Justiça autoriza quebra de sigilo de perfis que acusaram Felca no caso de adultização

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo dos nomes das pessoas que acusaram o influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, de pedofilia. A acusação ocorreu após vídeo em que ele denunciava a adultização de crianças e adolescentes na internet.

Segundo a Justiça, o influenciador demonstrava como o algoritmo dos aplicativos funciona e o modus operandi de pedófilos, para alertar pais sobre os riscos de expor filhos nas redes sociais. No mesmo vídeo, Felca anunciou que abriria processos contra mais de 200 perfis que o difamaram, mas propôs um acordo: caso os responsáveis doassem R$250 para instituições de proteção de crianças e adolescentes, os processos seriam retirados.

A repercussão do caso de adultização

​A repercussão do caso abriu uma discussão sobre a exploração da imagem de menores e a sexualização de crianças e adolescentes na internet. Em seu vídeo, o youtuber Felca explica casos de crianças que ensinam sobre investimentos até os mais extremos e pesados, como um reality com adolescentes em uma casa, com festas e namoro inadequado. O maior alvo de Felca foi o também influenciador digital Hytalo Santos e sua pupila, a menor Kamylinha

​A influenciadora, que está presente nos vídeos de Hytalo desde os 12 anos, é explorada de uma forma sexualizada, o que para muitos se enquadra no contexto de pedofilia, além de realizar shows em ambientes inadequados para um menor. O vídeo faz um alerta sobre o uso das redes e o intuito, por vezes indefeso, dos pais que mostram seus filhos em uma terra de ninguém que é a internet. Segundo Felca, o vídeo começa com exemplos mais leves de adultização e avança para os mais pesados, que ele considera como pedofilia.


Vídeo sobre a adultização entre crianças e adolescentes nas redes sociais (Vídeo: reprodução/ YouTube/ Felca)

O pronunciamento de Hytalo Santos

Em nota enviada à CNN na manhã desta quinta-feira (14), o influenciador digital declarou que sempre agiu de acordo com a lei e negou qualquer tipo de exploração de crianças e adolescentes.
A defesa de Hytalo Santos afirma estar à disposição da Justiça para colaborar e informa que o influenciador não tinha conhecimento sobre o mandado de busca e apreensão em uma de suas residências.

A Justiça da Paraíba determinou a suspensão de suas redes sociais, a desmonetização de seus conteúdos e proibiu qualquer contato com os menores citados na investigação em andamento. Desde 2024, o influenciador vem sendo alvo de investigações pelo crime de exploração de menores em seus conteúdos para a internet.

A Justiça da Paraíba determinou a suspensão de suas redes sociais, a desmonetização de seus conteúdos e proibiu qualquer contato com os menores citados na investigação em andamento. Desde 2024, o influenciador vem sendo alvo de investigações pelo crime de exploração de menores em seus conteúdos para a internet.

MP pede que influenciador Hytalo Santos perca acesso às redes

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) entrou, nesta terça-feira (12), com uma ação civil pública na Justiça solicitando que o influenciador Hytalo Santos, de 28 anos, perca o acesso às redes sociais, seja proibido de ter contato com menores de idade citados nas investigações e tenha a monetização de seus conteúdos suspensa. A medida é motivada por denúncias de exposição sexual e adultização de adolescentes em vídeos publicados por ele desde 2020.

A promotora Ana Maria França, responsável pela ação em Bayeux, também requer que todo o material já disponível seja desmonetizado, impedindo que gere retorno financeiro ao influenciador. Outro inquérito, conduzido pelo promotor João Arlindo, em João Pessoa, apura as mesmas acusações e deve ter relatório finalizado na próxima semana.

Investigações apontam favorecimentos e emancipações

Segundo o MP, cerca de 17 adolescentes participaram dos vídeos gravados por Hytalo Santos. Grande parte deles era emancipada, o que permitia a presença em conteúdos com teor sexual e de “namoro”. Depoimentos indicam que famílias teriam recebido celulares, pagamento de aluguel e mensalidades escolares em troca da liberação dos jovens para gravações, embora a relação direta entre os “presentes” e as emancipações, ainda esteja sob apuração.


Hytalo Santos se pronuncia sobre denúncia do Felca (Vídeo: reprodução/Instagram/@hytalo_santous_)


A denúncia ganhou repercussão nacional após o youtuber Felca publicar um vídeo denunciando a exploração de menores, com destaque para Kamylinha Santos, de 17 anos, que começou a gravar com Hytalo aos 12 e foi adotada por ele. O influenciador nega as acusações.

Empresa de rifas e sorteios também é alvo

Paralelamente, o MPPB, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Civil solicitaram à Loteria do Estado da Paraíba (Lotep) a suspensão da empresa de rifas de Hytalo. A acusação é de uso irregular da imagem de adolescentes para fins promocionais, exploração de trabalho infantil e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Até ser suspensa, a conta do influenciador no Instagram tinha mais de 17 milhões de seguidores. A defesa de Hytalo não respondeu aos contatos da reportagem até a última atualização.