Segundo levantamento da ONU, Brasil sai oficialmente do Mapa da Fome

O Brasil saiu novamente do mapa da fome, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) em um relatório divulgado na última segunda-feira (28). Assim, de acordo com o levantamento feito pela FAO, agência da ONU especializada em alimentação e agricultura, o risco de subalimentação (situação em que uma pessoa, de forma habitual, consome uma alimentação insuficiente em quantidade e deficiente em elementos essenciais para se manter saudável e com uma vida ativa) está abaixo de 2,5% no Brasil, o que tirou o país do Mapa da Fome.

Anúncio que oficializou o Brasil fora do mapa da fome

O anúncio foi feito durante a 2º Cúpula de Sistema Alimentares da ONU, em Adis Abeba, na Etiópia. Vale ressaltar, que o Brasil já havia saído desta lista no ano de 2014, porém, após um estudo dos dados de 2018 a 2020, a ONU recolocou o país na categoria, mostrando um aumento da insegurança alimentar no período.

A FAO aponta alguns indicadores para o monitoramento da situação alimentar dos países. Um dos mais importantes é o PoU (Prevalence of Undernourishment). O cálculo, segundo o portal Agência Brasil, é feito a partir de três variáveis: a quantidade de alimentos disponíveis no país, considerando produção, importação e exportação; o consumo de alimentos pela população, levando em conta as diferenças de renda; e a quantidade mínima de calorias por dia definida para um indivíduo médio representativo da população.


Post do presidente Lula sobre a saída do Brasil do Mapa da Fome (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


O cenário brasileiro atual

Mesmo fora do Mapa da Fome, o Brasil ainda se encontra em um cenário preocupante: cerca de 35 milhões de pessoas convivem com a dificuldade de se alimentar. Essa situação é classificada pela ONU como insegurança alimentar, quando a falta de recursos obriga as famílias a reduzirem a qualidade ou a quantidade dos alimentos consumidos. Ou seja, em casos mais graves, isso pode significar ficar um dia inteiro, ou mais, sem comer.

Especialistas ouvidos pelo portal de notícias G1 explicam por que o Brasil, mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ainda enfrenta dificuldades para alimentar sua própria população. Um dos motivos apontados é o grande volume de produção voltado à exportação. Outros citam o alto preço dos alimentos aliado à falta de renda. Há ainda quem destaque fatores como as mudanças climáticas, entre outros.

Brasil conta com apoio de 37 países em Aliança Global contra a fome e a pobreza

O G20 deste ano, conta com o destaque do Brasil entre as atenções globais, com o lançamento da Aliança Global contra a fome e a pobreza. O pacto será oficialmente apresentado nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, contando com a adesão de 37 países e mais 50 interessados. Essa Aliança é considerada uma das maiores iniciativas globais no enfrentamento das desigualdades.

Sobre a Aliança Global

A principal diferença dessa Aliança está em sua estrutura flexível e orientada por resultados. O projeto irá funcionar como um repositório de políticas públicas bem-sucedidas, ofertando aos países participantes propostas de soluções adaptáveis às suas necessidades específicas. “Os países poderão escolher medias que sejam eficazes para suas realidades e utilizar os recursos disponibilizados por parceiros do pacto”, explicou o ministro Márcio Macêdo. Além disso, a Aliança irá contar com uma estrutura própria, independente do G20, assegurando sua continuidade e operação.


Encerramento do G20 Social no Rio de Janeiro (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)

O combate à desigualdade

De acordo com o governo brasileiro, a expectativa é de que a iniciativa se consolide como um marco no combate à fome e à pobreza, promovendo a troca experiências e recursos entre países e instituições. A adesão do pacto reflete um crescente consenso sobre a necessidade de cooperação internacional para lidar com os desafios globais. A Aliança é considerada pelos representantes estatais, um modelo promissor de governança compartilhada, combinando solidariedade internacional com soluções técnicas de impacto.

A proposta tem o objetivo de criar uma rede de cooperação entre países em situação de vulnerabilidade, instituições financeiras e fundos econômicos para implementar políticas públicas que sejam de fato eficazes no combate à fome e à pobreza. A expectativa é que a iniciativa inspire novos modelos de colaboração e consolide o Brasil como o protagonista na agenda social global.

Governo Federal institui “nova cesta básica” para promover segurança alimentar e combater a fome

O Governo Federal, liderado pelo presidente Lula (PT), anunciou uma medida crucial no combate à fome e na promoção da segurança alimentar: a criação da “nova cesta básica”. Essa iniciativa, revelada durante um pacote abrangente de ações, visa garantir o direito à alimentação para todos os cidadãos brasileiros.

O decreto que estabelece os parâmetros dessa cesta foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial da União, marcando um marco importante na agenda governamental.

O decreto redefine os grupos de alimentos que compõem a cesta básica, refletindo uma abordagem mais abrangente e saudável. Agora, além dos itens tradicionais como feijões, cereais e carnes, a cesta básica inclui também frutas, legumes, leites e queijos, entre outros.

Um destaque importante é a inclusão de alimentos minimamente processados, enfatizando a importância de uma dieta mais natural e equilibrada.

Restrições a alimentos processados e ultraprocessados


Com Nova Cesta Básica, Governo Federal busca desestimular o consumo de produtos processados (reprodução/Folha de Pernambuco)

Uma das diretrizes fundamentais do decreto é a limitação rigorosa dos alimentos processados e ultraprocessados na cesta básica. Esses produtos, muitas vezes associados a problemas de saúde, serão permitidos apenas em circunstâncias excepcionais e mediante autorização do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. O governo busca assim desestimular o consumo desses itens, visando reduzir doenças como obesidade e câncer.

Prioridade para agricultura familiar

O decreto também estabelece uma prioridade para alimentos produzidos pela agricultura familiar, reconhecendo o papel crucial desse setor na segurança alimentar do país. Além disso, ressalta a importância de considerar o impacto fiscal das adaptações na cesta básica, especialmente no que diz respeito à redução das desigualdades de renda. Isso demonstra um compromisso claro do governo em promover políticas que beneficiem os mais vulneráveis.

Elaboração de portaria para detalhar “Nova Cesta Básica”

Uma portaria complementar está em processo de elaboração pelo governo, fornecendo exemplos detalhados dos alimentos incluídos nos grupos mencionados no decreto da “nova cesta básica”. Esse documento será crucial para orientar não apenas a implementação das novas diretrizes, mas também para garantir transparência e clareza sobre as mudanças propostas.