Pantanal tem recorde de focos de incêndios que ameaçam vida dos animais

Incêndios florestais no Pantanal registram o pior cenário em 26 anos no mês de junho. A intensa seca no centro-oeste do país está provocando um aumento de incêndios que prejudicam a fauna e a flora locais.

Seca extrema e aumento dos incêndios

O Pantanal tem recorde de focos de incêndio nos primeiros 15 dias de junho. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou 1.269 focos de calor em 2024. Este normalmente já é um período do ano de seca, no entanto houve uma escalada no incêndios na região. O período de seca também é consequência do fenômeno El Niño.

A área devastada aumentou quase 20 vezes em 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram 17.050 hectares queimados no ano passado, segundo os dados divulgados pelo Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS e pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado

Combate ao fogo na região

Para tentar minimizar o cenário preocupante, mais de 100 bombeiros, brigadistas do Ibama e do Instituto Homem Pantaneiro tentam combater o fogo em mais de 10 pontos isolados do Pantanal de Mato Grosso do Sul. Caminhão-pipa e aviões dos Bombeiros são usados para lançar água sobre as chamas.

Vida dos animais e a vegetação

A imagem de um jacaré morto chamou a atenção. Os animais, principalmente os anfíbios e répteis, precisam da umidade dos refúgios para sobreviver, e esses refúgios úmidos estão diminuindo. 


Um crocodilo morto é visto enquanto os incêndios florestais assolam o Pantanal em Porto Jofre, estado de Mato Grosso, em novembro de 2023 (Foto: reprodução/AFP/Rogério FLORENTINO/Getty Images Embed)


“Então, essa seca já está afetando esses refúgios e, consequentemente, provoca o fogo”, afirma a veterinária Franciele Cunha de Oliveira. Nesta época do ano, a região em volta do Rio Paraguai deve estar alagada. Porém, neste ano, o chão está rachado por conta da falta de água. 

Além do prejuízo aos animais e à vegetação, pessoas que vivem na região também precisam lidar com a fumaça, que pode causar prejuízos e problemas respiratórios.

Ondas de calor ameaçam espécies de tartarugas marinhas na Malásia 

Conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que dispõe sobre o estado de conservação de espécies em todo o mundo, as tartarugas marinhas estão sob ameaça de extinção. Na ilha de Redang, localizada no leste da Malásia, a situação é agravada pelos efeitos das mudanças climáticas, que levam ao aumento da temperatura do mar e da superfície, afetando diretamente a proporção dos gêneros dos filhotes e, consequentemente, a prolongação da espécie pela reprodução.

Observações científicas

Um pesquisador da Universidade da Malásia (UMT), Nicholas Tolen, explica que isso ocorre com base na temperatura do ambiente no momento da incubação: 

Qualquer temperatura média de incubação acima de 30 graus Celsius vai resultar em uma produção de eclosão 100% feminina, e em qualquer lugar mais perto de 28 graus Celsius e abaixo, resultará no efeito oposto de viés masculino”.

Nicholas Tolen

Isso foi descoberto após observadores constatarem uma rápida eclosão de ovos de tartaruga localizados nas regiões mais quentes da areia, o que ocasionou, no entanto, à “feminilização” da prole, com um número cada vez menor de nascimento de machos sendo observado nos últimos anos. 

Esforços de voluntários pela conservação

Com isso, conservacionistas do Santuário de Tartarugas Chagar Hutang, na ilha de Redang, estão somando esforços, juntamente a voluntários, para mover os ovos para um local mais fresco e sombreado, onde há mais árvores e seja possível manter a temperatura entre 28 e 30 graus Celsius. O sucesso da iniciativa ainda está sendo medido. 


