Quatro filmes que todo fashionista deveria assistir em 2025

A moda expressa, mais do que tendências, o comportamento e o estilo de vida das pessoas. Portanto, quem valoriza esse universo precisa considerar o aspecto estético ao consumir qualquer tipo de arte ou produto. Com isso em mente, a coluna Ilca Maria Estêvão, do portal Metrópoles, preparou uma lista de filmes para que os amantes da moda aproveitem não apenas as histórias, mas também os figurinos marcantes.

Nosferatu (2025)

Em uma releitura do clássico de 1922, “Nosferatu” apresenta uma trama de terror gótico centrada no corretor imobiliário Thomas (Nicholas Hoult). Ele viaja até a região de Bremen, na Alemanha, para fechar um negócio com o misterioso Conde Orlok. No entanto, o conde revela-se um vampiro milenar que espalha medo por onde passa. Além disso, ele se interessa por Ellen, a esposa de Hutter (Lily-Rose Depp), o que intensifica ainda mais o clima de tensão.

A produção recria o visual gótico com o uso de cores frias e iluminação baixa, elementos que não apenas intensificam o tom dramático, mas também ocultam partes da trama. Além disso, por se tratar de um filme de época, os cenários e figurinos reforçam a estética gótica e contribuem para a imersão do espectador.


Linda Muir fala sobre os figurinos de “Nosferatu” (Vídeo: reprodução/Instagram/@nosferatuthefilm)


Além de desenvolver a história principal, o longa aborda temas como sexualidade feminina e isolamento social. A figurinista canadense Linda Muir assinou o traje do Conde Orlok, inspirado na nobreza da Transilvânia do século XIV. Por outro lado, os figurinos de Emma seguem a estética da classe média do período pós-Regência, adicionando um toque etéreo e sobrenatural à personagem.

Duna Parte 2 (2024)

A segunda parte da trilogia “Duna” adapta a famosa série de livros e mergulha em um futuro distante, onde a humanidade já se expandiu pelo espaço e vive sob um império feudal. Nesse sistema, casas nobres controlam diferentes planetas. Ao longo da saga, acompanhamos o jovem Paul Atreides, cuja família recebe a missão de governar Arrakis, o planeta conhecido como Duna. No entanto, Paul precisa lidar com complexas disputas políticas, religiosas e ambientais.

Toda a estética do filme é construída para embasar a narrativa, que envolve, além da trama política, um clima extremamente seco, religiosidade e tecnologia. A figurinista Jacqueline West se inspirou em roupas medievais e trajes religiosos para dar vida ao mundo de Duna, enquanto criou sua própria versão futurística dos mesmos.

O Menu (2022)

No filme “O Menu”, um jovem casal visita um restaurante exclusivo em uma ilha remota. Lá, um aclamado chef oferece uma experiência gastronômica luxuosa para 12 convidados ilustres. Esse suspense faz uma crítica à burguesia atual, ao expor sua hipocrisia e delírios.

Além das nuances gastronômicas entregues pelo longa, a estética do filme também conversa com a moda. Com foco em experiências de luxo, nada mais certo do que seus figurinos também entregarem exatamente isso. A trama é movida por disputas de ego e reputação, elementos frequentes no universo da moda.

Rivais (2024)

Em “Rivais”, acompanhamos Tashi Duncan (Zendaya), uma ex-promessa do tênis que hoje atua como treinadora de seu marido, Art Donaldson (Mike Faist). Apesar de ser um atleta talentoso, ele enfrenta problemas tanto em sua performance quanto em sua paixão pelo esporte.


Jonathan Anderson fala sobre os figurinos de “Rivais” (Vídeo: reprodução/YouTube/Amazon MGM Studios)

Por ser ambientado nas quadras de tênis, temos aqui o tenniscore compondo quase que exclusivamente os figurinos do longa. O filme, aliás, foi um dos grandes impulsionadores dessa tendência. A convite do diretor Luca Guadagino, o designer Jonathan Anderson foi o figurinista do filme. Anderson era, à época, diretor criativo da Loewe, e assumiu há pouco tempo a direção criativa da Dior.

