Ronaldinho Gaúcho é um dos principais incentivadores da Seleção Indígena de Futebol

O ex-astro do futebol Ronaldinho Gaúcho se tornou um dos principais apoiadores da Seleção Indígena de Futebol do Brasil e das Américas (Sifba), equipe oficialmente reconhecida pelo Ministério dos Povos Indígenas, antiga Funai. O projeto busca unir esporte e valorização cultural, promovendo a história, a identidade e a representatividade dos povos originários dentro e fora do país. Com o apoio de Ronaldinho, a instituição fortalece seu plano de levar a cultura indígena para outros países.

Tradição e talento

A Sifba foi criada, principalmente, com o intuito de divulgar a riqueza cultural indígena e reforçar a conexão histórica entre os povos originários e o futebol. Segundo Mateus Terena, presidente da seleção, o esporte faz parte da vida das comunidades indígenas há séculos, e algumas correntes defendem que ele foi criado por esses povos antes da popularização inglesa.


Apresentação dos novos uniformes da Seleção (Foto: reprodução/Instagram/@sifbaesportes)

O dirigente, que é um dos pioneiros na promoção do futebol indígena no país, ainda destaca que há talento nato entre os jogadores indígenas, exemplificado por grandes nomes da história do futebol brasileiro, como Garrincha, da etnia Fulni-ô. Ele ressalta que reconhecer essas origens é fundamental para valorizar a contribuição indígena no esporte.

Rumo à Copa

Além de Ronaldinho, outra figura que declarou apoio à instituição foi o DJ Alok. O artista gravou a música tema da seleção. Com o título de “Canto do Vento”, a canção foi feita em parceria com o grupo Kariri Xocó. A faixa, presente no álbum “O Futuro é Ancestral”, se apresenta como um reconhecimento da força, da ancestralidade e da contribuição histórica dos povos originários. Alok e o grupo buscam trazer uma batida sagrada, que atravessa gerações e, agora, chega aos gramados, reforçando o futebol como forma de expressão cultural.

O projeto planeja amistosos no Brasil e no exterior, ampliando a presença e a mensagem cultural da Sifba. O grande objetivo é a Copa Indoamérica, marcada para 2026 no Brasil, com oito seleções participantes divididas entre as regiões Sudeste e Norte. Esta seria a primeira competição oficial da equipe. Até lá, a seleção seguirá fortalecendo sua identidade e preparando jovens talentos para levar a cultura indígena para o mundo.

Day Molina estreia em Paris com coleção que homenageia Chico Mendes e exalta a floresta

Na última segunda-feira (29), a estilista e ativista Day Molina, descendente dos povos Aymara e Fulni-ô, fez sua aguardada estreia em Paris, com sua marca Nalimo. A apresentação integrou a agenda do Runway Vision, plataforma que faz parte do calendário independente da Paris Fashion Week (PFW) e que se dedica a dar visibilidade a vozes emergentes, diversas e comprometidas com novas narrativas da moda.

Uma passarela em defesa da floresta

A coleção foi construída como uma homenagem a Chico Mendes, líder seringueiro e ambientalista assassinado em 1988, cuja luta permanece símbolo de resistência na Amazônia. Em cada look, Molina traduziu a força da floresta em matérias-primas sustentáveis e volumetrias impactantes, sem abrir mão do refinamento estético. A estética mistura espiritualidade, resistência política e sofisticação internacional, reafirmando que a moda indígena brasileira é também uma voz global.

Couro certificado de pirarucu e tilápia, látex da seringueira, folhas de vitória-régia e pigmentos vegetais foram aplicados em peças que unem tradição artesanal e design contemporâneo. Silhuetas amplas, bordados manuais e a manipulação cuidadosa das fibras reafirmaram o compromisso da estilista com a valorização do trabalho comunitário e com uma moda que respeita o território.


Roupa usada no desfile da marca Nalimo (Foto: reprodução/Instagram/@molina.ela)


Representatividade na Paris Fashion Week

A presença de Day Molina na PFW é histórica. A estilista, que também atua como ativista pela representatividade indígena, reforça em seu trabalho a ideia de que a moda pode ser uma plataforma de afirmação identitária e de denúncia socioambiental.

No casting, modelos indígenas desfilaram com pinturas corporais inspiradas em tradições ancestrais, ampliando a potência do discurso apresentado na passarela. O desfile foi recebido com entusiasmo pelo público internacional, que reconheceu na coleção não apenas inovação estética, mas também relevância política.

Em entrevista para a Glamour Brasil, Day falou: “Queria falar de justiça climática, sobre aqueles que têm suas vidas ceifadas, suas vozes silenciadas. A Nalimo cumpriu um lindo papel trazendo beleza, mas também a voz de ativismo da natureza e das pessoas que a protegem”.


Roupa usada no desfile da marca Nalimo (Foto: reprodução/Instagram/@molina.ela)


Um novo capítulo para a moda brasileira

A estreia da Nalimo em Paris acontece em um momento em que o mercado global discute sustentabilidade, diversidade e inclusão com cada vez mais força. A coleção se coloca como um manifesto: é possível fazer alta moda com responsabilidade, ética e identidade.

Mais do que roupas, Molina apresentou uma narrativa: a de que o Brasil indígena e amazônico tem lugar central no futuro da moda. Ao homenagear Chico Mendes, ela atualiza sua luta e lembra que a moda pode ser também ferramenta de resistência.