Novas diretrizes para diagnóstico de autismo são divulgadas

A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil atualizou suas diretrizes para o diagnóstico e tratamento de pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Desta vez, o foco é combater práticas sem comprovação científica, divulgar intervenções baseadas em evidências e auxiliar no diagnóstico precoce.

Um novo documento de 33 páginas foi publicado pelos especialistas do Departamento Científico de Transtornos do Neurodesenvolvimento, com o objetivo de atualizar os métodos de diagnóstico e de tratamento do autismo. O material, voltado para crianças e adolescentes autistas, reforça que o TEA é predominantemente clínico e pode ser identificado por meio de observações, entrevistas com pais e responsáveis, além dos critérios do DSM-5. O documento também alerta para um risco quase despercebido pelos pais: o uso excessivo de telas, que pode replicar sintomas do transtorno. Fatores como vulnerabilidade social também podem influenciar o diagnóstico.


Terapeuta com paciente autista (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Andreswd)

Diagnóstico

Há diversas formas de iniciar o diagnóstico de uma criança com TEA. Uma das principais é dentro de casa, observando comportamentos e reações. No ambiente clínico, algumas etapas são fundamentais para uma constatação precisa, como: entrevista com pais ou cuidadores, observação direta, avaliações padronizadas e, por fim, os critérios diagnósticos do DSM-5.

No novo documento, os especialistas ressaltam que uma das principais formas de reduzir os sintomas do autismo é o diagnóstico precoce. A identificação dos sinais nos primeiros anos de vida é mais eficaz e pode trazer melhoras significativas no desenvolvimento da criança.

Tratamento

O estudo reforça que o tratamento do autismo deve ser individualizado, ou seja, não existe uma abordagem única para todos, já que cada criança tem sua especificidade. No entanto, há métodos comuns a diferentes grupos e níveis do transtorno, como: Intervenção precoce, Terapia comportamental (ABA), Fonoaudiologia, Terapia ocupacional, Psicoterapia, Apoio familiar e educacional.

O documento também alerta para tratamentos realizados sem comprovação científica, como: dietas restritivas, suplementação alimentar e probiótica, intervenções biológicas, psicanálise, Son-Rise, uso de canabidiol (CBD), ácido folínico, musicoterapia e arteterapia. Estudos como o publicado pela Nature Human Behaviour em agosto de 2025 indicam que alguns desses métodos podem promover bem-estar momentâneo, mas não apresentam evidência científica de evolução no TEA.

Abordagens em Estudo

Diversos tratamentos estão em fase de pesquisa, mas ainda não possuem comprovação de eficácia para aplicação clínica. Abordagens como estimulação craniana não invasiva, Floortime e equoterapia são consideradas promissoras para o futuro.

As novas diretrizes também alertam que o acompanhamento médico, relatórios detalhados e conduta ética são fundamentais para garantir terapias adequadas e os direitos previstos em lei. Todas essas medidas e estudos representam um verdadeiro avanço na área, refletindo uma transformação significativa nos processos de diagnóstico e tratamento de crianças com Transtorno do Espectro Autista.

Segundo Censo, Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo

Conforme os dados divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 2,4 milhões de pessoas que receberam o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), conforme as informações do Censo de 2022. Também foi relatado que esse número equivale a 1,2% da população. As informações foram publicadas com os dados sobre a relação de brasileiros com alguma necessidade especial.

Incidência maior entre homens

Segundo as informações fornecidas, a quantidade de homens que declararam sofrer do transtorno é maior do que a de mulheres. A maioria desses indivíduos possui entre 0 a 44 anos. Enquanto isso, ainda não há explicações conclusivas dentro da medicina sobre o assunto.

Ao verificar a faixa etária dos cidadãos diagnosticados com TEA, nota-se que há uma maior concentração entre pessoas com idades de 5 a 9 anos (2,65%). Em seguida, aparecem as faixas etárias de 0 a 4 anos (2,1%), 10 a 14 anos (1,9%) e, por último, de 15 a 19 anos (1,3%).Esses registros refletem os dados de 1,1 milhão de pessoas.


— IBGE divulga números do Censo 2022 (Foto: reprodução/X@ibgecomunica)


Para os especialistas da agência de estatística do Brasil, esses percentuais estão atrelados ao diagnóstico mais acelerado, motivado pelo aumento da busca por informações por parte dos responsáveis de crianças e adolescentes.

Estados e raças de pessoas com TEA

Além disso, foram registrados os percentuais de pessoas brancas, negras, pardas, autodeclaradas amarelas e indígenas que possuem o transtorno, bem como as regiões do país com maior índice de pessoas com TEA. Com base nos relatos do Censo, pessoas brancas lideram o percentual de indivíduos com o espectro autista.

Os dados informaram que brancos são 1,3%; autodeclarados amarelos, 1,2%; pretos, 1,1%; pardos, 1,1%; e indígenas, 0,9%.

