Custo alto de alimentos nos supermercados gera preocupação nos Estados Unidos

Uma pesquisa publicada na primeira semana de agosto, de acordo com a revista Forbes, afirma que o custo de compras no supermercado está gerando preocupação em 90% dos habitantes americanos, devido ao notável aumento de preço de alguns alimentos como ovos, carne moída e aves.

A pesquisa também trouxe dados comparativos entre a preocupação com o aumento de custos alimentícios, e outras preocupações que os americanos enfrentam no cotidiano.

Preocupação com o aumento de preços está em alta

Os dados mostram que os entrevistados estão mais preocupados com o alto preço das compras do que outras questões financeiras, como o custo de moradia, valor para economizar, salários, dívidas e custo da assistência médica. Uma nova pesquisa feita pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da Associated Press-NORC, mostra que 53% dos que responderam consideram os preços dos alimentos um grande motivo de estresse, enquanto 33% não consideram.

Pessoas que participaram da pesquisa marcaram o custo de moradia como segunda maior preocupação com 47%, vindo antes do valor para economizar e salário, ambos com 43%, e custo de assistência médica com 42%.

Um levantamento feito pelo índice de Preços ao Consumidor mostra que o valor dos alimentos aumentou 3% nos últimos 12 meses, com as compras de supermercado aumentando em 2,4% e o ato de comer fora estando 3,8% mais caro que o ano passado.


Preços de vegetais em supermercado na Florida (Foto: reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)


O Bureau of Labor Statistics observou, de junho de 2024 até junho de 2025, um aumento no valor de compras em todas as categorias que o laboratório acompanha, com os principais sendo as carnes, aves, peixes e ovos, que registraram 5,6% no aumento do preço, as bebidas alcoólicas que ficaram 4,4% mais caras, frutas e vegetais aumentaram o preço em 0,7% e os cereais, laticínios e produtos panificadores aumentaram 0,9%.

Além desses dados, a NBC News mostrou um aumento do preço do frango em US$ 0,81 por libra, além do preço da carne moída que aumentou em US$ 0,67 por libra e o dos ovos aumentou US$ 0,64 cada dúzia.

O aumento da taxa de 3% faz com que o custo de alimentos cresça mais rápido do que a taxa geral de inflação, que está em 2,7% conforme dados Índice de Preços ao Consumidor. No entanto, mesmo com o preço dos alimentos subindo consideravelmente, a taxa de 3% é menor do que as registradas nos anos anteriores, já que a inflação era de 6,3% em 2021 e aumentou para 10,4% em 2022, e vem se mantendo estável esse ano, levando em conta 2023 (2,7%) e 2024 (2,5%).

Tarifas podem aumentar preço das compras

Uma estimativa feita pelo Budget Lab da Universidade Yale considera um aumento de 3% no custo alimentício, graças as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. O levantamento mostra que produtos frescos podem subir até 7%, com 3,6%, e o arroz pode aumentar até 10,2% a longo prazo.

O laboratório destaca que outros itens, como cereais e grãos, carne e laticínios, e açúcar e bebidas, podem ficar mais caros. Já outros itens importados, como cerveja, vinho, bananas e queijo, vão ter tarifas adicionais.

A Tax Foundation afirmou que os Estados Unidos importaram cerca de US$ 221 bilhões em produtos alimentícios em 2024, com 62% vindo do México, Canadá, União Europeia, Brasil e China. Trump entrou em um acordo com o México e concordou suspender o aumento das tarifas por 90 dias, além de aceitar uma tarifa de 15% sobre itens vindos da União Europeia. O Canadá vai ter uma tarifa de 35% em produtos não cobertos pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), de acordo com a Casa Branca.

O presidente também afirmou que iria impor uma tarifa de 50% sobre o Brasil, mas reconsiderou devido ao processo criminal enfrentado pelo ex-presidente do país, Jair Bolsonaro, e as exportações chinesas possuem uma tarifa atual de 55%.

Trump pressiona farmacêuticas a baixar preços e ameaça com represálias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou nesta quinta-feira (31) que grandes empresas farmacêuticas podem enfrentar punições se não reduzirem o preço dos medicamentos. O recado foi enviado em cartas a 17 companhias do setor, divulgadas por meio da sua rede social, a Truth Social.

Segundo Trump, as farmacêuticas têm 60 dias para colaborar com o governo americano e ajudar na implementação de mudanças que reduzam os custos dos remédios para os americanos. Caso contrário, ele afirmou que vai usar todos os recursos disponíveis para proteger a população dos “abusos nos preços”.

Ameaças tem como motivação a prática de preços nos EUA

Apesar da ameaça, Trump não especificou que tipo de punição poderá aplicar. No entanto, deixou claro que não aceitará mais respostas evasivas das empresas, que, segundo ele, “tentam desviar a responsabilidade” e propor mudanças que continuam favorecendo seus próprios lucros.


Carta escrita por Trump pontuando mudanças para a indústria farmacêutica (Foto: reprodução/X/@shamrock_490)


Em maio, Trump assinou um decreto para tentar reduzir o custo dos medicamentos, que estão entre os mais caros do mundo. De acordo com dados da Casa Branca, os americanos pagam, em média, mais do que o triplo do valor cobrado em países desenvolvidos por medicamentos semelhantes.

Mercado interno americano mais acessível seria uma das justificativas de Trump

Uma das medidas defendidas pelo presidente é a política de “nação mais favorecida”, que consiste em atrelar o preço dos medicamentos no país ao valor mais baixo cobrado por eles no exterior. Agora, Trump quer que essa política também se aplique aos remédios usados por idosos atendidos pelo Medicaid e a novos medicamentos que forem lançados.

Essa postura de enfrentamento com a indústria farmacêutica se soma às recentes ações econômicas do governo, como o tarifaço imposto a países com quem os Estados Unidos têm déficits comerciais. Clima da economia interna dos Estados Unidos tem sido conturbado com os impasses sobre as sansões que Trump está aplicando aos outros países. Ambas refletem a estratégia de Trump de usar pressão econômica para tentar corrigir distorções que, segundo ele, prejudicam os americanos.