‘Brasil dá aulas aos Estados Unidos sobre maturidade democrática’, diz The Economist

A revista britânica The Economist, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e influentes do mundo, publicou, nesta quinta-feira (28), sua edição semanal. A capa é estampada por uma ilustração do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No especial, o periódico enaltece os passos da democracia brasileira, em contraste à atual onda autoritária dos EUA de Donald Trump, […]

28 ago, 2025
Foto destaque: Capa traz ilustração Bolsonaro e faz referência a chapéu viking utilizado por um dos invasores do Capitólio em 2021 (reprodução/Gregori Saavedra/The Economist)
Foto destaque: Capa traz ilustração Bolsonaro e faz referência a chapéu viking utilizado por um dos invasores do Capitólio em 2021 (reprodução/Gregori Saavedra/The Economist)
Vê-se uma ilustração do ex-presidente Jair Bolsonaro com terno preto, camisa social branca e gravata preta. Seu rosto está pintado com parte da bandeira do Brasil, nas cores verde, amarelo e azul. Ele utiliza um chapéu viking de pelo animal com dois grandes chifres de touro. O fundo é amarelo vibrante, com a frase "What Brazil can Teach America" (O que o Brasil pode ensinar aos Estados Unidos, em tradução literal) à esquerda.

A revista britânica The Economist, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e influentes do mundo, publicou, nesta quinta-feira (28), sua edição semanal. A capa é estampada por uma ilustração do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. No especial, o periódico enaltece os passos da democracia brasileira, em contraste à atual onda autoritária dos EUA de Donald Trump, ainda que critique supostas incongruências do Supremo e do Congresso Nacional.

Artigo compara gestão democrática brasileira e estadunidense

O artigo propõe uma avaliação sobre o combate ao autoritarismo em solo brasileiro e estadunidense, partindo do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe, marcado para setembro deste ano.

“Imagine um país onde um presidente polarizador perdeu a corrida pela reeleição e recusou aceitar o resultado. Ele declarou a votação manipulada e usou as mídias sociais para motivar seus apoiadores a se insurgir. Eles o fizeram aos milhares, atacando prédios governamentais. Então a insurreição falhou, o ex-presidente encarou uma investigação criminal e promotores o processaram por arquitetar um golpe de Estado. Isso soa como uma fantasia da esquerda americana. Em outra gigantesca democracia do hemisfério, é uma realidade” – assim começa a reportagem especial do The Economist desta semana.


Leonardo Sakamoto, do UOL, analisa capa da The Economist desta semana (reprodução/Youtube/UOL)


Em outro momento do texto, o periódico reforça o contraste entre a autointitulada “maior democracia do mundo” com seu par latino-americano, que superou sua última ditadura em 1985.

“Os Estados Unidos está se tornando mais corrupto, protecionista e autoritário – com Donald Trump mexendo nesta semana com o Banco Central e ameaçando cidades comandadas por políticos democratas. Do outro lado, mesmo que a gestão Trump puna o Brasil por processar Bolsonaro, o país em si está determinado a proteger e fortalecer sua democracia”, escreveu o The Economist.

Opinativo expõe críticas ao STF e Congresso Nacional

Embora enalteça o regime tropical, a revista também mostra o que considera ser os desafios políticos da maior economia da América Latina.


The Economist analisa com ambivalência a instituição do Supremo Tribunal Federal, com sede na Praça dos Três Poderes, em Brasília (reprodução/Gustavo Gomes/Getty Images Embed)


“Paradoxalmente, uma tarefa chave é frear a Corte Constitucional, apesar de seu papel de guardiã da democracia brasileira. Como árbitra de uma Constituição que se prolonga por 65.000 palavras, a corte supervisiona uma gama vertiginosa de regras, direitos e obrigações, de políticas tributárias a cultura e esportes. Grupos como sindicatos e partidos políticos podem recorrer diretamente ao colegiado. Às vezes, a Justiça inicia casos por conta própria, incluindo uma investigação acerca de ameaças virtuais, algumas das quais contra a própria corte – o que faz dela a vítima, promotora e juíza. (…) Há um amplo reconhecimento de que o fato de juízes não eleitos terem tanto poder pode corroer a política, assim como salvá-la de golpes”, apontou o veículo estrangeiro, referindo-se ao Supremo Tribunal Federal.

Ele aborda ainda o desequilíbrio fiscal interno, alimentado, entre outros fatores, segundo cita, por projetos individuais de congressistas, sem efetiva necessidade no contexto nacional, que aumentam os gastos públicos e limitam o crescimento.

Frente às críticas, o periódico britânico, que, ao longo de sua trajetória, apoiou os neoliberais Donald Reagan e Margaret Tatcher, aposta na pauta reformista.

“Tensões serão, portanto, inevitáveis, mas, ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos de grande alcance do Brasil, de todos os partidos, querem atuar conforme as regras e progredir através de reformas. Essas são as marcas registradas da maturidade política. Temporariamente, ao menos, o papel do adulto democrático do Hemisfério Ocidental se transferiu para o sul”, finalizou.

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