Estudo do IBGE revela queda de 15,8% nas mortes em 2022

O recente relatório da Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz dados dos falecimentos ocorridos em todo o território nacional entre 2022 e o primeiro trimestre de 2023. O documento destaca uma redução marcante de 15,8% no número de óbitos em comparação com o ano anterior, quando a pandemia da Covid-19 estava em seu auge.

Embora essa diminuição seja a primeira registrada desde pelo menos 2010, os especialistas alertam que o volume de mortes permanece considerável. Em 2022, foram contabilizados 1.504.763 óbitos, uma cifra que se equipara à do ano anterior, indicando um panorama complexo da saúde pública no país.

Dados de óbitos de homens e de mulheres

No global, a predominância de falecimentos ocorreu em indivíduos do sexo masculino, com uma proporção de 121 mortes masculinas para cada 100 femininas. Porém, entre os maiores de 80 anos, as mulheres superaram os homens em termos de mortalidade, registrando 100 mortes femininas para cada 63 masculinas.

Um contraste notável entre os gêneros é evidenciado na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual os homens apresentam uma taxa de mortalidade aproximadamente quatro vezes superior à das mulheres, com uma proporção de 401 mortes masculinas para cada 100 femininas.

Dados sobre morte infantil


Houve um notável aumento de 27,7% na mortalidade das crianças com idades entre 1 e 4 anos (Fotografia: Reprodução/Freepik)

O levantamento ressalta um aumento significativo nas fatalidades entre crianças de 0 a 14 anos, que são as únicas faixas etárias que não seguiram a tendência geral de redução no número de óbitos. Observou-se um aumento expressivo de 27,7% nas crianças com idades entre 1 e 4 anos, enquanto na faixa dos 5 aos 9 anos o crescimento atingiu 19,3%. O estudo revela que muitos desses falecimentos foram atribuídos a doenças respiratórias, o que é surpreendente dado o contexto pós-pandêmico.

Klivia Brayner de Oliveira, pesquisadora, destaca que esse acréscimo é notável, embora não apresente cifras tão elevadas em comparação com outras faixas etárias. Ela ressalta a relevância desse fenômeno para investigações futuras na área da saúde. Além disso, observa-se que o único estado onde não se registrou aumento nas mortes infantis foi o Rio Grande do Sul. Klivia menciona ainda que muitos desses óbitos estão associados a doenças respiratórias, conforme evidenciado por uma base de dados do Ministério da Saúde.

Causa das mortes

A vasta maioria das mortes (90,7%) foi atribuída a causas naturais, contudo, os estudiosos ressaltam a possibilidade de subnotificação de óbitos relacionados a eventos externos, como violência urbana ou acidentes, especialmente no Rio de Janeiro e na Bahia, onde a coleta de informações específicas foi particularmente desafiadora.

Alzheimer pode ter origem em acúmulo de gordura nas células cerebrais, revela estudo

Um estudo recente conduzido por cientistas da Universidade de Stanford revelou uma possível conexão entre o acúmulo de gordura nas células cerebrais e o desenvolvimento do Alzheimer. Publicado na revista Nature Medicine, nesta quarta-feira (13), a pesquisa sugere que o gene APOE4, conhecido por aumentar o risco da doença, está associado a níveis elevados de uma enzima que promove o acúmulo de gordura no cérebro.

APOE4 e a predisposição ao Alzheimer

Os cientistas da Universidade de Stanford analisaram o gene APOE, responsável pela codificação de uma proteína fundamental no transporte de gordura dentro e fora das células e conhecido por suas variantes que influenciam o risco de desenvolver Alzheimer. Entre essas variantes, o APOE4 é apontado como o maior fator de risco para a doença. Por meio de técnicas avançadas de sequenciamento de RNA unicelular, os pesquisadores identificaram uma associação entre a presença do gene APOE4 e a produção elevada de uma enzima específica, aumentando as gotículas de gordura nas células cerebrais.


Entenda os sintomas do Alzheimer (vídeo: reprodução/YouTube/Agência Brasil)


Implicações para tratamentos futuros

Conforme explicado pelos pesquisadores, o acúmulo de amiloide desempenha um papel importante no processo que leva à gordura se acumular nas células cerebrais. Esse acúmulo subsequente de tau nos neurônios é associado à morte dessas células, o que, por sua vez, contribui para os sintomas do Alzheimer.

A descoberta da relação entre o acúmulo de gordura nas células do cérebro e o gene APOE4 abre novas perspectivas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes contra o Alzheimer. Os pesquisadores afirmam que entender melhor os mecanismos que levam ao acúmulo de gordura pode levar ao desenvolvimento de terapias direcionadas, que visem interromper ou reverter esse processo patológico. No entanto, ressaltam que são necessárias mais pesquisas para aprofundar o conhecimento sobre essa relação e suas implicações clínicas, ampliando assim o conhecimento científico sobre essa condição neurodegenerativa.

