Confira como as primeiras damas representam a moda e a política

A moda é mais do que uma expressão estética; ela é uma ferramenta poderosa de comunicação, especialmente para as primeiras-damas, figuras que ocupam uma posição estratégica no cenário político global. Desde Jackie Kennedy até Melania Trump, o que essas mulheres vestem vai muito além do estilo: traduz valores, mensagens políticas e, muitas vezes, reflete o contexto histórico e cultural de suas épocas.

Moda como ferramenta de comunicação política

O vestuário das primeiras-damas carrega significados intrínsecos que transcendem as tendências. Suas escolhas são minuciosamente estudadas, desde as cores até as silhuetas, para transmitir mensagens de autoridade, acessibilidade ou tradição. Em momentos de crise, roupas austeras são escolhidas; em celebrações nacionais, tons patrióticos predominam.

Jackie Kennedy tornou-se um ícone ao usar peças modernas para sua época, transmitindo otimismo e esperança durante o mandato de John F. Kennedy. Michelle Obama, por outro lado, equilibrou o uso de marcas acessíveis e estilistas emergentes, reforçando a inclusão e a diversidade como pilares de sua passagem pela Casa Branca.

Jackie Kennedy

Os tailleurs impecáveis de Jackie Kennedy e seus óculos oversized simbolizavam um novo padrão de elegância, conectando tradição e modernidade. Cada peça usada por Jackie era cuidadosamente planejada para refletir otimismo em tempos desafiadores, consolidando seu lugar como um ícone de estilo e influência.


Jeckie Kennedy ao lado do falecido presidente John F. Kennedy (Foto: reprodução/Bettmann/Getty Images Embed)


Michelle Obama

Michelle Obama utilizou a moda para destacar jovens talentos e promover marcas acessíveis. Seu impacto não foi apenas político, mas também econômico, gerando milhões de dólares em visibilidade para os estilistas que eram escolhidos. Essa abordagem a tornou uma figura próxima e admirada por diferentes públicos.


Michelle Obama e Barack Obama (Foto: reprodução/Taylor Hill/Getty Images Embed)


Melania Trump

Por outro lado, Melania Trump usou a moda de maneira mais distante. Durante seu primeiro mandato como primeira-dama, optou por estilistas europeus e peças de luxo, muitas vezes vistas como desconectadas do público. Contudo, em 2025, suas escolhas refletem uma mensagem mais austera e alinhada ao discurso conservador de seu marido, Donald Trump. 


Melania Trump durante cerimônia de posse do presidente Donald Trump (Foto: reprodução/Scott Olson/Getty Images Embed)


A primeira-dama surgiu usando um conjunto de saia, blusa e casaco sob medida em azul-marinho e marfim, complementado por um chapéu, assinado pelo designer Adam Lippes. Vale destacar a concordância com o discurso do marido na escolha do designer nova-iorquino, quando falamos sobre o crescimento da indústria local. O traje militar que usou na posse de Trump foi interpretado como um símbolo de tempos difíceis e de submissão à agenda política.

A diplomacia no guarda-roupa

Visitas internacionais demandam atenção especial ao vestuário, que deve respeitar a cultura e as tradições locais. Desde Jill Biden, que homenageou a França usando um vestido da maison Schiaparelli, até Michelle Bolsonaro, que optou por peças clássicas e conservadoras, a moda diplomática é cuidadosamente planejada.

Valorização da cultura nacional

No Brasil, primeiras-damas como Janja Lula da Silva priorizam estilistas nacionais, exaltando a cultura e a produção local. Essa escolha reforça a identidade nacional e destaca a importância de valorizar o trabalho doméstico em uma plataforma global.


Janja durante posse do presidente Lula (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)


A moda, para além de uma simples escolha estética, é um poderoso instrumento político e diplomático. Das mensagens sutis de Jackie Kennedy à ousadia de Michelle Obama e à postura enigmática de Melania Trump, o estilo das primeiras-damas continua a desempenhar um papel crucial na comunicação de valores e narrativas, moldando percepções e inspirando gerações.

Conheça Chemena Kamali, diretora criativa da Chloé e que trabalhou com Kamala Harris

Nos últimos meses o mundo inteiro está atento ao andamento e resultados das eleições nos Estados Unidos. E a candidata do partido democrata, Kamala Harris, vice do presidente Joe Biden, é a candidata de maior probabilidade de ganhar a corrida eleitoral no país.

Logo, com todos os olhos vidrados em cada um de seus próximos passos, os looks da candidata também chamam a atenção e ganham destaque. A Chloé é uma das marcas que já trabalharam criando peças exclusivas para a Kamala, que já usa dois ternos sob medida. E Chemena Kamali foi a diretora criativa que por trás da marca também trabalhou com Harris.

Moda e política

Durante duas de suas aparições na Convenção do Partido Democrata, que aconteceram na última semana, em Chicago, a vice-presidente optou por utilizar dois ternos feitos sob medida pela marca Chloé, dirigida atualmente pela estilista alemã Chemena Kamali.

Mas então, quem é a designer escolhida responsável por criar as roupas para a possível primeira presidente mulher dos Estados Unidos? Conheça um pouco da história da estilista e diretora criativa. 

Sobre Chemena Kamali

Natural da cidade de Dortmund, na Alemanha, Chemena é formada pela Universidade de Trier, e fez mestrado na Central Saint Martins. Em entrevista para Mark Holgate na Vogue US, a estilista contou: “Quando você cresce na Alemanha nos anos 90, Karl Lagerfeld era realmente um ícone, um herói nacional, e fiquei atraída pelo que ele fez na Chloé”.

Além disso, a mesma afirmou que como parte de seu curso de graduação precisava fazer um estágio. E de todas as grandes casas de Paris, Milão e Londres, a mesma só queria ir para Chloé “(…) por causa do Karl, e também porque era o início da passagem de Phoebe [Philo] lá”, disse Kamali. 


Chemena Kamali em suas redes sociais (Foto: reprodução/Instagram/@chamena)

A mesma foi pessoalmente até a casa e conseguiu o estágio. Em 2013, retornou a casa, porém agora como diretora de design de Claire Waight Keller. Após três anos, passou para a Saint Laurent no mesmo cargo com Anthony Vacarello. Além disso, ainda trabalhou em grifes como Alberta Ferretti e Strenesse. E foi 10 anos depois, em outubro de 2023, que Chemena realizou seu sonho ao ser anunciada como diretora criativa da Chloé. Trazendo o boho como uma das tendências mais fortes de 2024, e seguindo o legado da grife, que sempre trouxe mulheres no comando da marca. 

Ainda que tão pautada, a representatividade feminina em cargos de liderança principalmente entre as grandes grifes ainda não é forte, pois as mesmas insistem em escolher homens para sua direção.“Eu adoraria ver mais pontos de vista femininos – falamos muito sobre feminilidade, mas, em última análise, o que é a feminilidade moderna hoje? Para mim, isso está ligado à energia feminina, ao seu eu feminino, a ser autêntica e confiar em sua intuição. Eu gostaria que houvesse mais disso.”, afirmou Chemena sobre o tema.