Crescimento de casos de sarampo na Europa preocupa OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta quinta-feira (13) uma análise que mostrou um crescimento preocupante de casos de sarampo na Europa. Só em 2024 foram mais de 127 mil ocorrências da doença, a maioria delas em crianças antes do quinto ano de idade.   

Além da OMS, o relatório também contém dados do Fundo das Nações Unidas para Infância, a UNICEF, que mostrou que metade dos contaminados pela doença precisou de internação hospitalar, enquanto 36 deles não sobreviveram. Desde 1997 – quando o continente europeu registrou 126 mil diagnósticos do vírus- não se via tantos casos. Para se ter uma dimensão, a Europa foi responsável por um terço de todos os casos de sarampo noticiados no mundo no ano passado.  

Imunização contra o vírus (Foto: reprodução/Freepik)

Desinformação atrapalha imunização

Na Europa, sequelas econômicas e comportamentais deixadas pela pandemia de Covid-19 estão entre os motivos da baixa imunização. Países como Bósnia, Montenegro e Romênia vacinaram menos de 80% de suas crianças. Antes da pandemia, a vacinação chegava a 93% delas, mas ainda abaixo do recomendado pela OMS, que é de 95%. O desinteresse na vacina contra o vírus do sarampo (Measles morbillivirus) não é exclusividade do continente europeu, nos Estados Unidos, outro motivo atrapalha a imunização. A desinformação é combustível para manter os americanos longe das vacinas. O país enfrenta uma crescente onda de contaminados, a pior desde 2019. Só em janeiro deste ano, já foram notificados 250 casos, com duas mortes confirmadas. O problema preocupa ainda mais autoridades americanas pelo fato de o atual secretário de saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr. atuou no movimento antivacina e desmobilizou a vacinação contra Covid-19.  

Brasil livre de sarampo

A partir de 1995, quando autoridades de saúde junto ao governo federal implementaram um esquema de imunização, o Brasil passou a aplicar em crianças de 12 a 15 meses o tríplice viral, uma combinação de imunizantes contra caxumba, rubéola e sarampo, chegando a 95% de cobertura vacinal. Porém, em 2021, essa cobertura caiu para 74%, fazendo com que o país perdesse o reconhecimento de território livre da doença. Para mudar este cenário, o Ministério da Saúde precisou investir em vacinação em áreas de difícil acesso, nas fronteiras e combater a desinformação. Como resultado, em 2024, o Brasil reconquistou o título de país sem notificação de sarampo, que foi entregue pela Organização Pan-Americana de Saúde.    

Veja quem pode se vacinar contra o sarampo  

Bebês de 12 meses recebem o tríplice viral e aos 15 meses o reforço tetraviral.  Qualquer pessoa entre 30 e 59 anos que esteja com esquema vacinal incompleto deve procurar uma unidade de saúde mais próxima e atualizar a imunização.  

Vacinas contra o sarampo salvam cinco vidas por segundo, diz OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que desde do ano 2000, vacinas contra o sarampo salvem cerca de cinco vidas por segundo. Neste ultimo domingo (17) foram divulgados dados sobre a doença, apontando que só em 2023 foram registrados 10,3 milhões de casos em todo o planeta, 20% a mais do que no ano de 2022.

Avaliação da OMS e dados da doença

A OMS avalia que a cobertura vacinal de forma inadequada é o que impulsiona o aumento de casos. O sarampo é evitado com duas doses, no entanto, mais de 22 milhões de crianças perderam a primeira dose em 2023, e estima-se que em todo o mundo, 83% delas receberam a primeira dose somente no ano passado, enquanto 74% receberam a segunda dose recomendada.

A vacina que previne o sarampo é a tríplice viral, e está disponível de forma gratuita nos postos de saúde de todo o país. O Programa Nacional de Imunizações recomenda que vacina seja aplicada em duas doses, entre 12 e aos 15 meses de idade.

A OMS destaca ainda uma necessidade de cobertura vacinal de pelo menos 95% de ambas as doses em todos os países e territórios para prevenir epidemias e proteger a população contra um dos vírus humanos mais contagiosos do mundo. A vacina contra o sarampo salvou mais vidas nos últimos 50 anos do que qualquer outro imunizante já registrado.


Presidente Luiz Inácio lula da Silva e Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima (Reprodução/Instagram/@nisiatrindadelima)

Alguns dos dados recentes divulgados mostram que em 2023 cerca de 107,5 mil pessoas, em sua maioria crianças de menos de 5 anos, morreram por conta da doença. A OMS ainda avaliou que esse número representa uma queda de 8% em relação ao ano de 2022, mas que mesmo assim é uma quantidade enorme de crianças morrendo em razão de uma doença que é evitável.

O sarampo pode causar efeitos graves para a saúde, principalmente em bebês e crianças, por existir maior risco de complicações graves, como a cegueira, pneumonia e encefalite, que é uma infecção que causa inchaço cerebral junto de danos cerebrais.

Brasil livre do sarampo

O Brasil recebeu esta semana da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de país livre do sarampo. O último registro da doença no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, aconteceu em junho de 2022, no estado do Amapá.


Brasil livre do Sarampo, com certificado da OPAS (Reprodução/Instagram/@lulaoficial)

Os dados de arquivo da OMS mostram que entre os anos de 2018 e 2022 foram confirmados 9.329, 21.704, 8.035, 670 e 41 casos de sarampo, respectivamente. Em 2022, os estados que confirmaram os casos foram: Rio de Janeiro, Pará, São Paulo e Amapá, sendo o último caso confirmado registrado no Amapá, com data de aparecimento do exantema (erupção cutânea) em 5 de junho.

Em 2024, o Brasil registrou dois casos confirmados, mas importados: um em janeiro, no Rio Grande do Sul, do Paquistão; e uma em agosto, em Minas Gerais, da Inglaterra.