Gripe aviária: autoridades brasileiras apuram dois casos suspeitos em granjas comerciais

As autoridades sanitárias investigam dois novos casos suspeitos de gripe aviária, localizados nos estados de Tocantins e Santa Catarina. A apuração ocorre após a confirmação do primeiro foco da doença em uma granja comercial no país, registrado em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

Detalhes da investigação em Aguiarnópolis

Uma granja comercial localizada em Aguiarnópolis, no Tocantins, está entre os casos suspeitos de gripe aviária em análise. Segundo nota da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapec), os fiscais encontraram aves com sinais de doença durante uma inspeção realizada na manhã de sexta-feira (16/5) em um frigorífico de frango de corte da cidade. A investigação está sendo conduzida pelo Serviço Veterinário Oficial do Estado.

O abatedouro está sob supervisão do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), que classificou a apuração como uma medida de rotina, seguindo os protocolos sanitários estabelecidos. As autoridades devem divulgar o resultado da análise laboratorial nesta segunda-feira (19).

O Ministério da Agricultura incluiu o caso entre as investigações ativas.

Em nota a  Adapec informou que: “As amostras foram coletadas no mesmo dia e enviadas em 16 de maio ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) de Campinas (SP), unidade oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para análise específica de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves”.


Aviso do governo brasileiro sobre a gripe aviária (Foto: reprodução/X/@govbr)

Após a identificação dos sintomas clínicos nas aves, a propriedade foi interditada de forma imediata. A autorização sanitária do frigorífico foi suspensa, impedindo temporariamente a realização de abates e a venda de produtos até a conclusão das investigações.

Até o momento, as autoridades confirmaram apenas um único caso de influenza aviária altamente patogênica em criação comercial no Brasil. Esse registro ocorreu em Montenegro (RS).A investigação se refere a uma propriedade localizada em Ipumirim, no estado de Santa Catarina.

Além disso, o sistema do ministério, por sua vez, indicava quatro investigações em andamento, especificamente relacionadas a aves de subsistência. Um dos focos está em Triunfo (RS), município vizinho a Montenegro, e envolve galinhas criadas em ambiente doméstico.

Histórico da gripe aviária no Brasil

Os outros registros suspeitos em aves de subsistência estão nos municípios de Brasilândia (MT), Graciosa Cardoso (SE) e Salitre (CE). Se confirmarem os casos, as autoridades mantêm o status sanitário do país para fins de comércio internacional.

Até o momento, autoridades confirmaram um único caso de influenza aviária altamente patogênica em criação comercial no Brasil, registrado em Montenegro (RS). O Brasil também já contabilizou 164 focos da doença em aves silvestres e três em criações de subsistência.

China, Europa, Argentina e Uruguai bloqueiam importações de carne de aves do Brasil

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, informou nesta sexta-feira (16) que China, União Europeia, Argentina e Uruguai suspenderam por 60 dias todas as importações de carnes de aves do Brasil após a confirmação, nesta quinta-feira (15), do primeiro registro de gripe aviária em granja comercial no Brasil, em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

Imediatamente, o governo brasileiro notificou todos os importadores por meio de suas representações diplomáticas sobre a constatação da doença. 


Governo brasileiro cumpre protocolo pré-estabelecido pelos acordos comerciais com outros países (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

Rua disse que espera que haja em breve uma flexibilização dos embargos, à medida que o governo brasileiro evoluir com o plano de contenção do foco da contaminação. A equipe técnica responsável tem como base o desempenho positivo durante o caso da doença de Newcastle, em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, em julho de 2024. 

“Assim como ocorreu no caso da doença de Newcastle, o Brasil adotou todas as medidas preconizadas na Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e no Plano de Contingência brasileiro”, disse Luiz Rua ao Globo Rural. 

De acordo com o secretário, todos os países foram comunicados com transparência e celeridade e a publicação do relatório no site da OMSA esclarece eventuais dúvidas sobre o caso. 

