Melissa atinge força histórica e se torna o segundo furacão mais potente já registrado no Atlântico

O furacão Melissa alcançou nesta terça-feira (28) a marca de segundo mais forte da história do Oceano Atlântico, segundo informações do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).

O sistema registrou ventos sustentados de aproximadamente 297 km/h, superando os parâmetros de um furacão de categoria 5 na escala Saffir-Simpson, que mede a força dos ventos e o potencial destrutivo. O fenômeno segue avançando em direção ao norte do Caribe, com alertas emitidos para diversas ilhas da região e para a costa sudeste dos Estados Unidos.

Intensificação recorde e risco para o Caribe

De acordo com meteorologistas, Melissa passou por um processo de intensificação rápida, quando o furacão ganha força em poucas horas devido a temperaturas elevadas da superfície do mar, alta umidade e baixos ventos de cisalhamento, condições ideais para o crescimento explosivo de sistemas tropicais. A temperatura das águas do Atlântico, atualmente acima da média, contribuiu de forma decisiva para o fortalecimento do fenômeno.

O NHC alertou que os efeitos mais severos incluem ventos devastadores, chuvas torrenciais e marés de tempestade com potencial de causar inundações costeiras e deslizamentos de terra. 


Olho do furacão Melissa registrado por um avião caça (Vídeo: reprodução/X/@metsul)

Países como República Dominicana, Porto Rico e as Ilhas Virgens permanecem em estado de vigilância, com evacuações preventivas em áreas de risco. Especialistas destacam que, embora o centro da tempestade ainda esteja sobre o oceano, as bandas externas já provocam fortes chuvas e ventos destrutivos em partes do Caribe.

Mudanças climáticas e eventos extremos

A formação do furacão Melissa reacende o debate sobre os efeitos do aquecimento global na frequência e intensidade dos furacões. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o aumento da temperatura dos oceanos fornece mais energia às tempestades tropicais, resultando em sistemas mais potentes e imprevisíveis. Para cientistas, episódios como esse não são isolados, mas sinais de um novo padrão climático no Atlântico.

Nos últimos anos, especialistas têm registrado uma tendência de furacões mais intensos e com trajetórias atípicas, o que torna mais difícil o planejamento e a resposta das autoridades. O caso de Melissa reforça a urgência de políticas internacionais de mitigação e adaptação climática, especialmente para nações insulares e regiões costeiras vulneráveis.

Enquanto o furacão segue seu curso pelo Atlântico, comunidades locais e agências internacionais mantêm o monitoramento constante, reforçando que o impacto humano e ambiental desses fenômenos vai muito além da força dos ventos, é um reflexo direto de um planeta em transformação.

Rio Grande do Sul trabalha preventivamente para evitar novas tragédias

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, organizou uma força tarefa em Porto Alegre, determinando o deslocamento de frotas e equipes de resgate para regiões mais vulneráveis: Vales do Caí e do Taquari, Serra Gaúcha e Litoral Norte. A Defesa Civil emitiu um alerta sobre novos eventos extremos até as 10h de quarta-feira (19).

Em virtude dos últimos episódios de chuva na região, o estado gaúcho quer prevenir que outras tragédias aconteçam. Medidas importantes foram definidas em reunião na Sala de Situação da Defesa Civil Estadual.

Trabalho preventivo especializado

De acordo com as previsões da Sala, há riscos de novas enchentes nos Vales do Caí e do Taquari, e deslizamentos na Serra Gaúcha e Litoral Norte. Por esse motivo, tropas especializadas em áreas deslizadas e cães de buscas estão sendo destacados.

Ainda conforme a previsão, até amanhã, as chuvas volumosas colocam em estado de alerta os moradores da região hidrográfica do Guaíba, envolvendo os rios Taquari e Caí, já acima da cota de inundação, podendo atingir níveis mais críticos.


Alerta Defesa Civil do RS (reprodução/Instagram/@defesacivilrs)


Na região hidrográfica do Uruguai, os rios apresentam condições de normalidade, com exceção do Rio Ijuí, o qual está sob observação.

Os temporais provocarão ventos que podem ultrapassar os 70 quilômetros por hora nas regiões das Missões, Campanha, Vales, Serra Gaúcha e noroeste do estado. Na metade sul, podem variar de 40 a 50 km/h.

Evento microexplosão

No último final de semana, aconteceu uma microexplosão, fenômeno caracterizado por chuva volumosa em curto espaço de tempo, geralmente acompanhada de rajadas de ventos, em São Luiz Gonzaga. O evento afetou cerca de 15 mil pessoas, deixou 400 desalojadas e uma ferida.

Os meteorologistas alertam que, embora a repetição de eventos extremos como os ocorridos na enchente do último mês seja improvável, os volumes de chuva previstos para os próximos dias devem ser monitorados.