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Subsecretário de Esportes da Argentina cobra Messi e AFA por pedido de desculpas após incidente de música racista por jogadores da seleção, Julio Garro, membro do Governo argentino, para que ambos se posicionassem pelo ocorrido.
“O capitão da seleção nacional deve pedir desculpas. O mesmo que o Presidente da AFA. Isso nos deixa, como país, em uma situação ruim depois de tantas glórias” — afirmou o subsecretário de Esportes, ao portal Corta.
Enzo Fernández, jogador da seleção argentina e do Chelsea, fez uma transmissão ao vivo após o título, onde alguns jogadores cantaram com teor homofóbico e racista: “Eles jogam pela França mas são de Angola que bom que eles vão correr se relacionam com transexuais”. ao perceber desligou a live rapidamente.
Essa letra em questão ganhou força na Copa do Mundo do Qatar, quando a Argentina enfrentou a França do mesmo ano, vencendo os franceses nos pênaltis por 4 a 2. Desde então, a torcida argentina frequentemente entoa versos atacando os jogadores de origem francesa.
Enzo Fernandez levantando a taça da Copa América (FOTO:reproduçao/instagram/enzojfernandez)
O atleta Wesley Fofana, companheiro de Enzo Fernandez no Chelsea, postou um vídeo com a frase “racismo desinibido” em seu Instagram. Chelsea e a FIFA abriram uma investigação sobre o caso. Outros quatro atletas da França jogam ao lado do meia argentino nos Blues: os zagueiros Disasi e Badiashile, o lateral Malo Custo, o meia Ugochukwu e o atacante Nkunku. Todos deixaram de seguir o atleta nas redes sociais. No caso do clube inglês, em nota oficial publicada nessa quarta-feira (17) os Blues vao fazer um “procedimento disciplinar interno” para a atitude do atleta.
A Federação Francesa de Futebol (FFF) está pressionando a FIFA e a AFA para um posicionamento o mais rápido possível. A ministra dos Esportes francesa, Amélie Oudéa-Castéra, também repudiou o episódio.
Pedido de desculpas
Enzo Fernandez publicou uma nota de desculpas em seu Instagram após toda a repercussão: ‘Sou contra todas as formas de discriminação e peço desculpas por ter sido levado pela euforia das comemorações da Copa América. Aquele vídeo, aquele momento, aquelas palavras não refletem minhas crenças ou meu caráter. Eu realmente sinto muito’, afirmou o jogador.
Nota oficial da FIFA
“A FIFA tomou conhecimento de um vídeo a circular nas redes sociais e o incidente está a ser investigado. A FIFA condena firmemente todas as formas de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes.” Notificou por meio de um porta-voz ao portal France 24.
Sendo um marco para a história do futebol internacional, a condenação por insultos racistas dos três torcedores do time espanhol, Valencia, contra o jogador brasileiro atuante no Real Madrid, Vinicius Júnior, mostra amplamente a força da luta antirracista e como, apesar de muito apoio do público, o processo para a mudança ainda pode ser lento.
O vencimento de uma batalha e as garras para a guerra
Na última segunda-feira (10), o resultado do processo contra os torcedores espanhóis do Valência foi declarado após quase um ano do crime cometido. No Campeonato Espanhol do ano passado, o atacante do Real Madrid, Vinicius Júnior, sofreu crimes de ódio e discriminação no jogo contra o Valência, uma derrota de 1 a 0.
Vini Jr. sofreu ataques racistas por torcedores do Valência em maio de 2023, durante partida da La Liga (Foto: reprodução/ Jose Jordan/ AFP)
O time onde o atacante atua, o Real Madrid, popularmente chamado de “Real”, tomou providências significativas ao ver o posicionamento do atacante nas redes sociais e o quanto a opinião pública esteve ao seu lado explicitando o absurdo da situação e salientando o descaso do próprio time. A denúncia à Procuradora Geral da Espanha ocorreu e quase um ano depois os resultados na busca por justiça vieram a público.
