Unicef emite alerta para nível de desnutrição aguda na Faixa de Gaza

A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) emitiu alerta para o nível de desnutrição no território da Palestina nesta terça-feira (16), onde dados levantados pela organização revelou que mais de 26 mil crianças precisam de tratamento para desnutrição aguda.

Alerta máximo

O porta-voz da Unicef, Tess Ingram, afirmou que das 26 mil crianças que precisam de tratamento, 10 mil delas estão concentradas na Faixa de Gaza, área bastante afetada pelos bombardeios e pela falta de suprimentos básicos para a população. No mês de agosto, especialistas em insegurança alimentar da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmaram que a região da Faixa de Gaza estavam em situação de fome. 

Com os bombardeios intensificando na região, muitos palestinos, incluindo crianças em situação de desnutrição, estão sendo obrigados a se deslocarem para a região Sul, e para Ingram, isso representa uma “ameaça mortal” para os mais vulneráveis, que não têm forças e suporte para realizarem o deslocamento de forma segura. 

Deslocamento de civis

Os bombardeios na Faixa de Gaza estão obrigando civis a se deslocarem para a região Sul da Faixa de Gaza. De acordo com dados da Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) ocorreram mais de 70 mil deslocamentos para a região sul nos últimos dias. No mês passado, foram mais de 150 mil deslocamentos para a mesma região.


Civis palestinos se deslocando em meio aos ataques israelenses (Foto: reprodução/Hassan Jedi/Anadolu via Getty Images Embed)


Com os deslocamentos em massa, grandes estradas que fazem ligações importantes entre regiões se encontram congestionadas, como a Estrada Al Rashid, que estava com uma grande concentração de pessoas, segundo Tess Ingram, que esteve no local na última segunda-feira (15). 

A região em que os palestinos estão se deslocando não tem estrutura e suprimentos suficientes para abrigar os refugiados. Israel enviou diversos panfletos recomendando o deslocamento de civis para “zonas humanitárias” na região sul. Apesar da recomendação de deslocamento para essa região, as tropas israelenses vêm realizando bombardeios nesses locais onde há grandes deslocamentos, ocasionando em mortes e deixando muitos civis feridos.

Crise Climática pode redesenhar o “mapa da pobreza” infantojuvenil na América Latina até 2030

A Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quinta-feira (28), divulgou dados sobre os impactos das mudanças climáticas no desenvolvimento de crianças e adolescentes latino-americanos e caribenhos. Até 2030, conforme o relatório, 5,9 milhões de pessoas nesta faixa etária poderão ser afetadas devido aos danos causados pelo efeito estufa e pela falta de financiamento climático. 

O estudo, que é uma parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe (CEPAL), analisou os impactos climáticos no Brasil e em mais 17 países da região, projetando cenários sombrios caso medidas urgentes não sejam adotadas.

Impactos climáticos

Segundo o relatório, a crise climática não é apenas uma questão ambiental, uma vez que está diretamente ligada à realidade social de milhões de crianças e jovens na América Latina e no Caribe. Conforme o documento, se nada for feito de forma efetiva, a situação tende a se agravar, lançando milhares de crianças e jovens destes países à pobreza extrema. Podendo quase triplicar a projeção inicial, alcançando 17,9 milhões de jovens em situação de vulnerabilidade.


Publicação sobre o estudo referente aos impactos do clima na América Latina (Foto: reprodução/X/@ONUNews)

Além do impacto direto, o relatório chama atenção para as “perdas e danos” que comprometem o desenvolvimento satisfatório dos jovens e sua qualidade de vida. A falta de acesso a serviços de saúde, nutrição adequada e saneamento básico interfere diretamente na capacidade cognitiva e no bem-estar desta parcela da população. 

Apesar destes dados, o estudo denuncia que apenas 3,4% do financiamento climático multilateral é direcionado às iniciativas voltadas para o público infantojuvenil. Evidenciando a necessidade urgente para uma mudança nas prioridades e maior proteção dos mais vulneráveis, desde os primeiros anos de vida.

Regiões mais afetadas

O relatório apontou o nordeste brasileiro como uma das áreas críticas onde os efeitos das mudanças climáticas são mais severos. O “Cone Sul”, formado por Argentina, Chile e Uruguai, também é uma região que merece mais atenção. Além do “Corredor Seco” da América Central, entre o Sul do México e o Panamá, regiões expostas a eventos extremos, como secas prolongadas, enchentes, ondas de calor e furacões. 

Para os analistas, esses fenômenos não apenas colocam em risco a integridade física das crianças e jovens, mas também prejudicam seriamente seu acesso a direitos básicos como educação, moradia, água potável e alimentação.  Sem uma atuação coordenada, de acordo com o estudo, a desigualdade tende a se aprofundar, perpetuando um ciclo de pobreza e exclusão que poderia ser evitado com planejamento, investimento e compromisso político real.


