Mercado Livre expande atuação com farmácia em São Paulo

Na segunda-feira (1º), o Mercado Livre confirmou a aquisição de uma farmácia na Zona Sul de São Paulo, iniciando oficialmente sua atuação no setor de medicamentos no Brasil. A movimentação acontece por meio de uma subsidiária e atende às exigências da legislação nacional, que permite a venda online de remédios apenas a partir de estabelecimentos físicos regularizados. O objetivo é testar o formato e explorar um segmento que, hoje, representa cerca de 25% das vendas das grandes redes farmacêuticas.

Expansão estratégica mira novo público e fortalece operação

A entrada no mercado farmacêutico representa um avanço importante na diversificação de negócios do Mercado Livre. A empresa, que já domina o e-commerce em diversas categorias, aposta agora na venda de medicamentos como um novo vetor de crescimento. Para atuar com regularidade, adquiriu uma farmácia com estrutura física e farmacêutico responsável, seguindo as normas da Anvisa.


Mercado Livre expande atuação no setor de e-commerce (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Embora o impacto inicial seja discreto, especialistas veem o movimento como estratégico. O setor de medicamentos tem forte potencial de fidelização e alta recorrência de compras, o que se alinha ao modelo de marketplace do Mercado Livre. Além disso, a credibilidade da marca e sua infraestrutura logística podem impulsionar a adoção rápida por consumidores que buscam conveniência e agilidade na entrega.

Reação do mercado mostra cautela entre concorrentes

A notícia da aquisição mexeu com o mercado financeiro. As ações das grandes redes de farmácia caíram após o anúncio, refletindo a preocupação de investidores com o surgimento de um novo competidor robusto no digital. Empresas como Raia Drogasil e Pague Menos já sentiram os efeitos dessa movimentação, com desvalorização registrada ainda na sexta-feira anterior.

Mesmo que, por ora, o alcance seja limitado a uma única unidade, analistas acreditam que essa aquisição pode servir como teste para iniciativas maiores. A depender dos resultados, o Mercado Livre poderá replicar o modelo em outras localidades, consolidando-se como uma ameaça real à liderança das redes tradicionais.

Trump pressiona farmacêuticas a baixar preços e ameaça com represálias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta quinta-feira (31) que grandes empresas farmacêuticas podem enfrentar punições se não reduzirem o preço dos medicamentos. O recado foi enviado em cartas a 17 companhias do setor, divulgadas por meio da sua rede social, a Truth Social.

Segundo Trump, as farmacêuticas têm 60 dias para colaborar com o governo americano e ajudar na implementação de mudanças que reduzam os custos dos remédios para os americanos. Caso contrário, ele afirmou que vai usar todos os recursos disponíveis para proteger a população dos “abusos nos preços”.

Ameaças tem como motivação a prática de preços nos EUA

Apesar da ameaça, Trump não especificou que tipo de punição poderá aplicar. No entanto, deixou claro que não aceitará mais respostas evasivas das empresas, que, segundo ele, “tentam desviar a responsabilidade” e propor mudanças que continuam favorecendo seus próprios lucros.


Carta escrita por Trump pontuando mudanças para a indústria farmacêutica (Foto: reprodução/X/@shamrock_490)


Em maio, Trump assinou um decreto para tentar reduzir o custo dos medicamentos, que estão entre os mais caros do mundo. De acordo com dados da Casa Branca, os americanos pagam, em média, mais do que o triplo do valor cobrado em países desenvolvidos por medicamentos semelhantes.

Mercado interno americano mais acessível seria uma das justificativas de Trump

Uma das medidas defendidas pelo presidente é a política de “nação mais favorecida”, que consiste em atrelar o preço dos medicamentos no país ao valor mais baixo cobrado por eles no exterior. Agora, Trump quer que essa política também se aplique aos remédios usados por idosos atendidos pelo Medicaid e a novos medicamentos que forem lançados.

Essa postura de enfrentamento com a indústria farmacêutica se soma às recentes ações econômicas do governo, como o tarifaço imposto a países com quem os Estados Unidos têm déficits comerciais. Clima da economia interna dos Estados Unidos tem sido conturbado com os impasses sobre as sansões que Trump está aplicando aos outros países. Ambas refletem a estratégia de Trump de usar pressão econômica para tentar corrigir distorções que, segundo ele, prejudicam os americanos.

Justiça federal suspende resolução sobre prescrição de medicamentos por farmacêuticos

Nesta segunda-feira (31), a recente decisão da Justiça Federal de suspender a resolução que autorizava farmacêuticos a prescrever medicamentos trouxe alívio para algumas entidades médicas, mas também frustração para os profissionais da farmácia que defendem a amplificação de sua atuação na saúde. A decisão afeta diretamente a relação entre profissionais da saúde e pacientes, gerando debates sobre a segurança e a qualidade do atendimento.

A decisão ocorreu após o Conselho Federal de Medicina (CFM) ingressar com uma ação judicial para anular a norma editada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). A sentença, de caráter liminar, foi assinada pelo juiz Aalôr Piacini, da 17ª Vara Federal Civil da Justiça no Distrito Federal.

