Países europeus emitem alertas para pessoas trans nos EUA

O bloco de países europeus composto por Dinamarca, Irlanda, França, Finlândia, Alemanha, Portugal e Reino Unido anunciou nesta quinta-feira (3) uma série de recomendações para seus viajantes com destino aos Estados Unidos.

Com o endurecimento das políticas de imigração nos Estados Unidos, diversos países passaram a emitir avisos de viagem para quem planeja visitar o país. Especialmente as pessoas trans, não-binárias ou com passaporte de terceiro gênero que desejem viajar para os EUA.   

Assim que assumiu a Casa Branca, o presidente Donald Trump anunciou uma série de ações que atacavam diretamente direitos da população LGBTQIAPN+.  

Direitos negados

Entre os direitos negados está incluída a proibição de pessoas trans nas forças armadas e a restrição ao acesso de menores a cuidados de saúde voltados para a afirmação de gênero.  

Ainda em janeiro, ele aprovou uma ordem que reconhece apenas dois sexos biológicos: masculino e feminino. Além disso, quem tem passaporte dos EUA deve usar o sexo definido no nascimento, revertendo políticas inclusivas.  


Presidente dos EUA, Donald Trump, diz reconhecer apenas dois gêneros: masculino e feminino (Vídeo: reproduão/YouTube/CNN Brasil)

Países que emitiram alerta

A Dinamarca editou seu aviso de viagem, classificou como preocupante ter os EUA como destino e orientou dinamarqueses trans, queer e não-binários a procurarem a embaixada da Dinamarca, caso estejam em outros países.   

Finlândia, França e Portugal aconselham seus viajantes a se informar antes do embarque e, se possível, evitar o país de Donald Trump. Segundo o comunicado, pessoas trans podem enfrentar o risco de ter a entrada negada nos EUA caso o sexo no passaporte não corresponda ao sexo de nascimento.  

Nesse sentido, a Alemanha também atualizou suas recomendações. Conforme nota do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, cidadãos alemães, embora tenham visto ou isenção, poderão ter a entrada negada nos EUA. A decisão final cabe às autoridades de fronteira dos Estados Unidos.  

Assim como a Alemanha, o Ministério de Relações Exteriores norueguês informou que são as autoridades de imigração na chegada que tomam a decisão final. As autoridades norueguesas não podem intervir nessa decisão.  

Já a Irlanda orienta que seus viajantes trans com marcador de gênero “X” nos passaportes devem falar com a embaixada dos EUA em Dublin antes de viajar para saber os requisitos.  

Por fim, o Reino Unido informou que os EUA aplicam regras de entrada com rigor. Quem não seguir essas regras pode ser preso ou detido. E orientou viagem a território americano apenas em casos de extrema necessidade.  

Até o momento, o governo brasileiro não se manifestou sobre recomendações a viajantes LGBTQIAPN+ aos Estados Unidos.   

Javier Milei proíbe tratamento hormonal e cirurgia de gênero para menores de idade 

Na última quarta (5), o gabinete presidencial da Argentina informou que o atual presidente Javier Milei decidiu proibir o acesso de menores de idade aos tratamentos hormonais e às cirurgias de troca de gênero. A decisão, segundo Manuel Ardoni, porta-voz oficial da presidência, tem como objetivo proteger a saúde mental das crianças.

Além da proibição do acesso aos menores de idade, Milei também deverá impor limites para mulheres trans serem alojadas em presídios femininos. O presidente determinará que as presidiárias sejam alocadas conforme o gênero registrado no momento em que cometeram o crime. Segundo a nota do gabinete, mulheres trans acusadas de cometer crimes sexuais, tráfico de pessoas ou crimes de violência não serão alocadas em prisões femininas. 

Protestos na Argentina 

O anúncio do gabinete ocorre dias após protestos de argentinos a favor dos direitos LGBTQIA +. No último sábado (1), milhares de pessoas protestaram em Buenos Aires em defesa dos direitos da comunidade LGBTQIA + e contra as falas do presidente no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. 


