O Flamengo está novamente na final da Conmebol Libertadores. Em um confronto eletrizante e repleto de tensão em Avellaneda, na noite desta quarta-feira (29), o time comandado por Filipe Luís conseguiu segurar o empate em 0 a 0 diante do Racing, resultado suficiente para garantir a classificação à decisão do torneio continental. A equipe carioca soube administrar a vantagem construída no Maracanã, onde havia vencido por 1 a 0, e agora aguarda o vencedor do duelo entre Palmeiras e LDU, que decidirá quem será seu adversário na grande final.
Mesmo com um jogador a menos desde os dez minutos do segundo tempo — após a polêmica expulsão do equatoriano Gonzalo Plata —, o Flamengo mostrou equilíbrio tático e muita entrega para conter a pressão argentina. A equipe rubro-negra resistiu bravamente às investidas do Racing, que tentou de todas as formas romper o bloqueio defensivo, mas parou nas boas atuações de Rossi e da zaga formada por Léo Pereira, Ortiz e Danilo. Com o apito final, a equipe celebrou em campo o retorno à final continental, repetindo o feito de 2022, quando levantou o troféu em Guayaquil.
Primeiro tempo equilibrado e de fortes emoções
Desde os primeiros instantes, o duelo em Avellaneda foi intenso. O Racing, empurrado por sua apaixonada torcida, começou pressionando e explorando lançamentos longos em direção à área flamenguista. A proposta inicial dos argentinos era sufocar o adversário e forçar erros na saída de bola. O Flamengo, por sua vez, precisou de alguns minutos para se ajustar, mas logo passou a encontrar espaços com as jogadas rápidas de Carrascal e Luiz Araújo.
O camisa 7, bastante participativo, arriscou dois chutes perigosos de média distância, exigindo boas defesas do goleiro Cambeses. Aos poucos, o Rubro-Negro conseguiu equilibrar as ações e até passou a criar as oportunidades mais claras do jogo. Entretanto, o Racing respondeu à altura, principalmente em jogadas pelas laterais, com Rojas e Mura sendo válvulas de escape constantes. Em uma das melhores chances do primeiro tempo, Conechny subiu mais que a zaga e cabeceou firme, obrigando Rossi a fazer uma intervenção decisiva.
A defesa flamenguista mostrou solidez, especialmente nas disputas pelo alto. Alex Sandro e Léo Pereira foram fundamentais ao neutralizar os cruzamentos argentinos. O jogo seguiu truncado, com muitas faltas e reclamações de ambos os lados, mas sem cartões. Nos minutos finais, o Flamengo ainda assustou em contra-ataques perigosos, desperdiçados por Varela e Arrascaeta. Cambeses voltou a ser protagonista ao evitar o gol brasileiro em duas oportunidades seguidas. O empate sem gols no intervalo refletiu bem o equilíbrio do confronto.
Flamengo segura o empate contra o Racing e se classifica (Vídeo: reprodução/YouTube/geTV)
Expulsão muda o rumo do jogo, mas Flamengo resiste
O segundo tempo manteve o mesmo tom competitivo, com o Racing tentando impor volume de jogo e o Flamengo explorando os espaços deixados pelo adversário. No entanto, tudo mudou aos dez minutos, quando Gonzalo Plata foi expulso após atingir Rojo com a mão nas partes íntimas. A jogada gerou enorme polêmica, com intensas reclamações dos brasileiros, mas o árbitro, após revisão do VAR, manteve o cartão vermelho.
Plata deixou o Rubro-Negro metade do segundo tempo com um homem a menos (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Marcelo Endelli)
Com um homem a menos, Filipe Luís reorganizou o time, fechando os espaços e reforçando o sistema defensivo. O técnico apostou em uma linha de três zagueiros, formada por Ortiz, Léo Pereira e Danilo, para conter a avalanche ofensiva argentina. A estratégia deu resultado. Apesar de dominar a posse de bola, o Racing encontrou muitas dificuldades para criar chances claras. A melhor oportunidade veio em uma cabeçada de Martínez, novamente defendida com segurança por Rossi, um dos heróis da noite.
Nos minutos finais, o estádio se transformou em um caldeirão. O Racing lançou todos os jogadores ao ataque, apostando em cruzamentos e bolas aéreas. Em uma das raras vezes em que a defesa flamenguista falhou, Vietto apareceu livre e finalizou forte, mas Rossi brilhou outra vez, garantindo o 0 a 0 no placar. O apito final foi o alívio e a consagração de um time que soube sofrer e resistir em um ambiente hostil.
Rumo a mais uma decisão continental
Com o resultado, o Flamengo confirma sua presença em mais uma final de Libertadores, consolidando a hegemonia recente do clube no continente. Desde 2019, o Rubro-Negro chega à terceira decisão em seis edições, reforçando o peso do projeto e a força de seu elenco. Agora, os olhos se voltam para Lima, palco da grande final, onde o time carioca tentará escrever mais um capítulo glorioso de sua história.
Enquanto o adversário ainda será definido — entre o Palmeiras, bicampeão sob o comando de Abel Ferreira, e a LDU, campeã em 2008 —, o Flamengo celebra o feito e foca na recuperação física e emocional após uma batalha desgastante. Se há algo que o jogo em Avellaneda deixou claro, é que o time de Filipe Luís tem alma, garra e maturidade para sonhar alto novamente.
