Paris Fashion Week comemora seus 50 anos com esperadas estreias, grandes desfiles e novos nomes

Hoje, 23 de setembro, começa a Semana de Moda de Paris. Depois de uma sequência de Nova York, Londres e Milão, o evento na capital francesa marca o fim das grandes semanas, residentes nas capitais da moda, do calendário. 

Com uma abrangente expectativa, essa edição é comemorativa, já que a semana parisiense está completando 50 anos. Como sempre, a cidade da luz contará com grandes momentos, como a estreia de Alexandre Michelle na Valentino, uma colaboração inusitada entre Coperni e a Disney e a estreia de novidades quentes para a temporada primavera/verão 2025. 

Ausências importantes

Uma surpresa para os que sempre acompanham a Paris Fashion Week é a ausência da tradicional francesa Givenchy do evento. A marca acaba de admitir Sarah Burton como sua nova diretora criativa, assim, faltando tempo hábil para a produção de uma nova coleção. A estreia de Burton com a maison será apenas na próxima edição do evento, em março de 2025.


Último desfile da Givenchy na PFW, em 2023 (Foto: reprodução/The Fall Magazine)

Mais um figurinha carimbada que dessa vez não dará as caras nesta edição é a inovadora Off-White, que desfilou sua última coleção, inspirada na mescla cultural entre Estados Unidos e África, no começo do mês, na New York Fashion Week. 

Outra personagem tradicional da semana de moda parisiense que não comparecerá ao evento será a estilista Virginie Viard. A designer saiu do posto de diretora criativa da Chanel no começo do ano e ainda não está ao comando de nenhum outro ateliê. Mas isso não significa que a histórica maison francesa faltará ao evento. No dia 1 de outubro, a Chanel realizará no Grand Palais –  reinaugurado esse ano, após quatro anos em obras – o desfile de uma coleção, pela primeira vez na história da casa, assinada pelo estúdio criativo.

Alessandro Michele chega a Valentino

A talvez mais aguardada estreia da semana está nas mãos do italiano Alessandro Michele. Após uma longa história de sucesso na Gucci, o designer lançou recentemente uma pré-coleção para sua nova casa, Valentino, para mostrar como irá dirigir uma diferente, mas não menos importante, tradicional maison.


Pré-coleção de Alessandro Michele para Valentino (Foto: reprodução/Instagram/@valentino)  

A estreia por completo acontecerá no sétimo dia da Semana de Moda de Paris, dia 27 de setembro, para agora, pela primeira vez, o público contemplar seu trabalho fora da Gucci.

Mundo mágico Coperni X Disney

Coperni virou sinônimo de espetáculo durante desfiles. A grife inova em cada passarela que pisa, como fez anteriormente com seus cachorros robôs e o vestido pintado na hora no corpo da modelo Bella Hadid, em 2022.


Coperni pinta vestido no corpo de Bella Hadid, na Paris Fashion Week de 2022 (Foto: reprodução/Instagram/@coperni)  

A marca não irá deixar a desejar e dessa vez, apesar de não terem revelado nenhum outro detalhe, realizará seu desfile na mágica Disneyland Paris, no último dia do evento, fechando a semana de moda parisiense com chave de ouro.

Chanel couture: maximalismo e elegância fecham o desfile da maison

Nesta terça-feira (25), tivemos o segundo dia da semana de alta costura parisiense, e, para fechar seu desfile, Chanel apresentou muito brilho, volume e maximalismo.

20 dias após o anúncio da saída da diretora criativa Virginie Viard, a coleção foi preparada pelos ateliês Chanel e foi a primeira vez da grife realizando uma apresentação na Ópera Garnier de Paris.

Drama e glamour

A última peça apresentada no desfile haute couture da Chanel vestia a modelo Angelina Kendall como uma noiva luxuosa. O vestido maximalista possui volume na saia e nas mangas, além de aplicações brilhantes no torso e um laço no cabelo. O look foi escolhido para fechar o desfile e representa bem o conceito definido para a coleção: sofisticado e teatral.


Vestido maximalista encerra desfile da Chanel couture (Vídeo: reprodução/Instagram/@voguefrance)


Essa coleção de outono/inverno foi creditada ao estúdio de criação da Chanel, agora que sua ex-diretora criativa, Virginie Viard, está de saída. O local escolhido complementa a narrativa da apresentação. A Ópera Garnier é considerada uma das obras-primas da arquitetura de seu tempo, símbolo de criatividade e liberdade. O cenário é perfeito para as peças artesanais apresentadas pela maison.

Uma nova era

A sucessora de Karl Lagerfeld, Virginie Viard, anunciou que estaria deixando a direção criativa da Chanel no início deste mês. A estilista trabalhou com a marca por 30 anos e assumiu o cargo em 2019, após o falecimento de Lagerfeld, aos 85 anos.

