando em inteligência incorporada. Esse alto investimento do país em humanoides se deve ao fato que o país vem notando um envelhecimento em sua população, além do aumento da concorrência com os EUA em tecnologias avançadas.

Dólar sob pressão: por que o trono da moeda americana segue firme

O domínio do dólar no comércio internacional dura quase oito décadas, desde que Bretton Woods e o Plano Marshall consolidaram a moeda como pilar da economia global, ambos os planos refletem a ascensão dos Estados Unidos como potência mundial. Mesmo com o avanço da pauta pela desdolarização, liderada por países como Brasil, China e Rússia, especialistas alertam: tirar a moeda americana do trono é tarefa para décadas e exige mais que vontade política.

O dólar como pilar do domínio do dólar global

O domínio do dólar foi consolidado após a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA emergiram como a maior potência industrial e militar. No acordo de Bretton Woods, a moeda americana foi equiparada ao ouro e se tornou referência para transações internacionais.

Poucos anos depois, o Plano Marshall despejou bilhões de dólares na reconstrução da Europa Ocidental. O objetivo era evitar o avanço soviético e manter o continente alinhado a Washington. Assim, boa parte do mundo passou a girar em torno do dólar.

Rede financeira e infraestrutura que sustentam o domínio do dólar global

O sistema criado após a guerra combinou confiança, liquidez e infraestrutura financeira sob liderança americana. E, embora ciclos de contestação surjam, como no recente encontro do Brics, onde Brasil e Rússia defenderam negociações em moedas locais, a substituição do dólar exige mais do que alianças políticas. É preciso uma alternativa igualmente robusta, estável e amplamente aceita.

Desafios da desdolarização e fortalecimento do domínio do dólar global

No século XIX, a libra esterlina era a moeda do comércio global, reflexo da supremacia britânica. Mas a Segunda Guerra mudou o tabuleiro. Com a Europa enfraquecida, o domínio do dólar consolidou-se como instrumento econômico e geopolítico.

Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o dólar ainda responde por 58% das reservas internacionais dos bancos centrais. Esse número caiu em relação aos 70% do início dos anos 2000, mas continua muito à frente de qualquer rival. Além disso, mais de 70% das transações internacionais passam pela moeda americana, reforçando seu papel no sistema Swift.

O peso político da moeda americana nas relações internacionais

Na cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, Lula e Putin defenderam o uso de moedas locais nas transações internas do bloco. A proposta irritou Washington. O presidente americano, Donald Trump, reagiu com ameaças de tarifas e, pouco depois, anunciou a taxação de 50% sobre importações brasileiras. Analistas interpretaram o gesto como retaliação.

Mas, para economistas, trocar o dólar por outra moeda é um processo muito mais complexo. “A substituição de uma moeda dominante exige mais do que vontade política: é necessário um emissor que ofereça estabilidade macroeconômica, segurança jurídica, infraestrutura financeira comparável e, acima de tudo, confiança dos agentes privados”, afirma Luis G. Ferreira, vice-CEO da EFG Asset Management.

O exemplo europeu e o avanço do yuan chinês

O euro é um exemplo claro dessa dificuldade. Criado em 1999 para integrar a União Europeia e rivalizar com o dólar, ele responde hoje por apenas 20% das reservas mundiais.

A China, por sua vez, elevou sua participação nas transações internacionais para 20% e utiliza o yuan em negociações com mais de 120 países. Ainda assim, a falta de convertibilidade plena e o risco político limitam o avanço da moeda.


Análise: Brasil busca países do Brics (Reprodução/CNN)

A dependência brasileira do dólar

No Brasil, a ligação com o dólar é profunda. Embora o Banco Central mantenha 5% das reservas em yuan, cerca de US$ 350 bilhões permanecem atrelados à moeda americana.

“Todas as transações internacionais do país são em dólar, inclusive com nossos principais parceiros, à exceção da China”, lembra Mauro Rochlin, professor da FGV. “Qualquer mudança significativa levaria décadas”, conclui.

Futuro incerto, mas o trono do dólar permanece firme

Defensores da desdolarização olham para alternativas como ouro e moedas fortes: franco suíço, libra esterlina e yen japonês. Porém, nenhuma reúne todas as condições para destronar a moeda americana. Como resume Matheus Spiess, economista: “Diferentemente da libra esterlina, que foi gradualmente substituída, o dólar não tem um concorrente à altura no curto prazo.”

