China e EUA dão primeiro passo para negociar guerra comercial

Acontece neste sábado (10) em Genebra, na Suíça, um encontro entre China e EUA na tentativa de conversar sobre a guerra comercial provocada pelas tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump no início do mês de abril.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o negociador-chefe de comércio dos EUA, Jamieson Greer, se encontram com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, para dar o primeiro passo em direção à resolução da questão tarifária.

Posicionamento de Trump

Trump declarou nesta quinta-feira (8) que seria uma reunião amigável com negociações substanciais. Entretanto, acrescentou nesta sexta-feira (9) que tarifas de 80% sobre as importações de produtos da China seriam corretas. 

O presidente americano também postou na plataforma Truth Social que a decisão de reduzir o percentual das taxas cobradas pelos EUA sobre as importações da China é de Bessent e destacou que a China deveria abrir seus mercados para os EUA.

Seria ótimo para eles!!! Mercados fechados não funcionam mais!!!

Donald Trump

Até então, Trump não havia falado de números sobre a redução de tarifas sobre a China. Contudo, já havia uma sinalização de que tinha o desejo de uma trégua e uma redução de tarifas entre as duas superpotências mundiais.

O Ministério do Comércio da China afirmou que os EUA precisam “demonstrar sinceridade” nas negociações e ter disponibilidade para “corrigir suas práticas equivocadas e cancelar as tarifas unilaterais”

Evolução das tensões comerciais

As taxas sobre as importações que estão em vigor no momento são de 145% sobre as importações de produtos da China e 125% sobre as importações de produtos dos EUA. Os percentuais chegaram a este ponto ao longo de uma sequência de ações de reciprocidade entre os dois países: 

  • 2 de abril: “Dia da Libertação”, em que Trump apresentou uma tabela tarifária que varia de 10% a 50% para importações de mais de 180 países. 
  • 4 de abril: em retaliação, o governo da China impôs 34% sobre todas as importações dos EUA.
  • 7 de abril: em resposta à decisão chinesa, Trump estipulou que a China deveria retirar as tarifas até as 13h (horário de Brasília) do dia 8 de abril, ou o governo americano elevaria a taxa a 104%. 
  • 8 de abril: a China não recuou, afirmou que estava preparada para revidar até o fim, e Trump cumpriu a promessa e acrescentou mais 50% sobre as tarifas já impostas, apesar de acreditar que a China ainda poderia chegar a um acordo com o governo americano.
  • 9 de abril: o governo chinês elevou as tarifas de 34% para 84% sobre as importações dos EUA, proporcionalmente ao percentual de alta americano. No mesmo dia, Trump anunciou uma pausa na tarifação contra os outros países e reduziu os percentuais para 10% por 90 dias, com exceção da China. O presidente americano elevou a taxa das importações chinesas para 125%. As tarifas específicas já em vigor anteriormente, como os 25% sobre aço e alumínio, continuaram valendo.
  • 10 de abril: Washington explicou que as taxas de 125% foram somadas aos 20% aplicados antes sobre a China, totalizando 145% de taxas de importação sobre os produtos chineses. 
  • 11 de abril: o governo chinês elevou as taxas sobre as importações americanas para 125%.

Em 11 de abril, o vice-presidente chinês Han Zheng afirmou que a China não recuaria (Reprodução/X/GugaNoblat)

De acordo com a agência de notícias Reuters, as tarifas impostas pelo governo americano aos mais de 180 países desestabilizaram cadeias de suprimento, abalaram o mercado financeiro e alimentaram os temores de uma forte recessão global.

Movimentações em Genebra

Apesar de não se saber exatamente qual seria o local do encontro, testemunhas afirmaram ter visto as duas delegações deixando a residência do embaixador da Suíça para a Organização das Nações Unidas (ONU) no subúrbio de Cologny por volta da hora do almoço. 

Duas horas antes, os representantes americanos, Bessent e Greer, sorriram quando deixaram o hotel a caminho da reunião, usando gravatas vermelhas e broches com a bandeira americana na lapela do paletó. Bessent se recusou a falar com os repórteres. 

No mesmo instante, vans da Mercedes saíram do hotel onde a delegação chinesa está hospedada, às margens do Lago de Genebra, enquanto corredores se aqueciam para uma maratona.

Expectativa do encontro

Analistas mantiveram baixas as expectativas sobre o encontro. Ambos os lados fazem questão de não demonstrar fraqueza e há desconfiança sobre o momento. O presidente americano sugeriu que a China foi quem iniciou as discussões para as negociações, porém Pequim afirma que os EUA solicitaram as conversas e que a política de oposição da China contra as tarifas americanas não mudou. 


Analistas comentam sobre as expectativas e repercussão das relações entre EUA e China (Reprodução/YouTube/CNN Brasil)

O Ministro da Economia da Suiça, Guy Parmelin, se encontrou com ambas as delegações em Genebra nesta sexta-feira (9) e comentou que o simples fato das conversas estarem acontecendo já era um sucesso. 

