A tecnologia atual possibilita cada vez mais que os seres humanos possam estudar melhor sobre os antepassados e a origem das civilizações antigas. É com essa mesma expectativa que os arqueólogos da Universidade de Houston descobriram ruínas de uma cidade perdida da civilização Maia nas profundezas das florestas do Campeche, na Península de Yucatán, no México.
A cidade, batizada com o nome de “Ocomtún” (coluna de pedra em tradução livre a língua maia), foi resultado de um dia de trabalho para os especialistas do Centro Nacional de Mapeamento a Laser Aerotransportado (NCALM) da universidade. Foram encontradas diversas estruturas de cerca de 50 metros de altura, parecidas com pirâmides, e objetos de cerâmica que podem ser do período conhecido como Clássico Tardio, dos Maias, entre os anos 600 e 800.
Resultados do mapeamento com o Lidar (Foto: reprodução/PACUNAM/Canuto & Auld-Thomas)
Conheça tecnologia que possibilitou a descoberta
Os pesquisadores são pioneiros no uso da tecnologia de detecção de luz aerotransportada e equipamentos de alcance, chamada de LIDAR. O equipamento é instalado em um avião, permite que em um voo seja possível realizar uma varredura de uma vasta gama de metros quadrados de terra. E tudo isso em áreas de selvas extremamente densas, onde até mesmo a realização de expedições a pé são quase impossíveis. A copa das árvores não impede a detecção dos lasers na hora da coleta dos dados.
“Você pode nos comparar com técnicos de ultrassom. Somos os primeiros a ver o bebê, mas o médico contará tudo sobre ele e confirmará os achados“, diz Juan Carlos Fernández-Diaz, co pesquisador principal do NCALM, que também é professor assistente de engenharia civil e ambiental na Faculdade de Engenharia Cullen.
A equipe de Fernandez-Diaz faz o disparo do laser milhões de vezes por segundo no solo e medem a rapidez com que esses movimentos atingem o chão e retornam para a fonte de origem. E assim são feitos os cálculos que revelam a distância exata entre o plano e o solo. Um mapa tridimensional é criado após a repetição contínua em bilhões de vezes. O resultado são as marcações topográficas que detalham as estruturas ascendentes e outros grandes tesouros perdidos.
Processo de interpretação dos dados coletados
Após todo esse processo, que pode ser complicado para o raciocínio de muitos, é necessária ainda a interpretação dos dados. Eles são enviados ao arqueólogo Ivan Ṡprajc, da Academia Eslovena de Ciências e Artes, com o apoio do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), também no México.
O resultado descoberto foi de três praças completas com grandes prédios e um campo de parecido com um de futebol. A equipe se surpreendeu com as construções pelo fato do terreno ser elevado e cercado por áreas úmidas. O que pode explicar os edifícios em forma de pirâmide.
A civilização maia possui vestígios que se localizam entre o sul do México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Eles são amplamente conhecidos e admirados como uma das mais desenvolvidas sociedades antigas no hemisfério sul. Se destacam pelos seus grandes templos em forma piramidal e técnicas de construções muito avançadas para a época em que viviam.
Foto destaque: Juan Carlos Fernández-Diaz e o Lidar. Reprodução/Universidade de Houston