Lady Gaga transforma o Coachella em uma ópera pop inesquecível

As expectativas eram altas, mas ninguém estava preparado para o espetáculo visual que Lady Gaga entregou na 24ª edição do Coachella. Com duas horas de show, um repertório com 20 músicas e uma sequência de trocas de roupa deslumbrantes, a cantora de 39 anos marcou não apenas o festival, mas também ressignificou os limites entre moda, música e performance.


Performace de Lady Gaga com um dos figurinos no Coachella 2025 (Foto: Reprodução/Instagram/@ladygagabrasiil)

Vestida para narrar o caos pessoal

Intitulado “The Art Of Personal Chaos” (A Arte do Caos Pessoal), o espetáculo foi dividido em quatro atos, cada um marcado por uma estética visual distinta. Os figurinos que incluíram um vestido vermelho vibrante, uma malha preta enigmática, um vestido branco com penas etéreas e uma armadura metálica com capa não foram meros acessórios, mas protagonistas da narrativa. Gaga encenou, vestida, sua própria metamorfose.


Lady Gaga encarna a batalha interna entre força e fragilidade em uma performance que transforma dor em arte (Foto:Reprodução/Instagram/@ladygagabrasiiil)

Marcas como “Mugler”, “Matières Fécales” e “Marni” assinaram os looks, provando mais uma vez que Gaga é uma curadora de moda conceitual. Seu guarda-roupa transitou entre o exuberante e o sombrio, entre a delicadeza e a força, simbolizando com precisão as múltiplas camadas de sua performance emocional.

A narrativa dividida em atos

O show estruturado como uma peça em quatro atos, teve como o primeiro, “Of Velvet and Vice”, Gaga apresentou duas versões de si mesma no palco, dialogando com a dualidade da fama e a construção da identidade. Essa abordagem performática elevou o conceito de show para uma experiência teatral, aproximando o pop da ópera contemporânea e inspirando novos formatos de espetáculos no mainstream.


A performace historica demonstra as duas versões da cantora. (Foto: Reprodução/Instagram/@ladygagabrasiiil)

Moda como performance

Um dos momentos mais emblemáticos da noite aconteceu durante “Poker Face”, quando Gaga jogou uma partida de xadrez no palco, usando figurino que remetia ao desfile de verão 2005 de Alexander McQueen. A homenagem, sutil e potente, reafirmou seu papel como ponte entre moda e arte.

Ao transformar o figurino em extensão da narrativa, Gaga mostrou que o vestir pode ser tão poderoso quanto a música. O palco do Coachella não viu apenas um show presenciou um manifesto visual.


A cantora e atriz investiu bastante nas performaces e nos cenários no grande festival (Foto: Reproduçã/Instagram/@ladygagabrasiil)

A homenagem evidencia o diálogo entre moda e música, e reforça a importância de Gaga como ponte entre diferentes linguagens criativas.


Um dos figurinos de Lady Gaga (Foto:reproduçãoinstagram@FecalMatter)

Ao fundir música, teatro, moda e performance em uma única noite, ela redefiniu o papel da estrela pop contemporânea e influenciou toda a indústria ao mostrar que o palco é também um espaço de reflexão, conceito e reinvenção.

Mais do que um show, Lady Gaga entregou uma obra completa de arte viva.

Conheça os detalhes por trás dos figurinos de Liniker em “Caju”

Sempre muito conectada com a moda, Liniker, vive uma fase de celebrações intensas, marcada pelo sucesso de “Caju”, seu novo álbum lançado em agosto desse ano, e pelo reconhecimento no Prêmio Multishow, onde foi consagrada em quatro categorias: “Artista do Ano”, “Álbum do Ano”, “Capa do Ano” e “MPB do Ano”. Mais do que reafirmar sua relevância musical, a artista se destaca também pelo estilo vibrante que reflete sua suavidade e força.

“Caju”, considerado um sucesso, é um projeto que alinha a sonoridade com uma identidade visual marcante, provocando o sensorial estético de quem escuta e observa o álbum, definido como “símbolo central de afeto, brasilidade e resistência”.