O governo agora aguarda a reação dos parceiros comerciais na próxima semana. Luis Rua afirmou que “cada país fará sua avaliação. A tendência desses casos é ter uma forma mais rígida de encarar a situação, mas, conforme o Brasil aporte dados e mostre a contenção do caso, há tendência de flexibilização, como ocorreu com o caso de Newcastle”

China

O governo brasileiro enviou nexta sexta-feira (16) informações ao governo chinês garantindo que atenderia ao protocolo com a autossuspensão das exportações de aves de todo o país, da mesma forma como foi feito no episódio de Anta Gorda. 

Na ocasião, o governo da China reduziu o bloqueio e restringiu embarques apenas do Rio Grande do Sul, cerca de três semanas após o embargo nas importações. 

O procedimento normal é aguardar para ver se o governo chinês solicitará mais informações sobre o caso ou já flexibilizará a compra do produto brasileiro. 

Europa

A União Europeia solicitou ao governo federal brasileiro que cumprisse o protocolo nesses casos e não emitisse mais certificado sanitário internacional. O acordo entre o Brasil e os países europeus dita que todas as exportações tenham origem em áreas livres de gripe aviária. 

A partir do momento em que o governo brasileiro notificou a OMSA, o Brasil deixou de atender a esta exigência e perdeu seu status.


Comentarista Miguel Daoud analisa o impacto do caso sobre a ampliação do mercado de proteína brasileira no mundo (Vídeo: reprodução/YouTube/Canal Rural)

Rua explica que, no caso de Newcastle em 2024, o embargo era localizado, em um raio de 10 quilômetros do foco. A partir do caso da gripe aviária em Montenegro, o embargo se estende para todo o território nacional. 

América Latina

Argentina e Uruguai também emitiram comunicados para o Ministério da Agricultura  sobre o bloqueio às exportaçoes de todo o Brasil. Luis Rua reitera que “em algum momento, os vizinhos deverão flexibilizar isso. Com pouco tempo, visto as ações que tomamos, os países tendem a rever”

É possível que o México também restrinja as importações de todo o Brasil, mas ainda não houve nenhuma confirmação. 

Expectativa brasileira

Levando em consideração que a gripe aviária está presente em outros países, é possível que seja mais fácil negociar pela regionalização dos embargos. O território brasileiro é vasto e não há justificativa em bloquear produtores que não estão no Rio Grande do Sul. 

Rua acrescenta que “os países irão agir com racionalidade”. O Brasil foi o último país produtor do mundo a detectar a gripe aviária, por isso “a transparência e a agilidade na notificação dá aval de que o país consegue cumprir o prometido”, garantiu o secretário. 

De acordo com o entrevistado, há consenso científico de que a flexibilização é possível, pois não tem lógica que uma exportação de Goiás sofra pelo episodio no Rio Grande do Sul. por exemplo.  

Luis Rua é otimista e esclarece que não há embargo generalizado aos produtos avícolas do Rio Grande do Sul. Ele acredita que os primeiros dias serão complicados, mas tem certeza de que tudo se normalizará com a maioria dos países em pouco tempo. 

Governo suspende eventos com aves e endurece regras para criadores

O Ministério da Agricultura determinou a suspensão, em todo o Brasil, de eventos que envolvam a concentração de aves, como feiras, torneios e exposições. Além disso, criadores registrados não poderão manter aves soltas ao ar livre sem telas de proteção na parte superior dos piquetes.

A medida entrou em vigor imediatamente e terá duração inicial de 180 dias, podendo ser prorrogada caso necessário. O governo justifica a decisão como forma de reduzir o risco de entrada e disseminação da gripe aviária no país, já que surtos recentes foram identificados em países vizinhos da América do Sul.

Objetivo e impactos da medida

A restrição busca proteger a produção avícola nacional e reduzir os riscos de transmissão da doença, que pode afetar tanto a economia quanto a saúde animal. Criadores devem seguir as novas diretrizes para evitar penalidades, e qualquer flexibilização das regras só poderá ocorrer com autorização dos órgãos estaduais responsáveis pela vigilância sanitária.