Os três torcedores do time rival do Real Madrid na derrota do Campeonato Espanhol foram condenados pela Justiça da Espanha, marcando um ápice importante na luta antirracista e consagrando um marco socialmente importante na história não só do futebol como do esporte internacional. Os três condenados receberam uma sentença de oito meses de prisão e banimento dos estádios por dois anos, porém, apesar da determinação, eles não irão para a prisão. De acordo com o Código Penal Espanhol, a legislação permite que penas inferiores a dois anos sejam suspensas em casos de crime não violentos, caso o juiz ou tribunal acredite que o réu não voltará a infringir a lei. O motivo legislativo é somado ao fato dos condenadores serem réus primários.
Um acordo foi feito entre o Ministério Público da Espanha, a La Liga, a Federação Espanhola de Futebol e os advogados de Vinicius Júnior, para que os três torcedores tivessem a pena de oito meses de prisão suspensa, porém, de forma condicional. A decisão pode ser revisitada caso um dos três cometa qualquer tipo de crime até 2027.
“Eu sou algoz de racistas”
O atacante do Real Madrid e número 20 na Seleção Brasileira não foi a primeira pessoa a sofrer racismo no cenário futebolístico, entretanto, a garra do atacante durante todos esses anos de história, especialmente no meio, o fizeram se tornar uma referência na luta contra qualquer tipo de discriminação racial. O constante posicionamento nas redes sociais foram um de seus principais companheiros nessa luta e trilha para que as situações fossem corretamente julgadas.
“Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol’. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos. Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a La Liga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí.“, declarou Vini Jr em suas redes sociais após sentença ser divulgada.
Várias denúncias foram feitas à La Liga nos últimos anos e não apenas sobre o atacante número 7 do Real Madrid como também de vários outros atletas. Contudo, por diferentes motivações desconhecidas, todas elas foram arquivadas, fazendo assim situações serem silenciadas e ainda acontecidas sem qualquer tipo de punição ou julgamento. Só após os representantes da Liga denunciarem tais situações ao Ministério Público Espanhol que o eixo foi modificado.
Na Espanha, três torcedores do Valencia foram condenados a oito meses de reclusão por terem atitudes racistas contra o atacante brasileiro Vinicius Junior, em maio do ano passado, no estádio do Valencia. Os infratores também ganharam a punição de proibição de frequentar qualquer estádio de futebol por um período de dois anos, e multas.
O camisa 7 da equipe merengue, comemorou a prisão dos torcedores em suas redes sociais. Vini, declara que essa condenação não é uma conquista dele, e sim, de todos os pretos que já sofreram ou sofrem com algo parecido. “Que os outros racistas tenham medo e se escondam nas sombras”, complementa o atacante candidato a Bola de Ouro.
Além de Vini, o presidente da LaLiga, Javier Tebas, também comemora a decisão de condenação, a primeira da história do futebol espanhol. Segundo o presidente, “É uma ótima decisão para a luta contra o racismo no país, assim, repara-se o dano sofrido por Vinicius Junior e representa uma clara mensagem as pessoas que vão aos estádios insultar”. Tebas finaliza enfatizando que quando detectados, os responsáveis serão denunciados e haverá consequências no sítio criminal.
O retorno ao palco do crime
Em março de 2024, Vinicius retornou ao estádio Mestalla para o novo embate entre Real Madrid e Valencia. O jogo terminou empatado em 2×2, com dois gols do craque brasileiro, e segundo relatório do próprio Campeonato Espanhol, o atacante foi citado pela torcida da casa em, pelo menos, três momentos da partida.
Comemoração de Vinicius Junior em partida no estádio Mestalla (Foto: Reprodução/Instagram/@viniijunior)
O que ocorreu da primeira vez?
No dia 21 de maio do ano passado, Vinicius Junior foi vítima do maior ataque racista da Espanha nos últimos anos. Na partida que acontecia no mesmo estádio já citado, entre Real Madrid e Valencia, já acoava brandamente alguns gritos de “mono”, palavra que significa macaco, em espanhol. Porém, aos 24 minutos da etapa final, foi aonde a confusão estourou.