Voluntários cavando um ninho de tartaruga marinha verde em busca de ovos eclodidos e não eclodidos na costa do Santuário de Tartarugas Chagar Hutang, na ilha de Redang (Foto: reprodução/Getty Images Embed)


Efeitos do El Niño

O fenômeno climático do El Niño – “O Menino” em português – costuma iniciar no mês de dezembro e é caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Cientistas acreditam que a irregularidade na frequência do surgimento deve-se à interferência humana, visto que vem ocorrendo todos os anos desde 1990, quando seria esperado um intervalo a cada dois ou dez anos. Com isso, a temperatura da superfície do mar da Malásia vem enfrentando uma crescente, tendo atingido o recorde de 21 °C este ano, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, fazendo com que a vida marinha na costa oeste dos EUA seja uma das mais afetadas.

Inverno de 2024 terá temperaturas acima da média no Brasil

O inverno de 2024 começará oficialmente no dia 21 de junho, na maior parte do território brasileiro, exceto em partes do Amazonas, Pará e quase toda a extensão de Roraima e Amapá, que estão no Hemisfério Norte. Apesar disso, os meteorologistas já podem fornecer um panorama climático para a próxima estação.

De modo geral, não são esperados extremos de frio ou calor. A previsão aponta para um equilíbrio, com uma tendência para mais dias de temperaturas acima do normal, embora ainda ocorram períodos de frio ao longo da estação.

Influência do El Niño e La Niña

Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, destaca que o inverno de 2024 terá temperaturas acima da média, especialmente no final da estação, entre agosto e a primeira quinzena de setembro, quando novas ondas de calor podem ocorrer.

A razão principal é o término do fenômeno climático El Niño, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, influenciando o clima em todo o país. Com o fim de El Niño, estamos na fase neutra – quando as águas do Pacífico não são influenciadas por nenhum fenômeno específico – e há expectativas para a instalação do La Niña.

Impacto dos fenômenos climáticos

A ocorrência de La Niña se verifica quando ocorre um resfriamento na faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico, marcado por uma redução de 0,5°C ou mais nas temperaturas da água. Este fenômeno se manifesta a cada intervalo de 3 a 5 anos.


A expectativa é de que o inverno de 2024 apresente um aumento na frequência de dias com temperaturas até 3°C acima da média (Foto: reprodução/Tiago Queiroz/Estadão/CNN Brasil)

Lucyrio explica que, embora o El Niño tenha terminado, sua influência atmosférica ainda será sentida por algumas semanas, até cerca de junho, antes de desaparecer completamente.

Durante o final do outono, ainda estamos passando por um período de resfriamento do Oceano Atlântico, o que deve reduzir a frequência de bloqueios atmosféricos e transitar para padrões climáticos mais típicos do inverno.

Efeitos do El Niño

Durante o verão, o El Niño intensifica o calor e ameniza o rigor do inverno no Brasil, dificultando a entrada de frentes frias e causando quedas de temperatura mais suaves e de curta duração. Essa condição leva à ocorrência de períodos de seca no Norte e Nordeste, especialmente nas áreas equatoriais, enquanto no Sul e Sudeste são provocadas chuvas abundantes.

Mesmo com o término do El Niño, o outono ainda será muito impactado por sua forte influência nos meses anteriores. A partir de junho, espera-se um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento de La Niña previsto para o inverno.

Costa rica é atingida com seca extrema e decreta racionamento elétrico

Nesta quinta-feira (09), foi anunciado oficialmente o racionamento elétrico na Costa Rica por conta da extrema seca que o país tem vivido, afetando a capacidade das usinas hidrelétricas que apresentam níveis críticos e insuficientes para manter todo funcionamento normal.

A ICE, empresa de eletricidade do país, alega que a principal causa da seca se deve ao fenômeno conhecido como El Niño, que altera a temperatura das águas superficiais do mar, ocasionando em impactos no clima global e desequilíbrio com enchentes, secas e outros extremos em vários locais.

O diretor de eletricidade da ICE Roberto Quiros, também revelou atrasos nas entregas das contratações feitas para usinas privadas, o que agrava não deixou outra alternativa senão decretar o racionamento elétrico.


