Vacina contra VSR para bebês chega à América Latina e pode ser incorporada ao SUS

A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador de bronquiolite em bebês, chegou à América Latina através de um acordo entre a Pfizer e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A imunização, que reduz em até 81,8% os casos graves nos primeiros meses de vida, poderá ser acessada por países da região e está em avaliação para incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.

Distribuição do imunizante será realizada pelo Fundo Rotativo da OPAS, com o objetivo de facilitar o acesso a vacinas seguras e acessíveis aos países e territórios da região, beneficiando especialmente recém-nascidos e reduzindo as internações.


— Sobre a vacina (Vídeo: reprodução/Instagram/@drogpacheco)


Proteção contra o VSR: uma nova possibilidade para bebês

O vírus sincicial respiratório (VSR) é responsável por 84% das hospitalizações de crianças com menos de um ano devido a infecções respiratórias graves, e é a principal causa de bronquiolite em bebês. O imunizante desenvolvido pela Pfizer é visto como um avanço importante para proteger o sistema imunológico dos recém-nascidos, reduzindo significativamente os riscos de complicações e internações por doenças respiratórias.

Nos estudos clínicos publicados no New England Journal of Medicine, os resultados mostraram que a vacina é eficaz em reduzir os casos graves nos primeiros meses de vida: 81,8% de redução nos três primeiros meses e 69,4% aos seis meses. Esses números reforçam o potencial da vacina para diminuir a sobrecarga no sistema de saúde e melhorar a qualidade de vida das famílias afetadas.

Distribuição facilitada pela OPAS

Para facilitar o acesso ao imunizante em toda a América Latina, a OPAS incluiu a vacina contra o VSR em seu Fundo Rotativo para Acesso a Vacinas. Esse programa, com mais de 40 anos de atuação, tem como missão oferecer vacinas seguras e de qualidade a preços acessíveis para os países da região.

O Ministério da Saúde do Brasil, por sua vez, está em processo de avaliação para possível inclusão da vacina no SUS, o que, se aprovado, permitirá a vacinação gratuita de bebês no país. A medida é vista como uma estratégia crucial para a proteção dos recém-nascidos contra a bronquiolite e outras complicações respiratórias causadas pelo VSR.

Doenças respiratórias: positividade para Covid cai, enquanto Influenza e VSR sobem

O número de testes com resultado positivo para a Covid-19 caiu no Brasil de 30% para 12%, entre 24 de fevereiro e 23 de março deste ano. Isso foi apontado em pesquisa realizada pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS), que desde 2022 monitora a situação epidemiológica da doença com base em testes de laboratórios. 

Porém, o estudo afirma que, no período, a taxa de testes com resultados positivos para o Influenza A, que causa a gripe, cresceu de 20% para 25%. Além disso, o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causa da bronquiolite infantil, avançou de 6% para 18% em resultados positivos. Com isso, os patógenos causadores da Influenza A e o VSR ultrapassaram a positividade do novo coronavírus.

Covid-19 em queda

O Instituto destaca que 2024 começou com uma alta de todos os vírus respiratórios. A positividade da Covid-19 chegou ao pico em fevereiro, quando 35% dos testes confirmaram a doença. Os maiores percentuais do país são observados no Paraná (24%), em Minas Gerais (21%) e no Rio Grande do Sul (21%).

Desde então, a taxa vem caindo até chegar a 12% no final de março, a menor desde agosto de 2023.

A positividade dos testes de Covid-19 apresenta queda em todas as regiões do país e faixas etárias”.

Nota divulgada pelo ITpS

Influenza e demais vírus aumentam, campanha de vacinação inicia

Por outro lado, o crescimento do Influenza A foi progressivo, apresentando 10%, no fim de janeiro, e chegando a 25% agora. O mesmo pode ser observado para o VSR, que estava com uma positividade em 3% no início de 2024 e avançou até chegar a 18% no final de março.


Campanha de vacinação contra a Influenza se iniciou em todo país (Foto: reprodução/banco de imagens do Canva)

Entre os testes positivados para Influenza A, 60% foram na faixa etária de 0 a 19 anos. Já o coronavírus foi mais detectado na população com 40 anos ou mais. O VSR, por sua vez, atingiu mais crianças entre 0 a 4 anos. 

O Instituto reforça que o Brasil passa no momento pela campanha de vacinação contra a gripe, e incentiva que os grupos prioritários compareçam aos postos de saúde para fazer as doses.

Anvisa aprova o uso de vacina para bronquiolite

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização para uma vacina direcionada à prevenção em bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR), o qual é responsável por infecções na trato respiratório, especialmente a bronquiolite infantil. Para conferir imunidade aos bebês, o imunizante é administrado em gestantes.

