Estados Unidos anuncia medidas de combate ao narcotráfico na América Latina

Na noite desta última quinta-feira (13), o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou via Twitter que os Estados Unidos, governados por Donald Trump, vão realizar uma operação militar para combater narcotraficantes da América Latina.

O nome da operação é “Lança Sul” e seu objetivo é atingir narcoterroristas e conter o fluxo do tráfico de drogas no hemisfério ocidental, pretendendo assim defender os Estados Unidos e, como afirmou o secretário de Defesa dos EUA, “proteger a vizinhança.”

A Operação Militar

Segundo fontes parceiras da BBC, aliados de Donald Trump apresentaram a ideia da operação na última quarta-feira (12), com bombardeios em terra na Venezuela nos próximos dias. Na reunião, além dos apoiadores de Trump, estava o próprio presidente americano e o secretário de defesa, Pete Hegseth.

Segundo Hegseth, o objetivo desta operação é proteger o Hemisfério Ocidental, cuja responsabilidade será do Comando Sul dos EUA, responsável pelo controle de combate das forças armadas americanas, que, ao todo, protegem cerca de 31 países localizados na América do Sul, Central e do Norte.


 Anuncio feito via X por Pete Hegseth: (Foto/reprodução/X/@SecWar)


Ataques nos últimos dias

Nas últimas semanas, o Secretário da Defesa dos Estados Unidos afirmou que o país atacou barcos que transportavam centenas de quilos de drogas em águas internacionais, onde mais de 70 pessoas foram mortas na operação americana.

Ao todo, foram mais de 20 ataques a embarcações suspeitas de transportarem drogas, sendo a maioria dessas embarcações localizada no Caribe e também no Oceano Pacífico. Entre os equipamentos americanos para efetuar os ataques estão navios de guerra, submarinos nucleares, além de caças que sobrevoam as regiões identificadas.

Castro articula com governo Trump para classificar o Comando Vermelho como organização narcoterrorista

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), iniciou uma articulação direta com integrantes do governo norte-americano para que o Comando Vermelho (CV), principal facção criminosa do estado, seja reconhecido pelos Estados Unidos como uma organização narcoterrorista.

A informação foi publicada pela colunista Malu Gaspar, do O Globo, e confirma o envio de documentos à equipe de Donald Trump com a justificativa de que o grupo cumpre critérios usados internacionalmente para a designação.

Segundo os relatórios encaminhados, o governo fluminense argumenta que o Comando Vermelho possui uma estrutura hierárquica consolidada, movimenta grandes volumes financeiros oriundos do tráfico internacional de drogas e mantém relações transnacionais com outras redes criminosas. 

O pedido ressalta que a classificação poderia abrir espaço para cooperação bilateral entre autoridades brasileiras e agências americanas, como a DEA (Drug Enforcement Administration) e o FBI, no combate ao narcotráfico.

Governo federal não foi consultado sobre a iniciativa

De acordo com fontes ouvidas pela imprensa, a ação foi conduzida sem a participação formal do governo federal, o que gerou desconforto em setores do Planalto e do Ministério das Relações Exteriores. Autoridades federais avaliam que uma designação desse tipo, feita de forma unilateral por um estado, poderia ter implicações diplomáticas e econômicas para o Brasil, já que grupos listados como terroristas sofrem sanções internacionais e bloqueio de ativos.

Em nota, interlocutores do governo federal classificaram o movimento como “inoportuno” e destacaram que a definição de organizações terroristas é prerrogativa da União, conforme determina a legislação brasileira. 


Após o envio dos relatórios aos EUA, deputado pede investigação contra Claudio castro (Foto: reprodução/X/@ICLNoticias)


A ausência de coordenação entre esferas de governo também levanta preocupações sobre possíveis efeitos colaterais, como restrições a empresas, bancos ou pessoas associadas, ainda que indiretamente, ao território onde o grupo atua.

Enquanto isso, o governo do Rio defende que o objetivo é reforçar o combate à criminalidade organizada e garantir apoio internacional em investigações de lavagem de dinheiro e tráfico de armas. A Secretaria de Estado da Casa Civil informou que o material enviado aos Estados Unidos “segue parâmetros técnicos e jurídicos internacionais”, e que não há intenção de interferir em competências federais. 

Especialistas analisam possíveis desdobramentos

Analistas em segurança pública avaliam que a eventual classificação do Comando Vermelho como organização narcoterrorista teria um impacto simbólico e operacional significativo, podendo facilitar acordos de cooperação, extradição de criminosos e rastreamento de recursos ilícitos no exterior. 

Por outro lado, especialistas em direito internacional alertam que a medida pode abrir precedentes delicados para a soberania brasileira, ao permitir que potências estrangeiras adotem ações diretas contra alvos dentro do país. Até o momento, não houve manifestação oficial do governo norte-americano sobre o pedido. O Palácio Guanabara também não confirmou se a solicitação foi feita por meio de canais diplomáticos formais ou via representação estadual.