Após perder o comando da presidência e da relatoria da CPI do INSS para a oposição, o Governo Federal tenta reorganizar sua base e reduzir danos políticos. A instalação da comissão ocorre em meio a um ambiente de instabilidade no Congresso, no qual a convocação de nomes ligados a Lula e a antigos adversários políticos tem potencial de ampliar a pressão sobre o Planalto. Entre os nomes citados nos bastidores está José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente, cuja eventual convocação é considerada sensível.
Reunião de emergência para alinhar ações
Na tentativa de reagir, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, reuniu parlamentares aliados para ajustar a estratégia e evitar novas derrotas. A principal recomendação foi garantir presença total nas reuniões, já que ausências recentes teriam facilitado a movimentação da oposição. Uma das medidas discutidas também foi o pedido para que a Mesa do Senado revise a configuração dos blocos parlamentares, que acabaram favorecendo a ascensão dos opositores ao comando da CPI.
Oposição assume a CPI do INSS (Vídeo: reprodução/YouTube/@radiobandeirantes)
Outro ponto central da rearticulação é a eleição da vice-presidência do colegiado. O governo decidiu lançar Duarte Júnior (PSB-MA) como candidato, após Paulo Pimenta (PT-RS) desistir da disputa para atuar como coordenador político nos bastidores. Paralelamente, líderes governistas tentam enfraquecer o plano de trabalho proposto pela relatoria, visto como alinhado às prioridades da oposição. Essa disputa mostra que o controle da agenda da comissão tornou-se tão relevante quanto a ocupação dos cargos.
Convocações em debate e pauta sobrecarregada
A CPI já recebeu mais de 900 requerimentos, entre eles convocações de ex-integrantes dos governos Lula e Bolsonaro, além de pedidos de acesso a relatórios sobre fraudes previdenciárias. Embora Frei Chico não conste da pauta imediata, a possibilidade de seu depoimento preocupa o Planalto. O sindicato em que ele ocupa cargo de direção foi mencionado em relatório da Controladoria Geral da União, mas a entidade nega qualquer irregularidade. O volume de pedidos evidencia que a comissão tende a se tornar um campo de disputa política intensa.
A vitória da oposição, que levou Carlos Viana (Podemos-MG) à presidência e Alfredo Gaspar (União-AL) à relatoria, revelou fragilidades na articulação do governo, mesmo com maioria numérica no colegiado. Agora, o desafio do Planalto é duplo: conter o avanço da oposição e preservar a imagem de transparência, sem abrir flancos que possam gerar desgaste público. Para aliados de Lula, a CPI é mais do que uma investigação: trata-se de um teste de força política que pode influenciar diretamente a estabilidade do governo no Congresso.
