‘Brasil dá aulas aos Estados Unidos sobre maturidade democrática’, diz The Economist

A revista britânica The Economist, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e influentes do mundo, publicou, nesta quinta-feira (28), sua edição semanal. A capa é estampada por uma ilustração do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No especial, o periódico enaltece os passos da democracia brasileira, em contraste à atual onda autoritária dos EUA de Donald Trump, ainda que critique supostas incongruências do Supremo e do Congresso Nacional.

Artigo compara gestão democrática brasileira e estadunidense

O artigo propõe uma avaliação sobre o combate ao autoritarismo em solo brasileiro e estadunidense, partindo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe, marcado para setembro deste ano.

“Imagine um país onde um presidente polarizador perdeu a corrida pela reeleição e recusou aceitar o resultado. Ele declarou a votação manipulada e usou as mídias sociais para motivar seus apoiadores a se insurgir. Eles o fizeram aos milhares, atacando prédios governamentais. Então a insurreição falhou, o ex-presidente encarou uma investigação criminal e promotores o processaram por arquitetar um golpe de Estado. Isso soa como uma fantasia da esquerda americana. Em outra gigantesca democracia do hemisfério, é uma realidade” – assim começa a reportagem especial do The Economist desta semana.


Leonardo Sakamoto, do UOL, analisa capa da The Economist desta semana (reprodução/Youtube/UOL)


Em outro momento do texto, o periódico reforça o contraste entre a autointitulada “maior democracia do mundo” com seu par latino-americano, que superou sua última ditadura em 1985.

“Os Estados Unidos está se tornando mais corrupto, protecionista e autoritário – com Donald Trump mexendo nesta semana com o Banco Central e ameaçando cidades comandadas por políticos democratas. Do outro lado, mesmo que a gestão Trump puna o Brasil por processar Bolsonaro, o país em si está determinado a proteger e fortalecer sua democracia”, escreveu o The Economist.

Opinativo expõe críticas ao STF e Congresso Nacional

Embora enalteça o regime tropical, a revista também mostra o que considera ser os desafios políticos da maior economia da América Latina.


The Economist analisa com ambivalência a instituição do Supremo Tribunal Federal, com sede na Praça dos Três Poderes, em Brasília (reprodução/Gustavo Gomes/Getty Images Embed)


“Paradoxalmente, uma tarefa chave é frear a Corte Constitucional, apesar de seu papel de guardiã da democracia brasileira. Como árbitra de uma Constituição que se prolonga por 65.000 palavras, a corte supervisiona uma gama vertiginosa de regras, direitos e obrigações, de políticas tributárias a cultura e esportes. Grupos como sindicatos e partidos políticos podem recorrer diretamente ao colegiado. Às vezes, a Justiça inicia casos por conta própria, incluindo uma investigação acerca de ameaças virtuais, algumas das quais contra a própria corte – o que faz dela a vítima, promotora e juíza. (…) Há um amplo reconhecimento de que o fato de juízes não eleitos terem tanto poder pode corroer a política, assim como salvá-la de golpes”, apontou o veículo estrangeiro, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal.

Ele aborda ainda o desequilíbrio fiscal interno, alimentado, entre outros fatores, segundo cita, por projetos individuais de congressistas, sem efetiva necessidade no contexto nacional, que aumentam os gastos públicos e limitam o crescimento.

Frente às críticas, o periódico britânico, que, ao longo de sua trajetória, apoiou os neoliberais Donald Reagan e Margaret Tatcher, aposta na pauta reformista.

“Tensões serão, portanto, inevitáveis, mas, ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos de grande alcance do Brasil, de todos os partidos, querem atuar conforme as regras e progredir através de reformas. Essas são as marcas registradas da maturidade política. Temporariamente, ao menos, o papel do adulto democrático do Hemisfério Ocidental se transferiu para o sul”, finalizou.