Em termos regionais, o Sudeste do país lidera o ranking de pessoas com neurodiversidade autista, sendo o estado de São Paulo destaque, com mais de 500 mil pessoas diagnosticadas com o transtorno.

O IBGE de 2022 apontou que o índice de escolarização de cidadãos com autismo foi maior quando comparado à taxa da população geral. A alfabetização de indivíduos com a neurodivergência foi de 36,9%, enquanto, na sociedade geral, os números foram de 24,3%.


— Evento de divulgação do Censo 2022 realizado na OAB de Natal/RN nesta sexta-feira (23) (Foto: reprodução/X@ibgecomunica)


Vale lembrar que o Censo leva em consideração os alunos com TEA matriculados em instituições de ensino. No entanto, a qualidade do ensino oferecida a esse grupo de pessoas não é avaliada pelo instituto.

Norte e nordeste lideram o ranking de regiões com pessoas com deficiência

 Ainda com os relatos publicados pelo órgão oficial de estatísticas do Brasil, mais de 15% de pessoas nas regiões Norte e nordeste possuem uma deficiência. E, de acordo o Censo, pessoas com deficiência são, em sua maioria, pessoas adultas com idades entre 50 e 69 anos.

As limitações coletadas pelo IBGE foram:

  • Dificuldade para enxergar (4%);
  • Dificuldade para se locomover (2,6%);
  • Complicações para pegar pequenos objetos (1,4%);
  • Problemas na fala;
  • Impedimentos para poder trabalhar ou estudar devido às dificuldades constantes para ouvir (1,3%);
  • Limitações relacionadas às funções mentais (1,4%);
  • Dificuldade constante para ouvir (1,3%).

O IBGE também avaliou a taxa de escolaridade desse grupo de pessoas e verificou que, entre os indivíduos com 15 anos ou mais que possuem deficiência, 2,9 milhões são analfabetos. Isso equivale a 2,3%, um baixo índice de escolaridade.

A taxa de pessoas com baixa escolaridade é superior à de pessoas que não possuem limitações. Só no Brasil, 63,1% das pessoas com 25 anos ou mais que têm alguma deficiência, não concluíram o ensino fundamental. Esse percentual também é superior ao do grupo de pessoas sem deficiência.

Crescimento de diagnóstico de TDHA possui 8 possíveis causas

Sven Bölte, professor de Ciência Psiquiátrica Infantil e Adolescente do Krolinska Istitute, em Estocolmo, afirma que os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade não se tornaram mais comuns. “A prevalência desses traços parece ser bastante constante na população”, ele diz.

Minha área de pesquisa há mais de 30 anos é predominantemente transtornos do neurodesenvolvimento, especialmente transtorno do espectro autista e TDAH. Trabalho amplamente nessas áreas, desde pesquisa biomédica básica sobre etiologias até pesquisa aplicada de intervenção, garantia de qualidade e implementação, embora eu descreva cognição/neuropsicologia, instrumentos de diagnóstico, avaliação e psicometria como meus principais interesses.”

Sven Bölte


https://twitter.com/bolte_sven/status/1653771642793783298

Sven Bölte na Reunião Anual do INSAR 2023, reunião científica anual (Foto: reprodução/X/bolte_sven)


Bölte estuda e pesquisa os distúrbios do neurodesenvolvimento

Além de professor de Ciência Psiquiátrica Infantil e Adolescente, Bölte dirige o Centro de Distúrbios do Neurodesenvolvimento no KI (KIND) e chefia a Divisão de Neuropsiquiatria no Departamento de Saúde da Mulher e da Criança, na Noruega. Ele trabalha como consultor sênior em psicologia clínica e especialista em neuropsicologia na psiquiatria infantil e adolescente de Estocolmo.

Para o professor, não importa o número de diagnósticos, os quais apenas indicam que alguém tem um certo número de sintomas dentro do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O crucial é que “a pessoa diagnosticada receba uma revisão de sua situação específica e então receba informações e sugestões individualizadas com acompanhamentos ao longo do tempo, se isso acontecer. Mas é possível conseguir isso. Não é nem ciência de foguetes”, ele diz.

O aumento surpreendente dos diagnósticos poderia ser explicado por oito motivos:

  1. Vários diagnósticos feitos em uma mesma pessoa

    Diferente do que era feito no passado, atualmente, é prática fazer os diagnósticos necessários para abranger e descrever significativamente os sintomas e desafios de uma pessoa.

    2. Aumento do conhecimento e da conscientização dos profissionais

    A nova geração de pesquisadores e estudiosos conseguem detectar mais cedo o transtorno e diagnosticar meninas, mulheres e adulto; pessoas que eram negligenciadas, anteriormente.

    3. Redução do estigma

    Com a democratização do conhecimento, o transtorno tem menores conotações negativas e está sendo visto como uma parte natural da identidade das pessoas.