Estudo feito com inteligência artificial revela dois subtipos de câncer de próstata

Um estudo revolucionário, conduzido por pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Manchester, em colaboração com instituições ao redor do mundo, publicado recentemente na renomada revista científica Cell Genomics, desvendou uma nova perspectiva sobre o câncer de próstata.

A pesquisa, realizada no âmbito do consórcio internacional The Pan Prostate Cancer Group, revelou a existência de dois subtipos distintos da doença, abrindo portas para diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados.

Descoberta dos subtipos


Identificação dos tipos de câncer de próstata pela IA pode facilitar a prescrição de tratamentos personalizados para os pacientes (reprodução/Freepik)

O estudo analisou dados genéticos de milhares de amostras de câncer de próstata provenientes de nove países, utilizando avançadas técnicas de inteligência artificial (IA). Dan Woodcock, autor principal da pesquisa, destaca que o câncer de próstata pode evoluir ao longo de múltiplas vias, resultando em dois tipos diferentes da doença.

Essa compreensão permite classificar os tumores com base na evolução do câncer, oferecendo uma abordagem mais abrangente do que apenas considerar mutações genéticas isoladas.

Os cientistas empregaram redes neurais, uma técnica de IA, para analisar alterações no DNA de amostras de câncer de próstata de 159 pacientes, identificando dois grupos distintos de tumor. Essa descoberta foi posteriormente validada em conjuntos de dados independentes do Canadá e da Austrália, utilizando outras técnicas matemáticas para confirmar a existência dos subtipos.

A integração dessas informações resultou na criação de uma árvore evolutiva que demonstra como os dois subtipos de câncer de próstata se desenvolvem, agora denominados “evotipos”.

Futuros desenvolvimentos

Com base nessas descobertas, os pesquisadores buscam desenvolver um teste genético em colaboração com o CRUK (Center Research UK). Esse teste, combinado com as informações convencionais de estadiamento e classificação do tumor, promete fornecer prognósticos mais precisos para os pacientes, permitindo tratamentos mais eficazes e personalizados.

Rupal Mistry, gerente sênior de envolvimento científico do CRUK, ressalta que o trabalho do consórcio global de pesquisadores tem o potencial de fazer uma diferença significativa na vida das pessoas afetadas pelo câncer de próstata, destacando a importância contínua da pesquisa no avanço do conhecimento sobre o câncer e no desenvolvimento de novas terapias.

Primeiro local de habitação humana na Europa pode ter sido a Ucrânia

Nesta quarta-feira (06), cientistas que realizavam pesquisas na área de Korolevo, no oeste da Ucrânia, lançaram a possibilidade de que o país pode ter sido o primeiro do continente europeu a receber a chegada da espécie humana, há mais de um milhão de anos.

Chave para a descoberta

Ao estudar um determinado terreno de Korolevo, os cientistas efetuaram o uso de uma ferramenta específica para datação que faz a utilização de raios cósmicos, com o objetivo de detectar a idade de objetos, sendo que por meio deste utensílio, foi constatado que há pelo menos 1,4 milhões de anos o ser humano pode ter habitado aquela área.


Sítio de pesquisa do Korolevo (foto: reprodução/https://karpataljalap.net)

Levando em consideração que esta área já é estudada desde a década de 1970, a análise feita pelo instrumento de pesquisa ampliou e tornou mais específico o conhecimento científico sobre aquele local e povo. No decorrer do tempo, diversas descobertas foram feitas naquele local, como por exemplo, ferramentas de pedra enterradas em camadas de sedimentos, encontradas próximas de locais com rochas vulcânicas (adequadas para serem transformadas naquele tipo de ferramenta).

Modo de funcionamento

O aparelho utilizado pelos pesquisadores, é capaz de dividir os núcleos dos átomos que consequentemente geram isótopos que se formam apenas sobre áreas expostas, pelo fato de raios cósmicos não penetrarem com grande precisão em objetos sólidos. Estes raios cósmicos gerados pelo instrumento, gera isótopos radioativos que decaem para outros isótopos e, dessa forma, nos informa há quanto tempo os objetos estudados estavam enterrados.

Acredita-se que a espécie de hominídeos que habitou o local foi a do Homo erectus, que teriam migrado do continente africano até a Geórgia, partindo em seguida para a Ucrânia e outros países da Europa. Nenhum osso foi encontrado no local por conta de seu solo ácido, que não preserva este tipo de objeto.