Paulo Gonet diz que Bolsonaro sabia e concordou com plano para matar Lula

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciou na noite desta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma tentativa de golpe de Estado para reverter a derrota nas eleições de 2022 contra Luiz Inácio Lula da Silva. A acusação foi formalizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma denúncia de 272 páginas.

Segundo a PGR, Bolsonaro comandou “uma organização criminosa baseada num projeto autoritário de poder”. A denúncia detalha cronologicamente as etapas da suposta trama golpista e inclui 33 acusados, entre eles ministros do governo Bolsonaro e militares.

Na declaração enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Paulo Gonet, diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava ciente e concordou com a trama para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes.

Denúncia e investigações

Entre os denunciados está Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, que já foi preso por obstrução das investigações. Nunca antes um general de quatro estrelas havia sido detido no Brasil.

Bolsonaro já havia sido julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pela PGR por abuso de poder político, o que resultou na inelegibilidade do ex-presidente por seis anos.


Trecho de julgamento de Bolsonaro (Vídeo: Reprodução/Youtube/Jornal O Globo)

A Procuradoria aponta que o plano golpista começou a ser articulado em 2021, após a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que permitiu a candidatura em 2022. Mesmo após a vitória de Lula, aliados de Bolsonaro seguiram questionando a legitimidade do pleito e incentivando manifestações em frente a quartéis pedindo intervenção militar.

A denúncia também indica que Bolsonaro participou da formulação de minutas golpistas, documentos que foram apreendidos e usados como provas. Além disso, ele teria conhecimento do chamado “Plano Punhal Verde Amarelo”, que, segundo a PGR, visava assassinar Lula, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Defesa de Bolsonaro

A defesa de Bolsonaro manifestou pelas redes sociais “indignação e estarrecimento” com a denúncia da PGR, negando qualquer envolvimento do ex-presidente em uma tentativa de golpe. Em nota, o advogado afirmaram que Bolsonaro “nunca compactuou com qualquer ato contra a ordem democrática”.


Nota à Imprensa de defesa de Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/X/@paulocunhabueno)

Em áudios enviados a funcionários do governo, Ex-secretário Executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, Mauro Cid, comentou uma sobre uma conversa com o ex-presidente para o grupo agir até 31 de dezembro de 2022, mostrando que Bolsonaro teria conhecimento dos planos.

Defesa de Bolsonaro rebate denúncia da PGR por tentativa de golpe

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro contestou a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de liderar uma organização criminosa com o objetivo de executar um golpe de Estado em 2022. Os advogados classificaram as acusações como “narrativa fantasiosa” e afirmaram que Bolsonaro jamais apoiou a abolição da democracia no Brasil.

O Supremo Tribunal Federal (STF) avaliará a admissibilidade da denúncia nos próximos dias, decidindo se o ex-presidente será formalmente processado.


Ex- presidente se manifestou na noite desta terça feira (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNBRASIL)

Reação da defesa

Em resposta à denúncia da PGR, os advogados de Jair Bolsonaro emitiram uma nota oficial na qual refutam veementemente as acusações. Nesse sentido, argumentam que a denúncia é baseada em uma única delação premiada, cuja credibilidade é questionável devido às múltiplas alterações nos depoimentos do delator. A defesa destaca que Bolsonaro nunca endossou movimentos que visassem desestabilizar o Estado Democrático de Direito ou suas instituições.

Além disso, os defensores apontam inconsistências na denúncia, afirmando que ela atribui ao ex-presidente participação em planos contraditórios entre si. Eles enfatizam a ausência de provas concretas que vinculem Bolsonaro a qualquer tentativa de golpe e classificam a acusação como “inepta” e desprovida de fundamentos sólidos.

