Presidente, governadores e prefeitos não vão mais poder se reeleger

Por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a partir da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (21), parlamentares sinalizam de forma simbólica o fim da reeleição para presidente, governador e prefeito.

O texto propõe, ainda, o aumento de tempo de mandato para todos os cargos eletivos, passando a ser de 5 anos. Por conseguinte, o colegiado sugeriu que se reduza os mandatos de senadores, a partir de 2034, para 5 anos.

A PEC contempla também a unificação das eleições, municipais e gerais a partir de 2034. Proposta segue para votação no plenário principal do Senado, onde para ser aprovada, deverá ter, em dois turnos, pelo menos 49 votos favoráveis.


A CCJ aprovou também a unificação das eleições (Foto: reprodução/Instagram/@senadofederal)


Quando a PEC terá início?

Após passar pelo plenário do Senado, antes de começar a valer, a PEC precisará ser homologada pela Câmara dos Deputados. Os argumentos sobre o fim da reeleição tiveram início pelos corredores do Senado durante a gestão de Rodrigo Pacheco (PSD – MG), que se encontrava na presidência da casa. Líderes partidários, seja da direita ou da esquerda, senadores asseguram que a reeleição é um “equívoco”.

Caso a PEC seja aprovada pela CCJ, marcos diferentes serão estabelecidos para sepultar o retorno ao Executivo:

  • Prefeitos: poderão se candidatar à reeleição pela última vez, desde que tenham sido eleitos para um primeiro pleito em 2024. A partir de 2028, candidatos eleitos para prefeituras não poderão mais se reeleger.
  • Governadores: o processo é semelhante ao dos prefeitos, irão se candidatar em 2030 pela última vez, desde que sejam eleitos pela primeira vez em 2026. A partir de 2030, novos eleitos não serão mais reeleitos.
  • Presidente da República: tal qual como os governadores, o Presidente da República terá a possibilidade de se reeleger, mas apenas se este tiver sido eleito em um primeiro mandato nas eleições de 2026. A partir de 2030, novos eleitos não terão a oportunidade de se reelegerem.

Não haverá impedimentos para vereadores, deputados e senadores, que poderão continuar a se candidatar à reeleição.

O processo de reeleição ocorreu a partir de uma Emenda Constitucional de 1997. Dessa mudança surgiu a possibilidade do presidente em exercício, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), pudesse se candidatar, e ser conduzido para um segundo mandato no ano seguinte.

De 1998 até 2022, todos os presidentes eleitos em primeiro mandato conseguiram se reeleger nas eleições seguintes. Jair Bolsonaro (PL) foi a exceção após ser derrotado em 2022.

De acordo com o Senador Marcelo Castro (MDB – PI) relator da proposta, o término da reeleição pode revigorar a política, possibilitando que novos nomes possam abrir um debate de “projetos estruturantes”.


As deliberações sobre o fim da reeleição tiveram início ainda na gestão do senador Rodrigo Pacheco (PSD – MG) enquanto presidente da casa. (Foto: reprodução/Instagram/@rodrigopacheco)


Maior tempo de mandato e eleição única

A proposta tem como objetivo aumentar de 4 para 5 anos a duração dos mandatos de todos os cargos políticos no país, porém, serão aplicadas regras de transição diferentes, até que todas as mudanças possam ser realizadas.

No que concerne a governadores e presidentes, a mudança passa a valer a partir de 2034. Já os deputados federais e estaduais, também passarão a ter 5 anos de mandato em 2034.

Na prática, o mandato dos senadores vai ser reduzido de 8 para 5 anos, e tais mudanças passam a valer para os eleitos a partir de 2034. É preciso entender que tipo de transição vai ocorrer:

  • Em 2026: senadores serão eleitos para 8 anos de mandato;
  • Em 2030: serão eleitos para 9 anos de mandato;
  • Em 2034: mandatos de 5 anos.

Por fim, todos os cargos eletivos ocorrerão em uma única data, ou seja, a eleição para prefeitos e vereadores, que ocorrem dois anos após as eleições nacionais, passa a ocorrer de forma simultânea aos cargos de presidente e governador.

Anitta foi procurada por Rodrigo Pacheco após fazer crítica ao Congresso

Após criticar a postura do Congresso Brasileiro em relação à tragédia no Rio Grande do Sul, a cantora Anitta comentou, nesta quarta-feira (15), que foi procurada por Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, para conversarem sobre a questão.

Cobrança ao Congresso

No dia 10 de maio, Anitta fez uma publicação em suas redes sociais na qual critica a posição do Congresso Brasileiro perante a tragédia que ocorre no Rio Grande do Sul. No vídeo a cantora conta, em inglês, sobre o cenário atual do estado sulista e contextualiza com o movimento existente no Congresso para acabar com as políticas de proteção da natureza.


Anitta no evento “Power of Women” da revista Variety (Foto: reprodução/Instagram/@anitta)

Anitta diz que é hora da população defender o Brasil “contra essa gente“. Ela faz um apelo para que as pessoas continuem ajudando as vítimas e “dar um basta” na destruição da natureza, pois, caso contrário, os brasileiros ainda enfrentarão “coisa muito pior” em um futuro próximo.

Ligação de Pacheco

Na tarde desta quarta (15), a cantora contou para o público que recebeu uma ligação de Rodrigo Pacheco. Em seu vídeo, ela cobrou uma ação do presidente do Senado e também de Arthur Lira, porém disse que este não a respondeu. Segundo Anitta, Pacheco se colocou à disposição para conversarem sobre o assunto e ela confirmou seu interesse no diálogo.

