IA ainda não é capaz em resolver charadas

Beatriz Wicher Por Beatriz Wicher
4 min de leitura

O campo da Inteligência Artificial (IA), vem avançando rapidamente, mas ainda enfrenta desafios quando se trata de resolver charadas e problemas abstratos. Na Vrije Universiteit, em Amsterdã, o professor assistente Filip Ilievski está conduzindo uma pesquisa focada em entender como a IA lida com quebra-cabeças complexos. Embora a IA tenha impressionado em diversas áreas, como reconhecimento de padrões, ainda está distante da capacidade humana de raciocinar com flexibilidade, especialmente em questões que demandam senso comum.

A explicação para essa limitação está no fato de que a IA, ao contrário dos seres humanos, não possui uma “âncora no mundo”. Ou seja, ela não tem a mesma capacidade de usar o contexto de forma adaptativa e aplicar o bom senso em situações novas. Um estudo de 2023 mostrou isso claramente. Ao ser desafiada a resolver um simples problema de raciocínio temporal, a IA falhou em entender as implicações óbvias que qualquer ser humano entenderia com facilidade.


Enquanto a tecnologia avança, o cérebro humano ainda é a chave para resolver certos problemas (Foto: Reprodução/GettyImages/NurPhoto)


A diferença entre padrões e raciocínio abstrato

A IA atual se destaca ao encontrar padrões e realizar cálculos precisos, mas quando o problema envolve abstração e lógica, os humanos ainda levam vantagem. Xaq Pitkow, professor associado da Universidade Carnegie Mellon, explica que o raciocínio vai além do que a IA é capaz de fazer. Ele cita que, enquanto os humanos usam a intuição para tomar decisões rápidas, como no famoso problema do taco e da bola, as máquinas tendem a lidar melhor com problemas mais diretos e menos abstratos.

Um exemplo prático pode ser encontrado em charadas que envolvem raciocínio lógico. Em um estudo recente, a IA GPT-4, da OpenAI, foi incapaz de resolver um clássico problema conhecido como “tarefa de seleção de Wason”, enquanto humanos têm uma taxa de acerto muito maior em situações similares. Isso demonstra que, apesar da IA ser capaz de processar grandes volumes de dados e padrões, ela ainda falha em compreender nuances e resolver problemas que exigem mais flexibilidade cognitiva.

O papel da neurociência no avanço da IA

Um dos aspectos mais intrigantes desse campo é a interseção entre IA e neurociência. Ferramentas de IA como redes neurais foram inspiradas no funcionamento do cérebro humano. No entanto, a maneira como os sistemas de IA tomam decisões ainda é, em grande parte, um mistério para os cientistas, assim como o funcionamento exato da mente humana.

Ilievski e Pitkow acreditam que estudar os dois sistemas em paralelo pode trazer novos insights tanto para a compreensão do cérebro quanto para o desenvolvimento de uma IA mais eficiente. Ao incorporar mais estruturas semelhantes ao cérebro nos sistemas de IA, como a percepção sensorial e a memória, é possível que novas descobertas sobre a mente humana levem a melhorias na tecnologia e vice-versa. Embora ainda haja muito a ser desvendado, a união entre neurociência e IA promete avanços significativos, trazendo uma IA cada vez mais próxima da capacidade de raciocínio humano.

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