Próximos passos no STF

Dessa forma, a apresentação da denúncia pela PGR, cabe agora ao Supremo Tribunal Federal analisar sua admissibilidade. Por essa razão, o STF decidirá se aceita a denúncia, o que resultaria na abertura de um processo formal contra Jair Bolsonaro e outros envolvidos. Entre os acusados estão 33 indivíduos, incluindo ex-ministros e altos oficiais militares, como o ex-ministro Walter Braga Netto.

Caso a denúncia seja aceita, os réus responderão a uma ação penal, que incluirá coleta de provas, depoimentos de testemunhas e apresentação de defesa. Ao final do julgamento, o STF poderá condenar ou absolver os acusados. A defesa de Bolsonaro mantém confiança na Justiça e acredita que a denúncia não prevalecerá devido à sua “precariedade, incoerência e ausência de fatos verídicos”.

Contexto da denúncia

Além disso, a denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral Paulo Gonet, acusa Bolsonaro e outros 33 indivíduos de crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Segundo a acusação, o grupo teria planejado ações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, incluindo a disseminação de informações falsas sobre o sistema eleitoral e a busca de apoio das Forças Armadas para invalidar o resultado das eleições.

A investigação, para além disso, também aponta para a existência de um documento, conhecido como “minuta do golpe”, encontrado na residência do ex-ministro Anderson Torres, que detalharia planos para instaurar um estado de defesa e reverter o resultado eleitoral. Contudo, a defesa de Bolsonaro alega que tal documento não possui validade jurídica e que o ex-presidente não tinha conhecimento de seu conteúdo.


Sobre a minuta (Foto: reprodução/X/@beatrizprey)

Repercussão política

A denúncia contra Jair Bolsonaro gerou intensa repercussão no cenário político brasileiro. Aliados do ex-presidente classificam a acusação como uma perseguição política, enquanto opositores defendem a necessidade de apuração rigorosa dos fatos. Parlamentares de diferentes partidos manifestaram-se sobre o assunto, refletindo a polarização existente no país.

Analistas políticos apontam que o desfecho desse processo poderá influenciar significativamente o futuro político de Bolsonaro e o cenário eleitoral das próximas eleições. Enquanto isso, movimentos sociais e organizações da sociedade civil acompanham atentamente o desenrolar dos acontecimentos, ressaltando a importância da preservação das instituições democráticas e do respeito ao resultado das urnas.

Ação pela tentativa de golpe de estado pode ser movida ainda este mês

No final do ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu a versão final do relatório da Polícia Federal, que indiciava o ex-presidente Jair Bolsonaro e 36 de seus aliados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo a incitação da invasão ocorrida em 08 de janeiro de 2023.

Quando será apresentada a denúncia

A expectativa era que a denúncia fosse apresentada em fevereiro de 2025. Atualmente, aliados de Bolsonaro aguardam que a ação seja movida antes do recesso de Carnaval. O Supremo Tribunal Federal prevê que isso ocorra nos próximos dias para que o ex-presidente seja julgado até o final do ano, conforme o esperado inicialmente. Para viabilizar esse prazo, a Procuradoria-Geral da República precisa apresentar a denúncia já fatiada e contar com juízes auxiliares, segundo ministros da Corte.

Os grupos que cercam Jair Bolsonaro já consideram uma mobilização popular em caso de uma eventual prisão. O ex-presidente busca recuperar sua elegibilidade, o que encerraria a discussão sobre a escolha de um novo representante para a direita.


Praça dos três poderes (foto: reprodução/x/@g1)

Como o ex-presidente está se posicionando

Enquanto isso, os advogados de Bolsonaro aguardam a análise do material apreendido durante a prisão de Braga Netto. Caso a Procuradoria-Geral da República decida apresentar uma denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal, não será necessário aguardar ou seguir os desdobramentos da investigação da Polícia Federal.