Entenda o que é a bronquiolite

Quando a criança é acometida por bronquiolite, ocorre uma produção aumentada de muco nos pulmões, resultando em maior dificuldade para o oxigênio alcançar a corrente sanguínea. O Abrysvo, fabricado pela Pfizer, é indicado para prevenir doenças do trato respiratório em crianças desde o nascimento até os seis meses de idade, mediante imunização ativa em gestantes. Assim, a vacina deve ser administrada durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez.

Anteriormente, a agência havia autorizado o registro da vacina Arexvy (GlaxoSmith Kline), também para a prevenção de doenças causadas pelo VSR, mas com a recomendação restrita à população com mais de 60 anos. A bronquiolite é uma condição respiratória que afeta as vias aéreas, com o vírus multiplicando-se nas células do sistema respiratório superior, como nariz, faringe e laringe.

Ela se caracteriza pela inflamação dos bronquíolos, que são ramificações dos brônquios, por sua vez, ramificações da traquéia. Nos primeiros dias após a infecção pelo vírus VSR, os sintomas típicos incluem febre e coriza.


Bronquíolo inflamado. (Foto: reprodução/blog.pulmolab.com)

Posteriormente, após quatro ou cinco dias, a doença progride para sintomas nas vias aéreas inferiores, como chiado no peito, tosse, cansaço e dificuldade respiratória. Devido ao tamanho menor e mais estreito das vias aéreas em crianças, os sintomas são mais intensos, com a tosse frequentemente resultando em desidratação e até vômitos.

Por conseguinte, a hidratação intravenosa é frequentemente utilizada para auxiliar na recuperação da criança, que geralmente perde o apetite. O tratamento da bronquiolite é adaptado conforme os sintomas se manifestam, incluindo o uso de antitérmicos para a febre e lavagem nasal para a coriza. Se os sintomas se agravarem e afetarem as vias aéreas inferiores, a hospitalização pode ser necessária, especialmente em casos de idade jovem ou comorbidades.

Antibióticos e corticóides são prescritos apenas em casos de infecções secundárias, que são comuns. Entretanto, somente um profissional qualificado pode determinar o tratamento mais adequado para cada caso. A dificuldade respiratória pode ser difícil de identificar em bebês, mas é um sinal de alerta que indica a necessidade de buscar assistência médica urgentemente, pois a condição pode se deteriorar rapidamente.

Veja os cuidados com a prevenção

A prevenção é crucial, e lavar as mãos, usar álcool em Gel e garantir a ventilação adequada dos ambientes são medidas importantes. Como o vírus está presente nas secreções das vias aéreas do paciente infectado, a lavagem nasal é recomendada. Crianças doentes não devem frequentar a escola para evitar a disseminação do vírus entre os colegas.

Covid-19: Fiocruz aponta aumento de casos entre idosos, pré-adolescentes e crianças

O Boletim do InfoGripe divulgado pela Fiocruz nesta quinta-feira (21) aponta que crianças, pré-adolescentes e idosos continuam sendo as faixas etárias mais afetadas pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) decorrente da Covid-19. O documento revela também a preocupação com a circulação de outros vírus respiratórios, como influenza, especialmente em regiões do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Desaceleração da Covid-19 no Centro-Oeste e Sudeste

A desaceleração da Covid-19 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste tem sido um ponto de destaque, refletindo na diminuição dos novos casos de SRAG em pessoas acima de 50 anos. Contudo, segundo Marcelo Gomes, pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz, essa redução mascara o aumento de casos por influenza nessas faixas etárias, que se observa em outras regiões do país.

Crescimento de casos em todo o país

O estudo revela um sinal de crescimento da SRAG em nível nacional, tanto nas tendências de longo prazo (últimas seis semanas) quanto de curto prazo (últimas três semanas), refletindo a situação da maior parte do país. O vírus Sars-CoV-2 ainda é a principal causa de SRAG, representando 86,7% dos casos de óbito com resultado positivo para vírus respiratório nas últimas quatro semanas epidemiológicas.


Casos de Covid-19 aumentam em meio a pandemia de dengue (Video: reprodução/Youtube/Balanço Geral)

Prevalência de vírus respiratórios

De acordo com os dados epidemiológicos, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 14,7% para influenza A, 0,4% para influenza B, 21,5% para VSR (Vírus Sincicial Respiratório) e 50,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Já entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de 11,4% para influenza A, 0% para influenza B, 1,9% para VSR e 86,7% para Sars-CoV-2.

Situação por estado

O boletim destaca que 24 estados apresentam indícios de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo, incluindo Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins.

A análise da Fiocruz evidencia a importância contínua das medidas de prevenção e controle da Covid-19, especialmente diante do aumento de casos em diversas regiões do país e da circulação de outros vírus respiratórios.