Após jogada do lado esquerdo do campo, o atacante foi atrapalhado por mais uma bola deixada em campo. O brasileiro reclamou com o árbitro, e assim, um pedaço dos torcedores localizados perto do gol, proferiu fortemente ofensas racistas ao jogador do Real Madrid.
Vinicius denunciou um torcedor, que estava atrás do gol, ao árbitro da partida. Na transmissão, se pode ver outros jogadores de ambos os times tentando acalmar os ânimos. Como fez o capitão do Valencia, o lateral Gayà.
Ricardo De Burgos, então árbitro da partida, conversou com os técnicos e jogadores dos times. O locutor do estádio anunciou que a partida havia sido paralisada por cânticos racistas e que só voltaria quando encerrados.
Se passaram oito minutos entre o princípio e o fim do ocorrido inicial.
O jogo continuou, e aos 48 do segundo tempo, mais uma confusão surgiu na área do Valencia. Vinicius Junior e o goleiro Mamardashvili bateram boca e os dois receberam cartão amarelo pelo ocorrido, além de outros atletas envolvidos.
No empurra-empurra, Hugo Duro aplicou um mata-leão em Vini, o arrastando pelo pescoço. Quando conseguiu se livrar, o brasileiro agrediu o adversário no rosto. Após a poeira abaixar, o VAR foi acionado e decidiu expulsar o atacante do Real Madrid.
Após ser expulso, Vini aplaudiu e provocou a torcida do Valencia, que estava em risco de rebaixamento na época. Parte da comissão técnica e jogadores da equipe mandante foram tirar satisfação, e o brasileiro, teve de ser escoltado por seus companheiros de equipe.
Na manhã desta terça-feira (30), Luana Piovani utilizou suas redes sociais para compartilhar o desabafo de Samara Felippo, no qual a artista fala sobre o caso de racismo que sua filha mais velha sofreu sofreu em um colégio particular em São Paulo, e declarou apoio à colega.
“Não passarão, mana. Racistas não passarão.”
Luana Piovani
Caso de racismo
De acordo com as informações relatadas pela Veja, Alicia, a filha mais velha de Samara, foi alvo de racismo no Vera Cruz, colégio particular na zona oeste de São Paulo.
A atriz comunicou o grupo de pais na segunda-feira (22) sobre o roubo do caderno de sua filha por duas alunas do nono ano, este que teve suas páginas arrancadas e outras com palavras de cunho racista escritas nelas. O caderno de Alicia foi encontrado nos achados e perdidos da escola.
Samara Felippo e suas filhas (reprodução/Instagram/@Sfelippo)
Através de seus stories, Felippo agradece todas as mensagens de apoio que vem recebendo e que está digerindo todos os acontecimentos. “É um choro muito doído, mas agora estou chorando de indignação também”, declarou.
“Racismo é crime e eu vou até o final para que seja aplicada a lei perante um crime. […] Precisa de uma criança/adolescente presta ser humilhada para a escola enxergar que suas políticas antirracistas falham miseravelmente. Que fique bem claro para quem vem dar apoio, crianças e adolescentes brancos NÃO SOFREM RACISMO”
Samara Felippo
Atualizações do caso
O coordenador do colégio, Daniel Helene, informou que Alicia foi acolhida pelos professores após recuperar seu caderno e fez um comunicado a todos os alunos de sua sala e aos familiares de cada um.
A nota enviada por Helene diz que as duas alunas estão suspensas por tempo indeterminado, afirma que outras medidas punitivas poderão ser tomadas caso sejam necessárias e a escola proibiu as alunas de participarem da viagem com os outros estudantes.
“Ressaltamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se assim julgarmos necessárias após nosso intenso debate educacional, considerando também o combate inequívoco ao racismo.”