Jornais e revistas dos EUA pedem que Biden renuncie candidatura à presidência

A noite da última sexta-feira (28/06) trouxe à tona o ponto de vista de alguns dos principais jornais dos Estados Unidos, como “Financial Times”, “The New York Times” e “The Wall Street Journal”, e também de revistas como “The Economist”, quanto à reeleição de Biden para a presidência do país, o qual está concorrendo contra Donald Trump, que atuou no cargo de 2017 a 2021; as eleições ocorrerão no dia 5 de novembro deste ano.

Esses veículos de comunicação revelaram em seus artigos, os quais representam sua posição, a apreensão da possível derrota de Biden, e o que a vitória de Trump pode significar para a democracia, que seria comprometida severamente.

A ideia de que Biden deva desistir de se reeleger surgiu na quinta-feira (27/06), após o desempenho negativo no debate eleitoral com Trump, candidato republicano. Não apenas a imprensa estadunidense pensa em sua renúncia, mas até mesmo seu partido.

Os editoriais

Financial Times

A competência de Biden para derrotar o candidato republicano é colocada em pauta neste jornal, o qual menciona que o estado do presidente aparenta estar extremamente frágil para a tarefa de vencer Donald Trump.

Segundo o jornal, os atos de Joe Biden serão recordados pela história, da vitória contra Trump em 2020, a algumas das medidas legislativas mais substanciais dos últimos tempos. Todavia, os debates têm o poder de persuadir os eleitores e as eleições como um todo, e este pode ser o momento em que Biden perde a esperança de se reeleger, por aparentar fragilidade para continuar na presidência.

Apesar de defenderem que a mente do presidente permanece aguçada, seu desempenho no debate foi desesperador.

The Wall Street Journal

O jornal declarou em seu editorial que o atual presidente não está pronto para mais quatro anos no cargo, e que o Partido Democrata precisa escolher prontamente um novo candidato, pois, Trump deseja que Biden seja seu adversário, “mas o país merece uma escolha melhor”.

Tal reeleição é um ato egoísta, visto o declínio do candidato, mesmo após diversos avisos. E o declive de Biden poderá ocasionar a vitória de Trump, uma vez que “ditadores ambiciosos agem quando sentem o cheiro de fraqueza”, segundo o The Wall Street Journal.

The New York Times

O jornal, que recebeu o maior número de visitas online mensalmente no ano passado, relata que é preciso haver um candidato democrata que possa ganhar de Trump, visto que a vitória deste é uma ameaça à democracia do País, não crendo que este candidato possa ser Biden.

É frisado que a postura de Biden no debate de quinta-feira foi a da sombra do “presidente admirável” que um dia fora, tendo inclusive dificuldade para completar frases, e que não é mais o homem de quatro anos atrás, por mais que o debate tentasse provar o oposto, e que o candidato pode repetir o feito da última eleição.

Todavia, o fato de ter vencido Trump há quatro anos, deixou de ser motivo o suficiente para que Biden seja o candidato democrata deste ano, conforme o jornal.

The Economist

O texto do jornal relata que foi agonizante assistir o comportamento do presidente durante 90 minutos, e também pede que não siga com a reeleição, pois o desempenho do debate foi demasiadamente instável para alguém que estará no emprego mais árduo do mundo durante quatro anos.

O jornal diz que, caso Biden se preocupe com sua incumbência, o maior ato que pode fazer para o povo, é renunciar sua candidatura.

Revista Time

A revista publicou uma reportagem comentando a falta de desempenho do presidente no último debate, comentando que “pânico” não é o suficiente para explanar como os eleitores democratas sentiram-se ao assistirem à performance do candidato.

A capa da revista chamou atenção pela montagem realizada, e a palavra em destaque.


Capa da revista “Times” (Foto: Reprodução/X/@BRICSinfo)

Posicionamento do presidente

Durante o comício que ocorreu nesta sexta-feira (28/06) na Carolina do Norte, a conduta de Joe Biden implica que este permanecerá como candidato democrata, e que vencerá também as próximas eleições, e a coordenadora da campanha declarou que não haverá qualquer resignação.