ONS defende retorno do horário de verão com promessa de economia bilionária

A ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgou nesta segunda-feira (23) um estudo apresentado ao governo federal que reforça a importância do retorno do horário de verão, ainda de acordo com o órgão, a medida pode gerar uma economia de até R$ 1,8 bilhão ao ano, principalmente pela redução no uso de usinas termelétricas, que têm custos elevados, que são repassados principalmente ao consumidor.

Economia pode achegar a cerca de 2 GW

O estudo ainda detalha que a mudança nos relógios diminuiria o consumo de energia em horários de pico, poupando cerca de 2 GW (gigawatts). Com a menor necessidade de ativação das termelétricas, a economia no custo da energia seria significativa. A energia termelétrica no Brasil, por ser mais cara e utilizada em momentos de alta demanda, tem impacto direto nas contas públicas e no bolso do consumidor.


Embed from Getty Images

Usinas termoelétricas tem custos elevados e são usadas principalmente durante picos de uso (foto:reprodução/E+/rparobe/Getty Images Embed)


Além da economia financeira, a ONS também acredita que a reintrodução do horário de verão traria benefícios para a gestão do sistema elétrico, aliviando a pressão em momentos críticos de consumo. O estudo ainda será avaliado pelo governo, que decidirá se retoma ou não a medida, isso deve ocorrer nos próximos meses.

O horário de verão foi abolido em 2019 sob o argumento de que não gerava mais economia relevante. No entanto, com os preços elevados da energia e o aumento da demanda, o ONS argumenta que o cenário atual justifica o retorno da prática. O governo entretanto ainda não se manifestou oficialmente sobre a proposta.

Decisão deve ser tomada até o fim do ano

A expectativa é que uma decisão seja tomada antes do fim do ano, levando em conta o impacto da medida tanto para o sistema elétrico quanto para a população, e caso o sinal do governos seja positivo a medida entra em vigor no próximo ano.

Horário de verão pode voltar para reduzir consumo de energia no Brasil

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou o retorno do horário de verão ainda este ano para reduzir o consumo de energia no horário de pico, em meio à maior crise hídrica dos últimos 94 anos. A medida, que visa aliviar a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas, agora depende da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Retorno do horário de verão como solução energética

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) sugeriu o retorno do horário de verão para ajudar a conter o consumo de energia em 2023, que está em patamares recordes. A medida, interrompida em 2019, voltaria em meio à maior crise hídrica do Brasil em quase um século, com o objetivo de reduzir o consumo durante o horário de pico (entre 17h e 20h) e aliviar a pressão sobre os reservatórios das hidrelétricas.

O analista de Clima e Meio Ambiente da CNN, Pedro Côrtes, destacou que o consumo de energia em agosto de 2023 foi superior ao dos últimos anos, ultrapassando até os níveis da crise hídrica de 2020-2021. Ele explicou como o adiantamento do relógio em uma hora atrasa o uso de iluminação artificial, diminuindo a demanda no horário de maior consumo, o que também reduz a necessidade de acionar usinas termelétricas, responsáveis por gerar energia mais cara.


Comitê do setor elétrico quer reduzir a crise energética (Foto: reprodução/Nitat Termmee/Getty Images Embed


Desafios para a implementação

Caso aprovada, a volta do horário de verão poderia ocorrer nos próximos 30 a 60 dias, mas enfrenta desafios. Segundo Côrtes, o calendário eleitoral pode atrapalhar a adoção da medida antes do segundo turno das eleições municipais, em outubro. Além disso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pediu cautela, indicando que pretende avaliar os impactos da decisão para os próximos anos.

O retorno definitivo da medida está agora nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidirá se o horário de verão será reinstaurado. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também sugeriu que a implementação seja feita apenas após as eleições, para evitar confusões nos horários de votação.

Possível volta do horário de verão traz à tona uma discussão sobre seus prós e contras

Nesta quarta-feira(11), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o governo está considerando reintroduzir o horário de verão como uma estratégia para reduzir os efeitos da atual crise hídrica no setor elétrico do país. A discussão está sendo realizada neste momento em razão da seca que atinge o país e da possibilidade de utilizar esse mecanismo para promover a economia de energia.

Alexandre Silveira argumenta que essa alteração pode ser benéfica para o sistema durante um “período realmente crítico” na geração de energia, exacerbado pela seca, que se combina com o calor intenso e o aumento do consumo durante os horários de pico, que atualmente ocorrem no início da tarde.

Prós e contras

Pesquisas realizadas alguns anos atrás evidenciaram que o horário de verão, ao invés de promover economias de energia, na verdade resultava em um aumento no consumo energético. Essa situação se deve a mudanças nos hábitos dos consumidores, que passaram a utilizar mais eletricidade em horários distintos.

Apesar de existirem várias considerações técnicas a serem levadas em conta, a decisão final sobre a implementação ou não da medida será de natureza política, sendo discutida em conjunto com o Palácio do Planalto. Isso acontece, pois há incertezas sobre os reais benefícios que essa estratégia traria para o setor energético.

No governo, há a percepção de que, se a situação se deteriorar, todos os recursos devem ser considerados, evitando críticas ao ministério por falta de ações diante da crise. Além disso, a reabertura da discussão sobre o horário de verão é impulsionada por um pedido recorrente do setor de turismo, bares e restaurantes, que enxergam nessa medida uma oportunidade de aumentar o consumo em seus negócios.


Saiba quem criou o horário de verão (Reprodução/g1/Foto: José Raphael Berrêdo)

Como surgiu o horário de verão

O horário de verão foi inicialmente sugerido por Benjamin Franklin em 1784 para economizar velas, mas sua implementação prática começou em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial, quando países europeus adotaram a medida para economizar combustível e energia. Nos EUA, foi introduzido durante a guerra, suspenso após o conflito, e reintroduzido na Segunda Guerra Mundial. Em 1966, o Uniform Time Act estabeleceu um padrão nacional, permitindo que os estados optassem por adotá-lo.

No Brasil, a prática começou em 1931 com o objetivo de economizar energia, passando por diversas alterações ao longo dos anos, dependendo das condições econômicas e climáticas. O principal objetivo do horário de verão é promover a eficiência energética e aproveitar melhor a luz do dia.