A cantora afirmou que está em busca de um espaço em sua agenda para marcar o encontro com o político e declarou que, apesar de não fazer parte desse meio, acredita na importância de ser uma forma de solicitar ações dos parlamentares, e espera que eles consigam fazer algo em conjunto.


Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante assembléia (Foto: reprodução/Jefferson Rudy/Agência Senado)

Anitta diz ter ficado agradecida com o contato de Pacheco. “Sinto que todos nós fomos ouvidos um pouquinho“, comenta ela aos seus seguidores. A cantora ressaltou que a voz do povo é algo muito importante e que a situação vivenciada no Rio Grande do Sul não deve deixar de ser debatida.

Projeto de lei que visa extinguir “saidinhas” é votado pelo Senado

Nesta terça-feira (20) o Senado deverá votar o projeto de lei que visa acabar com as saídas temporárias dos detentos em dias comemorativos e feriados, na linguagem popular, esse benefício é conhecido como “saidinhas”. 

O projeto já teve seu texto aprovado por uma comissão da Casa e é defendido por parlamentares, em maioria do centrão e da oposição política ao atual governo. Mesmo sendo declaradamente contra a proposta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu colocar o projeto em votação. 


Senadores analisam projeto de lei para extinguir saída temporária (reprodução/Waldemir Barreto/Agência Senado)

O projeto de lei já foi votado em 2022 e se aprovado em plenário, a proposta deverá ser analisada novamente pela Câmara.

Como funciona na legislação atual 

Na atual legislação, as “saidinhas” permitem, por meio de autorização judicial, que os detentos do regimento semiaberto visitem familiares, ingresso e frequência em cursos profissionalizantes, ensino médio e ensino superior e também atividades que promovem o retorno ao convívio social, como por exemplo, ter um emprego. 

No projeto de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), duas dessas possibilidades deixam de existir, sobrando apenas a saída temporária para estudos. 

Alinhamento de ideias 

Flávio Bolsonaro usou um de seus relatórios para argumentar contra os “saidões”, o parlamentar dissertou que o benefício atribui risco à população e ainda acrescentou que o sistema carcerário brasileiro não tem cumprido seu papel quando a ressocialização de presos. 

O nosso sistema carcerário infelizmente encontra-se superlotado e, em muitos estados, com instalações precárias, o que impede a devida ressocialização dos presos. Assim, ao se permitir que presos ainda não reintegrados ao convívio social se beneficiem da saída temporária, o poder público coloca toda a população em risco“, contribuiu o parlamentar ao seu relatório. 

O relatório de Flávio Bolsonaro se alinha ao argumento de Rodrigo Pacheco, que sofre pressão parlamentar desde que um beneficiado pela saída temporária de natal assassinou um policial militar e não compareceu à volta prisional. O ocorrido tornou Pacheco alvo de pressão interna dentro do próprio Senado, que cobra agilidade quanto a proposta. 

O senador afirmou em 8 de janeiro que o Congresso Nacional trabalharia na promoção de mudanças necessárias na Lei Penal e na Lei de Execução Penal, reformulando e até mesmo abolindo direitos que com o intuito de proteger e reintegrar presos, em vez disso eram usados como meio para prática de mais crimes. 

Ou reagimos fortemente à criminalidade e à violência, ou o país será derrotado por elas“, disse Rodrigo Pacheco.

Pacheco e Moro se reuniram semanas antes da Comissão de Segurança Pública (CSP) votar a proposta. O ex-ministro da justiça, Sérgio Moro, foi autor de uma emenda que alterava o resto aprovado pela Câmara, rejeitando o fim de qualquer possibilidade de “saidinhas”, deixando apenas o pressuposto de estudo e trabalho. Conforme Moro, a emenda foi uma tentativa de reduzir resistências. 

Em entrevista ao G1, Sérgio Moro disse que o projeto de lei foi aprovado com o propósito de eliminar saídas nos feriados, que gerava trabalho às forças de segurança pública pelo uso indevido do benefício e criminosos foragidos. Segundo Moro, o texto tinha “inadvertidamente” o efeito de acabar com as saídas para estudo e trabalho.

O que será mantido

Sem vigilância direta, entretanto, monitorados eletronicamente conforme ordem judicial, a proposta de Moro considerada por Flávio Bolsonaro mantém as saídas temporárias apenas para trabalhar e estudar, no último caso, considerando cursos profissionais, ensino médio e superior, o tempo de saída será restrito ao necessário para realização das atividades. 

O benefício, conforme descrito no projeto, só poderá beneficiar condenados do sistema semiaberto que sejam réus primários com cumprimento de no mínimo um sexto da pena e, para casos onde há recorrência, um quarto da pena. Somente detentos com comportamento adequado terão acesso ao privilégio de sair em função do que foi mantido no texto. 

Conforme estabelecido no projeto, as saídas para estudo e trabalho não poderão ser autorizados presos por crimes hediondos – aqueles considerados especialmente repulsivos, segundo o código penal -, crimes com violência ou grave ameaça contra pessoas. Condenados por crimes hediondos com resultado morte também não serão contemplados pelo benefício. 

Mudanças nos critérios de pena 

Em votação, o texto ainda estabelece mudanças nos critérios para a progressão de pena, ou seja, aquelas que permitem a mudança de regime do fechado para semiaberto e aberto para presos que apresentam bom comportamento. 

Na proposta, as decisões judiciais para a mudança de regime deverão levar em consideração os resultados de exames criminológicos, onde será levado em conta questões psicológicas e psiquiátricas para determinar o risco que o detento oferece. 

A justiça também autoriza a inclusão de monitoramento eletrônico através de tornozeleiras como requisito para cumprir penas em semiaberta, presos com restrição de circulação e na condicional. No semiaberto, a comprovação de baixa periculosidade é determinante para a mudança de regime.