Mesmo com opiniões divididas, Virginie construiu seu legado com a marca e teve um papel importante trabalhando ao lado de Karl. “É a pessoa mais importante não só para mim, mas para todo o ateliê Chanel. Virginie é o meu braço direito e esquerdo” , disse ele no documentário “Reta Final” da Netflix.

Apesar das especulações e possíveis nomes, como o britânico John Galliano e o italiano Pierpaolo Piccioli, ainda não foi confirmado quem será o substituto para a vaga na maison.

Confira o que esperar da semana de alta-costura de Paris 2025

Com o fim próximo da temporada de semanas de moda masculina – a de Milão que acaba nesta quarta-feira (19) e a de Paris no domingo (23) – a capital da moda mundial se prepara para receber mais um grande evento: a semana de alta-costura 2025. 


Vestido da grife Gaurav Gupta para semana de alta-costura Verão 2024 (Foto:reprodução/Launchmetrics Spotlight/Vogue Brasil)

Com a participação de 26 marcas, a semana inicia com a italiana Schiaparelli e a inovação de seu diretor criativo Daniel Roseberry. Em seguida vem Iris Van Herpen e Ardazaei para fechar o primeiro dia. 


Vestido da grife Schiaparelli para semana de alta-costura Verão 2024 (Foto:reprodução/Launchmetrics Spotlight/Vogue Brasil)

A despedida de Virginie

Um dos desfiles mais aguardados da semana será o da Chanel, não apenas pela história e nome da Maison, que é uma das referências quando se pensa em alta-costura, mas pelo recente anúncio da saída de sua diretora criativa Virgnie Viard. Os críticos do mundo da moda se encontram ansiosos para ver o que a estilista pode entregar como seu último trabalho no posto de mente por trás da marca.


Vestido da grife Chanel para semana de alta-costura Verão 2024 (Foto:reprodução/Launchmetrics Spotlight/Vogue Brasil)

Além da despedida de Virginie, a divulgação do endereço onde ocorrerá o desfile alavancou todas as expectativas. A Chanel levará a alta-costura para a casa da Ópera de Paris, no prédio histórico Palais Garnier.


O Palais Ganier foi escolhido como cenário do desfile de alta-costura da Chanel (Foto:reprodução/ Harper’s Bazzar Brasil)

O desfile da Maison francesa acontecerá no segundo dia da semana de alta-costura, 25 de junho. 

Valentino de fora

A histórica grife italiana Valentino anunciou que não participará desta edição da semana de moda, após a saída do então diretor criativo Pierpaolo Piccioli, mas, recentemente, a grife causou euforia com a divulgação de seu substituto, Alessandro Michele.


Look da grife Valentino para semana de alta-costura Verão 2024 (Foto:reprodução/Launchmetrics Spotlight/Vogue Brasil)

Alessandro deixou depois de 15 anos a cadeira de diretor criativo de outra grande italiana no mundo da moda, a Gucci. O recente casamento entre o estilista e a Valentino já gerou frutos e causou boa impressão, com o recente lançamento de uma coleção off season assinada por ele. 


Coleção off season da Valentino, primeira assinada por Alessandro Michele (Foto:reprodução/Elle Brasil)

A semana ainda estará recheada com muitas outras marcas importantes do universo da moda e promete entregar o que há de mais refinado e ousado sendo produzido no mais alto panteão da indústria.

Após décadas de colaboração, Virginie Viard deixa a Chanel

A maison francesa Chanel, anunciou a saída da designer Virginie Viard nesta quarta-feira (05), depois de uma colaboração de 37 anos. A estilista galgou vários cargos na Chanel durante sua carreira, chegando a ser uma das pessoas mais importantes da marca ao lado de Karl Lagerfeld, que a chamava de “não apenas o braço direito, mas também o esquerdo”. A notícia surpreende pois a estilista recebeu elogios por seu trabalho à frente da direção criativa da maison nos últimos cinco anos. Rumores surgem sobre o que teria acontecido e nomes como Hedi Slimane, Pierpaolo Piccioli e Sarah Burton são cotados para assumir o cargo.

A saída de Viard

As equipes de design da Chanel foram comunicadas sobre a saída de Viard sem qualquer aviso prévio. Depois, a marca fez um anúncio oficial, sem mencionar qualquer motivo que pudesse ter levado a tal decisão e agradecendo Viard por seu trabalho na marca.

