Donald Trump apresenta plano de paz para encerrar guerra em Gaza 

O presidente Donald Trump se reuniu na segunda-feira (29) com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca e apresentou um plano para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. A proposta prevê a criação de um conselho internacional presidido pelo presidente dos EUA, anistia a integrantes do Hamas, caso eles aceitem entregar as armas, e a possibilidade da criação de um Estado palestino no futuro.

Enquanto Netanyahu diz aceitar a proposta, o presidente Trump afirma que o Hamas teria 72 horas para aceitar o acordo. Caso não aceitem, os EUA irão apoiar Israel para eliminar o Hamas de uma vez por todas.

Plano de paz para Faixa de Gaza

O plano presidido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, prevê a libertação de todos os reféns israelenses que estão sob o domínio do Hamas em até 72 horas após o governo israelense aceitar a proposta (em tese, o tempo já estaria correndo, porque o primeiro-ministro israelense havia aceitado o acordo).

Por outro lado, Israel libertaria mais de 1.900 prisioneiros palestinos e iria incluir os 250 que receberam a pena de prisão perpétua. E também, os líderes e integrantes do grupo terrorista Hamas que se renderem receberão anistia pelos crimes e poderão ir embora.

Além disso, o acordo prevê que a ajuda humanitária seria ampliada imediatamente, com entrada de alimentos, medicamentos e materiais para reconstrução. A distribuição seria comandada pela ONU, pelo Crescente Vermelho e por outras ONGs internacionais.


Vídeo: Presidente dos EUA Donald Trump fala sobre plano de paz para Faixa de Gaza (Reprodução/Youtube/CNNBrasil)

Além disso, o plano de Trump indica que Gaza será transformada em uma zona “desradicalizada”, ou seja, livre de grupos armados. O território passará por reconstrução com apoio de um comitê palestino tecnocrático e de especialistas internacionais, sem os líderes de grupos terroristas como o do Hamas. 

Esse conselho indicado pelos Estados Unidos atuará sob supervisão de um novo órgão internacional, o chamado Conselho da Paz, presidido pelo presidente Trump. O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair também deve integrar o conselho, segundo informações divulgadas. Ainda não está claro se Israel participará desse conselho. O Hamas terá túneis, locais de esconderijo e fábricas de armas destruídos, além de uma nova Força Internacional de Estabilização ser criada.

Outras propostas do plano

Ademais, o plano de paz deixa claro que Israel não anexaria o território da Faixa de Gaza. Além disso, as Forças de Defesa de Israel se retirariam gradualmente do local, entregando as áreas. E a Força Internacional cuidaria da segurança do local. A Força Internacional de Estabilização treinará e dará suporte às forças policiais palestinas em Gaza, em consulta com a Jordânia e Egito, que têm experiência próxima à área.


Foto: Faixa de Gaza destruída por conta da guerra (Reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


Em síntese, o plano de paz de Trump será executado mesmo com a rejeição do grupo terrorista Hamas. Então, caso o grupo terrorista rejeite o plano, ele irá começar em partes onde o grupo não tem mais poder. Esse plano indica que a Autoridade Palestina tomaria o poder definitivamente, o que consolidaria a criação do Estado Palestino ao final da transição de poderes na Faixa de Gaza. O grupo terrorista Hamas, que tem o Egito e Catar como intermediadores, comentou que não recebeu uma proposta formal ainda, mas que estariam dispostos a analisar positivamente a proposta.

Ministro de Israel acusa Lula de antissemitismo após saída da IHRA

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, utilizou a rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, para expressar sua opinião em português. Em sua publicação, ele acusou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de ser um “antissemita declarado e apoiador do Hamas”. Essa declaração foi feita em referência à decisão do Brasil de se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA) no final de julho.

A Postagem

Na última terça-feira (26), o ministro utilizou suas redes sociais para expressar suas críticas. A postagem, redigida em português, continha uma imagem gerada por inteligência artificial que retratava o presidente Lula como um fantoche, com Khamenei controlando-o por trás.

Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA — o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel — colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, afirmou o ministro em suas redes.

Essas provocações só servem para piorar as relações diplomáticas entre o Brasil e Israel, que andavam tensas desde o começo do conflito na Faixa de Gaza. A situação se complicou de vez no mês anterior, quando o Brasil abandonou a aliança e apoiou a ação que acusa Israel de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.


