Vladimir Putin afirma que guerra não teria eclodido sobre a presidência de Trump

Durante uma entrevista à televisão estatal russa, Vladimir Putin reproduziu o discurso de Donald Trump, alegando que a guerra não teria eclodido sob sua presidência. Na entrevista, realizada na última sexta-feira, Putin afirmou que estaria pronto para discutir o conflito com Trump.

Putin elogia Trump

Ainda durante a entrevista, Putin elogiou Trump, chamando-o de um “homem inteligente e pragmático”, que está focado nos interesses dos EUA, demonstrando simpatia pelo ex-presidente dos Estados Unidos.

“Eu não poderia discordar dele que se ele tivesse sido presidente, se eles não tivessem roubado sua vitória em 2020, a crise que surgiu na Ucrânia em 2022 poderia ter sido evitada”

Vladimir Putin durante entrevista à TV estatal russa

No decorrer da entrevista, Putin mencionou que, mesmo não podendo entrar em detalhes, o presidente americano “declarou sua disposição em trabalhar em conjunto”. O líder russo também afirmou que a Rússia estava pronta para iniciar as negociações.


— Foto: Tanque de Guerra durante o conflito na Ucrânia (Reprodução/AFP/ROMAN PILIPEY/Getty Images Embed)


Por outro lado, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky rejeitou qualquer discussão sobre “a Ucrânia sem a Ucrânia”, o que demonstra que, mesmo com o tom de que a guerra começa possivelmente a apontar para um fim, ambos os lados ainda têm uma longa negociação pela frente.


Trump, por outro lado, comentou na última quarta-feira, logo em seus primeiros dias de mandato, que pretende impor ainda mais sanções à Rússia, por meio de tarifas e impostos mais rigorosos, caso o país não concorde em encerrar o conflito.

O conflito entre ambos os países, que começou em 2014 e se intensificou com a invasão da Rússia à Ucrânia em 2022 no que é chamado pelo governo russo de “Operação Militar Especial na Ucrânia” vem, desde então, trazendo consequências globais. Com o conflito aparentando chegar a um momento decisivo, isso pode ajudar a acalmar as tensões que têm alimentado aquela parte da Europa.

Trump assume segundo mandato com agenda de mudanças e controvérsias

O segundo mandato de Trump na Casa Branca começa nesta segunda-feira, 20 de janeiro. A expectativa é que uma série de mudanças ocorram tanto na política externa quanto na política interna. Para compreender melhor o que deve mudar, é necessário analisar o panorama político com base nas promessas do presidente eleito.

Durante seu primeiro mandato na Casa Branca, Trump já adotava uma política externa que priorizava os interesses internos do país. Agora, em seu segundo mandato, o que ele chama de “America First” (tradução “Primeiro, os Estados Unidos”) deve impactar significativamente a condução de seu governo, com os imigrantes sendo um dos grupos particularmente afetados por essa política.

Imigração

Com a promessa de deportações em massa, Trump já vinha implementando uma política externa anti-imigração como uma de suas principais bandeiras desde o seu primeiro mandato. Agora, no início de sua segunda passagem pela Casa Branca, ele promete iniciar a “maior operação de deportação em massa da história americana”, algo que, segundo ele, deve ocorrer logo em seu primeiro dia de mandato.

Trump também declarou que pretende começar pelo que ele chama de “criminosos”. No entanto, não forneceu detalhes sobre outros requisitos ou sobre como essas deportações em massa serão realizadas.

Gerra na Ucrânia

A guerra no país europeu deve ser outro ponto importante no segundo mandato de Trump. Ele, que nunca teve uma relação necessariamente amistosa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, prometeu acabar com o conflito. No entanto, não forneceu detalhes sobre como faria isso.


 Trump, inclusive, sempre foi um crítico dos gastos dos Estados Unidos com a guerra e prometeu cortar a ajuda financeira à Ucrânia, algo que preocupou alguns aliados do país. Eles temem que o corte de financiamento possa levar a uma perda de poder da Ucrânia, que talvez tenha que fazer concessões à Rússia no conflito.

Otan

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sempre foi alvo de fortes críticas por parte de Trump. A aliança militar chegou a ser ameaçada por ele, que afirmou considerar retirar os Estados Unidos da organização caso os outros 35 países que a compõem não cumprissem o objetivo comum de gastar, no mínimo, 2% de seu PIB com defesa.
 No entanto, ainda antes de assumir a Casa Branca, Trump convocou os membros da organização a aumentarem seus gastos para 5% do PIB, mais que o dobro da meta atualmente vigente.

