FGTS: Senado autoriza saque para pacientes com Esclerose Múltipla e ELA

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, aprovou nesta terça-feira (27) o Projeto de Lei (PL) 2.360/2024 que autoriza o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por trabalhadores ou que foram diagnosticados com esclerose múltipla ou esclerose lateral amiotrófica (ELA). O direito se estende aos dependentes dos beneficiários.

O Senador Esperidião Amin (PP-SC) ofereceu relatório favorável, que foi lido pelo relator da matéria, senador Jorge Seif (PL-SC).

Seif argumentou que “ambas as doenças demandam acompanhamento médico permanente, requerem diagnóstico especializado e tratamento de alto custo, com medicamentos nem sempre disponibilizados pelo poder público. Sabemos que o Sistema Único de Saúde [SUS] infelizmente é falho e deixa milhões de trabalhadores à espera de atendimento. Não permitir que o trabalhador utilize seus recursos do FGTS para custear seu tratamento equivale a penalizá-lo”


Alto custo de tratamento leva pacientes de esclerose múltipla ao endividamento (Vídeo: reprodução/X/@jorgeseifjunior)

Justificativa

A esclerose múltipla e a ELA são duas doenças neurológicas graves, crônicas e incuráveis, que demandam um caro e constante tratamento. 

A Lei 8.036, de 1990, lista as doenças e condições que dão direito ao saque do FGTS atualmente. Os trabalhadores que podem sacar o benefício pela legislação em vigor são pessoas com deficiência, ou com necessidade de órtese ou prótese, pessoas com câncer, HIV, doenças raras ou estágio terminal de vida, além de outros quadros de saúde específicos. 


Reunião deliberativa em 27 de maio que aprovou o saque do FGTS por esclerose múltipla ou ELA (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Senado)

O senador Fernando Dueire (MDB-PE) foi o idealizador do projeto. O parlamentar passou por dificuldades ao tentar acessar o fundo quando sua esposa recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla há quase 40 anos. 

 “É uma doença devastadora, incapacitante, humilhante. É uma doença difícil, porque quem olha não estima o que a pessoa está passando. No início, precisei bater na porta do FGTS e encontrei fechada”, conta Dueire. 

A esposa do parlamentar só obteve o diagnóstico 11 anos após os primeiros sinais. 

Eu fiz no intuito de que outras pessoas que passam por isso não sofram a humilhação que nós passamos.

Fernando Dueire (MDB-PE)

Após a aprovação do projeto de forma terminativa, o texto segue para a Câmara dos Deputados sem a necessidade de votação no plenário da Casa se nenhum senador apresentar recurso. 

Doenças degenerativas

Aproximadamente 40 mil pessoas no Brasil vivem com esclerose múltipla, de acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem). É uma doença autoimune, que afeta o sistema nervoso central e compromete as funções motoras, visuais e cognitivas. 

A ELA é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os músculos e progride até a paralisia total e falência respiratória. A expectativa média de vida de um paciente de ELA é de três a cinco anos após o diagnóstico.

As duas condições são incuráveis e demandam tratamento, cuidado e medicamentos contínuos, especializados e caros, não cobertos integralmente pelo SUS ou pelos planos de saúde privados. 

Estudo inovador utiliza imagens do olho para identificar esclerose múltipla

Realizado nas universidades de Durham, no Reino Unido, e de Ciências Médicas de Isfahan, no Irã, estudo apresenta uma nova ferramenta que utiliza exames oculares para possibilitar a detecção de esclerose múltipla. A pesquisa foi publicada na renomada revista científica, Translational Vision Science & Technology.

Estudo científico

A equipe de pesquisa das duas universidades desenvolveu uma nova abordagem para ser possível o diagnóstico da esclerose múltipla utilizando duas técnicas para obter imagens oculares. De acordo com os responsáveis, os dados coletados por meio dos exames da tomografia de coerência óptica (OCT) e da oftalmoscopia a laser de varredura infravermelha (IR-SLO) foram analisados por uma ferramenta de computador treinada para reconhecer os padrões da doença congênita.


Exame ocular (Foto: reprodução/ Freepik)

Segundo os pesquisadores, o olho é um órgão importante pois se conecta ao cérebro, significando assim que pode revelar sinais precoces de danos neurológicos que poderiam ser ignorados com facilidade. Sendo assim, é possível identificar sinais sutis do desenvolvimento da enfermidade.

Quase cem por cento dos casos — 92% — foram acertadamente identificados pelo aparelho durante as fases iniciais do teste. Ainda segundo a equipe, 85% é a porcentagem precisa quando testado em um conjunto diferente de dados de outros hospitais e populações.

“Incorporar todas as imagens médicas disponíveis, incluindo aquelas com alterações sutis que são difíceis de discernir por meio de diagnósticos não computadorizados, é crucial para obter diagnósticos mais confiáveis e melhorar os resultados dos pacientes”, declarou em comunicado Raheleh Kafieh, do departamento de Engenharia da Universidade de Durham.

A técnica pode ser implementada com facilidade e da forma mais confortável possível para pacientes em diversos ambientes de assistência médica por não contar com exames invasivos ou complexos.

Esclerose Múltipla

A esclerose múltipla é uma condição neurológica autoimune crônica provocada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que lesiona e impede o envio correto dos comandos cerebrais para o resto do corpo.

Tal condição é conhecida pelos diferentes cenários de sintomas, como a perda da visão, dor, fadiga e até mesmo comprometimento da coordenação motora. A variação de comprometimento, gravidade e duração varia de indivíduo para indivíduo. Destaca-se por especialistas que alguns pacientes podem não apresentar sintomas por quase uma vida inteira, enquanto outros apresentam sintomas crônicos e graves que não costumam sumir.