Se um plano de ação emergir e eles decidirem continuar as discussões, isso diminuirá a tensão.

Guy Parmelin

Segundo Parmelin, as conversas poderiam continuar ao longo do domingo e da segunda-feira. A Suíça ajudou a mediar o encontro em visitas recentes de políticos suíços à China e aos Estados Unidos.

Lifeng também agendou uma reunião com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala. Ela acolheu as conversas entre os dois países como “um passo positivo e construtivo para atenuação” das tensões comerciais entre as duas economias mais importantes do mundo. 

China e EUA se encontram em Genebra para negociar tarifas comerciais

O governo da China e dos Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (6) que terão uma reunião neste fim de semana em Genebra, na Suíça, para dar início às conversas de negociação sobre a guerra comercial entre os dois países. De acordo com a agência de notícias Reuters, o encontro deverá acontecer no sábado (10). 

Após as tarifas impostas pelo presidente norte-americano, os Estados Unidos anunciaram taxas de até 145% sobre os produtos importados da China. O governo chinês retaliou a ação com alíquotas de até 125% sobre os produtos importados dos EUA, em uma progressão de taxas sem previsão de recuo.

Representantes oficiais

De acordo com o governo dos EUA, o secretário do Tesouro do país, Scott Bessent, e o representante de Comércio, Jamieson Greer, vão para a Suíça nesta quinta-feira (8) para se encontrar com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, que irá para Genebra nesta sexta-feira (9). O Ministério do Comércio chinês confirmou o encontro. 

Lifeng é considerado o principal responsável pela economia chinesa e permanecerá na Suíça até a segunda-feira (12). 

No entanto, o governo chinês alerta que, se os Estados Unidos forem incoerentes, ao dizer uma coisa e fazer outra, ou seja, usarem as conversas como disfarce para continuar coagindo e chantageando, a China não se dobrará. 

Há um velhor ditado chinês: ‘Ouça o que se diz e observe o que se faz’.

Governo da China

Em comunicado oficial, o governo chinês decidiu retomar o diálogo com os Estados Unidos “com base na plena consideração das expectativas globais, dos interesses da China e dos apelos da indústria e dos consumidores dos EUA”.


Ambos os governos se abrem para dialogar sobre as tarifas comerciais (Reprodução/X/@GeopolPt)

Washington informou que Bessent e Greer também vão se reunir com a presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter para negociar ações comerciais recíprocas.

“Estou ansioso por conversas produtivas enquanto trabalhamos para reequilibrar o sistema econômico internacional, de forma a melhor atender aos interesses dos EUA”, comunicou Bessent. 

Greer também terá uma reunião com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em Genebra, junto com a missão do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês). 

“Por determinação do presidente Trump, estou negociando com países para reequilibrar nossas relações comerciais, alcançar reciprocidade, abrir novos mercados e proteger a segurança econômica e nacional dos EUA”, afirmou Greer. 

O representante americano disse estar ansioso para ter reuniões proveitosas e estar com sua equipe em Genebra, que tem trabalhado para promover os interesses dos Estados Unidos em questões multilaterais. 

Estados Unidos no prejuízo

Greer defende que Trump usou as medidas tarifárias para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos. Entretanto, até o momento, as medidas tiveram efeito contrário.

O Departamento de Comércio dos EUA informou nesta terça-feira (6) que o déficit americano teve recorde em março. A antecipação de importações por empresas americanas antes que as tarifas impostas fossem efetivadas contribuíram para o aumento do déficit.


O déficit comercial dos Estados Unidos aumentou 14%, atingindo um recorde de US$ 140,5 bilhões em março (Reprodução/YouTube/CNN Brasil Economia)

Dados comerciais mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) sofreu queda no primeiro trimestre de 2025. Este foi o primeiro declínio nos últimos três anos. 

A indústria farmacêutica, por exemplo, tentou evitar as tarifas de Trump, o que levou a um aumento recorde de importações de medicamentos. 

O déficit comercial norte-americano com a China caiu consideravelmente, pois as tarifas punitivas de Trump diminuíram as importações chinesas de maneira significativa. 

Conversas com outros países

O governo americano aumentou o número de reuniões com parceiros comerciais desde 2 de abril, quando o presidente Trump anunciou uma tarifa de 10% para a maioria dos países. 

As maiores tarifas entrarão em vigor no dia 9 de julho. Se acordos bilaterais não forem firmados, haverá tarifação de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, e 145% sobre produtos chineses. 

Em retaliação, o governo chinês aumentou para 125% a tarifa sobre produtos norte-americanos, apesar da oferta de algumas isenções. 

A União Europeia afirmou nesta terça-feira (6) que o bloco de 27 países apresentará contramedidas se não houver um acordo comercial com o governo americano.