Cientistas estão de olho no cometa 3I/ATLAS depois de registrarem, pela primeira vez, sinais de rádio vindos de um objeto interestelar. O achado aconteceu na África do Sul e mostrou traços de radicais de hidroxila, substâncias ligadas ao gelo que vai se transformando em gás à medida que aquece.
Essa descoberta é um passo importante para a astronomia. Pela primeira vez, sinais de rádio foram captados de um corpo formado fora do Sistema Solar, e isso ajuda os cientistas a entender melhor a composição e a trajetória de objetos que viajam entre as estrelas.
O visitante interestelar
O cometa foi identificado em julho de 2025 pelo telescópio Atlas, no Chile. Ele é classificado como interestelar porque segue uma trajetória que mostra que não está preso à gravidade do Sol e viaja livremente pelo espaço.
As primeiras tentativas de captar sinais de rádio aconteceram em setembro, mas não deram certo. Agora, os dados registrados correspondem ao que os pesquisadores esperavam, aumentando a confiança nas medições.
3I/ATLAS Is Not Behind the Sun.
Astronomers were told the interstellar object would disappear behind the Sun during its Oct 29 perihelion. But new observations show that’s not true.On Oct 25, the team recorded 3I/ATLAS visible beside the Sun — not hidden.
Position: RA 13h 38m… pic.twitter.com/cqRoIn8PGT— 3I/ATLAS (@3IAtlas_Anomaly) October 28, 2025
3I/ATLAS visível próximo ao Sol (Foto: reprodução/X/@3IATLAS)
Descobrindo a origem do cometa
O sinal funciona como uma espécie de impressão digital do cometa. Ele permite que os cientistas descubram do que ele é feito sem precisar enviar sondas. Esse tipo de observação faz parte da radioastronomia, que “ouve” o espaço por meio de ondas eletromagnéticas, essenciais para estudar o que não conseguimos ver com a luz comum.
Essas ondas ajudam a revelar fenômenos distantes e a origem de substâncias presentes em corpos celestes. No caso do 3I/ATLAS, os sinais confirmam que há gelo em seu núcleo, o que indica que ele se formou em uma região muito fria da Via Láctea antes de ser lançado pelo espaço.
Objeto 3I/ATLAS emite primeiro sinal de rádio (Vídeo: reprodução/YouTube/Mistérios do Espaço)
Com a aproximação do Sol, parte desse gelo passou por sublimação, transformando-se em gás e mudando a cor do cometa, que agora apresenta tons azulados.
A Rede Internacional de Alerta de Asteroides diz que o 3I/ATLAS pode ter vagado por milhões de anos antes de chegar ao Sistema Solar. Em março de 2026, ele deve se aproximar de Júpiter, a cerca de 50 milhões de quilômetros, oferecendo uma nova chance de observar sinais de rádio e entender melhor de onde veio.