    4. A sociedade moderna exige mais das habilidades cognitivas

    Portadores do Espectro de TDHA têm uma composição defeituosa de traços cognitivos: controle de atenção, habilidades organizacionais e autorregulação. A rápida expansão tecnológica exige muito dessas características cognitivas. Os neurodivergentes costumam ter limitações para lidar com as demandas cotidianas e costumam ser diagnosticados com TDHA.

    5. Expectativas mais altas em relação à saúde e ao desempenho

    A linha de base social de saúde e desempenho médio é mais alta nos dias de hoje. Quando o desempenho não corresponde às expectativas, há um interesse maior em descobrir uma causa. O TDHA pode ser presumido como uma explicação.

    6. As mudanças nas escolas levaram a que mais alunos tivessem dificuldades

    A educação mais autodirigida resultou em um ambiente de aprendizagem menos claro. Exige-se que o aluno esteja mais motivado e use suas habilidades cognitivas. Portadores de TDHA podem enfrentar dificuldades. As escolas começaram a encaminhar alunos parar avaliação.

    7. Os formuladores de políticas priorizam a avaliação

    Muitos países já estão tornando os pareceres médicos mais acessíveis, para que as pessoas recebam o diagnóstico mais rápido.

    8. O diagnóstico garante o acesso a apoio e recursos

    Na maioria das vezes, o diagnóstico clínico é a única maneira de as pessoas e suas famílias obterem suporte, acesso a apoio e recursos. Os profissionais estão mais inclinados a ajudá-los.

    Trabalhar com a neurodivergência é um grande desafio

    As pesquisas têm como objetivo encontrar um método de ensino que funcione para todos, em que os neurotípicos possam conviver com os neurodivergentes (portadores de TDHA, autismo e outros transtornos do neurodesenvolvimento e suas comorbidades) em um ambiente de aprendizagem harmônico.

    Espera-se que os professores possam trabalhar de forma mais contínua, fazer avaliações de forma mais assertiva, tenham melhores dados para avaliar a classe que está ensinando, possam fazer ajustes com a ajuda dos serviços de saúde estudantil.

    De acordo com a demanda, espera-se que alunos possam ter coisas explicadas individualmente, outros possam receber ferramentas para controlar o tempo

    Transformando Desafios em Oportunidades: A Abordagem da Clínica Vitalidade para o Desenvolvimento Infantil no Espectro Autista

    O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição que pode apresentar uma série de desafios para as crianças e suas famílias. Em resposta a essas necessidades, a Clínica Vitalidade Terapias Multidisciplinar, sediada no Tatuapé, em São Paulo, adotou uma estratégia de cuidado e inclusão que redefine o tratamento do autismo na infância.

    Inovação e Cuidado no Acolhimento

    Entendendo a necessidade de um suporte abrangente, a Clínica Vitalidade foi projetada para ser mais do que um local de terapia; ela é um centro de inovação no tratamento do autismo. Uma de suas características mais marcantes é a oferta de atendimento até as 22h, uma decisão pensada para contemplar a realidade das famílias atípicas e permitir que as mães possam acompanhar de perto o progresso de seus filhos sem comprometer suas rotinas de trabalho.

    “Ao estender o horário de funcionamento, demonstramos nosso compromisso em adaptar os serviços às necessidades reais das famílias que atendemos. Isso tem sido um diferencial significativo e muito apreciado em nossa comunidade”, destaca a equipe da clínica.

    Intervenção Multidisciplinar Personalizada



    O sucesso no tratamento de crianças no espectro autista muitas vezes depende de uma atuação personalizada e multidisciplinar. Na Clínica Vitalidade, cada plano de tratamento é cuidadosamente ajustado para atender às necessidades individuais da criança, envolvendo uma equipe diversificada de especialistas, incluindo psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, entre outros.

    “O foco é garantir que cada aspecto do desenvolvimento da criança seja adequadamente suportado, desde a comunicação até habilidades sociais e cognitivas, utilizando as melhores práticas e metodologias disponíveis, como a ABA – Análise do Comportamento Aplicada”, afirma a clínica.

    Apoio Contínuo às Famílias

    Além dos tratamentos oferecidos, a Clínica Vitalidade entende a importância do apoio contínuo às famílias, especialmente às mães. Os encontros “Café com as Mães” são uma iniciativa que proporciona um momento de troca e apoio, permitindo que as mães discutam suas experiências e desafios em um ambiente acolhedor e compreensivo.

    Resultados que Falam

    Os impactos do trabalho da Clínica Vitalidade são evidentes no progresso das crianças e no bem-estar das famílias. “Observar o desenvolvimento contínuo das crianças que atendemos é nossa maior recompensa. Isso reforça a importância de nosso trabalho e o impacto positivo que podemos ter nas vidas de muitas famílias,” comenta a equipe.



    A Clínica Vitalidade segue comprometida em ser um farol de esperança e inovação para crianças no espectro autista e suas famílias. Para conhecer mais sobre seus programas e serviços, visite www.vitalidadepsicologia.com.br e siga @vitalidadepsicologia no Instagram para acompanhar todas as novidades.