Marcelo Sommer retorna ao SPFW com desfile em academia e foco no upcycling

O estilista paulistano Marcelo Sommer fez um retorno marcante à SPFW, com uma apresentação que mistura nostalgia, irreverência e consciência ambiental. Fiel à sua identidade criativa, Sommer voltou a transformar o comum em espetáculo: depois de ter levado os fashionistas a um supermercado no início dos anos 2000, desta vez o cenário escolhido foi uma academia de ginástica, onde apresentou sua nova marca e sua mais recente coleção.

O espaço inusitado deu o tom da performance, divertida, crítica e cheia de significados. A proposta do estilista foi refletir sobre o culto ao corpo e os padrões estéticos que dominam a sociedade atual, contrapondo o ambiente fitness à ideia de reaproveitamento e imperfeição, que permeia toda a coleção.

O espírito provocador de Sommer

Com o mesmo humor e leveza que sempre marcaram seu trabalho, Sommer levou para a passarela um mix de cores, texturas e referências pop, criando um diálogo entre o urbano e o experimental. As modelos circularam entre aparelhos de musculação e espelhos, vestindo peças com sobreposições criativas, cortes assimétricos e detalhes manuais, que remetem à liberdade estética do início dos anos 2000, mas com um olhar atualizado.


 


A apresentação teve uma atmosfera performática, reforçada por uma trilha sonora vibrante e pelo comportamento espontâneo dos modelos, que pareciam parte de uma instalação artística. Sommer, mais uma vez, mostrou que moda é experiência — algo que ultrapassa o vestir e toca o campo da atitude.

Upcycling e reinvenção na nova fase

O retorno do estilista também marca uma mudança de rumo em sua trajetória, agora centrada no upcycling, técnica de reaproveitamento de materiais e roupas antigas para criar novas peças. Longe de ser apenas uma tendência, o conceito representa uma postura ética diante do consumo e da produção de moda.

Sommer propõe uma criação mais consciente, mas sem abrir mão do estilo. Tecidos reaproveitados aparecem em composições inesperadas, estampas ganham novas combinações e o resultado é uma moda autoral, vibrante e sustentável. Com essa volta, Marcelo Sommer reafirma sua relevância na moda brasileira e mostra que criatividade e responsabilidade podem caminhar lado a lado, transformando até uma academia em passarela e a roupa em manifesto.

Moschino utiliza upcycling e cores neutras para a coleção de verão 2026

Na última quinta-feira (25), a Moschino apresentou a sua coleção de verão 2026 na Semana de Moda de Milão, a nova coleção se chama “Collezione 06” e é assinada pelo argentino Adrian Appiolaza, que está seguindo o legado de Franco Moschino.

Arte Povera e Upcycling

Para a nova coleção, Adrian explorou o movimento artístico italiano do final dos anos 60 “Arte Povera”, que visava o uso de materiais do cotidiano para criar peças de arte, realizando também uma reciclagem e uma arte sustentável. Esse conceito, na moda, foi traduzido para upcycling. 

Nas passarelas de Milão, foi possível ver que itens menos “prestigiados” foram utilizados para dar vida a algumas peças, como cordas, sacos de batata, caixa de encomenda e até panelas de cozinha entraram no jogo. Para além de objetos do dia a dia incorporados nas peças, o argentino incorporou peças de roupas menos prestigiadas também, como macacões, casacos de retalhos, sapatos volumosos que poderiam ser confundidos com espanadores ou até mesmo pelúcias, e saias e vestidos que eram feitos de outras camisetas coladas. 


Modelo usa camisa branca com uma cadeira de plástico azul impressa e um chapéu com pedaços de madeira (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Assim como as bolsas, os chapeus e outros acessórios também foram de objetos inesperados para a moda, mas comum no dia a dia. Além dos objetos físicos, eles foram representados nas roupas, com ardonos, impressões nas camisetas, costuras e outros. A maquiageem das modelos contrapunha as peças, sendo mauqiagens com cores vibrantes e glitter, diferente das peças usadas na passarela.


Modelo usa bandeija de tomates como bolsa (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Ainda na nova coleção, Appiolaza usou clássicos da Moschino, como camisetas com smiley, efeitos de trompe l’oeil (ilusão de ótica que dá impressão que uma superfície plana tem profundidade) e ternos cartunescos brancos. Todos esses elementos foram  utilizados com foco em cores mais neutras, diferente as coleções anteriores conhecidas da Moschino, como tons de marrom, preto e branco.

Peso do legado

Appiolaza sempre traz temas como sustentabilidade para as suas coleções e definiu a coleção de verão 2026 como algo que abraça imperfeição, diferente da coleção anterior que era sobre precisão na visão de Adrian. O novo desfile trouxe repercussão sobre o legado que o argentino está carregando, onde a Moschino de Franco foi algo revolucionário e de fácil identificação apenas com um olhar, com cores vibrantes, protestos persistentes e com uma visao única do italiano.


Modelo usa camiseta com smiley, símbolo caracteristico da Moshcino (Foto: reprodução/Instagram/@moschino)

Mesmo seguindo o seu estilo sustentável, o qual é a sua assinatura e forma de expressão, a nova coleção de Adrian Appiolaza não agradou a muito. Isso se dá pela diferença gritante da coleção atual com o legado ainda existente de Franco Moschino, que sempre trouxe a polêmica e a revolução de forma afiada para as passarelas, o que vai de contraponto ao argentino.

