Megaoperação: liberação de corpos marcam ponto final na perícia

A megaoperação policial realizada na última terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, teve seu desfecho formalizado no Instituto Médico Legal (IML). De acordo com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, os 117 corpos dos suspeitos mortos no que é considerado o episódio mais letal da história recente do estado foram finalmente liberados para sepultamento, e a perícia do órgão foi oficialmente encerrada.

A ação da Defensoria Pública foi crucial, acompanhando de perto o processo de identificação e liberação dos cadáveres, que mobilizou mães e familiares dos mortos no IML durante os dias seguintes ao confronto. O órgão também atuou para garantir a isenção de taxas de sepultamento para famílias de baixa renda nos cemitérios municipais, permitindo que o luto não fosse sobrecarregado por custos. Até o último sábado, pelo menos 40 corpos já haviam sido enterrados, a maioria no Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte carioca.

O Perfil dos Mortos

A operação, que visava combater o avanço e prender lideranças do Comando Vermelho (CV) que usavam os complexos como “quartel-general” e centro de treinamento tático, resultou em um número elevado de óbitos. A Defensoria Pública confirmou que dezenas dos mortos eram de outros estados do país, incluindo Bahia, Pará e Espírito Santo, o que reforça a dimensão da atuação interestadual das facções criminosas.

Uma informação que trouxe um novo elemento para o debate sobre a letalidade da operação é a revelação de que, entre os 109 corpos identificados até o sábado, nenhum havia sido denunciado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) na investigação que serviu de base para a ação policial. Contudo, as autoridades também apontaram que, desse total, pelo menos 42 dos mortos tinham algum mandado de prisão em aberto.



Contagem de mortos é contestada e reacende debate

O número de mortos na operação, inicialmente reportado em 117, é objeto de controvérsia e denúncias. No dia seguinte à incursão, moradores chegaram a levar dezenas de corpos para a Praça do Complexo da Penha, em um ato que simbolizou o caos e a dor da comunidade após o evento.

Apesar do encerramento oficial da perícia no IML, o caso está longe de ter um ponto final. A alta letalidade da operação, que se destacou como a mais sangrenta na história do Rio, continua a gerar pedidos por investigação federal e levanta questionamentos sobre as diretrizes de segurança pública e o cumprimento das determinações do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF das Favelas. O MPRJ, inclusive, anunciou o envio de técnicos ao IML para a realização de uma perícia independente.

STF pressiona: Moraes intima Castro a explicar megaoperação no RJ

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (29) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), compareça a uma audiência para prestar esclarecimentos  sobre a recente megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em um número alarmante de mais de 100 mortes. A decisão atende a pedidos formais do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) das Favelas.

Magistrado exige prestação de contas detalhada do governador

Em sua determinação, o magistrado exige que o chefe do Executivo fluminense detalhe o cumprimento de todas as diretrizes judiciais estabelecidas anteriormente pela Corte em relação a essas operações. Entre os pontos cruciais que Castro deverá justificar estão a motivação central para a realização da incursão, o efetivo de agentes empregados, o balanço oficial de vítimas fatais e feridas, as medidas adotadas para assegurar a responsabilização em eventuais casos de abuso de autoridade, as providências de assistência às famílias afetadas, a comunicação formal ao Ministério Público e a utilização de equipamentos de gravação, como câmeras corporais.


Matéria sobre a cobrança de esclarecimento de Moraes ao governador do RJ por megaoperação (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Moraes definiu uma agenda intensa para a próxima segunda-feira (3), na capital carioca. A primeira sessão, marcada para as 11h, reunirá o governador Castro juntamente com os principais escalões da Segurança Pública do estado: os chefes da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar, da Polícia Civil e da Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica. O ministro foi enfático ao pontuar que o governador deverá apresentar as informações de maneira detalhada na audiência designada. Posteriormente, estão agendadas reuniões com o Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o Procurador-Geral de Justiça e o Defensor Público Geral.