Daniel Helene
Em um comunicado enviado ao grupo de pais dos alunos do 9º ano, os pais de uma das alunas envolvidas declararam “saída voluntária” de sua filha do colégio.
Duas brasileiras embaixadoras do “Brazil Conference”, evento na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, foram vítimas de racismo, no último sábado (6). As palestrantes Naira Santa Rita e Marta Melo denunciaram três brasileiras que estavam na plateia, ambas brancas, que comentaram sobre as tranças das duas. No final da apresentação, no painel sobre impacto social, as duas comentaram sobre o que haviam acabado de presenciar.
Reação das palestrantes
Naira relatou que três mulheres que estavam sentadas próximo ao palco, em determinado momento do evento, se questionaram “se havia piolho nessas tranças e dreads”. Segundo a brasileira, as agressoras estavam falando sobre o cabelo das duas embaixadoras em inglês, deduzindo que as duas não sabiam falar a língua. Naira disse que, assim que ouviu a conversa das três, repreendeu por um olhar os comentários racistas e as mulheres se retiraram do auditório.
“O que elas não esperavam é que eu falo inglês. Eu imediatamente as olhei de forma que elas entenderam que eu havia compreendido o racismo que estava acontecendo ali e as mesmas se retiraram”
No final do segundo dia de evento, Naira e Marta se posicionaram sobre a situação que haviam vivido no painel sobre impacto social, mediado pela atriz Regina Casé. Naira disse, no relato, que costuma confrontar o racismo, mas , naquele momento, julgou que poderia perder mais que aquelas mulheres brancas.
“Pois eu e Marta, mulheres negras, temos muito mais a perder do que 3 meninas brancas de Harvard. Se nós as tivéssemos confrontado, nós teríamos sido vistas como mulheres negras raivosas, escandalosas e até mesmo vitimistas”
A carta das duas embaixadoras também reivindicou mais representatividade para o evento e solicitaram medidas efetivas para combater atitudes ou falas racistas no Brazil Conference.
“Enquanto estivermos com discursos cheios de práticas vazias, não só o Brasil, nosso amado país, mas também a Brazil Conference e suas estruturas vão continuar refletindo e perpetuando a manutenção das estruturas racistas, excludentes, que não representam o Brasil que queremos de forma alguma”
Naira e Marta se abraçando depois ler o relato da situação racista que sofreram no Brazil Conference (foto: reprodução/ Brazil Conference)
Quando Naira terminou seu depoimento, as duas pesquisadoras, que estavam visivelmente emocionadas, foram aplaudidas de pé pelo auditório e receberam um abraço de Regina Casé.
Posicionamento da Conferência
A organização do Brazil Conference lamentou no seu Instagram oficial a situação vivenciada pelas palestrantes e disse repudiar qualquer atitude de discriminação racial. Na nota divulgada, a Conferência afirmou estar trabalhando para encontrar as três agressoras e se comprometeu em desenvolver melhorias na realização do evento do ano que vem.
“Em elaboração feita de forma coletiva e pelas mãos de todos, o grupo formado se comprometeu em publicar, até a próxima 6ª feira (12.abr.2024), os compromissos para melhorias na realização da conferência de 2025. Como princípio norteador está o comprometimento de que tais episódios não se repetirão”
A Brazil Conference é um evento anual organizado desde 2015 por alunos brasileiros que estudam na Universidade de Harvard. A conferência ocorre sempre no mês de abril.
No último domingo (7), o Boca Juniors anunciou as sanções impostas pela Conmebol ao clube. A razão de tais medidas foi a série de atos racistas cometidos pela torcida argentina no jogo contra o Palmeiras, válido pelas semifinais da Libertadores de 2023. Um torcedor exibiu em seu celular a palavra “macaco” em direção à torcida palmeirense.
Torcedor exibindo a palavra “macaco” em seu celular (Reprodução/X)
Punições
O Boca, que disputa a Copa Sul-Americana de 2024 e está no grupo do Fortaleza, terá de pagar uma multa de 100 mil dólares (mais de 500 mil reais). Além disso, um dos setores de seu estádio, La Bombonera, terá capacidade reduzida em cerca de três mil torcedores. O clube também terá que exibir uma bandeira com a frase “Basta de racismo” no estádio.
