Senado autoriza venda de medicamentos em supermercados

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de lei que autoriza a instalação de farmácias em supermercados. De autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), o projeto foi aprovado em caráter terminativo, ou seja, não precisa passar pelo plenário do Senado, a menos que haja recurso de, no mínimo, nove senadores para que isso ocorra. Caso não haja esse pedido, o texto segue diretamente para a Câmara dos Deputados.

A proposta foi apresentada como substitutivo ao Projeto de Lei 2.158/2023, do senador Efraim Filho (União-PB), e modifica pontos importantes da legislação atual sobre o comércio de medicamentos.

O que muda com o projeto?

O texto altera a Lei nº 5.991/1973, que trata do controle sanitário de medicamentos e outros produtos farmacêuticos. A versão original previa que medicamentos isentos de prescrição médica poderiam ser comercializados diretamente nas prateleiras dos supermercados, com acompanhamento de farmacêuticos. No entanto, após três audiências públicas, o relator Humberto Costa reformulou o texto.


Prateleiras com medicamentos (Foto: reprodução/ Bloomberg /getty images embed)


Agora, a proposta permite a instalação de drogarias completas dentro de supermercados, em espaços separados, respeitando todas as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A mudança foi considerada mais segura e tecnicamente adequada pelo relator, pois busca equilibrar o aumento do acesso da população aos medicamentos com a proteção à saúde pública.

Embora a proposta amplie a conveniência para o consumidor, é importante lembrar que a automedicação pode causar intoxicações e agravar quadros clínicos, mesmo com o uso de medicamentos comuns, como analgésicos e anti-inflamatórios, alertou Costa.

Como funcionará a medida na prática?

O texto aprovado determina que:

  • A farmácia instalada dentro do supermercado deve ser fisicamente separada das demais áreas do estabelecimento.
  • Deve haver presença de um farmacêutico durante todo o horário de funcionamento da drogaria.
  • A venda de medicamentos será restrita à área da farmácia, sendo proibida a exposição de remédios em gôndolas ou bancadas fora desse espaço.
  • Medicamentos sob controle especial deverão ser pagos antes da entrega ou transportados em embalagens lacradas até o caixa.
  • O uso de canais digitais (como aplicativos e sites) será permitido apenas para entrega, desde que respeitadas as normas sanitárias.

Emendas rejeitadas

Durante a análise do projeto, algumas emendas foram rejeitadas. Entre elas, a proposta do senador Eduardo Girão (Novo-CE), que previa a possibilidade de venda de medicamentos sem a presença de um farmacêutico, e a do senador Marcos Pontes (PL-SP), que buscava proibir a comercialização de medicamentos com marcas próprias. Segundo o relator, essa última questão já é regulamentada pela Anvisa e deve ser debatida em um projeto específico.

Morre Samuel Barata fundador da segunda maior rede de drogarias do Brasil

Na última segunda-feira (22), o Rio de Janeiro perdeu um dos ícones do varejo farmacêutico brasileiro, Samuel Barata, fundador e controlador da Drogaria São Paulo e Pacheco (DPSP). Aos 93 anos, Barata deixou um legado significativo após décadas de contribuição para o setor.


Drogaria Pacheco (Foto: reprodução/Ernesto Rodrigues/Agência Estado)

Legado e ascensão empresarial

Samuel Barata foi responsável por uma revolução no varejo farmacêutico ao adquirir, em 1970, a marca Drogarias Pacheco, transformando-a em uma das maiores redes do país. Em 2011, ele protagonizou uma das maiores transações do setor ao fundir sua empresa com a Drogaria São Paulo, originando a DPSP. Sua visão empreendedora e determinação foram fundamentais para o crescimento da rede, que se tornou a segunda maior do Brasil.

Na lista de bilionários da Forbes de 2023, Barata ocupou a 74ª posição, com um patrimônio de R$ 5 bilhões, fruto de seu trabalho árduo e visão estratégica no desenvolvimento do negócio. Em dezembro de 2023, o grupo contava com cerca de 1,5 mil lojas em 10 Estados e faturamento anual de R$14 bilhões, o que representa quase 9% do mercado.

Legado e continuidade

O Grupo DPSP, em nota de pesar, destacou a contribuição de Samuel Barata para o setor farmacêutico, ressaltando sua visão empreendedora e o impacto da fusão das duas grandes marcas. Atualmente, a DPSP conta com mais de 1.443 lojas em oito estados brasileiros e no Distrito Federal, além de mais de 26 mil colaboradores. Seu faturamento expressivo, que atingiu R$ 13,5 bilhões no ano retrasado, é reflexo do sucesso e expansão da rede.

Samuel Barata deixa um legado não apenas no mundo dos negócios, mas também na esfera familiar. Com quatro filhos, oito netos e 12 bisnetos, sua influência se estende além das fronteiras empresariais, deixando uma marca indelével nas gerações futuras. Seu irmão, Jacob Barata, conhecido como o “Rei dos Ônibus” do Rio, faleceu em dezembro do ano passado, encerrando um ciclo de contribuições significativas para o transporte público na cidade.