Nesta terça-feira (22), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teceu críticas às tarifas protecionistas impostas pelo governo dos Estados Unidos a países em todo o mundo. Lula relembrou que guerras históricas começaram a partir de conflitos comerciais.
Lula, que participava do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), estava ao lado do presidente chileno, Gabriel Boric, quando disse que “algumas guerras começaram exatamente por conta das divergências comerciais”.
O presidente brasileiro prosseguiu dizendo que achava muito estranho que “um país que simbolizou durante todo esse período desde a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) essa esteira da democracia, essa esteira do livre comércio tenha dado a guinada que deu nos últimos dias, propondo a maior política de taxação comercial que o mundo já tomou conhecimento”.
Lula criticou veementemente o tarifaço de Donald Trump e teme que o multilateralismo possa estar sendo jogado no lixo para que um protecionismo que nunca ajudou ninguém ocupe o lugar das parcerias comerciais.
Nosso crescimento se deve à possibilidade de relação comercial com todo mundo.
Presidente Lula
Vender e comprar é o que interessa
O chefe do Executivo declarou que uma “guerra fria” não interessa nem ao Brasil e nem ao Chile. O Brasil não quer negociar só com os Estados Unidos ou só com a China, mas com ambos. A preferência na escolha de países com quem negociar deve ficar a critério dos empresários brasileiros.
Não importa quem fará o Produto Interno Bruto (PIB) crescer, seja serviço, comércio, agricultura ou indústria, o importante é que o país cresça e se desenvolva economicamente. O foco deve estar em garantir a estabilidade econômica no país em um mundo “politicamente adverso”.
O objetivo de Lula é privilegiar os interesses soberanos do povo brasileiro e não de outros países. O povo quer viver e produzir bem, assim como ter acesso à ciência, tecnologia e coisas sofisticadas.
Parceria Brasil-Chile
Assim como o Brasil, o Chile quer manter uma relação comercial com todos os países que respeitem os interesses da soberania chilena.
Gabriel Boric acompanhou Lula em sua crítica e disse crer que “o comércio é para gerar riqueza e repartir essa riqueza. Quando se opta pelo protecionismo e se quebram cadeias de valor importantes, os prejudicados não são as elites políticas, são as famílias, os empregos, os pequenos produtores”.
Durante o encontro, os governos brasileiro e chileno assinaram acordos de promoção comercial e de apoio a micro e pequenas empresas, de cooperação contra o crime organizado, de incentivo à produção audiovisual, de parceria em ciência e tecnologia e trataram de investimentos em mineração e energias renováveis. O Brasil é o principal destino de investimentos do Chile e o principal investidor da América Latina no Chile.
Bloco Latino-americano
Lula lamentou que a América do Sul não tenha ainda um bloco econômico e comercial como o da União Europeia, como a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), e defendeu a integração da América Latina na busca de seguridade. Ele vê que o Brasil tem por obrigação flexibilizar suas relações comerciais para que isso venha a acontecer.
O presidente brasileiro defendeu que a política de comércio exterior de uma nação precisa ser independente de quem quer que seja o presidente da República. Os países precisam dos recursos uns dos outros para crescerem e desenvolverem suas economias.
Em outros tempos, esperava-se que os Estados Unidos e a Europa, e posteriormente a China, favorecessem esse enriquecimento. Entretanto, o foco para a riqueza dos países precisa permanecer aqui mesmo.
Lula argumentou que este é um momento extraordinário, uma oportunidade que precisa ser aproveitada para fazer comércio sem medo e preocupação, com coragem e inteligência.