O cenário jurídico segue tenso, com a possibilidade de novas revelações e movimentações políticas influenciando o processo. A condução do caso pelo STF pode impactar diretamente o futuro político de Bolsonaro e de seus aliados, tornando os próximos meses decisivos para o desdobramento das investigações e possíveis julgamentos. O clima entre apoiadores e opositores segue polarizado, com manifestações sendo planejadas de ambos os lados. Além disso, especialistas avaliam que o desenrolar do julgamento poderá estabelecer um novo precedente para casos semelhantes no Brasil, influenciando o sistema político e jurídico do país a longo prazo.

Ex-ministro Braga Netto é preso por suspeita de envolvimento em plano de golpe

Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro, foi preso nesta manhã de sábado (14). A ação aconteceu em Copacabana/RJ, sendo parte de um inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de após as eleições de 2022. Braga Netto, foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e é acusado de ter participação em atividades antidemocráticas.

Acusações e investigação

A investigação da Polícia Federal indica que Braga Netto teria coordenado ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais, conhecidos como “boinas pretas“. Netto é suspeito de fornecer recursos financeiros para operações clandestinas. Além disso, Netto teria tentado conseguir dados sigilosos sobre o acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. As investigações também revelam que Walter Braga Netto, buscava alinhar versões entre os investigados, na intenção de controlar as informações que eram fornecidas às autoridades. Uma das principais e mais graves acusações é a de que Braga Netto havia participado da coordenação de ações para tentar prender e executar Fernando Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal.


Jair Bolsonaro e Braga Netto são indiciados por tentativa de golpe (Foto: reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil/Instagram/@terrbrasil)

Prisão e desdobramentos

Após a prisão, Walter Braga Netto foi entregue ao Comando Militar do Leste e permanecerá sob custódio do exército. A defesa do ex-ministro ainda não se pronunciou em relação ao caso. Em novembro Braga Netto já havia sido indiciado e alegou que “nunca se tratou de golpe“, sua prisão ocorre em um momento que a Polícia Federal executa uma série de ações nas investigações relacionadas a uma tentativa de golpe de Estado. Até o momento as investigações resultaram em indiciamento de 37 pessoas suspeitas de estarão envolvidas em crimes como abolição violenta do Estado Democrático, golpe de Estado e organização criminosa.

Marinha nega ter deixado “tanques prontos” para o possível golpe

Em uma nota divulgada nesta quarta-feira (27), a Marinha nega ter colocado tanques militares em prontidão para o possível golpe de Estado.

O documento conta com acusações contra o comandante da Marinha Almir Garnier e sua participação no plano de golpe estruturado durante o governo de Jair Messias Bolsonaro em 2022.

Nota da Marinha

Em defesa, a Marinha do Brasil se pronunciou através de uma nota divulgada nesta quarta-feira, onde nega ter qualquer participação na trama golpista. Confira:

Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam ‘tanques na rua prontos para o golpe’, a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito”, diz a nota.

Entretanto os tanques não foram mencionados apenas na mídia como consta a nota, mas inicialmente no relatório divulgado pela Polícia Federal.

Além disso, a força armada afirma que o aparato militar “não foi e não será” utilizado para iniciativas como o golpe de Estado.

Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais”

A menção dos tanques no inquérito aparece em mensagens de um homem identificado como “Riva”. Outros prints da mesma conversa foram enviados pelo tenente-coronel Sergio Cavaliere ao tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Confira um trecho da mensagem:

“O Alte [Almirante] Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”, diz Riva.

Operação contra golpe

O documento divulgado faz parte da operação Contra Golpe que indiciou Jair Messias Bolsonaro e mais 36 pessoas, entre elas militares e outros aliados do ex-presidente.


Ex-presidente Bolsonaro e Almir Garnier, comandante da Marinha durante o seu governo (Foto: reprodução/Gazeta do Povo)

Tais declarações contidas no relatório e as figuras militares citadas no inquérito reforçam a ideia de participação militar na tentativa de golpe que visava uma ruptura institucional. A Marinha, no entanto, negou tais acusações. O documento segue em análise pela PGR.