A gripe aviária é causada por variações do vírus influenza, que normalmente circulam entre aves, mas podem afetar outras espécies. Em alguns casos raros, a doença pode ser transmitida a humanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2003 e o final de 2023, foram registrados 939 casos em pessoas, espalhados por 24 países, com 464 mortes.


De 2003 até 2023, 464 pessoas já morreram com o diagnóstico de gripe aviária (Foto: reprodução/Gaizka Iroz/Getty Images Embed)


Expansão do vírus e monitoramento

Desde 2022, a variante H5N1 tem avançado rapidamente entre aves selvagens e de criação. Além disso, já foi detectada em mamíferos como leões-marinhos na América do Sul, furões na Europa e, mais recentemente, em rebanhos de gado leiteiro nos Estados Unidos.

O vírus também tem alcançado áreas antes pouco afetadas, incluindo a Antártica. O governo seguirá monitorando a situação e poderá adotar novas medidas para evitar a propagação da doença no Brasil. A recomendação é que os criadores fiquem atentos às atualizações oficiais e sigam as orientações sanitárias para minimizar os riscos.

Vírus da gripe aviária passou por mutações no primeiro caso grave em humanos nos EUA

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos informaram, nesta quinta-feira (26), que a análise de amostras do primeiro caso grave de gripe aviária no país, ocorrido recentemente, revelou mutações não detectadas em amostras de aves infectadas em um rebanho no quintal da residência do paciente.

Mutações no vírus de gripe aviária

Os Estados Unidos confirmaram, na semana passada, o primeiro caso grave de gripe aviária no país, envolvendo um homem com mais de 65 anos e residente na Louisiana, que estava enfrentando sérios problemas respiratórios. O paciente foi infectado com o genótipo D1.1 do vírus, que recentemente foi identificado em aves selvagens e domésticas no território norte-americano.

Esse genótipo é diferente do B3.13, que já havia sido encontrado em vacas-leiteiras, humanos e algumas aves domésticas em várias regiões dos EUA. As mutações detectadas no paciente são raras, mas já foram observadas em infecções graves em outros países, incluindo um caso semelhante no Canadá.

O CDC informou que, até o momento, não houve registro de transmissão do vírus para outras pessoas a partir deste caso na Louisiana.

O que é e como se prevenir

A gripe aviária é uma infecção viral que afeta principalmente aves, mas em casos raros pode ser transmitida para seres humanos, geralmente por contato próximo com aves infectadas. O vírus H5N1, responsável por surtos em aves ao redor do mundo, tem gerado preocupação devido à possibilidade de mutações que o tornem mais transmissível entre humanos. Embora a maioria dos casos em humanos seja leve, infecções graves podem causar sérios problemas respiratórios e até a morte.


Vídeo sobre H5N1 (Vídeo: reprodução/Youtube/BBC News Brasil)

A gripe aviária em humanos pode variar desde sintomas leves até formas graves da doença. Os sintomas iniciais geralmente incluem febre, tosse, dor de garganta, dor muscular e fadiga, semelhantes aos de outras infecções respiratórias. Em casos mais severos, a doença pode evoluir para dificuldades respiratórias graves, como falta de ar e pneumonia, além de dor no peito e até insuficiência respiratória.

Para a população em geral, a principal recomendação é evitar o contato direto com aves doentes ou mortas, especialmente em áreas afetadas por surtos. Além disso, é fundamental lavar as mãos frequentemente e cozinhar bem os produtos avícolas antes do consumo.

OMS e Sinergium Biotech desenvolvem vacina de RNA mensageiro contra gripe aviária H5N1

Nesta segunda-feira, (29), a OMS revelou uma nova iniciativa para criar vacinas contra a gripe aviária em países com baixa renda, utilizando tecnologia de RNA mensageiro. O projeto é conduzido por uma farmacêutica argentina.

A doença H5N1 foi diagnosticada pela primeira vez em 1996. No entanto, desde 2020, os surtos em aves aumentaram exponencialmente, e o número de mamíferos infectados pelo vírus, incluindo bovinos, também cresceu significativamente nos Estados Unidos.