Conferência sobre Desenvolvimento Social que acontecerá entre 2 e 4 de setembro de 2025, em Brasília, capital federal (Foto: Reprodução/X/@cepal_onu)

A Unicef e a Cepal destacam que a resposta à crise climática deve ir além da redução de emissões. Para os analistas, é fundamental garantir políticas públicas que fortaleçam os serviços sociais e promovam a resiliência das comunidades. Também reforçam a importância da educação ambiental nas escolas como ferramenta para preparar as novas gerações. Segundo informaram, para evitar que a pobreza adicional se concretize, seriam necessários entre US$ 10 e US$ 48 bilhões de dólares em recursos para proteger crianças, adolescentes e jovens com menos de 25 anos. 

Crimes sexuais e homicídios afetam crianças e adolescente na Amazônia Legal

Levantamento divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que seis dos dez estados brasileiros com as maiores taxas de violência sexual contra crianças e adolescentes em 2023 estão localizados na Amazônia Legal. Rondônia lidera o ranking, com 234,2 casos para cada 100 mil pessoas de até 19 anos, seguido por Roraima (228,7), Mato Grosso (188,0), Pará (174,8), Tocantins (174,2) e Acre (163,7).

Índice de violência infantil

Entre 2021 e 2023, a região registrou mais de 38 mil ocorrências de estupro e estupro de vulnerável contra esse público, além de quase 3 mil mortes violentas intencionais — categoria que inclui homicídio doloso, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.

Em 2023, a taxa de violência sexual na Amazônia Legal alcançou 141,3 casos por 100 mil crianças e adolescentes, superando em 21,4% a média nacional de 116,4. O crescimento foi mais acelerado do que no restante do país: entre 2021 e 2022, houve aumento de 26,4%, mais que o dobro da variação nacional de 12,5%.

O estudo indica que municípios situados a até 150 quilômetros de fronteiras brasileiras apresentam taxas mais elevadas — 166,5 casos por 100 mil — em comparação a cidades não-fronteiriças, que registram 136,8. A vulnerabilidade é maior entre meninas de 10 a 14 anos que vivem em áreas rurais, grupo que apresenta 308 ocorrências por 100 mil habitantes nessa faixa etária.

No recorte racial, 81% das vítimas de estupro na Amazônia Legal são pretas ou pardas; brancos representam 17% e indígenas, 2,6%. Essa realidade difere do restante do país, onde a maior incidência atinge crianças e adolescentes brancos.


Familiares de vítimas de violência contra crianças lamentam na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (Foto: reprodução/Mauro Pimentel/Getty Images Embed)


Crimes racistas e sexuais

Quanto às mortes violentas, a disparidade é ainda mais acentuada: crianças e adolescentes negros da região têm três vezes mais chances de serem assassinados do que brancos. Entre as vítimas de ações policiais, 91,8% eram negras, 7,9% brancas e 0,3% indígenas.

A pesquisa também aponta que adolescentes de 15 a 19 anos que vivem em áreas urbanas da Amazônia Legal estão 27% mais expostos à violência letal do que jovens da mesma faixa etária em outras regiões do Brasil. Os dados reforçam a complexidade e a gravidade da violência contra crianças e adolescentes na região, evidenciando desafios urgentes para políticas públicas de prevenção e proteção.

Brasil não está mais na lista dos países com mais crianças sem imunização

Nesta segunda-feira (15), a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o UNICEF (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância) divulgaram um relatório, cujos dados comprovam que o Brasil deixou de fazer parte da lista dos 20 países com maior incidência de crianças não vacinadas.

A lacuna vacinal da DTP1 (protege contra difteria, tétano e coqueluche) passou de 687 mil em 2021 para 103 mil em 2023. A DTP3 reduziu de 846 mil em 2021 para 257 mil em 2023.


Brasil comemora resultado do avanço no processo vacinal (Reprodução/Instagram/@minsaude)


Ministério da Saúde vestiu a camisa da vacinação

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que o reconhecimento confirma que a retomada das coberturas vacinais destacou-se positivamente.

Nós revertemos esse cenário. Em fevereiro de 2023, logo que assumimos a gestão, demos largada no Movimento Nacional pela Vacinação, um grande pacto para a retomada das coberturas vacinais. O Zé Gotinha viajou pelo Brasil, levando a mensagem de que vacinas salvam vidas“.

Nísia Trindade

Ministra da Saúde fala sobre o avanço da imunização no Brasil (Reprodução/Instagram/@minsaude


A chefe de saúde da UNICEF no Brasil, Luciana Phebo, destacou que é fundamental continuar avançando, com o objetivo de encontrar e imunizar cada menina e menino, que ainda não recebeu as vacinas. Para isso, os esforços devem ultrapassar os muros das unidades básicas de saúde e alcançar escolas, CRAS e outros espaços, onde estejam essas crianças.

Nem todo país vacinou suas crianças

O panorama mundial não tem o mesmo motivo para comemorar. Em comparação com os níveis de 2019, antes da pandemia, a imunização infantil estagnou, deixando 2,7 milhões de crianças a mais não vacinadas ou com imunização incompleta.

Catherine Russell, Diretora Executiva do UNICEF, salientou que “fechar a lacuna de imunização requer um esforço global, com governos, parceiros e líderes locais investindo em cuidados primários de saúde e trabalhadores comunitários para garantir que todas as crianças sejam vacinadas e que a saúde geral seja fortalecida“.

Russell completou que há uma continuidade da tendência de muitos países em não vacinar um número excessivo de crianças.