A Polícia Federal (PF) apura se investigados por desvios em aposentadorias e pensões do INSS tentaram articular um esquema semelhante na Caixa Econômica Federal, segundo decisão do ministro do STF André Mendonça que autorizou, nesta quinta-feira (18), uma nova fase da operação Sem Desconto. O despacho não afirma que as irregularidades tenham ocorrido nem explica como funcionariam, mas cita trocas de mensagens entre os suspeitos que mencionam um possível “negócio da Caixa”, o que levou ao aprofundamento da investigação.
De acordo com a decisão, o ministro ressalta que não há confirmação de que irregularidades tenham sido cometidas na instituição financeira nem detalhes sobre como o suposto esquema funcionaria. O documento, no entanto, menciona conversas entre investigados que fazem referência a um possível “negócio da Caixa”, o que levou os investigadores a aprofundar as apurações para verificar se houve tentativa de ampliar as fraudes já identificadas no INSS.
Detalhes da operação
Segundo a decisão, a possível tentativa de expansão do esquema teria envolvido Hélio Marcelino Loreno, apontado pela PF como beneficiário direto dos desvios no INSS e ligado a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e Heitor Souza Cunha, funcionário da Caixa Econômica Federal.
Repercussão da segunda fase da operação sem desconto (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)
Ambos foram alvos das medidas judiciais desta fase da operação, com imposição de uso de tornozeleira eletrônica e proibição de deixar o país, além do afastamento de Cunha de suas funções no banco. Para a Polícia Federal, os dois teriam participado da concepção de um modelo de fraude semelhante ao previdenciário, agora direcionado a clientes da Caixa, o que indicaria a tentativa de levar o esquema para além do INSS e atingir outra entidade da administração pública federal.
Relembre a fraude do INSS
A investigação sobre a fraude no INSS teve início após a constatação de que aposentados e pensionistas estavam sofrendo descontos em seus benefícios sem terem autorizado qualquer tipo de adesão a associações. As apurações indicam que dados de segurados eram utilizados para criar vínculos falsos com essas entidades, permitindo a cobrança automática de valores mensais. Em muitos casos, os beneficiários só tomaram conhecimento das irregularidades ao analisar os extratos de pagamento, quando parte do benefício já havia sido comprometida.
De acordo com a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, o esquema operava de forma organizada e explorava falhas nos sistemas de fiscalização. Os valores arrecadados com os descontos indevidos eram repassados a diferentes envolvidos, por meio de mecanismos que dificultavam a identificação do destino final do dinheiro. A apuração busca esclarecer a dimensão do prejuízo, o papel de cada investigado e se a estrutura criminosa tentou se expandir para outros órgãos além do INSS.
