Projeto contra adultização de crianças e adolescentes será votado pelo Senado

O plenário Senado Federal deve votar nesta quarta-feira (27) o projeto de lei que cria medidas de combate à “adultização” de crianças e adolescentes nas redes sociais. O ‘PL da Adultização’, Projeto de Lei 2.628/2022, passou pela Câmara e foi aprovado após concessões feitas entre o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) e parlamentares da oposição. A relatoria do projeto será do senador Flavio Arns (PSB-PR) e a aprovação do texto deve ser feita sem dificuldades. 

O debate sobre o tema veio à tona após um vídeo do influenciador ‘Felca’ denunciar produtores de conteúdo que expõem e utilizam menores de idade de forma imprópria em suas redes. O texto original do projeto de lei é do senador Alessandro Vieira (MDB-ES) e foi aprovado pela Casa no fim do ano passado, mas por conta de alterações feitas na Câmara, passará pelo Senado novamente. Ele previa: regras de proteção à crianças e adolescentes no ambiente digital; responsabilização das plataformas; obrigação da retirada de conteúdos criminosos mesmo sem decisão judicial; e mecanismos nas redes que possibilitam controle parental.

Mudanças na Câmara 

O ‘PL da Adultização’ foi aprovado na última quarta-feira (27) com mudanças no texto original. O deputado Jadyel Alencar (Republicanos-PI), relator do projeto, afirmou que o projeto foi modificado com a intenção de assegurar às famílias o papel de defesa contra os conteúdos impróprios e não transferi-lo para as plataformas. 


Postagem do Governo Federal que anuncia e comemora a aprovação do PL 2628 na Câmara
(reprodução/x/govbr)


Parlamentares da oposição, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), foram contra trecho do projeto que determina a aplicação das medidas a todo conteúdo ou serviço que sejam de acesso provável a crianças ou adolescentes. Segundo a avaliação dos parlamentares, a norma era muito ampla e poderia atuar como forma censura. Após acordos com o presidente Hugo Motta, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) digital, forma que o projeto ficou conhecido,  foi aprovado. 

Reivindicações do projeto 

Os principais pontos do projeto, que será votado hoje (27), estão reivindicando às plataformas: 

  • proteção de dados dos menores;
  • sistemas de verificação de idade para o acesso de conteúdos adultos;
  • ferramentas que possibilitam maior controle parental; 
  • proibição de jogos de azar para o público infantojuvenil;
  • remoção imediata de conteúdos que se caracterizam como abuso infantil relatórios semestrais sobre denúncias e medidas de proteção;
  • multas que vão até R$ 50 milhões e possibilidade de suspensão das atividades no país;  

Após o vídeo de ‘Felca’ viralizar, houve uma mobilização da sociedade em torno do tema, incluindo atores políticos e personalidades famosas. O produtor de conteúdo Hytalo Santos, denunciado no vídeo, foi preso no dia 9 de agosto e está sendo investigado por abuso e exposição de menores pelo Ministério Público da Paraíba (MP-PB). Caso o projeto seja aprovado pelo Senado, ele deverá ser sancionado pelo presidente Lula para entrar em vigor. 

Atualizações nas redes sociais com o PL da adultização

Em caráter de urgência, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (20), o Projeto de Lei 2628/2022, conhecido como “PL da Adultização”, após a repercussão do vídeo postado pelo influenciador Felca a respeito da exploração e alienação de menores nas redes sociais.

“PL da Adultização”

Em seu comunicado, a Agência Brasil disse que, apesar do PL ter sido aprovada pelo Senado, será preciso que eles analisem novamente, considerando as mudanças realizadas na Câmara, como a necessidade de uma autoridade nacional autônoma, que será responsável por editar regulamentos e procedimentos, além de cuidar e vigiar para que a nova legislação seja respeitada e realizada.

A aprovação do PL se faz ainda mais necessária ao saber que 24,5 milhões de usuários de internet no Brasil possuem entre 9 e 17 anos, 93% da faixa etária, e 76% usam redes sociais, como WhatsApp, YouTube, Instagram e TikTok, segundo pesquisa da TIC Kids Online Brasil 2024.

Thais Dantas, presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB de São Paulo, reforçou a responsabilidade que as plataformas digitais devem ter, visto a limitação dos responsáveis de proteger seus menores nelas. Dantas também relembrou que, garantir os direitos das crianças e adolescentes é responsabilidade da sociedade como um todo, a fim de proteger a infância.


Câmara aprova a Proposta de Lei para modificar redes sociais a fim de proteger crianças e adolescentes (Foto: Reprodução/X/@Metropoles)

Mudanças para as redes sociais

A ordem do Projeto de Lei é que, desde sua criação, as plataformas proíbam o recolhimento em excesso de dados, publicidade específica e artifícios voltados ao uso obsessivo. Esta deverá ser uma configuração padrão, com o objetivo de garantir a segurança e a privacidade de crianças e adolescentes em redes sociais.

É descrito também que contas infantis sejam vinculadas com as contas de responsáveis, e a divulgação de relatórios semestrais indicando quais ações foram realizadas para reconhecer contas de menores e de atos ilegais. Caso a empresa descumpra quaisquer artigos do PL, poderá pagar multas de até R$ 50 milhões por infração cometida.