PSB pede investigação federal

A intervenção do STF ocorre em um cenário de crescente pressão institucional. Ainda na quarta-feira, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), autor original da ADPF das Favelas, solicitou formalmente que Moraes determine a instauração de uma investigação federal para apurar o possível descumprimento de decisões do Supremo pelo Governo Estadual. O partido aponta indícios muito fortes de desrespeito às medidas judiciais, citando inclusive a alegação de perda de imagens de câmeras corporais por parte da autoridade policial. O PSB criticou ainda a tentativa de Castro de transferir a responsabilidade pela insegurança pública às determinações da ADPF n° 635.

A ADPF das Favelas, ajuizada em 2019, visa questionar a letalidade policial em operações nas comunidades do Rio e estabelecer um marco regulatório mais rigoroso. Em abril deste ano, o STF homologou parcialmente um plano apresentado pelo estado para retomar áreas sob domínio de facções criminosas, exigindo, entre outras coisas, maior transparência nos dados relativos a operações com óbitos.

A cadeira de relator do caso, anteriormente ocupada pelo ministro aposentado Luís Roberto Barroso, está sendo exercida temporariamente por Moraes. A expectativa agora se volta para a análise do pedido do PSB e, fundamentalmente, para os esclarecimentos que deverão ser prestados pelo Palácio Guanabara na próxima semana.

Rock in Rio 2024:  Kevin O Chris envolve plateia em uma viagem de Favela para Favela

Nesta sexta-feira (13), Kevin O Chris trouxe toda a energia do funk dos morros cariocas para o Espaço Favela do Festival Rock in Rio, edição 40. De Duque de Caxias para o cenário nacional e internacional, Kevin é um dos precursores do funk 150 BPM.

Durante todo o show havia uma sintonia perfeita entre o palco e a plateia. O cantor trouxe uma equipe bem grande de músicos e dançarinos, que deu um show a parte mostrando toda a sensualidade do funk.

Uma mistura interessante de funk com outros ritmos

Uma de suas conhecidas canções, “Tipo Gin”, ganhou ainda mais fãs no remix com solo da música de Rihana “Wild Thoughts”. O cantor mostra mais uma vez o poder do funk carioca dominando o mundo.


Performance da canção “Tipo gin” por Kevin (Vídeo: reprodução/Instagram/@multishow)


Ele fez uma viagem no tempo, trazendo de volta “Glamourosa” de MC Marcinho, envolvendo toda a plateia nesse hino atemporal.


Glamourosa de MC Marcinho na voz de Kevin (Vídeo: reprodução/Instagram/@multishow)


Kevin está completando 10 anos de carreira. Sem dúvidas, já é um dos maiores representantes do funk. Em 2020, foi o primeiro funkeiro a atingir a marca de um bilhão de streamings no Spotify. Aliás, é um dos artistas brasileiros mais escutados no Spotify, acumulando mais de cinco milhões nas plataformas digitais.

“Tô ansioso para cantar nesse festival tão brabo. Em 2019, só dei uma palhinha lá com o Drake, uma noite que nunca vou esquecer. Mas agora a galera vai se ligar no meu show completo. Vai ter música inédita, os hits nacionais e internacionais. Show com banda completa, misturando o funk com outros ritmos”.

“Cantar no Rock In Rio é uma forma de mostrar a força do nosso som, além de vencer preconceitos que ainda existem em relação ao funk e ao nosso trampo, tá ligado?  Tô felizão em poder fazer parte desse movimento e o público pode esperar muito tamborzão raiz, muita dança e aquela vibe que só o funk tem”.

Kevin O Chris


Kevin O Chris, de Duque de Caxias para o RIR 2024 (Foto: reprodução/Instagran/@rockinrio40anosfc)

O cantor e compositor vem enfatizando a importância de destacar a cultura do gênero musical, inspirando a nova geração. A falta de representatividade em grandes eventos ou em outros meios artísticos afeta a juventude das comunidades, que não notavam referências nesses espaços por muito tempo.