Relatório da PF revela que ex-comandante da Marinha tinha “tanques pronto” para golpe 

No conteúdo investigado pela PF, percebeu-se que a Marinha estava pronta para usar seus tanques de guerra. O comandante do setor na época, o Almirante Almir Garnier Santos, teria aderido ao plano de golpe e está entre os 37 indiciados por planejar tais atos contra a democracia.

Na troca de mensagens reveladas no relatório da Polícia Federal, Almir Ganier Santos é citado por um contato nomeado como “Riva”, como um “Patriota”. O contato também expõe que a Marinha tinha “tanques no Arsenal prontos” para serem colocados nas ruas. O ex-comandante era visto como um aliado importante por pertencer a um dos pilares das Forças Nacionais.

Na sequência da troca de mensagem, o interlocutor afirma que Jair Bolsonaro, chamado de “01”, deveria ter tido ações mais decisivas com a Marinha, pois, o “Exército e a Aeronáutica iram atrás”.

O material, que teve o sigilo quebrado pelo Ministro Alexandre de Moraes, mostra que existiam articulações entre militares pertencentes às Forças Nacionais para a concretização de um Golpe de Estado.


Almirante Almir Garnier Santos e Jair Bolsonaro em 2022 (Foto: reprodução/ Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Rejeição dos comandantes

O relatório também indica que a rejeição dos comandantes do Exército e da Aeronáutica foi crucial para que o plano de golpe não saísse do papel. O general do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e o Tenente-Brigadeiro do Ar, Carlos de Almeida Baptista Junior, “não cederam às pressões golpistas”, segundo informa o documento.

No material, também é informado que para que o golpe ocorresse com sucesso, Jair Bolsonaro precisava do apoio das Forças Armadas, principalmente do Exército, visto como o “braço armado” do Estado. O ex-presidente tentou promover diversos encontros com comandantes militares, no entanto, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Junior recusaram-se a participar da trama.

Desfile

Em 2021, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, promoveu um “desfile” de blindados e outros veículos militares no Palácio do Planalto, com o objetivo de convidar Jair Bolsonaro para um exercício militar. O episódio acabou gerando um desconforto, por ocorrer no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados avaliaria a proposta do voto impresso.

 Ao ser questionado, Garnier afirmou que tudo não passou de uma coincidência de datas e que a Marinha era extremamente cumpridora da lei e da ordem.

Bolsonaro participou ativamente de plano de golpe de Estado, afirma Polícia Federal

Alexandre de Moraes, ministro do STF, retirou nesta terça-feira (26) o sigilo do relatório da investigação da Polícia Federal de crimes contra o Estado Democrático de Direito, que podem ter ligação com membros do governo Bolsonaro, incluindo o ex-presidente. De acordo com o relatório, Jair Messias Bolsonaro participou de forma ativa e tinha plena consciência dos planos. Os envolvidos pretendiam, com uso de força, abolir o Estado Democrático de Direito e manter o governo liderado por Bolsonaro no poder, inclusive com planos para assassinar o presidente e vice-presidente eleitos em 2022.

Participação de Bolsonaro

De acordo com o relatório da Polícia Federal, Bolsonaro estaria desde 2019 replicando informações, que buscavam criar desconfiança da população sobre o sistema de voto eletrônico, o que criaria uma atmosfera que poderia justificar uma potencial permanência no poder.


Relatório da PF aponta que Bolsonaro tentou criar instabilidade, com fake news sobre as urnas eletrônicas (Foto: reprodução/ X/ @baudorio)

Dando prosseguimento à execução do plano criminoso, o grupo iniciou a prática de atos clandestinos com o escopo de promover a abolição do Estado Democrático de Direito, dos quais Jair Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa”.

Polícia Federal

De acordo com a PF, Bolsonaro replicava as informações falsas, utilizando as redes sociais e outros recursos, como lives. Ele também tinha uma rede de comunicação, utilizando aplicativo de mensagens, como Telegram. Os fatos apontados pela PF indicam uma participação central de Jair Bolsonaro e indica uma gravidade maior para os crimes apontados.