Na determinação, o magistrado destacou que o “balcão de uma farmácia não é o local para se firmar um diagnóstico e tratamento de uma doença, sob pena do exercício ilegal da medicina”. O CFF ainda pode recorrer da decisão. O juiz determinou que a decisão seja divulgada nos meios de comunicação institucionais do CFF sob pena de multa diária de R$ 100 mil

Resolução suspensa e seus impactos

A Resolução CFF Nº 5, de 20 de fevereiro de 2025, previa que farmacêuticos poderiam prescrever medicamentos de venda sob prescrição e renovar receitas previamente emitidas por outros profissionais da saúde. Além disso, permitiria que realizassem exames físicos para avaliar sinais e sintomas, bem como interpretassem exames laboratoriais.

Publicada no Diário Oficial em 17 de março, a medida deveria entrar em vigor no mês seguinte, mas enfrentou forte oposição de entidades médicas. O CFM argumentou que farmacêuticos não possuem atribuição legal ou preparo técnico para diagnosticar doenças e definir tratamentos.


Medicamentos (Foto: reprodução/Leon Neal/Getty Images Embed)


Impacto nos farmacêuticos e na população

A discussão sobre a resolução levanta questionamentos sobre os limites de atuação dos farmacêuticos. Para o Conselho Federal de Farmácia, a norma estava fundamentada na legislação vigente e nas diretrizes curriculares do curso de Farmácia. A entidade ressalta que farmacêuticos já prescrevem alguns medicamentos, como PrEP e PEP, usados na prevenção do HIV.

Mas especialistas temem que a nova medida possa comprometer a segurança dos pacientes. O advogado Henderson Furst, especialista em Bioética, afirma que a regulamentação tenta atender a demandas de mercado, mas carece de respaldo legal. “Se um farmacêutico solicita um exame, como um plano de saúde vai aceitar? O SUS permitiria um pedido vindo de uma farmácia?”, questiona.

Próximos passos na disputa jurídica

Esta não é a primeira vez que uma norma semelhante enfrenta resistências legais. Em decisão anterior, a mesma 17ª Vara Federal Civil do DF declarou ilegal uma resolução de 2013 que permitia que farmacêuticos prescrevessem medicamentos que não exigiam receita médica.

A decisão desta segunda-feira é mais um episódio na disputa entre profissionais da saúde sobre os limites de atuação de cada categoria. Enquanto o CFF defende o direito dos farmacêuticos de ampliar sua atuação, entidades médicas alertam para os riscos de sobreposição de funções e possíveis prejuízos ao atendimento dos pacientes.

O Conselho Federal de Farmácia ainda pode recorrer, prolongando o debate sobre o papel dos farmacêuticos na prescrição de medicamentos no Brasil.

Farmacêuticos começam a prescrever medicamentos a partir de abril

Na segunda-feira (17), o Conselho Federal de Farmácia (CFF) anunciou uma nova resolução que vai permitir que farmacêuticos prescrevam medicamentos, incluindo os que normalmente precisam de receita médica. A medida entra em vigor no próximo mês e já está gerando bastante debate sobre suas consequências.

O que muda no trabalho dos farmacêuticos?

Atualmente, os farmacêuticos podem prescrever apenas medicamentos que não exigem receita, como analgésicos para dor e remédios para alergia. Eles também podem indicar certos medicamentos com prescrição médica, quando esses remédios fazem parte de programas de saúde ou estão dentro de protocolos médicos, como no caso das profilaxias contra o HIV (PrEP e PEP).

Com a nova resolução, que começa a valer em 30 dias, os farmacêuticos poderão prescrever também medicamentos que normalmente necessitam de receita médica. Porém, isso só será possível para os profissionais com qualificação específica, como o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica.

Para prescrever medicamentos sujeitos a receita, o farmacêutico terá que ter o RQE, que é um registro concedido a quem faz cursos especializados na área. Isso quer dizer que nem todo farmacêutico estará apto a fazer prescrições.

Os pacientes poderão checar se um farmacêutico tem permissão para prescrever no site do CFF.


Somente farmacêuticos com RQE poderão realizar as prescrições (Foto: Reprodução/Yasuyoshi Chiba/Getty Images Embed)


CFF argumenta sobre a medida

A decisão gerou bastante polêmica entre médicos. O Conselho Federal de Medicina (CFM) foi um dos principais críticos, afirmando que a medida é ilegal e pode colocar em risco a saúde das pessoas. Eles argumentam que prescrever remédios envolve diagnóstico médico, uma competência exclusiva dos médicos.

Por outro lado, o CFF defende que a prescrição de medicamentos não é algo restrito aos médicos e que os farmacêuticos têm formação para realizar essa função, desde que sigam os protocolos certos. A ideia é que, com a nova resolução, os farmacêuticos possam ajudar no acompanhamento dos tratamentos, verificando se os remédios combinam bem entre si e ajudando a evitar interações perigosas.

Esse debate pode, sim, voltar aos tribunais. Em 2022, uma tentativa anterior de ampliar o papel dos farmacêuticos foi barrada pela Justiça. No entanto, o CFF acredita que a medida tem respaldo legal e que os processos judiciais anteriores não foram suficientes para impedir os avanços na área.

O futuro dessa resolução, portanto, ainda está incerto, mas certamente será um tema de discussão entre os profissionais da saúde e nos tribunais.