A denúncia que culminou na punição do clube foi feita pelo Palmeiras em outubro. Além do termo racista no celular do torcedor, também é possível ver torcedores fazer gestos imitando macacos voltados à torcida palmeirense. Os vídeos utilizados como prova no caso foram filmados pelos torcedores do clube paulista. Não é a primeira vez que o Boca Junior é punido pela Conmebol por injúrias raciais. Em 2022, o time argentino foi multado pela mesma razão em uma partida contra o Corinthians, também válida pela Libertadores.
Torcedor detido antes da final da Libertadores em 2023 (Reprodução/X)
Torcedores presos
Além das punições ao clube, torcedores já foram presos pelo mesmo motivo. Em novembro 2023, na final da Libertadores contra o Fluminense realizada no Rio de Janeiro, um torcedor do Boca foi preso após uma briga generalizada entre cariocas e argentinos dois dias antes da partida. Um dos brasileiros envolvido na confusão disse ter sido chamado de “macaquito” pelo argentino. Em 2022, na partida contra o Corinthians, Sebastian Palazzo e José Lisa Ragga foram detidos ao fazer gestos racistas direcionados à torcida corinthiana na Neo Química Arena. Além deles, Federico José também foi preso, porém, por fazer saudações nazistas durante a partida.
Vinicius Júnior, atacante titular da Seleção brasileira, será o capitão do Brasil na partida contra a Espanha nesta terça-feira (26). Esta será a primeira vez que o atleta assumirá a capitania da Seleção comandada pelo técnico Dorival Júnior. A medida se mostra como um ato simbólico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra os ataques racistas sofridos por Vini Jr. desde a sua chegada ao Real Madrid, em setembro de 2018.
O amistoso desta terça-feira, marcará também o lançamento do novo agasalho da Seleção brasileira, como um símbolo da luta antirracista que tem como protagonista a imagem de Vinicius Júnior. A nova roupa é um agasalho todo preto e será usado pelos jogadores brasileiros no pré-jogo.
Em entrevista coletiva, Vini Jr. fala sobre o racismo sofrido por ele na Espanha. (Foto: Reprodução/ Pedro Martins/ Foto FC)
Entrevista coletiva com Vini Jr.
Nesta segunda-feira (25), o atacante foi escolhido para falar com os jornalistas antes da partida contra a Espanha. A entrevista foi pautada por questionamentos a respeito dos ataques racistas constantemente sofridos pelo atleta desde a sua chegada ao Real Madrid.
“Acredito que seja muito triste tudo que eu venho passando a cada jogo, a cada dia, a cada denúncia vai aumentando. É muito triste, não só eu, mas todos os negros que sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros passam no mundo”, declarou Vini Jr.
O atleta também falou sobre cada vez mais sentir menos vontade de jogar futebol. “É cada vez mais triste, cada vez eu tenho menos vontade de jogar”, acrescenta o jogador em entrevista coletiva nesta segunda-feira (25).
A partida
Nesta terça-feira, Brasil X Espanha se enfrentarão às 17h30, pelo horário de Brasília, no estádio Santiago Bernabéu, em Madrid. O amistoso marca a segunda partida desta data FIFA e será transmitido pela TV Globo e também pelo SporTV.
O técnico Dorival Júnior deve repetir a escalação da equipe que venceu a Inglaterra por 0x1, no último sábado (23). Dessa forma, a Seleção brasileira provavelmente iniciará a partida com o goleiro Bento no gol, Beraldo, Fabrício Bruno, Danilo e Wendell formando a defesa, enquanto João Gomes, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá comandarão o meio campo. Por fim, o trio de ataque deve ser formado por Vini Jr, Raphinha e Rodrygo.