Emma Corrin protagoniza campanha de coleção upcycled da Miu Miu

Emma Corrin foi escolhida como o novo rosto da coleção Miu Miu Upcycled, uma linha que repagina itens antigos, transformando-os em novas peças. A coleção, batizada de Holiday, celebra a sustentabilidade e a inovação.

Mais sobre a coleção Holiday

A coleção Holiday é a quinta edição da linha de Upcycling da Miu Miu e traz novidades sustentáveis para a marca. Desta vez, a coleção apresenta couro reciclado, kilts dos anos 1950 e 1970, além de fios reciclados compostos por sobras do arquivo da grife, com foco em cores vibrantes. Os bordados, também reciclados, foram resgatados dos arquivos da marca e agora são aplicados sobre renda chantilly preta. Todos os itens da coleção são confeccionados a partir de materiais reciclados provenientes de fontes globais.


Processo de criação da coleção Holiday (Reprodução/Instagram/@miumiu)


O couro reciclado da Miu Miu fez sua estreia na passarela na temporada de 2022. Agora, as jaquetas de motociclista vintage, combinadas com shorts e saias, foram repaginadas com remendos florais, uma homenagem ao desfile de 2011. Além disso, cada jaqueta foi desconstruída e remodelada, com forro de cetim e corpetes acolchoados, e finalizada com gola removível de pele de carneiro, trazendo uma nova interpretação para peças antigas.

A coleção Holiday também inclui moletons com capuz e gola redonda grossa, cachecóis e pequenos acessórios, todos adornados com o logotipo Miu Miu em malha de crochê de algodão, trazendo um toque artesanal e contemporâneo à linha.


Emma Corrin em campanha da Miu Miu Upcycled (Reprodução/Instagram/@miumiu)

Algo interessante é que a bolsa Wander e os chinelos de malha completam a coleção, que faz parte do Aura Blockchain Consortium, uma associação sem fins lucrativos dedicada a promover a transparência e práticas comerciais centradas no cliente ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos de luxo. Utilizando blockchain e outras tecnologias inovadoras, a iniciativa garante autenticidade e rastreabilidade. Cada peça da Coleção Miu Miu Upcycled 2024 será verificada através da Aura Blockchain, assegurando sua procedência e compromisso com a sustentabilidade.

Sobre Emma Corrin

Emma Corrin, que ganhou notoriedade mundial por sua brilhante interpretação da princesa Diana na quarta temporada de The Crown, se consolidou não apenas como uma talentosa atriz, mas também como um verdadeiro ícone fashion, seguindo os passos de sua personagem.

Desde sua ascensão ao estrelato, a atriz tem encantado o público com looks criativos, inspirados e que não se prendem ao gênero, frequentemente elaborados em colaboração com seu stylist, Harry Lambert, que também é responsável pelos visuais de Harry Styles.

A estética única de Corrin, que mistura modernidade com toques retrô e uma abordagem não convencional ao estilo, conquistou um lugar de destaque no cenário da moda. Seus looks, sempre autênticos e inovadores, refletem sua personalidade e têm sido amplamente comentados em eventos internacionais, consolidando-a como uma das figuras mais influentes no universo fashion – contemporâneo.

“Patchwork”: tendência promete voltar com tudo para o mundo da moda

Durante o último inverno gringo, a tendência patchwork ganhou destaque com aplicação principalmente em casacos e calças. A técnica é uma das mais antigas no mundo da moda, vinda do Antigo Egito e consiste na costura de diversos tipos de tecidos e retalhos de cores diferentes, criando padrões únicos, aproveitando sobras de tecidos.

O patchwork além de ser inovador, é extremamente eficiente quando se trata de redução de lixo e sustentabilidade. Se tornou uma das alternativas ideais para quem procura incorporar a moda upcycling no seu dia a dia e se desvincular da cultura fast fashion. Esta técnica de costura também é uma forma de valorização do trabalho artesão, visto que os retalhos são escolhidos e costurados à mão.


Colcha de retalhos; exemplo de tecidop com “Patchwork” (Foto: reprodução/Grafitti Artes)

Apesar de ser uma técnica antiga, suas peças conseguem ser super atuais, se adequando à diversas peças e formatos, desde cobertores até conjuntos de casaco e calça. O estilista Nigel Xavier se destacou como um dos principais nomes no mundo da moda quando o assunto é patchwork. O californiano ficou conhecido após ganhar a segunda temporada do reality show de moda da Netflix, Next In Fashion, apresentado por Tan France e Gigi Hadid.

Conhecido atualmente como “mago do jeans”, Nigel se destacou por todas suas peças serem trabalhadas com a técnica patchwork, onde costura principalmente o jeans e transforma em todos tipos de peças imagináveis, como sofás e poltronas.


Nigel Xavier com seus designs (Foto: reprodução/Instagram/@nigelxavier)

Além da proposta upcycling, o patchwork é um grande aliado do street style, por questões sociopolíticas e de estilo. Como a costura consiste na remenda de retalhos, tornou-se uma técnica bastante utilizada em periferias para consertar roupas e fazer novas sem precisar gastar. Atualmente, também é considerada extremamente versátil, podendo combinar diversas estampas, padrões, tamanhos e cores diferentes, do mais simples ao mais ousado.


Sara Camposarcone para Paris Fashion Week (Foto: reprodução/Instagram/@saracamposarcone)

Pode-se dizer que o patchwork é uma das técnicas mais completas da moda, além de seus propósitos de sustentabilidade e versatilidade, carrega a inclusividade, por ser acessível, simples e suscetível a qualquer tipo de estilo.