Postagem do Ministro de Israel ao presidente Lula (Foto: reprodução/X/@Israel_katz)


Contexto

No começo do mês, a StandWithUs, organização que apoia Israel, criticou as explicações do governo para deixar a IHRA, apresentadas pelo assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, o embaixador Celso Amorim. Eles afirmaram que a Aliança, criada nos anos 90 e que o Brasil integrou em 2021, visa lutar contra o antissemitismo e disseminar o conhecimento sobre o Holocausto globalmente. Em entrevista ao Roda Viva, o embaixador argumentou que a memória do Holocausto não deveria servir para justificar o “genocídio na Palestina”.

Lula também já criticou duramente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o que resultou em sua declaração como “persona non grata” em Israel. Diante da crise, o Brasil retirou seu embaixador do governo israelense, enviando-o para a Suíça em 2024, e até o momento não indicou um novo nome ao governo israelense.

Governo Lula rompe com aliança sobre o Holocausto e se alinha à ação contra Israel

No dia 18 deste mês, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por retirar o Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto), uma entidade voltada à preservação da memória das vítimas do Holocausto e à luta contra o antissemitismo no mundo. A medida foi acompanhada da entrada do Brasil no processo da África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), o que gerou diversas reações no cenário global.

A saída do Brasil

A informação da saída do governo brasileiro di IHRA foi divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores de Israel na quinta-feira (24) e confirmada pelo Itamaraty. Desta forma, a entrada do Brasil na IHRA ocorreu em 2021, durante o mandato do então presidente Jair Messias Bolsonaro. De acordo com fontes ligadas à diplomacia brasileira, a desfiliação foi justificada com o argumento de que a adesão anterior teria sido feita de forma precipitada, sem considerar adequadamente os compromissos jurídicos e financeiros que tal participação implicava.

Cinco dias após anunciar a saída da aliança, o governo brasileiro formalizou sua participação na ação feita pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que acusa o país de praticar genocídio contra a população palestina na Faixa de Gaza.


Conib se manifesta sobre decisões tomadas pelo governo brasileiro (Foto:reprodução|Instagram|@coniboficial)


Reações a decisão tomada pelo presidente Lula

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou duramente as recentes decisões do governo brasileiro, classificando-as como imprudentes e vergonhosas. Em comunicado oficial, o governo israelense afirmou:

Voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso” afirmou o governo israelense.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também manifestou repúdio à saída do Brasil da IHRA. Em nota publicada nesta segunda-feira (28), a entidade considerou a medida um grave retrocesso moral e diplomático, alertando que a decisão pode fragilizar os esforços nacionais e internacionais de combate ao antissemitismo.

Israel vai responder ao ataque do Irã, mas não há informações sobre a intensidade, diz embaixador 

Depois do ataque do Irã a Israel no último sábado (13), o governo israelense defende responder ao bombardeio. Até agora, não se sabe quando será o contra-ataque nem a intensidade da ofensiva, mas, segundo o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, a resposta certamente vai ocorrer.

Aval dos Estados Unidos

Em entrevista concedida à CNN, nesta segunda-feira (15), o embaixador Daniel Zonshine afirmou que qualquer resposta ou reação ao ataque do Irã irá considerar a opinião dos Estados Unidos. De acordo com o diplomata, o auxílio do governo norte-americano foi crucial para interceptar os mísseis iranianos que iam em direção a Israel. 

“A ajuda americana foi muito importante na interceptação do ataque iraniano, junto com outros aliados. Foi uma coisa, do ponto de vista militar e político, muito importante, porque conseguimos interceptar 99% dos mísseis e drones enviados contra Israel”

O Irã afirmou que o ataque a Israel foi realizado como punição a um bombardeio israelense na embaixada iraniana localizada em Damasco, na Síria, no dia 1° de abril de 2024. No bombardeio, um integrante da Guarda Revolucionária do Irã (divisão das forças armadas do país) morreu e mais outros 10 civis também perderam a vida.

O ministro das Relações Internacionais do Irã, Hossein Amiradbollahian, disse que o bombardeio lançado contra o território israelense foi em legítima defesa e que, agora, o assunto é entendido como encerrado pelas autoridades locais. No entanto, o governo iraniano afirmou que caso Israel realize um contra-ataque, o Irã pode disparar uma ofensiva ainda maior.


Israel sendo bombardeado por Irã (Reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)


Reação do governo brasileiro

O embaixador disse, em outra entrevista à CNN, que estava decepcionado com a reação do Estado brasileiro em relação ao ataque iraniano. Zonshine afirmou também que não é a primeira vez que o governo não tem um posicionamento alinhado com Israel. “Eu procurei, mas não achei nenhum tipo de condenação, infelizmente. Fiquei muito desapontado”, declarou o diplomata.

Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o Brasil solicitou uma “máxima contenção” de Israel e seguiu o posicionamento de outros países que também pediram para Israel evitar “escalar” o conflito com o Irã.