Figurinos que traduzem a música

Os figurinos de Liniker, administrados pela fashion stylish Caroline Passos, vão além de roupas simples: são uma extensão das emoções transmitidas por Caju.

Inspirados pelas cores e pela simbologia do fruto que dá nome ao álbum, os looks exploram tons quentes como vermelho, dourado e amarelo, combinando elementos do streetwear e da alta moda brasileira.

Alfaiataria, texturas orgânicas e brilho se unem para compor uma narrativa visual que se transforma ao longo de seus espetáculos, transmitindo a emoção colocada sob o álbum.


Liniker durante a “CAJU” Tour no Rio de Janeiro (Foto: reprodução/Instagram/@linikeroficial)

A escolha do visual é um trabalho árduo, pensando principalmente na construção de uma narrativa que não se sobressaia, mas sim complemente e reflita a segurança e autenticidade da artista. Caroline Passos optou por elementos que remetessem ao street style contemporâneo, ao mesmo tempo que se misturam com a atmosfera quente, íntima e vibrante das músicas que compõem o álbum. Não deixando de lado a delicadeza da expressão pessoal da cantora que convida aos fãs para uma jornada emocional.

Extensão das emoções do álbum

Trabalho importante quando pensamos no styling como peça-chave na tradução das emoções de um artista. No clipe de “Tudo”, as camisetas utilizadas no clipe ganharam frases escritas pela cantora, o que trouxe de forma explicita suas poesias para dentro do figurino, alinhando as narrativas tanto escritas quanto visuais estéticos.

Na mais recente aparição de Liniker, no Prêmio Multishow, onde foi vencedora de quatro categorias, a escolha de looks não saiu da ideia central das narrativas do álbum. Para o tapete vermelho do evento, a escolha recaiu sobre um vestido criado pelo designer André Betio, que utilizou uma técnica ao incorporar fios de náilon na estrutura do tecido. Além da apresentação musical, a artista optou por um top de flores de miçanga combinado com uma calça jeans confeccionada a partir da convergência de quatro outras peças.


Look de Liniker para o Prêmio Multishow (Foto: reprodução/Instagram/@linikeroficial)

No palco de suas apresentações, a artista realiza troca de roupas, cada uma refletindo uma nova faceta de Liniker. A jornada começa com blazers elegantes, segue para peças sensuais e termina com vestidos reluzentes. A escolha das peças surge com a nacionalidade de designers brasileiros que ajudam a construir sua imagem de autoconfiança e liberdade, com looks assinados por marcas como Apartamento 03, Lucas Leão e Another Place, além de estilistas como João Ribeiro e Michelly X que desenharam roupas para os shows.

Figurinos de “Duna: parte 2” incluem inspirações que vão de Dante à alta-costura

“Duna: parte 2”, a sequência do épico de ficção científica de Denis Villeneuve, estreou com grande sucesso de público e crítica. Além da história envolvente e do elenco de peso, um dos elementos que mais se destaca na produção são os figurinos meticulosamente elaborados pela talentosa Jacqueline West.

West retorna para a sequência com sua visão singular de “mod-eval”, mesclando elementos modernos e medievais de forma inovadora. Para criar os figurinos, a figurinista se inspirou em diversas fontes, desde a Divina Comédia de Dante até a arte medieval, pinturas árabes e a alta-costura dos anos 1950.

Figurino dos personagens


Personagem Paul Atreides (Foto: reprodução/Empire)

Cada personagem possui um figurino único que reflete sua personalidade e trajetória na história. Paul Atreides (Timothée Chalamet) é adornado com capas que exalam um ar religioso e sábio, enquanto Chani (Zendaya) mantém um visual simples e despojado.


Personagem Chani (Foto: reprodução/Warner Bros.)

A irmandade Bene Gesserit é representada por trajes inspirados no baralho de tarô, com destaque para os acessórios de cabeça de Irulan (Florence Pugh) e os tecidos com o alfabeto Fremen usados por Lady Jessica (Rebecca Ferguson).


Personagens Irulan e Lady Jessica (Foto: reprodução/Warner Bros.)