Vacina sendo aplicada (Foto: reprodução/instagram/sinergiumbiotech)

FAO preocupado com a doença

Na semana passada, a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou que a evolução da gripe aviária na região Ásia-Pacífico, marcada pelo aumento das transmissões para humanos e o surgimento de uma nova variante do vírus, pode se tornar “alarmante”.

Antes dos ensaios clínicos, a Sinergium Biotech precisará comprovar a viabilidade das vacinas candidatas, conforme a OMS. Após obter os dados pré-clínicos, a tecnologia, material e experiência serão compartilhados com produtores em outros países para acelerar o desenvolvimento das vacinas e melhorar a preparação para uma possível pandemia.

mRNA no combate à gripe aviária

O Programa de Transferência de Tecnologia, lançado em 2021 em resposta à crise da COVID-19, envolve 15 países e tem como objetivo fornecer a nações de baixa renda ou em desenvolvimento os recursos necessários para a produção de vacinas baseadas em mRNA. Esta tecnologia inovadora funciona através da introdução de instruções genéticas no organismo, que instruem as células a produzir proteínas do vírus. Isso permite que o sistema imunológico reconheça e neutralize o vírus de forma mais eficaz.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que a nova iniciativa focada na gripe aviária H5N1 exemplifica a importância do Programa de Transferência de Tecnologia de mRNA. Segundo ele, a iniciativa visa não apenas melhorar a capacidade de resposta a surtos de doenças, mas também fortalecer a infraestrutura de saúde global para enfrentar futuras pandemias, promovendo uma maior equidade no acesso às tecnologias de vacinas.

Texas confirma caso de gripe aviária em humano

Nessa segunda-feira (dia 1º), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos anunciou que um trabalhador de uma fazenda de laticínios, que estava em “contato direto com gado leiteiro”,  testou positivo para a cepa H5N1.

O americano infectado teria feito o teste na semana passada e recebido o diagnóstico no final da semana. Segundo informações do Washington Post, “o paciente está recebendo tratamento para a condição que, até agora, causou apenas inflamação nos olhos”. Ainda de acordo com o jornal, “embora essa infecção não altere a avaliação de risco para a saúde pública dos EUA, considerada baixa, o CDC enfatizou que pessoas expostas a aves ou animais infectados, ou a ambientes contaminados por eles, correm maior risco de infecção”.

O botão de alerta foi ligado devido à apreensão de uma nova epidemia, que já afetou milhões de aves e mamíferos marinhos e, recentemente, vacas nos Estados Unidos.

Origem da gripe

A gripe aviária foi detectada em espécies como gaivotas, corujas, patos, nos EUA desde 2022. É um vírus da gripe tipo A. Muitos mamíferos foram infectados, principalmente no oeste e centro-oeste dos Estados Unidos. Ursos, raposas, gambás e focas também foram contaminados. Os cientistas acreditam que a transmissão do vírus se deu pela interação desses animais com aves infectadas ou os mesmos poderiam tê-las comido.   


Fazendeiro americano manteve sua criação de peru em abrigo para evitar contágio da gripe em 2022 (Foto: reprodução/Nathan Howard/Getty Images embed)


Rebanhos leiteiros do Kansas, Michigan, Novo México e Idaho também foram atingidos pelo surto. As vacas infectadas tiveram sintomas leves, até o momento, reduzindo a produção de leite e apresentando perda de apetite. Nas aves, normalmente o vírus é fatal.

Insegurança no consumo de leite

Comercialmente, o consumo de laticínios processados é considerado seguro. Através do processo de pasteurização, patógenos são inativados, inclusive o vírus da gripe aviária. A dúvida seria se o vírus pode ser transmitido através de laticínios não pasteurizados ou crus.

Como sabemos, o vírus da gripe sofre constantes mutações, o que dificulta o controle. O CDC já está se preparando caso a avaliação de risco da saúde pública mude. A agência acrescentou que irá atualizar o status do evento, à medida que novas informações relevantes forem disponibilizadas. Os sintomas em humanos são variados. Em casos brandos, a doença se manifesta como uma gripe comum ou com inflamação nos olhos. Nos casos mais graves, os pacientes podem ter pneumonia.