Maior seca registrada em 50 anos

A Costa Rica é um país conhecido pela beleza de suas praias, responsáveis por parte do ecoturismo e não passava por uma seca há pelo menos 5 décadas -“Esta é uma seca que não víamos há 50 anos”, como informou a especialista em hidroclimatologia do ICE, Berny Fallas.

O último racionamento elétrico registrado no país aconteceu em 2007 também em decorrência do fenômeno El Niño. A partir de segunda-feira (13), a programação para cortes de energia terá duração de até três horas diárias e não afetará os principais serviços como indústrias, hospitais e outros com alta tensão. A Companhia elétrica também tem sinalizado aos usuários para que diminuam ao máximo o consumo de energia.

O presidente Rodrigo Chaves também fez um apelo a população enfatizando o momento atual e a dificuldade de conseguir a tempo outras usinas de forma privada, frisou ainda que tem rezado todos os dias por chuvas para que os problemas sejam reduzidos.


Costa Rica decreta racionamento de energia devido a seca na região (foto:reprodução/Moment/Kryssia Campos/GettyImages embed) 

Impactos regionais da falta de chuva

Enquanto a Costa Rica declara o racionamento elétrico por conta da seca, países vizinhos como o México, Colômbia e Equador, passam por problemas semelhantes atribuídos a ondas de calor e falta de chuva nos locais, além de padrões imprevisíveis de ventos que tem afetado os parques eólicos.

Além disso, há um enorme desequilíbrio entre os fenômenos climáticos e o aumento significativo na demanda em 9% se comparado ao mesmo mês do ano passado, comprometendo totalmente a capacidade das usinas em atender 100% das necessidades.

A medida de racionamento não tem prazo para terminar e vai se basear nas chuvas que virão com temporadas entre maio e novembro.

 

Previsão de meteorologistas antecipa temporada de furacões intensa no Atlântico

Meteorologistas da Universidade Estadual do Colorado (CSU) alertaram para uma temporada de furacões no Atlântico “extremamente ativa” em 2024, atribuindo a previsão às temperaturas elevadas da superfície do mar e à redução da intensidade dos ventos, fatores que facilitam a formação e o desenvolvimento das tempestades no hemisfério norte.

Temperaturas quentes e menor intensidade de ventos favorecem a formação de tempestades

As projeções da CSU indicam a possibilidade de ocorrerem cinco grandes furacões, com ventos superiores a 178 km/h, dentro de um total previsto de 23 tempestades nomeadas. Essas previsões são de suma importância para comunidades costeiras e setores como o de energia, especialmente no Golfo do México, responsável por uma parcela significativa da produção de petróleo e gás natural dos Estados Unidos.


Entenda os fenômenos responsáveis por essas mudanças climáticas (vídeo: reprodução/YouTube/MetSul Meteorologia)


Impactos econômicos e riscos para as comunidades costeiras

A região do Golfo do México abriga cerca de 50% da capacidade de refino de petróleo do país, tornando-se crucial para a economia energética nacional. Portanto, a previsão de uma temporada intensa de furacões alerta para possíveis impactos econômicos e riscos para as comunidades costeiras.

Histórico recente reforça expectativas de atividade elevada

No ano anterior, a região testemunhou três grandes furacões, incluindo o devastador furacão Idalia, que atingiu a costa oeste da Flórida como um furacão de categoria 3. Esses eventos recentes, juntamente com as condições climáticas atuais, reforçam as expectativas de uma temporada de furacões significativa em 2024.

A previsão da CSU baseia-se no aumento das temperaturas da superfície do mar, que alimentam a formação de furacões, juntamente com o enfraquecimento do padrão climático El Niño, que geralmente traz ventos fortes capazes de dispersar tempestades. Portanto, a vigilância e a preparação para possíveis eventos meteorológicos extremos tornam-se imperativas para as áreas afetadas.