“A Chanel confirma a saída de Virginie Viard após uma rica colaboração de cinco anos como Diretora Artística de coleções de Moda, durante os quais conseguiu renovar os códigos da Maison respeitando a herança criativa de CHANEL, e quase trinta anos dentro da Maison. Chanel gostaria de agradecer a Virginie Viard pela sua notável contribuição para a moda, criatividade e vitalidade da CHANEL. Um novo capítulo está se abrindo para o Chanel Mode. Estamos confiantes na capacidade das equipes em garantir a continuidade das coletas neste período de transição. Uma nova organização criativa para a Casa será anunciada oportunamente. A coleção de Alta Costura Outono-Inverno 2024/25 será apresentada conforme planejado no dia 25 de junho na Ópera Garnier”.

Virginie Viard assumiu o posto de diretora criativa após o falecimento de Karl Lagerfeld, estilista que ajudou a Chanel a se tornar uma máquina de moda bilionária. Ela foi a primeira mulher a comandar a maison após a própria fundadora da marca, a icônica Gabrielle “Coco” Chanel. Sob o comando de Viard, a marca de luxo francesa bateu um recorde de vendas em 2023, com lucro líquido de R$24 bilhões.


Virginie Viard foi uma das pessoas de maior confiança de Karl Lagerfeld na Chanel (Foto: reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images Embed)


Neta de produtores de seda de Lyon, Virginie Viard teve contato com o mundo das matérias-primas e a costura desde criança. A carreira no mundo da moda aconteceu meio que por acidente, já que Viard havia estudado design teatral na Theatre Design at the Cours Georges. Ela estagiou para Dominique Borg e trabalhou um tempo para a Chloé, época na qual criou figurinos para dois filmes nos anos 90. Viard começou sua colaboração com a Chanel em 1987, ainda como estagiária. Ela cresceu na label e com paixão pelo acervo histórico da Chanel, deu vida aos designs extravagantes de Lagerfeld como sua diretora de estúdio por 20 anos. Até o momento desta publicação, Viard ainda não reagiu publicamente ao anúncio da maison.

Quem pode assumir o cargo

Uma pergunta que permaneceu na mente de todos após o anúncio da saída de Viard é quem poderá assumir o cargo na direção criativa da Chanel. As escolhas são várias, o que gera especulações na internet. Um dos palpites mais fortes é Pierpaolo Piccioli, estilista romano que anunciou sua saída da Valentino recentemente, em março deste ano. Conhecido por seus designs de haute couture carregados de dramaticidade, o designer passou 25 anos na casa, deixando uma imanente marca na história da Valentino.


Pierpaolo Piccioli é um dos nomes mais fortes para assumir o cargo na Chanel, segundo rumores (Foto: reprodução/Pascal Le Segretain/Getty Images Embed)


Outros nomes cotados são o de John Galliano, um dos couturiers mais célebres na história da Dior e Haider Ackermann, conhecido por seus cortes refinados e sutis. Um designer que não está disponível no mercado, mas segundo publicações especializadas, estaria disposto a negociações, seria o francês Hedi Slimane, que já foi diretor criativo da Yves Saint Laurent e da linha masculina da Dior. Estilistas femininas também estariam no páreo, como a britânica Sarah Burton, que saiu da Alexander McQueen no final do ano passado. Mas a Chanel tem negado constantemente todos os rumores sobre quem assumirá o cargo, restando apenas esperar o que a maison anunciará no futuro.

Meia-temporada: grifes apresentam coleções cruise 2025

As coleções cruise, também chamadas de resort, ocorrem entre os meses de maio e junho, entre os lançamentos das principais coleções de verão e inverno. Esses desfiles são marcados por lugares especiais, como uma viagem, já que o conceito faz referência ao hábito dos europeus de embarcarem em cruzeiros para fugir do inverno.

Os desfiles de resort começaram a chamar atenção em 2004, com um desfile da Chanel no Rio Sena, em Paris. Marcas aproveitam essa oportunidade para selecionar os melhores destinos no mundo e, além de oferecerem uma apresentação memorável, conquistar ainda mais o mercado. Essas peças são mais casuais e permanecem por mais tempo nas lojas em comparação a outras coleções que, geralmente, só ficam por dois meses.

Em 2025, algumas das grifes que ganharam destaque foram Dior, Louis Vuitton e Chanel. Confira!

Dior

O desfile aconteceu nesta segunda-feira (3) e teve como cenário um magnífico castelo na Escócia. As peças clássicas fazem referência a idade média e a moda local, com um toque de modernidade da estilista Maria Grazia Chiuri. Equilibrando feminilidade com elementos punk, as peças trouxeram de volta ao estrelato o kilt escocês e o tartan, tecido xadrez muito popular na região.


Desfile Dior Cruise 2025 (Vídeo: reprodução/Youtube/Christian Dior)


Louis Vuitton

A coleção foi apresentada no dia 23 de maio no local considerado patrimônio mundial, Parque Güell, em Barcelona. Combinando com o cenário, os looks apresentados por Nicolas Ghesquière contam com volumes arquitetônicos e silhuetas extravagantes. As peças variam entre tons claros e escuros e são incrementadas com bordados, franjas e babados.