Argentinos vão para as ruas manifestar contra o presidente Javier Milei (Vídeo: reprodução/YouTube/UOL)

Em seu discurso, Milei questionou temas como o feminismo, diversidade, inclusão e aborto. O presidente argentino criticou a “agenda woke”, que se refere a pautas direcionadas à igualdade racial, social e de gênero e chegou a relacionar as políticas de inclusão com um câncer. As manifestações em resposta ao presidente aconteceram na Praça do Congresso até a Praça de Maio, onde fica localizada a Casa do Governo. 

Influência dos EUA 

O anúncio de Milei é mais uma medida que segue influência do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em seu primeiro dia de mandato, o presidente americano decretou a transferência de 16 mulheres trans que estavam em presídios femininos, para instituições masculinas. No entanto, o decreto foi bloqueado por um juiz no país. Atualmente, a maioria das mulheres transsexuais dos EUA estão mantidas em prisões masculinas. 

Maya Massafera critica Vogue por não cumprir acordo sobre capa de revista

A influenciadora Maya Massafera criticou publicamente a revista Vogue Brasil por não cumprir o acordo de colocá-la na capa da edição impressa do mês de junho, que celebra o orgulho LGBTQIAP+. Maya, que havia feito um ensaio fotográfico e escrito uma carta aberta sobre sua transição, afirma que foi enganada pela publicação, que a colocou apenas na capa digital.


Capa digital da Vogue Brasil com Maya Massafera (Foto: reprodução /X/@voguebrasil)

Polêmica nas redes sociais

Maya utilizou seu perfil no Instagram para manifestar sua insatisfação, afirmando que a Vogue Brasil não trata as mulheres cisgênero da mesma forma. Segundo ela, as capas digitais foram criadas para gerar lucro e abordar temas que a revista principal não quer incluir. Maya ressaltou que a Vogue não faria uma capa digital para Gisele Bündchen, enfatizando a diferença de tratamento.

A influenciadora afirmou ainda que foi convencida a participar do projeto sob a promessa de que seria capa da edição física. Contudo, ao descobrir que se tratava apenas de uma edição digital, Maya se sentiu usada e desrespeitada.

Veja abaixo a sequência de stories no Instagram de Maya Massafera:


Stories de Maya Massafera sobre a Vogue (Foto: reprodução/Instagram/@mayamassafera)

Resposta da Vogue Brasil

A Vogue Brasil respondeu às críticas de Maya em uma postagem no Instagram, lamentando o mal-entendido e negando que tenha prometido a capa impressa à influenciadora. A revista afirmou que um projeto tão especial como esse, fruto de extensa negociação e que resultou em imagens tão lindas e em um relato tão importante de Maya Massafera, acabou repercutindo de forma distorcida, desviando o foco de sua essência.

A publicação também afirmou que o editorial de Maya foi excluído da edição impressa em respeito ao desejo expresso por ela em suas postagens iniciais.

Repercussão e apoio

Após a divulgação da edição de junho, que apresenta Maya na capa digital, a influenciadora recebeu apoio de muitos internautas. No entanto, também enfrentou críticas e comentários preconceituosos. Maya reforçou a importância de ser tratada com a mesma relevância que outras mulheres e afirmou que continuará lutando por respeito e igualdade.


Maya Massafera (Foto: reprodução/Instagram/@mayamassafera)

Maya concluiu sua carta aberta, publicada pela Vogue, expressando seu desejo de fazer a diferença no mundo e compartilhar a alegria e gratidão que sente.

A controvérsia envolvendo Maya Massafera e a Vogue Brasil destaca as complexidades e desafios enfrentados por pessoas trans na mídia, além de levantar questões sobre a inclusão e representação em publicações de grande circulação.

Maya Massafera brilha na capa da Vogue Pride após transição de gênero

No seu primeiro editorial para uma revista de moda desde a transição de gênero, Maya Massafera compartilha uma carta emotiva com os leitores da Vogue, onde relata de forma sincera e sensível sua jornada.