China

A China sempre foi um ponto delicado na política externa de Trump. Durante o seu primeiro mandato, houve uma guerra comercial travada com Pequim, e, em seu segundo mandato, ele sugeriu taxar em até 60% os produtos originários do país.


Politica externa com a China deve ser ponto delicado em segundo mandato de Trump (Foto: reprodução/Getty Images News/Win McNamee/Getty Images Embed)


Ainda no segundo mandato, ele deve manter uma política externa agressiva contra o país asiático. Outro ponto importante em relação à China é Taiwan: a ilha, considerada rebelde pela China, recebe apoio militar dos Estados Unidos. Trump já chegou a declarar que, caso a China invadisse a ilha, ele não precisaria recorrer à força militar. Ele afirmou que, se houvesse uma invasão, imporia tarifas de importação paralisantes sobre os produtos chineses.

Oriente Médio

Trump toma posse após o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns na Faixa de Gaza, negociado com apoio de Biden, Catar e Egito, no momento ambos reivindicam crédito pelo pacto, que busca o “fim permanente da guerra”.

Durante seu primeiro mandato, Trump adotou políticas pró Israel, incluindo o reconhecimento de Jerusalém como capital, retirada do acordo nuclear com o Irã e os Acordos de Abraão, que normalizaram relações entre Israel e países árabes, mas sem avanço na criação de um Estado palestino. Críticos acusam suas ações de desestabilizar a região. Trump promete ampliar os Acordos, incluindo um possível pacto com a Arábia Saudita, que já vinha sendo negociado antes do início da guerra.

Clima

Conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas, espera-se um retrocesso nas políticas ambientais sob a gestão de Trump, algo já observado durante seu primeiro mandato e que pode se repetir em sua segunda passagem pela Casa Branca.

Groenlândia e Canal do Panamá

O presidente eleito dos EUA causou controvérsia ao sugerir a compra da Groenlândia e o controle do Canal do Panamá, com ele não descartando o uso de força militar ou econômica para esses objetivos.

A Groenlândia, rica em minerais estratégicos, foi declarada “não à venda” pela Dinamarca e por seu primeiro-ministro, já em relação ao Canal do Panamá, Trump criticou as altas taxas de uso e acusou a China de influência na região. O Panamá reafirmou sua soberania, rejeitando negociações. Embora improvável, essas ações refletem a política de Trump de expandir a influência dos EUA com base em sua já citada visão de “América em Primeiro Lugar”.

Conflitos em Israel fazem bolsa fechar em alta

O aumento no valor do petróleo impulsionou uma alta na bolsa de valores de São Paulo, que fechou com um aumento de 0,94%, indo a 136.888 pontos. Outra que foi afetada positivamente pela alta foi a Petrobras, que, impulsionada pelo aumento do valor do petróleo, viu suas valorizações ocorrerem principalmente como consequência da escalada dos conflitos no Oriente Médio.

Conflitos no Oriente Médio fazem mudanças na economia

No domingo, Israel lançou um ataque “preventivo” ao sul do Líbano com o objetivo de frustrar uma ação do Hezbollah. O grupo islâmico libanês, por sua vez, respondeu com o lançamento de centenas de foguetes e drones em direção a Israel, justificando suas ações como uma retaliação pela morte de um de seus líderes em julho.


Conflito no Oriente Médio vem causando mudanças econômicas visíveis (Foto: reprodução/Moment/Anton Petrus/Getty Images Embed)


Este confronto ajudou a escalar as tensões na região e teve impacto direto nos mercados globais. Como resultado das hostilidades, o preço do petróleo atingiu seu pico máximo em uma semana, com o barril do tipo Brent encerrando o dia em alta.

Petrobras diretamente impactada

As ações da Petrobras foram diretamente impactadas pelas recentes movimentações no mercado financeiro, impulsionando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira. Com um peso significativo de 11,86% no índice, de acordo com a Economatica, os papéis da empresa desempenharam um papel crucial na alta do mercado.

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) fecharam o dia com uma alta expressiva de 8,96%, alcançando R$ 42,92. Já as ações preferenciais (PETR4) também registraram um forte ganho de 7,26%, sendo negociadas a R$ 39,57 no fechamento do pregão, conforme dados preliminares.

A tendência é que a continuidade da instabilidade no Oriente Médio continue a afetar a economia mundial, com suas consequências sendo bastante representadas pelo valor do petróleo, já que a região concentra os maiores produtores do mundo e sempre foi afetada por conflitos.