Trump adia tarifas contra a China por mais 90 dias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prorrogou na segunda-feira (11), em Washington, por mais 90 dias a suspensão das tarifas de importação sobre produtos chineses, alegando avanços nas negociações comerciais com o país asiático. A medida ocorre poucas horas antes do fim do prazo original da moratória e foi formalizada por meio de uma nova ordem executiva.

A decisão, segundo fontes da Casa Branca citadas por veículos internacionais, estende até 9 de novembro a trégua que impediu a aplicação de uma tarifa de 145% sobre bens chineses. Imposta brevemente em maio. O gesto diplomático, segundo o governo americano, visa manter o ambiente de diálogo e evitar o agravamento da guerra comercial que ameaça cadeias de suprimentos globais.

Uma trégua tensa em meio à disputa comercial

O acordo original entre os dois países foi costurado em maio, durante negociações na Suécia, quando Washington concordou em reduzir temporariamente a tarifa para 30%. Composta por uma taxa-base de 10% e uma penalidade extra de 20% para produtos como o fentanil. Em troca, Pequim recuou em suas próprias tarifas retaliatórias e suspendeu o bloqueio às exportações de terras raras.


Post feito por Donald Trump sobre a suspensão da tarifa (Foto: reprodução/Cheng Xin/Getty Images Embed)


A extensão da trégua já era esperada. Nos dias anteriores, membros dos governos de ambos os países sinalizaram otimismo. Trump, ao ser questionado por jornalistas na Casa Branca, declarou: “As negociações estão indo bem. O relacionamento entre o presidente Xi e eu continua forte”.

Fontes diplomáticas afirmam que a China está disposta a continuar cooperando, mas exige maior previsibilidade nas decisões americanas. Segundo o jornal britânico “The Guardian”, uma ligação entre os dois líderes, ocorrida em junho, teria reforçado o compromisso de buscar um entendimento sem recorrer a novas punições comerciais.

Agricultura americana em foco

Apesar da trégua, pontos sensíveis seguem sem solução. No domingo, Trump usou sua rede Truth Social para pressionar a China a retomar compras de soja dos EUA. Até o fim de julho, segundo a Bloomberg, o governo chinês ainda não havia encomendado nenhuma carga da nova safra americana, o que preocupa produtores e exportadores.

O Ministério das Relações Exteriores da China respondeu em nota: “Esperamos que os Estados Unidos cumpram sua parte no consenso estabelecido e trabalhem de forma construtiva para estabilizar as relações bilaterais”. Com a nova prorrogação, o mundo acompanha com cautela os próximos passos dessa disputa entre as duas maiores economias do planeta.

China quer que os EUA flexibilizem o controle sobre as exportações de chips

Contexto das Restrições

Posição da China

A China expressou preocupações de segurança sobre o modelo da Nvidia feito para o mercado chinês, alegando que não é tecnologicamente avançado nem ambientalmente sustentável. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, liderou três rodadas de negociações comerciais com a China. A equipe chinesa trouxe a questão das restrições sobre chips de memória de alta largura de banda, chamada de HBM, em algumas dessas negociações. O tesouro dos EUA não quis comentar.


Bandeiras da China e dos Estados Unidos (Foto: reprodução/Wong Yu Liang/Getty Images Embed)


Prorrogação da trégua comercial

Antes do prazo de 12 de agosto para evitar a reimposição de tarifas elevadas, o secretário de Comércio dos EUA mencionou que o governo provavelmente estenderá a trégua por mais 90 dias.

O governo da China tem se mostrado frustrado com os controles impostos pelos EUA desde que o presidente Joe Biden, em 2022, anunciou medidas para impedir que os chineses viessem a comprar ou fabricar chips avançados de IA, além dos recentes empecilhos.

No momento, tudo aponta para que a China esteja diversificando suas parcerias comerciais para reduzir a dependência do mercado americano. Entretanto, a busca por soluções diplomáticas e negociações comerciais, são vistas como essenciais para restaurar a economia mundial nesse momento de incerteza.