Com sinceridade, ela revela os desafios enfrentados e as vitórias alcançadas ao longo do caminho, inspirando outros a abraçarem sua autenticidade.

A modelo dispara em carta aberta para a Vogue:

Queridos leitores da Vogue,

Dizem que a vida começa aos 40. A minha, literalmente, começou aos 43. Pela primeira vez, entendo o que é ser genuinamente feliz. Meu estado de espírito está radiante. Em minhas conversas com médicos e psicólogos, eles explicaram que esse sentimento de felicidade é o estado normal de uma pessoa que nasceu no corpo e gênero com os quais se identifica, e que, provavelmente, com o tempo, vou me acostumar com essa nova realidade. Sinto vontade de me olhar no espelho, de sair de casa e de viver. Ao mesmo tempo, enfrento muito medo e disforia, porque sair de casa se tornou um evento. As pessoas querem ver se estou verdadeiramente feminina, o que mudou em mim e como está o meu corpo. Até meus amigos têm essa curiosidade e sei que não é por mal – mas estou exausta. É importante entendermos que somos únicas.

Espero que essa versão atenda às suas necessidades.

Maya Massafera

Maya Massafera na capa da Vogue Pride (Foto:reprodução/Instagram/@voguebrasil)

Disforia de gênero

Através de suas redes sociais, Maya compartilhou um pouco sobre sua experiência com a disforia de gênero.

A disforia é um desafio real que enfrento. Às vezes estou bem e outras vezes triste, como todo mundo! Em alguns momentos, sinto uma disforia intensa, especialmente desde que comecei minha transição… Às vezes, prefiro ficar sozinha e evitar ser vista por alguém“.

Inicio da transição

A apresentadora discute sua transição, mencionando dificuldades durante o tratamento hormonal e a exposição da mídia.

Originalmente, planejava manter minha jornada privada por mais tempo, mas a mídia acabou por descobrir e distorcer alguns aspectos em suas reportagens”, explicou.

Planos para a carreira

Maya expressa seu desejo de permanecer no mundo do entretenimento e ser uma influência positiva para seus seguidores, afirmando: “Embora não possa prever o futuro com certeza, estou determinada a manter-me envolvida no entretenimento e ser uma influência positiva para aqueles que me seguem“.

Quase 150 pessoas trans foram assassinadas em 2023, segundo relatório

Nesta segunda-feira (29), data em que se comemora o Dia da Visibilidade Trans, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou seu relatório anual, o qual aponta que, no ano passado, 145 pessoas trans foram assassinadas no Brasil, 14 a mais do que em 2022. De acordo com a Antra, este número pode ser ainda maior, visto que não existem dados oficiais sobre a violência contra essa população no país.

São Paulo é o estado com mais mortes

São Paulo voltou a ocupar o lugar de estado com o maior registro de assassinatos de transexuais, com 19 casos; o número representa um aumento de 79% se comparado com o ano anterior, no qual ocupou o segundo lugar nas estatísticas. Outro estado que também teve um aumento em relação a 2022 foi o Rio de Janeiro: com 8 mortes em 2022, ele passou para 16 e ficou na segunda posição do ranking. O terceiro colocado foi o Ceará, estado no qual 12 mortes foram contabilizadas.


VIII Caminhada Trans teve o tema “Pelo Direito de Sobreviver, Existir e Resistir” e ocorreu na Avenida Paulista no último domingo (28) (Foto: reprodução/Paulo Pinto/Agência Brasil)

Em uma perspectiva internacional, o Brasil permanece como o país que mais mata pessoas trans no mundo, condição que mantém há 15 anos consecutivos, segundo dados da ONG Transgender Europe, que monitora mais de 170 nações ao redor do mundo.

Maioria das vítimas é negra

O relatório da Antra também divulgou o perfil das pessoas assassinadas, e mais de 70% delas eram negras, e 34% tinham entre 18 e 29 anos. Também foi constatado que a maior parte dos crimes são cometidos contra mulheres trans: foram 146 das 145 mortes, o que representa 94%.