Já Margot (Léa Seydoux) ostenta vestidos luxuosos inspirados na alta-costura dos anos 1950 e na Balenciaga da época de Cristóbal, transmitindo uma aura de realeza.


Personagem Margot (Foto: reprodução/Warner Bros.)

O universo dos Harkonnen é retratado por meio de roupas pretas, couro e spandex, criando uma atmosfera sombria e sinistra. Para dar vida aos figurinos, West e sua equipe criaram cerca de 4 mil peças, incluindo máscaras, joias, tecidos tingidos e pintados à mão. Além disso, peças foram garimpadas em Istambul e Marrocos para serem recriadas e adaptadas ao universo futurista de Duna.

Produção

A equipe de figurinistas do filme foi composta por mais de 200 pessoas e a produção dos figurinos levou mais de um ano. Foram utilizados mais de 100 tipos diferentes de tecidos na confecção dos figurinos. Alguns dos figurinos mais complexos, como os dos Fremen, levaram semanas para serem finalizados.

Revelados os nomeados na categoria de “melhor figurino” para o Oscar 2024

Na manhã do dia 23 de janeiro, Los Angeles recebeu o aguardado anúncio dos nomeados para o Oscar 2024. Os apresentadores Zazie Beetz e Jack Quaid revelaram os escolhidos, transmitindo o evento ao vivo no canal do Oscar no YouTube e no Oscar.com. A 96ª edição, marcada para 10 de março no Teatro Dolby, em Los Angeles, promete uma celebração da excelência cinematográfica. Neste contexto, confira agora os cinco filmes que estão concorrendo na categoria de Melhor Figurino, oferecendo uma visão aprofundada de suas contribuições

Barbie


Cena do filme Barbie (Foto: reprodução/Reddit)

Jacqueline Durran, premiada com um Oscar em 2013 por seu trabalho em “Anna Karenina”, emergiu novamente como uma forte candidata. Responsável pelos figurinos de “Barbie”, Durran mergulhou no universo da icônica boneca, trazendo referências vintage com colaboração da Chanel. Seu destaque no Critics Choice Awards deste ano a posiciona como favorita na categoria.

Assassinos da Lua das Flores


Cena do filme Assassinos da Lua das Flores (Foto: reprodução/Café com Filme)

Jacqueline West, indicada quatro vezes ao Oscar, impressiona com seu trabalho em “Assassinos da Lua das Flores”, dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Leonardo DiCaprio. Ambientado na década de 1920 em Oklahoma, West destaca-se pela atenção aos detalhes ao retratar as roupas da comunidade indígena Osage durante uma série de misteriosos assassinatos.

Napoleão


Cena do filme Napoleão (Foto: reprodução/Infomax Brasil)

Dirigido por Ridley Scott e protagonizado por Joaquin Phoenix, “Napoleão” aborda a ascensão do comandante militar francês. Janty Yates e David Crossman, responsáveis pelo figurino, enfrentaram o desafio de recriar a grandiosidade da Era Napoleônica, produzindo cerca de 4 mil trajes militares para cenas de batalha.

Oppenheimer 


Cena do filme Oppenheimer (Foto: reprodução/Universal Pictures)

Ellen Mirojnick destaca-se na categoria com seu trabalho em “Oppenheimer”, filme dirigido por Christopher Nolan que lidera as indicações. Ambientado na Segunda Guerra Mundial, o filme narra a trajetória do físico J. Robert Oppenheimer. Mirojnick, em entrevista ao Awards Radar, compartilha a busca pela autenticidade solicitada por Nolan, combinada com um toque de originalidade.

Pobres Criaturas 


Cena do filme Pobres Criaturas (Foto: reprodução/Daily Motion)

Protagonizado e produzido por Emma Stone, “Pobres Criaturas” apresenta Holly Waddington como figurinista. A história, ambientada na era vitoriana, foge dos estereótipos de drama de época ou ficção científica. Waddington, em entrevista ao New York Times, destaca a abordagem única de Yorgos Lanthimos. O filme está programado para estrear nos cinemas em 1º de fevereiro.

Matéria por Karen Alves (Lorena R7)