O segundo mandato de Trump na Casa Branca começa nesta segunda-feira, 20 de janeiro. A expectativa é que uma série de mudanças ocorram tanto na política externa quanto na política interna. Para compreender melhor o que deve mudar, é necessário analisar o panorama político com base nas promessas do presidente eleito.
Durante seu primeiro mandato na Casa Branca, Trump já adotava uma política externa que priorizava os interesses internos do país. Agora, em seu segundo mandato, o que ele chama de “America First” (tradução “Primeiro, os Estados Unidos”) deve impactar significativamente a condução de seu governo, com os imigrantes sendo um dos grupos particularmente afetados por essa política.
Imigração
Com a promessa de deportações em massa, Trump já vinha implementando uma política externa anti-imigração como uma de suas principais bandeiras desde o seu primeiro mandato. Agora, no início de sua segunda passagem pela Casa Branca, ele promete iniciar a “maior operação de deportação em massa da história americana”, algo que, segundo ele, deve ocorrer logo em seu primeiro dia de mandato.
Trump também declarou que pretende começar pelo que ele chama de “criminosos”. No entanto, não forneceu detalhes sobre outros requisitos ou sobre como essas deportações em massa serão realizadas.
Gerra na Ucrânia
A guerra no país europeu deve ser outro ponto importante no segundo mandato de Trump. Ele, que nunca teve uma relação necessariamente amistosa com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, prometeu acabar com o conflito. No entanto, não forneceu detalhes sobre como faria isso.
Trump, inclusive, sempre foi um crítico dos gastos dos Estados Unidos com a guerra e prometeu cortar a ajuda financeira à Ucrânia, algo que preocupou alguns aliados do país. Eles temem que o corte de financiamento possa levar a uma perda de poder da Ucrânia, que talvez tenha que fazer concessões à Rússia no conflito.
Otan
A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sempre foi alvo de fortes críticas por parte de Trump. A aliança militar chegou a ser ameaçada por ele, que afirmou considerar retirar os Estados Unidos da organização caso os outros 35 países que a compõem não cumprissem o objetivo comum de gastar, no mínimo, 2% de seu PIB com defesa.
No entanto, ainda antes de assumir a Casa Branca, Trump convocou os membros da organização a aumentarem seus gastos para 5% do PIB, mais que o dobro da meta atualmente vigente.
China
A China sempre foi um ponto delicado na política externa de Trump. Durante o seu primeiro mandato, houve uma guerra comercial travada com Pequim, e, em seu segundo mandato, ele sugeriu taxar em até 60% os produtos originários do país.
Politica externa com a China deve ser ponto delicado em segundo mandato de Trump (Foto: reprodução/Getty Images News/Win McNamee/Getty Images Embed)
Ainda no segundo mandato, ele deve manter uma política externa agressiva contra o país asiático. Outro ponto importante em relação à China é Taiwan: a ilha, considerada rebelde pela China, recebe apoio militar dos Estados Unidos. Trump já chegou a declarar que, caso a China invadisse a ilha, ele não precisaria recorrer à força militar. Ele afirmou que, se houvesse uma invasão, imporia tarifas de importação paralisantes sobre os produtos chineses.
Oriente Médio
Trump toma posse após o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns na Faixa de Gaza, negociado com apoio de Biden, Catar e Egito, no momento ambos reivindicam crédito pelo pacto, que busca o “fim permanente da guerra”.
Durante seu primeiro mandato, Trump adotou políticas pró Israel, incluindo o reconhecimento de Jerusalém como capital, retirada do acordo nuclear com o Irã e os Acordos de Abraão, que normalizaram relações entre Israel e países árabes, mas sem avanço na criação de um Estado palestino. Críticos acusam suas ações de desestabilizar a região. Trump promete ampliar os Acordos, incluindo um possível pacto com a Arábia Saudita, que já vinha sendo negociado antes do início da guerra.
Clima
Conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas, espera-se um retrocesso nas políticas ambientais sob a gestão de Trump, algo já observado durante seu primeiro mandato e que pode se repetir em sua segunda passagem pela Casa Branca.
Groenlândia e Canal do Panamá
O presidente eleito dos EUA causou controvérsia ao sugerir a compra da Groenlândia e o controle do Canal do Panamá, com ele não descartando o uso de força militar ou econômica para esses objetivos.
A Groenlândia, rica em minerais estratégicos, foi declarada “não à venda” pela Dinamarca e por seu primeiro-ministro, já em relação ao Canal do Panamá, Trump criticou as altas taxas de uso e acusou a China de influência na região. O Panamá reafirmou sua soberania, rejeitando negociações. Embora improvável, essas ações refletem a política de Trump de expandir a influência dos EUA com base em sua já citada visão de “América em Primeiro Lugar”.