Desfile Louis Vuitton Cruise 2025 (Vídeo: reprodução/Youtube/Fashion Feed)

Chanel

A grife apresentou seu desfile em Marselha, no sul da França, no dia 2 de maio. O local é popular por ser multicultural e pela arquitetura contrastante entre o velho e o novo, onde prédios modernos dividem a paisagem com construções medievais.


Desfile Chanel Cruise 2025 (Vídeo: reprodução/Youtube/CHANEL)

Para refletir os valores da cidade, a estilista Virginie Viard contou com colaborações de artistas locais, apresentando uma coleção com peças artesanais feitas de crochê e tricô, modelos clássicos de bermudas em jeans e vestidos estampados.

Chanel cresce em meio a mar de críticas

Desde da morte de Karl Lagerfeld – um dos maiores estilistas que a grife francesa Chanel teve no controle da cadeira de diretor criativo depois de sua criadora e idealizadora, Coco Chanel – em 2019, o faturamento e, principalmente, reconhecimento artístico da marca, vem passando por uma gradual derrocada. As últimas coleções apresentadas em passarelas das principais semanas de moda do calendário internacional, passam como chacota nas redes sociais e entre críticos especializados no assunto, resultando em um questionamento geral sobre até que ponto o nome “Chanel” pode sustentar a falta de criatividade, inovação e envolvimento do público consumidor, que tanto apreciava a estética característica da grife.

Os desfiles atuais seguem uma linha mais simplista, estão cada vez mais enxutos, seguindo a linha de criação da pupila de Lagerfeld, e desde de sua morte, diretora criativa da marca, a francesa Virginie Viard.


Chanel, Cruise-2023 (Foto: reprodução/Harper’s Bazaar) 

Mas, em contrapartida ao que tudo indicava, segundos dados internos divulgados pela própria maison, neste mês de maio, foram alcançados recordes de vendas e receita. As receitas divulgadas em referência ao ano de 2023 totalizaram US$19,7 milhões, o que representou um aumento de cerca de 16% do faturamento do ano anterior, em 2022.Apesar da enxurrada de críticas que as novas coleções recebem a cada lançamentos nas redes sociais, ao que tudo indica, os verdadeiros consumidores da marca aparentam continuar prestigiando – e pagando – pela conhecida “magia Chanel”. Sob a atual liderança, o segmento prêt-à-porter (do francês, pronto para vestir), cresceu em 23%, continuando como a linha mais comercial da marca.

A estratégia

Para aumentar o rendimento, além de manter o investimento no vestuário típico da marca e na área da beleza, com enfoque na maior do produção dos clássicos perfumes e na linha de maquiagem e skincare, a Chanel voltou parte de sua estratégia financeira para o funcionamento interno. Em dez anos, dobrou a quantidade de funcionários, e em cinco, duplicou o tamanho de sua rede de distribuição.


Campanha Chanel Beauty 2022 (Foto: reprodução/Instagram/@chanelofficial) 

De acordo com o diretor financeiro da marca, Philippe Blondiaux, o caminho escolhido será mantido, mesmo com as críticas recebidas: “Apesar da desaceleração nos gastos globais com luxo, e pelas reações na web sobre o ready to wear e o aumento de preços de itens, vamos manter a estratégia da marca e a direção criativa”. 

Virginie Viard


Virginie Viard junto de Karl Lagerfeld, em 2018, no desfile de Primavera/Verão da maison francesa  (Foto: reprodução/Harper’s Bazaar)

Apontada como responsável pelo desgosto recente que a Chanel vem recebendo do público, a estilista francesa e atual diretora criativa, Virginie Viard, é a primeira mulher no comando dos destinos da marca desde de sua fundadora, Coco Chanel. 

Ela nasceu em 24 de janeiro de 1966, em Ruão, região da Normandia, no noroeste francês. Estudou Moda em Lyon e o amor pela indústria foi uma constante na sua vida, uma vez que os avós eram fabricantes de seda. Antes de dar início à sua carreira na Chanel, trabalhou como assistente de Dominique Borg, reconhecida figurinista. 

Sua ascensão ao posto ocorreu em decorrência da morte de Karl Lagerfeld, ícone da moda, que revolucionou a maison, ao mesmo tempo que mantinha sua veia original viva. Virginie é rosto conhecido dentro da marca desde 1987, onde sua função principal era a de pôr em prática as ideias de Karl, dando vida aos croquis que o designer alemão lhe entregava, mas apenas quando foi elegida ao posto, pelo CEO da marca, que ficou conhecida ao olhar – e julgamento – público.