Nessa segunda-feira (25), Vinicius Jr. participou de uma coletiva de imprensa pela Seleção Brasileira antes do amistoso contra a Espanha na terça (26), às 17h30 (Brasília) no Santiago Bernabéu. Vítima de recorrentes ataques racistas dos rivais espanhóis, Vini respondeu diversas perguntas sobre o assunto, chegando a chorar após falar sobre a luta diária contra o racismo. “Se fosse por mim, eu já teria desistido”, afirmou ele.
Sendo uma das estrelas do Real Madrid e também um dos mais importantes jogadores do Brasil, o protagonismo de Vini Jr. para o amistoso é evidente. Além da importância técnica como atacante, Vinicius tem se mostrado um dos mais relevantes atletas no que diz respeito ao combate ao racismo. Após diversos ataques sofridos dentro e fora de campo, Vini Jr. tem se posicionado pela luta antirracista constantemente.
Coletiva de imprensa com Vinicius Junior (Reprodução/YouTube/@CBF)
O slogan “Uma só pele, uma só identidade” foi utilizado no painel da CBF, que também contava com a frase “Racismo é crime” repetidas vezes em meio aos patrocinadores. Sendo protagonista do jogo por diferentes motivos, Vinicius JR. falou por cerca de 40 minutos no CT do Real Madrid. Confira os principais pontos abordados:
Insultos racistas
Vinicius lamentou os ataques que vem sofrendo das torcidas adversárias, mas pontuou que o racismo sofrido por todos os negros no mundo é diário. “O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros sofrem no mundo”, disse o atleta. Também pontuou a dificuldade que seu pai teve para conseguir emprego pelo fato de ser negro. Vinicius disse se sentir sozinho após ter feito várias denúncias que não geraram punições. “Ninguém é punido, nenhum clube é punido”, afirmou. Ainda falou sobre lutar não só por ele, mas por “todas aquelas pessoas que vão vir”.
“Se fosse apenas por mim ou pela minha família, eu acredito que eu já teria desistido de tudo que eu venho lutando. A cada dia que eu vou para casa, eu fico mais triste, mas eu fui escolhido, como você falou, para defender uma causa tão importante. Que a cada dia eu estudo mais sobre, eu venho aprendendo para que, no futuro bem próximo, meu irmão, que tem cinco anos, não venha a passar por tudo que eu estou passando”, disse Vinicius.
Vinicius faz gesto antirracista contra o Valencia (Reprodução/Pablo Morano/Reuters)
Agradecimentos e cobranças
Vinicius agradeceu aos demais jogadores que tem endossado o discurso antirracista, assim como agradeceu as medidas tomadas pela CBF no combate ao racismo nos estádios. Nesse sentido, criticou a imprensa espanhola, que critica suas falhas em campo, porém critica pouco as injúrias raciais sofridas pelo jogador. Vini também pontuou seus estudos sobre a questão e indagou: “Eu venho estudando, tenho 23 anos e sigo estudando. Por que eles, os repórteres daqui da Espanha, que são mais velhos do que eu, não podem estudar? Não podem ver o que realmente está acontecendo? Que cada vez eu estou mais triste, cada vez eu tenho menos vontade de jogar? Mas eu vou seguir lutando”.
Forças para lutar
Ao ser perguntado de onde tira forças para continuar jogando e defendendo o Real Madrid e a Seleção Brasileira, Vini Jr. respondeu que luta por todos que o apoiam e por sua família. Agradeceu os familiares e pontuou que nem todo jogador tem o apoio que ele recebe dos familiares.
Vini Jr. contra a Inglaterra (Reprodução/Rafael Ribeiro/ CBF)
Frustrações
Vinicius criticou a impunidade na Espanha em casos como o dele. Segundo o atleta, se os episódios de racismo fossem devidamente punidos pelas autoridades, a tendência seria, pelo menos, que os agressores ficariam calados, mesmo que mudassem de opinião. Também citou o fato de ser ofendido por crianças que sequer entendem o que estão dizendo e a complexidade do assunto.
