Ministra Marina Silva denuncia machismo e racismo após ataque no Senado

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, detalhou os motivos que a levaram a se retirar de uma audiência no Senado Federal na última semana. Durante a sessão da Comissão de Infraestrutura, a ministra foi alvo de declarações consideradas ofensivas pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). Segundo Marina, sua permanência no espaço seria “incompatível com o respeito institucional”. O episódio provocou forte reação entre parlamentares e representantes do Executivo.

Constrangimento em ambiente institucional

Durante o embate, Marina relatou ter concedido ao senador a chance de se retratar. “Dei a oportunidade do senador se desculpar. E eu pedi pra ele, se o senhor me pedir desculpa eu permaneço. Se não pedir desculpa, eu me retiro.” Diante da negativa de Plínio Valério, a ministra optou por deixar o plenário. A atitude foi interpretada por membros do governo como uma resposta firme diante de um comportamento misógino e desrespeitoso.

Durante evento na Universidade de Brasília (UnB), Marina contextualizou sua decisão e fez duras críticas ao que chamou de “misoginia institucionalizada”. “Porque se eu permanecesse, eu estaria sendo cúmplice com o ultraje que ele estava fazendo, com uma visão misógina, com o machismo, racismo, que deve ser repudiado por todas nós”, afirmou. O discurso foi recebido com aplausos e destacou a importância de espaços públicos livres de discriminação.

O momento mais tenso ocorreu quando o senador declarou que “a mulher merece respeito, a ministra, não”. Marina, com o microfone desligado, respondeu: “Eu sou as duas coisas. O senhor está falando com as duas coisas.” A declaração viralizou nas redes sociais e gerou repercussão em diversos setores da sociedade civil. A fala do senador foi amplamente criticada por organizações que atuam pela equidade de gênero e representatividade política.


Marina Silva no Senado (Foto: reprodução/Instagram/@marinasilvaoficial)


Solidariedade institucional e defesa da ministra

Após o ocorrido, integrantes do governo federal se manifestaram em solidariedade a Marina Silva. A ministra, que falava sobre a proposta de criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, classificou o episódio como uma agressão institucional. O caso reacende o debate sobre os limites do discurso político e a urgência em combater práticas discriminatórias nos espaços de poder, sobretudo contra mulheres negras em posição de liderança.

O episódio entre Marina e o senador Plínio Valério se insere em um contexto de crescente polarização dentro do Congresso. A presença da ministra tem sido recorrente em pautas ambientais e de desenvolvimento sustentável, frequentemente enfrentando resistência por parte de setores mais conservadores. A reação ao ataque sofrido por Marina Silva reforça a necessidade de um ambiente parlamentar mais respeitoso e plural, capaz de sustentar o debate democrático com civilidade.

O incidente gerou repercussão além das fronteiras institucionais, com manifestações de apoio vindas de universidades, movimentos sociais e personalidades da política. O caso evidencia o desafio ainda enfrentado por mulheres, especialmente negras, em cargos de liderança no Brasil. Marina, que acumula décadas de trajetória na política ambiental, reafirmou seu compromisso com o respeito e a dignidade, afirmando que seguirá em frente e não se calará ante a intolerância.

Governo federal libera crédito de R$ 1,8 bilhão para o Rio Grande do Sul

O governo federal anunciou a liberação de um novo crédito extraordinário no valor de R$ 1,8 bilhão destinado a diversas ações no estado do Rio Grande do Sul. A medida provisória (MP) que oficializa o crédito foi publicada na noite de quinta-feira (23) em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Como os recursos serão distribuídos

Com a publicação, a MP passa a ter força de lei imediatamente, permitindo a liberação e utilização dos recursos. No entanto, o Congresso Nacional tem um prazo de até 120 dias para aprovar a medida. Caso contrário, qualquer saldo remanescente perderá validade.

  • Retomada de atividades das universidades e institutos federais: R$ 22.626.909;
  • Fortalecimento da assistência jurídica integral e gratuita: R$ 13.831.693;
  • Suporte aos serviços de emergência e conectividade: R$ 27.861.384;
  • Fiscalização e emergência ambiental: R$ 26.000.000;
  • Aquisição de equipamentos para Conselhos Tutelares: R$ 1.000.000;
  • Defesa Civil: R$ 269.710.000;
  • Auxílio reconstrução: R$ 1.226.115.000;
  • Ações integradas das Polícias Federal, Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública: R$ 51.260.970;
  • Fundo de Participação dos Municípios (FPM): R$ 189.856.138.

Ministérios comtemplados

Os recursos contemplam vários ministérios, incluindo Educação, Justiça e Segurança Pública, Comunicações, Meio Ambiente, Integração e Desenvolvimento Regional, Direitos Humanos e da Cidadania, além da Defensoria Pública da União. A supervisão da transferência do FPM será realizada pelo Ministério da Fazenda.


Doações para Rio Grande do Sul (Foto/Reprodução/Getty Images Embed/Mauro Pimentel)


Esta nova MP se soma a uma anterior, editada em 11 de maio, que liberou R$ 12,1 bilhões para ações de auxílio ao Rio Grande do Sul, principalmente em resposta à calamidade pública enfrentada pela população. As ações incluem intervenções da Defesa Civil, das Forças Armadas e do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse texto também está em tramitação no Congresso.

Com essas iniciativas, o total de recursos anunciados pelo governo federal para o estado do Rio Grande do Sul atinge R$ 62,5 bilhões, reforçando o compromisso com a recuperação e suporte à população gaúcha.