Gravidade

Bolsonaro também foi apontado por procurar apoio ou pressionar a participação de outros agentes no plano. Ele teve acesso a minuta redigida pelos outros indiciados, que detalhava as etapas para que o golpe fosse executado. Bolsonaro chegou a procurar as Forças Armadas com objetivo de ganhar apoio para a o plano.

De acordo com o relatório, o plano golpista não recebeu completo apoio das lideranças das Forças Armadas, no entanto há indícios de que havia apoio de Almir Garnier, comandante da Marinha. Um dos contatos da investigação, chamado de “Riva”, indicou que havia tanques prontos para apoiar o ex-presidente, caso o golpe fosse executado.

Três processos contra bolsonaro podem ser associados pela PGR

Nesta quinta-feira (21) a Polícia Federal anunciou o indiciamento de 37 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Entre os indiciados está o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que de acordo com a investigação estaria ciente das movimentações com objetivo de manter o governo, apesar do resultado eleitoral. Bolsonaro também é investigado em três casos, que são: a venda das joias sauditas, a fraude nos cartões de vacina e a investigação pela tentativa de golpe de Estado.

As joias sauditas

Uma das investigações que relacionam o ex-presidente Jair Bolsonaro é a que envolve as joias sauditas que foram recebidas como presente do governo da Arábia Saudita, durante seu governo. Pelas regras, todo presente recebido por um presidente da República no exercício do cargo é considerado um patrimônio da União, porém as investigações apontam que Bolsonaro tentou adicionar as joias ao patrimônio pessoal.


Bolsonaro viajou para a Flórida nas vésperas da posse de Lula (Foto: reprodução/ X/ @rede_marco)

As joias teriam sido levadas para a Flórida, nos Estados Unidos, para serem negociadas e vendidas. De acordo com a Polícia Federal, os recursos da venda poderiam ser utilizados para manter financeiramente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos e protegê-lo de eventuais consequências de um golpe de Estado.

Fraude em cartão de vacina

Bolsonaro também é investigado por uma fraude no cartão de vacina. Como parte da comunicação do ex-presidente durante a pandemia de Covid-19, ele afirma que nunca tomou a vacina contra a doença, porém há um documento que afirma que Bolsonaro teria sido imunizado.


O tenente-coronel Mauro Cid é considerado uma ligação entre os três casos (Foto: reprodução/ X/ @g1)

De acordo com a Polícia Federal, o ajudante de ordens do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid teria ajudado a fabricar a documentação para Bolsonaro e outras pessoas próximas, permitindo que ele pudesse viajar para os Estados Unidos, caso o país exigisse a vacinação. Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro de 2022, dois dias antes da posse de Luís Inácio Lula da Silva. Para a PF, a viagem serviria para evitar que Bolsonaro fosse associado aos atos golpistas que ocorreram em Brasília em 8 de janeiro de 2023.

Próximos passos

Atualmente o procurador-geral da República, Paulo Gonet, está analisando os casos e há um entendimento na PGR que ele possa apresentar uma denúncia unindo os casos. Para os investigadores, os casos se associam por estarem ligados ao mesmo grupo de pessoas, o que sustenta as possibilidades de estarem ligados.

Após a denúncia, o caso será encaminhado ao STF e o tribunal será responsável, por decidir se os indiciados devem se transformar em réus, dando início a um julgamento formal.

Quem são os “kids pretos”, militares suspeitos de planejar “Golpe de Estado” e morte de Lula

“kids pretos” é o nome que os integrantes militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro são chamados informalmente. O apelido é justificado pelo gorro preto usado nas operações. São caracterizados por serem militares de elite, altamente treinados para atuarem em missões sigilosas e ambientes profundamente perigosos.