“Eu estou sempre rindo, mas nem sempre eu estou feliz”
Vinicius Junior em coletiva de imprensa
Luta antirracista x futebol
Ao responder sobre o que seria mais importante para ele, a luta contra o preconceito ou sua carreira no futebol, Vinicius afirmou que a luta é mais importante, visto que existem muitos jogadores, muitos melhores do que ele. De acordo com o jogador, a busca é por um mundo mais evoluído, no qual a população negra possa ter uma vida normal como os demais. “Se fosse por mim, eu já teria desistido”, afirmou. Vinicius não segurou as lágrimas ao discorrer sobre sua concentração diária em meio às agressões.
Visitante no Santiago Bernabéu
Vinicius jogará em seu estádio, porém como visitante, com a maioria da torcida contra sua equipe. Ao falar sobre o assunto, o atacante ressaltou a importância do jogo para as duas equipes e sobre a realização de um sonho, jogar no Santiago Bernabéu com a camisa da Seleção.
Seleção comemora gol de Endrick contra Inglaterra (Reprodução/Carl Recine/Reuters)
Endrick
Vini Jr. elogiou a estreia de Endrick pela Seleção. Como serão companheiros de clube em breve, o jogador do Palmeiras de 17 anos irá para o Real Madrid no meio do ano, Vini tem ajudado Endrick a conhecer a cidade, decidir onde morar entre outras questões. Sobre a questão racial, Vinicius espera que seu colega também tenha calma para lidar com os possíveis ataques e se colocou à disposição para ajudá-lo no que for preciso.
Situação atual de Vini Jr.
De acordo com o jogador, a situação piorou depois que ele passou a se posicionar de maneira mais firme contra o racismo. Como a legislação espanhola não considera o racismo como crime, a Federação Espanhola e a LaLiga pouco podem fazer para punir os responsáveis pelos ataques. Vinicius citou como exemplo a CBF e as leis brasileiras que criminalizam os atos e buscam punir os infratores.
Neste sábado (16), o Real Madrid enfrentou o Osasuna em jogo válido pela 29ª rodada da La Liga. O time merengue ampliou um pouco mais a distância para o vice-líder Barcelona. Vinícius úunior foi mais uma vez protagonista, mas sofreu novamente com cânticos racistas da torcida adversária.
Jogo
Vinícius Júnior inicia a partida e se aproveita de uma falha defensiva do seu adversário, marcando o primeiro gol aos três minutos do primeiro tempo. Ante Budimir empata o jogo para o Osasuna com menos de dez minutos de jogo. Ele conseguiu marcar após lance de bola parada em que se aproveitou da desatenção dos jogadores merengues.
O primeiro tempo acabou 2 a 1 para o Real Madrid, onde o lateral Dani Carvajal ampliou o placar para os merengues aos 18 minutos. Após esse gol, o jogo esfriou e a equipe de Madrid conseguiu controlar o adversário.
Aos 16 minutos do segundo tempo, Brahim Diaz marcou o terceiro gol da equipe merengue. De modo que o jogo estava 3 a 1 para o Real Madrid. Com o domínio, a equipa continuava atacando o seu adversário. Logo em seguida, Vinícius Júnior fecha a conta para o Real Madrid. Ele fez o seu segundo e também o último gol da vitória dos merengues em cima do Osasuna.
Vini Jr. celebra seu segundo gol na partida contra o Osasuna (Foto: reprodução/Juan Manuel Serrano Arce/Getty Images Embed)
Após o apito final
Após a partida, o Real Madrid soltou uma nota oficial em que atribui a torcida do Osasuna cantos de cunho racial direcionados a Vinícius Júnior.
Em nota o clube falou sobre o ocorrido o seguinte: “O árbitro omitiu voluntária e deliberadamente os insultos e gritos humilhantes repetidamente dirigidos ao nosso jogador, Vinicius Junior, apesar de ter sido avisado insistentemente pelos nossos jogadores no mesmo momento em que ocorriam”.