Segundo informações do exército, os “kids pretos” atuam desde 1957, e em 2023, contavam com aproximadamente 2,5 mil integrantes.

Conforme informações da jornalista Camila Bomfim, os militares integrantes dos “kids pretos” presos pela polícia federal, por suspeita de planejar um golpe de Estado, no final de 2022 e o assassinato de Geraldo Alckmin, Lula e Alexandre de Moraes, são: general Mário Fernandes; tenente-coronel Helio Ferreira Lima; major Rodrigo Bezerra Azevedo; e major Rafael Martins de Oliveira.

O agente da polícia federal Wladimir Matos Soares também foi preso nesta terça-feira (19).

Treinamento

Os militares pertencentes aos “kids pretos” passam por um processo seletivo para entrar nas Forças de Operações Especiais. Eles podem realizar seus fortes treinamentos em três localidades diferentes: Comando de Operações Especiais, em Goiânia; Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói, Rio de Janeiro; ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus.

Eles são treinados para atuarem em situações específicas, como uma guerra irregular ou casos de terrorismo. Também são habilitados para situações que envolvam operações de inteligência e planejamento de fugas.


Apresentação do Comando de Operações Especiais em 2019 (Foto: reprodução/ Agência Brasil)

Envolvimento com golpe

As investigações, reveladas nesta terça-feira (19), mostraram que os militares envolvidos no plano de executar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, em 2022, criaram um documento que descrevia tudo que deveria ser feito para o plano ocorrer com sucesso.

O arquivo nomeado de “FOX_2017.docx” esmiuçava o “Planejamento-Punho Verde e Amarelo”, que detalhava como deveria ser realizado o envenenamento de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, e quais seriam os próximos passos para “restaurar” a ordem.

Conheça Mário Fernandes, general suspeito de planejar golpe de Estado

Após a prisão de militares suspeitos de planejar golpe de Estado e o assassinato de Lula nesta terça-feira (19), o general Mário Fernandes é indicado como um dos militares “mais radicais” e o mentor intelectual de todo o projeto.

Ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello, Mário Fernandes, segundo a polícia, era a ligação entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e os acampantes golpistas que se instalaram em frente ao QG do Exército, em Brasília. Conforme as informações obtidas pela Polícia Federal, Fernandes concedia material financeiro e orientações aos extremistas.

A investigação da Polícia Federal mostra que Mário Fernandes, junto a outros militares, planejavam matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Os crimes aconteceriam entre novembro e dezembro de 2022, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.



Eduardo Pazuello

Eduardo Pazuello divulgou uma nota, quando a prisão do seu ex-assessor veio a público. O deputado afirmou que só tomou conhecimento da situação, através dos veículos de imprensa e disse acreditar nas instituições brasileiras. 

O deputado federal General Pazuello esclareceu que o General Mário Fernandes, mencionado na operação da Polícia Federal realizada na manhã desta terça-feira, trabalhou em seu gabinete como assessor de 28 de março de 2023 a 04 de março de 2024, quando foi identificado seu impedimento para exercer cargo público. Pazuello esclareceu ainda, que só tomou conhecimento da prisão do general Mário e dos demais oficiais por meio da imprensa na data de hoje. O deputado reafirma sua crença nas instituições do país e na idoneidade do General Mário Fernandes, na certeza de que logo tudo será esclarecido.

Carreira

Mário Fernandes começou sua carreira militar em 1983, na Academia das Agulhas Negras (AMAN) e em 2016, foi promovido a General de Brigada. Em 2018, Fernandes foi responsável pelo Comando de Operações Especiais, em Goiânia. 

Mário permaneceu no Comando de Operações Especiais até 2020, quando passou para a reserva do Exército e passou a assumir cargos políticos. Seu último cargo foi o “Cargo de Natureza Especial” no gabinete do deputado Eduardo Pazuello, sendo demitido em março deste ano, quando as investigações sobre sua participação do possível golpe iniciaram.