Em resposta ao clube merengue, o Osasuna também divulgou uma nota oficial, especificando que tanto o clube e sua torcida não compactuam com tal ato preconceituoso ou racial. Concluíram dizendo que eles apoiam totalmente o jogador brasileiro na causa antirracista.
Vinicius Júnior vem lidando com casos recorrentes de cunho racial na Espanha. Hoje, o craque brasileiro é um grande ativista da causa antirracista, dado que ele tem um projeto social para crianças negras de comunidades carentes no Brasil, além de ser embaixador da ONU atualmente, em cujos discursos sempre prega sobre a igualdade racial no mundo.
O ex-jogador de futebol Robinho falou pela primeira vez neste domingo (17) sobre sua condenação a nove anos de prisão pelo estupro coletivo de uma jovem albanesa em 2013. Robinho foi às redes sociais para afirmar que possui provas de sua inocência e acusou o Tribunal de Milão de racismo. A Justiça italiana solicita agora ao Estado brasileiro que a sentença seja homologada, transferindo a execução da pena para o Brasil.
Robinho afirma ser inocente
Na próxima quarta-feira (20), a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) começa a julgar o pedido italiano para que o ex-jogador possa cumprir sua pena no Brasil. O caso não será revisitado, ou seja, não haverá nova avaliação de provas e testemunhos, pois Robinho já teve sua sentença decretada.
Segundo a publicação de Robinho via Instagram, a Justiça italiana “cometeu erros gritantes e gravíssimos” durante o seu julgamento. Robinho disse, ao narrar sua versão em vídeo, que não ficou com ninguém à força. “Como pode estar uma garota estar totalmente embriagada, como ela diz estar e, minutos antes, ela estava mandando mensagem dizendo que só se aproximaria quando a minha esposa não estivesse no local”, indagou o ex-jogador.
Ele disse ainda que após contato, a jovem estava “tranquila” e mandou mensagem para uma amiga pedindo para buscá-la, antes de ir para outra festa. Robinho afirma estar comprometido em provar sua inocência e lutar pela justiça verdadeira. De acordo com ele, a decisão feita pela justiça italiana foi baseada em racismo.
Robinho faz um paralelo com a situação no país. “Só me leva a crer que esses mesmo que me condenaram são os mesmos que permitem com que aconteça inúmeras vezes histórias de racismo contra inúmeros estrangeiros fora do Brasil“. O ex-jogador afirma que se a situação fosse com um cidadão europeu branco, o julgamento teria sido completamente diferente.
O pedido da Justiça italiana
O crime de violência sexual ocorreu em 2013 na Itália, quando Robinho jogava pelo clube Milan. O ex-jogador foi acusado de estuprar, juntamente com outros cinco homens, uma mulher albanesa em uma boate em Milão. A vítima havia consumido álcool em grande quantidade, mas os condenados afirmaram que a relação foi consensual. Após nove anos do ocorrido, em 19 de janeiro de 2022, a justiça do país o condenou em última instância para cumprir a pena.
Robinho foi condenado enquanto jogava como atacante no Milan (Foto: reprodução/Giuseppe Cacace/AFP/Veja)
O ex-jogador veio para o Brasil antes da execução da ordem de prisão na Itália e tem vivido no país desde então, já que a legislação brasileira impede a extradição de brasileiro natos para cumprimento de penas no exterior. Em novembro de 2023, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu que Robinho cumprisse a pena em solo brasileiro. Em fevereiro deste ano, o governo italiano apresentou pedido de homologação de sentença estrangeira promulgada em 2017.
“Por identidade de razões não se há de admitir que pena lá estabelecida seja simplesmente homologada e executada no Brasil“, afirmaram os advogados de Robinho. Ou seja, a defesa do ex-jogador afirma que a homologação viola a Constituição, proibindo, portanto, a extradição de brasileiro nato e o cumprimento da pena no Brasil. Essa argumentação foi incluída no conteúdo do processo.